MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF



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Transcrição:

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF CSEL srl.

Lista dos acrónimos ARPA Automatic Radar Plotting Aid (Registrador Automático das Indicações do Radar) BRM Bridge Resource Management (Gestão dos Recursos da ponte de Comando) ECDIS Electronic Chart Display and Information System (Sistema de Informação e Visualização de Carta Eletrónica) ECV Europass Curriculum Vitae ECVET European Credit System for Vocational Educational Training (Sistema Europeu de Créditos do Ensino e Formação Profissional) ECTS Education Training and Certification Standard for Maritime Pilots (Formação Profissional e Padrão de Certificação para Pilotos Marítimos) EMPA European Maritime Pilots Association (Associação Europeia dos Pilotos Marítimos) EQF European Qualification Framework (Quadro Europeu de Qualificações) EU European Union (União Europeia) IAMSAR International Aeronautical and Maritime Search and Rescue IMO International Maritime Organisation (Organização Marítima Internacional) ISPS International Ship and Port Facility Security Code (Código Internacional de Proteção dos Navios e das Instalações Portuárias) MMP Malta Maritime Pilots Coop (Cooperativa Maltesa dos Pilotos Marítimos) MSC Maritime Safety Committee (Comité de Segurança Marítima) NARAS Navigation Radar and ARPA Simulator (Navegação Radar e Simulador ARPA) PPNS Portable Piloting Navigation Systems (Sistemas Portáteis de Navegação e Pilotagem) SAR Search and Rescue (Serviço de Busca e Salvamento) SOLAS International Convention for the Safety of Life at Sea (Convenção Internacional para a Salváguarda da Vida Humana no Mar) STCW Standards of Training Certification and Watchkeeping (Código de Formação, de Certificação e de Serviço de Quartos para os Marítimos) TUMPA Turkish Maritime Pilots Association (Associação dos Pilotos Marítimos Turcos) VET Vocational Educational Training (Ensino e Formação Profissional ) VTS Vessel Traffic Services (Sistema de Controlo de Tráfego Marítimo) VTSC Vessel Traffic Services Centre (Centro dos Serviços de Controlo de Tráfego Marítimo) Isenção de responsabilidade Este Manual foi redigido com base nos resultados de uma pesquisa efetuada em campo, em consultação direta com as partes interessadas e os parceiros. Apesar do esforço da Malta Maritime Pilots em manter dados diligentes, a mesma não oferece garantias de nenhum tipo, explícitas ou implícitas, com respeito à completitude, exatidão, confiabilidade ou disponibilidade das informações proporcionadas de todas as organizações participantes. CSEL Srl analisou e avaliou os dados com os parceiros no projeto e com a avaliação externa de um especialista do setor. A utilização do Manual é limitada somente ao projeto. Malta Maritime Pilots reserva os direitos sobre este Manual. Nenhuma parte desta publicação pode ser copiada e apresentada como versão oficial ou como produzida com a colaboração ou aprovação de Malta Maritime Pilots. A profissão de piloto marítimo é realizada por homens e mulheres. O pronome masculino ele foi usado em lugar de ele/ ela em todo o manual somente por razões de estilo e não implica, de qualquer modo, que este trabalho é apanágio exclusivo de profissionais masculinos. Esse projeto foi financiado com o suporte da Comissão Europeia. Esta publicação reflete somente o parecer do autor e a Comissão não pode ser considerada responsável da utilização que pode ser feita das informações em ela contenidas.

Sumário executivo Este manual foi redigido para obter um reconhecimento transparente das qualificações dos pilotos marítimos com base no ECVET e no EQF, qualificação finalizada na prevenção dos riscos e da proteção do meio ambiente. O primeiro capítulo ilustra o projeto CERTIPILOT e a profissão do piloto marítimo. Inclui também uma parte sobre a utilização das competências na UE ECVET e no EQF, uma parte sobre a importância das competências para a qualificação dos pilotos marítimos e o pertinente portfolio no CV Europass. O segundo capítulo delinea a legislação internacional pertinente à Formação dos pilotos com indicação dos principais cursos de Formação. Inclui também as legislações nacionais de Malta, Espanha e Turquia sobre este argumento. Para concluir, o capítulo inclui a Formação aconselhada aos pilotos marítimos. O terceiro e último capítulo ilustra a qualificação baseada sobre os padrões ocupacionais dos pilotos marítimos. O capítulo explica como a elaboração dos padrões ocupacionais apresentados foi posta como base da qualificação. A última parte do capítulo detalha a qualificação de atualização contínua para pilotos marítimos, na prevenção dos riscos e da proteção do meio ambiente. A qualificação baseia-se numa abordagem fundamentada sobre os resultados do estudo segundo o sistema ECVET. Um gráfico anexo a este documento reassume a qualificação e delinea os resultados do estudo, a metodologia de Formação, a avaliação e os textos aconselhados.

İçindekiler PARTE 1 CERTIPILOT e a profissão de piloto marítimo... 05 1.1 A profissão de piloto marítimo... 05 1.2 A importância do papel de piloto marítimo... 06 1.3 O Projeto CERTIPILOT... 08 1.4 Reconhecimento das competências na UE ECVET e no EQF... 10 Experiências na utilização das competências no UE ECVET e no EQF... 10 A importância das competências para a qualificação de pilotos marítimos... 10 1.5 Portfólio das capacidades no CV Europass. 11 PARTE 2 Legislação Internacional pertinente à Formação de pilotos e principais cursos de Formação disponíveis... 13 2.1. Legislação Internacional... 13 2.2. Legislações Nacionais: Maltesa, Espanhola e Turca... 16 2.2.1 A legislação nacional maltesa... 16 2.2.2. A legislação nacional espanhola... 20 2.2.3 A legislação nacional turca... 23 2.3. Formação recomendada para os pilotos marítimos... 26 2.3.1 Simulação... 29 2.3.2 Comunicação... 33 2.3.3 Quadro jurídico... 33 2.3.4 Suportes de Navegação eletrónicos.. 35 2.3.5 Cursos STCW... 39 2.3.6 Formação especializada... 40 PARTE 3 Qualificação baseada nos padrões ocupacionais dos pilotos marítimos... 42 Criação de padrões ocupacionais como base para a qualificação... 42 Definição e utilização de padrões ocupacionais para a qualificação... 42 Padrões ocupacionais para competências comuns como base... 43 A importância de utilizar padrões ocupacionais para a prevenção de riscos e a proteção do meio ambiente... 44 Formulação das competências chave... 45 Formulação de uma panoramica por cada área de competência... 46 Formulação dos critérios das prestações por cada área de competência... 47 Conhecimentos e capacidades pelas três áreas de competência... 47 Utilização dos padrões ocupacionais para progredir na qualificação... 48 Qualificação CPD para pilotos marítimos na prevenção de riscos e proteção do meio ambiente...49 Utilização de abordagem com base nos resultados do estudo... 49 Resultados de estudo para cada módulo... 51 Leituras recomendadas... 52 Ensino dos módulos... 52 Avaliação... 59 Unidade... 59 Transferibilidade e reconhecimento da qualificação... 59 Competências dos pilotos marítimos no sistema Europass... 65 Anexo... 67

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF 5 Parte 1 CERTIPILOT e a profissão de piloto marítimo 1.1 A profissão de piloto marítimo O piloto marítimo é um consultor altamente qualificado da indústria naval com um específico conhecimento local e regional. Ele aconselha o comandante e/ou a equipa na ponte de Comando sobre o governo em navegação segura de todo tipo de embarcação em águas confinadas com pilotagem limitada, perto da costa e em portos, estuários e canais. O piloto marítimo trabalha num ambiente dificil, onde os navios são cada vez maiores,assim como, em canais e cursos de água mais lotados. Os pilotos marítimos têm um papel importante na promoção da segurança no mar, na eficiência portuária e na acessibilidade/praticabilidade dos canais, assegurando o mínimo risco para os navios e as infraestruturas portuárias, protegendo ao mesmo tempo a propriedade e as vidas humanas. O piloto marítimo deve sempre lembrar estes objetivos no processo decisional e respeitar as disposições legais ao informar as Autoridades Portuárias dos navios que não são conformes aos padrões, protegendo assim o interesse público. O piloto marítimo é um membro importante da equipa na ponte de Comando e, na maioria das situações, dirige e governa o navio em lugar do comandante. O piloto marítimo, que opera junto ao comandante, deve ter o mesmo nível de conhecimento de governo do navio (em seguimento do seu Treino nos Padrões de Certificação Formativa e Serviço de Quartos a nível de gestão), com ulterior especialização de determinados aspetos onde deve ser capaz de aplicar o seu conhecimento teórico à sua prática. O piloto marítimo deve ter: Um conhecimento detalhado da situação local do ponto de vista geográfico, meteorológico e hidrológico; Um conhecimento detalhado dos relevantes padrões locais, nacionais e internacionais; Um conhecimento detalhado da organização das regras locais no tráfego marítimo; A capacidade de avaliar e julgar a posição de um navio no canal e em situações de tráfego empregando conhecimentos táticos e estratégicos, com ou sem a utilização de mapas e aparatos eletrónicos de Navegação; e Um conhecimento detalhado e uma completa gama de competências no manejo e governo de navios de qualquer tipo e tamanho nas zonas de pilotagem. O piloto marítimo é um profissional no manejo de navios em espaços restritos. Na sua qualidade de responsável em situações de alto risco, é vital que ele mantenha uma apropriada relação de trabalho com o comandante e com o oficial responsável do serviço do quarto do tráfego marítimo, a fim de assegurar a segurança dos caminhos de Navegação 1. Descrição do trabalho de piloto marítimo O piloto é um consultor da indústria naval internacional e o seu papel é essencial no sistema de Segurança local do tráfego marítimo. O piloto é um consultor profissional do comandante, com um profundo conhecimento 1 www.empa-pilots.org

6 MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF no manejo de um navio, e com conhecimentos e experiências especializadas em uma área específica. A tarefa do piloto é de garantir um fluxo de tráfego marítimo eficaz e seguro, minimizar os riscos para os navios e as infraestruturas e proteger o meio ambiente. O piloto deve ser capaz de assegurar um trânsito seguro do navio em todas condições, e de atracar e desatracar todos os tipos de navio. O piloto deve ser capaz de trabalhar com a equipa da Ponte de Comando com toda a confiança e segurança. O piloto deve liderar a equipa na Ponte de Comando quando maneja o navio em águas confinadas, na gestão de situações de alto risco, de crises e de acidentes. O piloto deve ser capaz de tomar decisões rápidas sob pressão. O piloto deve ter acesso a todas as fontes de informação a bordo do navio e ter a colaboração da equipa da Ponte de Comando e de outros serviços e Autoridades públicas competentes (por ex. VTS 2, guarda costeira, Autoridades Portuárias) O piloto é o coordenador de outros serviços relacionados (por ex. rebocadores, amarradores) O piloto deve ser capaz de embarcar e desembarcar de navios em maneira segura e eficaz. O piloto tem que agir segundo a filosofia e as regras da Organização de Pilotos. O piloto tem que informar as Autoridades competentes de qualquer problema, em assuntos marítimos e/ou de Segurança, detectado durante o cumprimento das suas obrigações 3. 1.2. A importância do papel de piloto marítimo Todos os oficiais sobre a Ponte de Comando durante uma manobra podem ver o que fica sobre o mar, porém só um pode ver o que fica para baixo, e esta pessoa é o piloto marítimo. (CERTIPILOT Consultation Event, Malta, julho 2012 Discurso 2 VTS Vessel Traffic Service Serviço de Controlo do Tráfego Marítimo (N.d.T.) do Presidente da Associação Romena de Pilotos Marítimos). Como em cada ano mais de 400 milhões de passageiros usam os portos europeus, podemos afirmar que o transporte marítimo influencia diretamente a qualidade de vida dos habitantes europeus. Do mesmo modo que os portos gerem 90% do comércio internacional europeu. Por isso, o transporte marítimo e a eficiência dos portos são indispensáveis para a Segurança de passageiros, marinheiros e mercadorias. A globalização causou um incremento do número de navios que utilizam rotas de transporte marítimo e portos, que por sua vez tornou imperativo assegurar que os marinheiros tenham altos padrões profissionais para melhorar a Segurança e a salvaguarda do meio ambiente. Muitos fatores puseram o sistema marítimo europeu sob pressão, como o alargamento do Canal de Suez que influenciará o mar Mediterrâneo com o crescimento de popularidade do transporte marítimo comparado com outros métodos de transporte, quer mercadorias quer passageiros, considerando que esta está rapidamente tornando-se na opção mais económica. Além disso, com o contínuo crescimento do tamanho dos navios aumenta a complexidade das manobras, especialmente nos portos. O papel de piloto marítimo nos portos é crucial para o transporte seguro de pessoas e coisas e para a proteção do meio ambiente. O percurso para tornar-se piloto marítimo é diferente em cada país, mas as características da profissão são as mesmas em toda a Europa. Isso é devido à alta delicadeza da profissão e a sua contribuição essencial para a economia e segurança dos portos, e dos cursos de água de um país. Além disso, o conhecimento local é um requisito fundamental da profissão que faz de um piloto marítimo um especialista profundamente focalizado na sua área operativa. A tarefa do piloto marítimo é facilitar a entrada e a saída de navios e estruturas flutuantes nos portos, e de aconselhar os seus comandantes na execução de manobras em portos e dentro dos limites geográficos da área de pilotagem, para assegurar o respeito das condições de Segurança para pessoas, coisas e estruturas, segundo os termos estabelecidos pela Lei sobre os Portos Nacionais, o Regulamento Geral 3 ECTS, EMPA 2005

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF 7 da Marinha Mercante e outras disposições similares, estatutárias ou contratuais. A manobra mais dificil que um navio tem que afrontar é a sua aproximação ao porto, quando tem que superar obstáculos e restrições sobre e baixo do mar, e coordenar-se com outros navios que entram e saem do porto. A Navegação do navio é sujeita às condições meteorológicas locais, como correntes e ventos que a tripulação não conhece bem. A poluição pela luz do litoral impede a correcta localização e identificação das luzes e dos pontos de referência necessários para uma Navegação segura. Este serviço é proporcionado pelo piloto, que primeiro dá instruções desde a saída da estação e depois assiste o comandante do navio desde a Ponte de Comando durante a manobra. Este serviço garante uma Navegação segura para navios, tripulações, estruturas portuárias e usuários dos serviços. O piloto é um Master Mariner que aconselha os comandantes de navios e estruturas flutuantes na entrada e saída de portos, ríos, estuários ou barras, ancoragens e bóias, cais de carga/descarga e nas manobras, dentro e fora dos navios, atracações e desatracações em portos e em outras áreas, indica a rota mais prática para o navio e as manobras necessárias para uma Navegação segura. Não obstante a presença do piloto no navio, o comandante fica responsável do seu governo e da Navegação sob qualquer aspecto. O comandante comanda o navio e o piloto dirige as suas manobras. Além de aconselhar o Comandante, o piloto realiza também as seguintes atividades: Controle da Navegação. Controle do estado de mudança de cada embarcação. Relatar problemas e defeitos. Quanto a isto, note que 52% dos navios que chegam em águas europeias tem qualquer tipo de problema 4. Coordenação com os serviços portuários de reboque e amarração. Relatar às Autoridades Portuárias e Marítimas eventuais acidentes detectados durante a Navegação nas águas do porto. Relatar eventuais fontes de poluição 4 www. parismou.org Relatório Anual 2010

8 MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF descobertas nas águas do porto. Relatar falhas ou rupturas dos sinais de radiobaixas desde o porto e de suas proximidades. Contactos com as Autoridades em caso de emergências marítimas. Participação em consultas, reuniões e debates com a comunidade marítima. O pessoal do serviço de pilotagem é o primeiro a subir ao navio e por conseguinte é na posição de informar a Autoridade competente de eventuais problemas da embarcação, para assegurar que a sua entrada no porto é feita em adequadas condições de Segurança para as pessoas e bens. De acordo com as disposições da Diretiva 95/21, os navios sinalizados à Autoridade têm prioridade de inspeção pelas Autoridades Estatais de Controle do Porto 5. O progresso da profissão de piloto marítimo depende muito da sua experiência e de uma contínua Formação específica. Quer a IMO quer a UE concordam que as principais prioridades do setor são: Formação contínua de alto nível; precisão no reconhecimento das qualificações adquiridas através de vários métodos de estudo; suporte para altos padrões de Formação com suporte de simuladores. Condtudo, as oportunidades de Formação para os pilotos marítimos são escassas. Apesar dos pilotos marítimos partilharem as mesmas necessidades de Formação com outros profissionais do mar, eles precisam de uma Formação específica em competências que são peculiares à sua profissão. As competências altamente especializadas necessárias para tornar-se piloto marítimo unidas à precisação de ter um conhecimento específico complícam as oportunidades de Formação. Fora da Formação fornecida pela Associação Nacional de Pilotos Marítimos e pelas Autoridades Locais, existem muito poucos centros na Europa que podem satisfazer a precisação de Formação dos pilotos marítimos. Além disso, a Formação disponível não é ligada ao sistema de Formação profissional europeu. As qualificações e as certificações de Formação profissional para os serviços de pilotagem não tem um quadro normativo comum europeu ou também nacional de referência. Esta situação não consente as Autoridades Nacionais de Certificação de avaliar um nível de Formação profissional conseguido no exterior, nem as qualificações adquiridas através de uma Formação não formal e informal. Além de que limita os pilotos marítimos de obterem suporte de fundos públicos de cofinanciamento para a sua Formação, apesar de eles terem direito dela. Note-se que as competências dos pilotos marítimos são firmemente ligadas a um ensino não formal e informal que atualmente não são consideradas parte da sua história formativa, causando assim uma distorção das informações contidas nos seus CV. As supraditas falhas têm também um efeito negativo para a organização da pilotagem, que encontra dificuldades em planificar percursos de Formação comuns e individuais para os pilotos marítimos, de modo a afrontar os seus pontos fracos e a melhorar as suas competências e seus desempenhos. 1.3. O Projeto CERTIPILOT CERTIPILOT é uma estrutura voluntária focalizada sobre o reconhecimento das qualificações dos pilotos adquiridas através de uma Formação profissional, e específicamente através da aplicação do sistema europeu de créditos para o ensino e a Formação profissional (ECVET) e do Quadro Europeu das Qualificações (QEQ-EQF) à Formação profissional empreendida pelos pilotos marítimos. Principiando da Recomendação A960 da IMO, CERTIPILOT liga a Formação recebida pelos pilotos no curso da suas carreiras ao sistema de ensino europeu, sem introduzir novos padrões ou novos cursos. CERTIPILOT considera a precisão de Formação dos pilotos marítimos e tentando superar os limites das Autoridades Marítimas e de Transporte, dando à Formação dos pilotos marítimos a dignidade e a importância que merece, equiparando-a sempre com o sistema de ensino europeu. Os destinatários do projeto são os pilotos marítimos, contratados e autorizados segundo a 5 Ibidem.

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF 9 legislação nacional dos vários Países. CERTIPILOT não faz referência à Formação empreendida por cada pessoa antes de tornar-se piloto marítimo; não estabelece obrigações em comum nem impõe novos cursos ou padrões. O projeto consente o reconhecimento do valor e dos atributos da Formação profissional dos pilotos marítimos, segundo os sistemas de ensino e de acordo com as diretivas legais da UE para o setor. Mais específicamente, CERTIPILOT fornece uma qualificação para os pilotos marítimos que desejam especializar-se nas manobras de emergência e na prevenção de riscos nos portos. A qualificação é baseada nas competências que os pilotos marítimos têm que melhorar e as conecta à atual Formação disponível. Após um percurso de progresso da carreira comum com comandante e com os oficiais, a Formação dos pilotos deve ser mais específicamente ligada ás suas tarefas de manobra de navios nos portos, mas não existe um sistema que seja capaz de avaliar quais são as competências e o nível pertinente. CERTIPILOT tenta colmatar esta lacuna, especialmente em relação à utilização da tecnologia no VET e na proteção do meio ambiente. O projeto cria um quadro completo que permite as Associações de Pilotos e as Autoridades Nacionais de Formação de avaliarem os níveis de qualificação dos pilotos, assim como os níveis de Formação conseguidos, quer em pátria quer no exterior, e de facilitar o reconhecimento das qualificações. Graças à CERTIPILOT pela primeira vez será possível levar em consideração o ensino formal, informal e não formal na avaliação da documentação pertinente à Formação de um piloto. Este aspeto inovador é importante para a profissão, porque as qualificações dos pilotos são profundamente interligadas; quer a experiência adquirida trabalhando, quer os testes efetuados com a utilização da tecnologia disponível. A solução foi apresentada pelos usuários finais do serviço com uma abordagem por baixo. Em suma, o assunto do reconhecimento das qualificações é afrontado de maneira holística, ou seja, em não focalizar-se somente sobre um específico programa de Formação. Em termos de comparação com as soluções presentes, temos de realçar que a CERTIPILOT centra-se pela primeiríssima vez sobre os pilotos marítimos. Pela primeira vez o EUROPASS é aplicado à profissão do piloto. O propósito deste projeto é criar um sistema para o reconhecimento das qualificações dos pilotos marítimos com particular atenção na Formação pertinente: as manobras de emergência em portos e a prevenção de riscos. E, ainda, a Formação com utilização de simulações. O objetivo é favorecer o reconhecimento das competências adquiridas, através de uma Formação formal, informal e não formal. Atualmente, apesar de existir um determinado número de oportunidades de Formação de acordo com os padrões internacionais estabelecidos por IMO ou reconhecidas dentro de específicas redes, o sistema ECVET/EQF não é aplicado, criando assim ineficiências e discriminação já que alguns cursos certificados podem ser válidos em um país, mas não são considerados válídos pelas Autoridades de Formação de outros países. CERTIPILOT afronta a situação existente e favorece o mútuo reconhecimento da Formação profissional dos pilotos marítimos. CERTIPILOT baseia-se nas experiências complementares das partes envolvidas no projeto. A Cooperativa de Pilotos Marítimos de Malta, na sua qualidade de parceiro principal, é a organização que fornece serviços de pilotagem nos portos malteses e tem desenvolvido algumas iniciativas no setor da Formação, especialmente com a utilização do simulador de manobra e outros tipos de cursos de acordo com os padrões IMO. A Associação Turca de Pilotos Marítimos é a organização que representa os interesses de todos os pilotos marítimos turcos. A Associação organiza também classes de Formação e cursos CPD para os seus membros. O Colégio Oficial Nacional de Prácticos de Puerto espanhol é fundado com base na Legislação Nacional para operar como supervisor de todos os pilotos espanhóis. Representa os interesses dos pilotos marítimos e realiza atividades de interesse geral como as negociações com as Autoridades competentes e a Formação e seleção de pilotos marítimos. O Colégio colabora com o Governo espanhol na salvaguarda do setor marítimo e do meio ambiente. O quarto parceiro é CSEL s.r.l., um provador de cursos de Formação profissional certificado que

10 MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF opera em Itália. A experiência da organização e o conhecimento do sistema europeu VET foram muito valiosos quando deveriamos integrar a experiência técnica e as competências dos pilotos marítimos em uma estrutura que harmoniza as necessidades da profissão com os requisitos ECVET e EQF. CERTIPILOT baseia-se sobre uma abordagem participativa por baixo com os usuários finais (pilotos marítimos) em desenvolver o novo modelo, em colaboração com VET como parceiro dotado de experiência e com um grande envolvimento das partes interessadas nacionais e europeias. 1.4. Reconhecimento das competências na UE ECVET e no EQF Experiências na utilização das competências no UE ECVET e no EQF Conhecimento, Capacidade e Competências são os elementos chave dos níveis de referência. Na apresentação para uma Recomendação do Parlamento e do Conselho Europeu feita pela Comissão, a competência é definida como a capacidade comprovada de utilizar conhecimento e capacidade. É também descrita em termos de responsabilidade e autonomia (Commissão Europeia, 2006, pág. 16) 6. Capacidade significa a habilidade de aplicar conhecimento e utilizar know-how na execução de tarefas e resolução de problemas. Uma distinção é feita entre capacidades teóricas e práticas. Conhecimento significa o resultado da assimilação de informações através do estudo. Conhecimento é o complexo de fatos, princípios, teorias e práticas pertinentes a um setor de estudo ou trabalho. No EQF, o conhecimento é descrito como teorético e/ou factual. 6 European Commission. Implementing the Community Lisbon Programme: Proposal for a Recommendation of the European Parliament and of the Council on the Establishment of the European Qualifications Framework for Lifelong Learning (Proposta para uma Recomendação do Parlamento Europeu e do Conselho sobre o Estabelecimento do Quadro de Qualificação Europeu para a Aprendizagem ao Longo da Vida N.d.T.). COM(2006) 479 final. Brussels, 2006. A focalização sobre uma abordagem baseada da competência ao desenvolvimento do EQF funda-se sobre uma maior atenção aos conceitos de processos de estudo adaptáveis e direcionados ao local de trabalho, de estudo contínuo, informal e não formal, e das capacidades e conhecimentos necessários para conseguir um emprego numa sociedade que muda rapidamente (López Baigorri et al., 2006 7 ; Rigby and Sanchis, 2006 8 ). A consideração e a certificação dos resultados de estudo conseguidos em maneiras diferentes das formais e do conhecimento implícito têm uma importância fundamental. Portanto, o princípio base da terminologia a desenvolver para Conhecimento, Capacidade e Competências profissionais no EQF foi aquele de estabelecer uma tipologia de resultados qualitativos do VET em termos de conhecimento, capacidade e competências que servirão de suporte conceptual; por uma dimensão horizontal na criação de um Sistema de Crédito Europeu para o VET (Cedefop; Winterton and Delamare-Le Deist, 2004, p. 1 9 ). Este conceito, idealizado de origem para o sistema ECVET, foi também utilizado mais tarde pelo Expert Group como base para a definição de Conhecimento, Capacidade e Competências no EQF. A importância das competências para a qualificação de pilotos marítimos Como descrito pelo Cedfop, 10 os países que introduzem uma estrutura para as qualificações 7 López Baigorri, Javier; Martinez Cia, Patxi; Monterrubio Ariznabarreta, Esther. Official recognition of professional knowledge acquired through experience: Towards the convergence of social policy in Europe. (Reconhecimento oficial do conhecimento profissional adquirido através da experi ê ncia: para a converg ê ncia da politica social em Europa / N.d.T.). European journal of vocational training, 2006, No 37, 1, pp. 34-51. 8 Rigby, Mike; Sanchis, Enric. D. The concept of skill and its social construction (O concepto de capacidade e sua constru ção social N.d.T.). European journal of vocational training, 2006, No 37, 1, pp. 22-33. 9 Cedefop; Winterton, Jonathan; Delamare-Le Deist, Françoise. Extended outline of the study on the developing typology for knowledge, skills and competences (Cedefop project) (Linhas gerais do estudo para uma tipologia em progresso para conhecimento, capacidades e competências N.d.T.). Documento de trabalho, Thessaloniki, 21 junho 2004. 10 Cedefop. European journal of vocational training No 42/43 2007/3 2008/1

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF 11 procuram dessa maneira de assegurar que os seus sistemas nacionais de Formação sejam mais trasparentes, mais inovadores e mais competitivos. Procuram também em melhorar a Coordenação entre sistema de ensino e mercado de trabalho. Portanto, as estruturas das qualificações são vistas como motores da inovação: o propósito da sua introdução é promover algumas reformas essenciais de longo prazo como, por exemplo, um acesso mais amplo às oportunidades de Formação, mais modos de adquirir as qualificações (e não só a participação em cursos certificados) e certificação do estudo não formal e informal, e encorajamento dos noviços na aquisição de competências que o mercado de trabalho precisa, empregando pessoas envolvidas na Descrição e avaliação de estas competências. A palavra Competências, quando usada como base dos padrões ocupacionais, define efetivamente o que significa ser competente em um trabalho específico como aquele do piloto marítimo. Competência significa adquirir capacidade e conhecimento, e aplicar-los para demonstrar o entendimento e a habilidade necessária na realização de uma função, em nosso caso aquela de piloto marítimo, e mais específicamente em relação à prevenção de riscos e da proteção do meio ambiente. Os pilotos marítimos são expostos aos desafios crescentes da sua profissão, devido principalmente ao crescente tráfego marítimo e ao progresso tecnológico dos navios. Estes desafios podem ser afrontados de maneira positiva se os profissionais responsáveis da manobra dos navios são adequadamente treinados e atualizados para ter as competências necessárias para superar situações específicas. 1.5. Portfólio das capacidades no CV Europass Em 1998, a Comissão Europeia e o Cedefop organizaram o Fórum Europeu sobre a trasparência das qualificações profissionais para reunir parceiros sociais e representantes das Autoridades de Formação nacionais sobre o assunto da trasparência. O trabalho do Fórum produziu o CV europeu e o Suplemento ao Certificado. O Europass inclui outros três documentos, elaborados a nível europeu em finais dos anos noventa:

12 MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF O Suplemento ao Diploma para utilização dos estabelecimentos de ensino superior em toda Europa e em outros países como complemento dos diplomas conferidos. O Passaporte Linguístico Europass onde os cidadãos podem inserir suas capacidades linguísticas segundo o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (CEFR - QCER). A Europass Mobility, que substituiu o Europass Training, um documento que enumera as experiências de trabalho no exterior como parte de uma iniciativa formativa o de ensino. Europass Mobility cobre um âmbito mais amplo porque pode também listar experiências que não são de trabalho, como estudos académicos no exterior. O objetivo do Europass é: ajudar os cidadãos na apresentação das suas capacidades e qualificações de maneira eficaz, como são a pesquisa de um trabalho ou de uma Formação profissional; ajudar os empregadores em discernir as capacidades e as qualificações dos trabalhadores; e ajudar as Autoridades competentes do ensino e da Formação em definir e comunicar o conteúdo dos currículos. Em dezembro 2012, foi publicado um novo CV Europass (formulário e editor on line). Os progressos introduzidos incluem: um interface online de mais fácil operação com antevisão direta do documento final; novos títulos: website pessoal, Instant Messaging, eventuais certificados linguísticos; melhor entendimento para fornecer informações mais estruturadas: Descrição de projetos, conferências, publicações, etc.; e uma nova forma gráfica para uma melhor legibilidade do CV Europass produzido: nova fonte, uso das cores, títulos simplificados, etc. Além disso, com o novo CV foi publicado o Passaporte Europeu de Competências. O PEC é uma pasta eletrónica de fácil utilização para ajudar estudantes, trabalhadores ou pessoas que pesquisam para realizar um trabalho, um inventário pessoal modular das competências e qualificações adquiridas no curso da suas vidas. O PEC pode conter vários documentos (Passaporte Linguístico, cópias de diplomas, atestados de emprego, etc.). Quando é anexado ao CV Europass, o Passaporte Europeu de Competências reforça o CV produzindo prova das competências e das qualificações listadas. O Passaporte Europeu de Competências ajuda as pessoas a documentar as suas competências e qualificações na pesquisa de um trabalho ou de Formação adicional, e a validar as suas capacidades. O Passaporte Europeu de Competências é um portfólio eletrónico que oferece um quadro completo das próprias competências e qualificações. O Europass inclui cinco documentos que permitem, em toda a Europa, enumerar competências e qualificações de modo claro e fácil: Dois documentos para download grátis a serem completados pelos cidadãos europeus: O Curriculum Vitae que consente de apresentar em modo claro e eficaz as competências e qualificações das pessoas. É possível compilar o CV online seguindo o tutorial ou descarregando o formulário com exemplos e instruções. O Passaporte Linguístico, um instrumento de auto-avaliação das próprias capacidades e qualificações em campo linguístico. É possível compilar o Passaporte Linguístico online seguindo o tutorial ou descarregando o formulário com exemplos e instruções. Três documentos emitidos pelas Autoridades competentes de ensino e da Formação: A Europass Mobility que lista os conhecimentos e as capacidade adquiridas em outro país europeu. O Suplemento ao Certificado que descreve os conhecimentos e as capacidades adquiridas pelos titulares de certificados de ensino e Formação profissional. O Suplemento ao Diploma que descreve os conhecimentos e as capacidades adquiridas por titulares de diplomas e/ou graduações de ensino superior. Fonte: europass.cedefop.europa.eu

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF 13 Parte 2 Legislação Internacional pertinente à Formação de pilotos e principais cursos de Formação disponíveis 2.1. Legislação Internacional Todos os países tem jurisdição total sobre a Pilotagem, enquanto a Organização Marítima Internacional (IMO) regulamentou vários aspetos da profissão através de um jogo de Resoluções, Acordos e Recomendações pertinentes às características do serviço a oferecer, da sua Segurança à relação entre piloto marítimo e comandante, mais uma Recomendação de referência sobre a Formação. No âmbito da Pilotagem é necessário recordar a seguinte Legislação Internacional: Resolução IMO A.159 (ES.IV), Recomendação sobre a Pilotagem, 27 novembro 1968. Resolução IMO A.1045 (27) Disposições sobre as transferências de pilotos. IMO. Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS), 1974 (SOLAS) Capítulo 23/ V. Comité para a Segurança Marítima IMO. MSC/ Circ. 1156, 23 maio 2005. Guia ao acesso de Autoridades Públicas, serviços de resposta a emergências e pilotos a bordo de navios, para os quais são válidos o capítulo Xl-2 SOLAS e o Código ISPS. Resolução IMO A. 601 (15). Fornecimento e demonstração de informações sobre as manobras a bordo dos navios. Resolução IMO A.960 (23) Recomendações sobre a Formação, a Certificação e os Procedimentos Operativos para pilotos marítimos, distintos dos pilotos de Alto Mar, que inclui a Recomendação sobre a Formação e a Certificação de pilotos marítimos distintos dos pilotos de Alto Mar e a Recomendação sobre os Procedimentos Operativos para pilotos marítimos distintos dos pilotos de Alto Mar. Resolução IMO A.159 (ES.IV), Recomendação sobre a Pilotagem, 27 novembro 1968. Esta Resolução é um pilar da pilotagem marítima porque recomenda aos estados de organizar o serviço de maneira mais eficaz, assim aplanando a estrada ao moderno serviço de pilotagem. A partir desta data, os países principiaram a organizar e a fornecer serviços de pilotagem de forma mais eficaz e profissional, criando assim um lugar específico no Setor Marítimo. A Resolução declara: A Assembleia recomenda aos governos de organizar a pilotagem nas zonas onde esse serviço possa contribuir para a Segurança da Navegação de forma mais eficaz, que qualquer outra medida possível e definir, onde é lícito, aqueles navios ou as classes de navios para os quais é obrigatório o emprego do piloto. O outro elemento importante a evidenciar nesta Resolução é a indicação dos navios que precisam do serviço de pilotagem. Os Estados são chamados a estabelecer tipos e classes de navios para os quais a pilotagem deve tornar-se obrigatória. Portanto, a pilotagem não é vista como um serviço auxiliar do setor marítimo, mas começa a ser considerado um serviço essencial, especialmente para tipos específicos de navios. O Capítulo V, Regra 23 do SOLAS IMO sobre as Precauções para a Passagem de Pilotos afronta o principal fator de risco para pilotos profissionais, isto é, a passagem deles desde a lancha de pilotagem

14 MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF ao navio. Esta regra estabelece os padrões de Segurança e as características técnicas que os navios devem ter para garantir uma Passagem segura. Afronta também outros elementos pertinentes à execução segura do trabalho de piloto marítimo como a acessibilidade à ponte, os sistemas de iluminação, o guincho mecânico e o pertinente equipamento. A regra V/23 do SOLAS IMO é integrada por uma regra recente, a Resolução IMO A.1045 (27) adotada no dia 30 novembro 2011, que conta com Recomendações mais detalhadas e precisas sobre as Precauções para a Passagem de Pilotos. Em particular, esta Resolução refere-se à escada do piloto instalada sobre todos os navios, indicando seus requisitos em termos de: Posição e construção Cabos Escadas secundárias utilizadas com as escadas do piloto Guincho mecânico para o piloto Acesso à ponte Abordagem segura da lancha de pilotagem Instalação dos guinchos da escada do piloto Ponto de acesso Posicionamento físico dos guinchos da escada do piloto Corrimão e empunhaduras Fixação segura da escada do piloto Fixação mecânica do guincho da escada do piloto. É necessária uma grande precisão ao específicar, detalhadamente, algumas das características que devem ter os instrumentos usados pelos pilotos marítimos, porque para eles os acidentes durante a Passagem têm sido a primeira causa de morte. De fato, esta Regra entra em detalhes técnicos muito específicos, pertinentes ao equipamento que os navios devem ter para reduzir o risco de caídas e acidentes durante a Passagem do piloto. Os pilotos marítimos fazem um trabalho essencial porém muito perigoso, quer para eles mesmos quer para os outros. A Resolução IMO A.601(15), adotada no dia 19 novembro 1987, disciplina as Disposições e a exposição das informações de manobra a bordo dos navios e em particular estabelece que as informações de manobra têm que ser apresentadas do seguinte modo: 1. Diário do piloto; 2. Cartaz do camarim do leme; 3. Manual de manobra. A Administração deve recomendar que as informações de manobra, na forma dos formulários contidos nas apêndices, sejam proporcionadas como se segue: 1. Para todos os navios novos para os quais é válido o requisito da Convenção SOLAS 1974, e sucessivas emendas e integrações, deve ser fornecido o diário do piloto; e 2. Para todos os navios novos de 100 metros de comprimento e mais, e todos os navios-tanque para productos quimicos e gàs apesar do tamanho, é preciso fornecer o diário do piloto, o cartaz do camarim do leme e o manual de manobra. A Administração deve encorajar o fornecimento das informações de manobra sobre os navios existentes e navios que podem representar um risco por causa de seu tamanho o características peculiares.

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF 15 Após uma modificação ou uma conversão do navio que pode mudar as suas características de manobra ou dimensões extremas, as informações de manobra têm que ser revistadas. Informações de manobra (Anexo 1) O diário do piloto, que deve ser compilado pelo comandante, é um meio para fornecer informações ao piloto quando chega a bordo do navio. Estas informações têm que descrever as condições atuais pertinentes à carga, à propulsão e ao equipamento de manobra e outro equipamento relevante do navio. O conteúdo do diário do piloto é disponível para utilização sem a necessidade de fazer provas de manobra especiais. Cartaz do camarim do leme (Anexo 2) O cartaz do camarim do leme tem que ser sempre exposto no camarim do leme. Tem que conter informações gerais, particulares e detalhadas que descrevam as características de manobra do navio e ter um tamanho de fácil manejamento. A eficiência de manobra do navio pode ser diferente daquela ilustrada no cartaz segundo as condições ambientais, do casco e da carga. Manual de manobra (Anexo 3) O manual de manobra deve estar disponível a bordo e conter detalhes exaustivos sobre as características de manobra do navio e outros dados importantes. Deve também incluir as informações contidas no cartaz do camarim do leme e qualquer outra informação disponível sobre a manobra. A maior parte das informações no manual pode ser estimada, mas algumas têm que ser testadas. As informações podem ser atualizadas no curso da vida do navio. A Circular 1156 do dia 23 maio 2005 do Comité para a Segurança Marítima da IMO fornece um Guia ao Acesso das Públicas Autoridades, dos serviços de resposta a emergências e dos pilotos a bordo de navios para os quais são válidos o capítulo Xl-2 do SOLAS e o Código ISPS. As medidas especiais para melhorar a Segurança marítima contidas no capítulo XI -2 do SOLAS e no Código ISPS foram elaboradas com o propósito de melhorar a Segurança no setor do transporte marítimo internacional e não devem ser utilizadas para causar um atraso supérfluo ou desmotivado, nem impedir o acesso a bordo das Autoridades públicas e dos serviços de resposta a emergências. Demorar sem razão a chegada do piloto sobre a Ponte de Comando, especialmente quando o navio é em movimento, é prejudicial para a Segurança da Navegação e pode levar a situações onde a Segurança do navio, e de outros navios ou pessoas nas proximidades, pode ser posta em perigo. Impedir o acesso das Autoridades públicas a bordo, quando estas pedem licença para abordar o navio, pode ser interpretado como impedimento de eles fazerem o seu trabalho ou contrastar procedimentos judiciais ou legais e opor-se à aplicação da lei. Neste caso, a Autoridade Pública deve informar o comandante do navio sobre as leis, regras, decretos ou ordens que dão à Autoridade Pública o direito legal de abordar o navio de acordo com a lei internacional ou nacional. Quando pede de abordar um navio, a Autoridade Pública tem que fornecer um documento de identidade e o navio tem que verificar a sua autenticidade. Cada país, além de adotar estas disposições internacionais, tem desenvolvidos quadros nacionais sobre o acesso e o funcionamento da pilotagem. Em todo o mundo encontramos uma diversidade de soluções adotadas para o abastecimento do serviço de pilotagem em portos, áreas de trânsito e rios. Em alguns países os pilotos são funcionários da Pública Administração enquanto em outros países são profissionais autónomos; alguns países encorajaram a criação de empresas de capital fechado ou cooperativas para oferecer o serviço. Contudo, as diferentes soluções adotadas não mudam a natureza e a importância da profissão. Os pilotos marítimos são cruciais para a Segurança de pessoas e coisas no transporte marítimo em todo o mundo; eles fazem um trabalho perigoso com um forte impacto sobre as sociedades locais. A Formação não é só um pressuposto necessário para iniciar a profissão, mas é também parte integrante do trabalho do piloto marítimo. O seu trabalho quotidiano é a sua Formação porque cada manobra apresenta condições e fatores diferentes e tem que ser afrontada e solucionada individualmente. Isto é um trabalho que não pode ser automatizado; a tecnologia pode integrar, porém nunca subsituir a experiência, o conhecimento e a competência de um piloto marítimo. A importância

16 MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF da Formação para os pilotos marítimos reflete-se na legislação internacional onde, além das supracitadas regras e Recomendações, podemos encontrar uma disposição específica sobre a Formação para pilotos. As organizações internacionais como a IMO debatem e apresentam medidas que afrontam assuntos cruzados que tocam o setor a nível global. Abastecimento do serviço, acessibilidade dos navios e redução do número de vítimas, acessibilidade à ponte e inspeções são os aspetos disciplinados pela IMO. Daí que cada país é responsável do efetivo cumprimento da profissão, da sua organização e do seu desenvolvimento e funcionamento. Todavia, através da Resolução A960, a IMO fornece específicas Recomendações pertinentes à Formação de pilotos marítimos. Através deste ato, a IMO estabelece específicos padrões internacionais de Formação necessários para poder iniciar a profissão, assim como, as competências que têm de ser avaliadas pelas Autoridades Nacionais. A IMO vai também além de tudo isto, introduz-se nos diversos tipos de Formação profissional e cursos de atualização que os pilotos marítimos têm que frequentar no curso das suas carreiras. Além disso, faz uma distinção entre a Formação a iniciar e a constância da eficácia, ou seja a avaliação e a confirmação das competências necessárias para a execução do seu dever. 2.2. Legislações Nacionais: Maltesa, Espanhola e Turca As disposições estabelecidas pela legislação internacional sobre a pilotagem são incorporadas na legislação de cada país que disciplina a profissão e o serviço. Estas regras são inseridas nas regras nacionais específicas que disciplinam o abastecimento do serviço de pilotagem em cada país e não são necessáriamente válidas em outros países. A acessibilidade à profissão depende da legislação nacional e é disciplinada em modos diferentes. O projeto CERTIPILOT envolve ativamente pilotos malteses, turcos e espanhóis e a análise das leis dos seus respetivos países é util para identificar as principais diferenças e semelhanças. Nesse contexto, é muito importante saber de que maneira a Formação é dirigida pelos vários sistemas nacionais. Existem vários percursos para tornar-se piloto marítimo e a determinação dos critérios pertinentes é competência de cada Autoridade Nacional. O projeto CERTIPILOT não quer interferir nesse aspeto, nem diretamente nem indiretamente. Os destinatários do projeto são os pilotos marítimos autorizados, e seu propósito é fornecer a base para um quadro comum que consenta o recíproco reconhecimento das competências adquiridas através de um programa de Formação Profissional. Isto levará a um sistema de Formação profissional mais homogéneo, e que pode facilitar o crescimento profissional dos pilotos marítimos. 2.2.1. A legislação nacional maltesa Este capítulo oferece um resumo das principais características da legislação maltesa sobre a pilotagem marítima em Malta. A pilotagem marítima em Malta é regulada pelas Maritime Pilotage Regulations (Subsidiary Legislation 499.26) 1 marzo 2003. Nos portos malteses a pilotagem é obrigatória para todos os navios e a Navegação dentro das beiras de um porto com pilotagem obrigatória, quer em saída quer em entrada, durante o ancoradouro ou um deslocamento, tem que ser dirigida por um piloto. São dispensados da pilotagem os navios seguintes: navios de propriedade do Governo de Malta ou administradas por ele; navios de guerra de uma potência estrangeira; navios que pesam menos de 500 toneladas brutas; pesqueiros; iates; navios, incluídos rebocadores, chatas e outros tipos de embarcação, cujo curso normal de Navegação e comércio não supera as fronteiras das águas territoriais maltesas; e hidrofólios que chegam a Malta com um específico horário de serviço e cujo comandante possua as qualificações e satisfaça os padrões estabelecidos pela Autoridade.

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF 17 A função do piloto a bordo do navio é fornecer informações e conselhos ao comandante do navio e suportar, ele e seus assistentes de Navegação, o seguimento de uma rota segura através da área ou das áreas de pilotagem para as quais o piloto é habilitado. A presença do piloto sobre o navio não isenta o comandante das suas responsabilidades no governo e na Navegação do navio sob todos aspetos. Ao fornecer os serviços de pilotagem o piloto colabora com a Autoridade Portuária afim de anotar o andamento destes serviços. Cada vez que um piloto em serviço percebe ou encontra eventuais dificuldades em fornecer o serviço, deve avisar imediatamente o Piloto Chefe que, se necessário, contactará um trâmite ou pedirá instruções à Autoridade Portuária. É dever do piloto em chamar a atenção do Piloto Chefe, sobre qualquer defeito presente nos navios pilotados ou qualquer outra evidência que possa afetar a manobra segura do navio ou a segurança do pessoal, que pela sua vez tem que informar a Autoridade Portuária. Os pilotos devem imediatamente relatar eventuais preocupações ambientais, riscos para a Navegação ou defeitos nas pertinentes aparelhagens e equipamento ao Piloto Chefe e à Autoridade Portuária. É dever das Autoridades garantir a utilização segura e eficaz dos portos, de suas abordagens e dos ancoradouros destinados. O piloto tem que seguir as instruções escritas pela Autoridade Portuária e recebidas antes de abordar o navio, mesmo se estas instruções parecem contrastar com os dados impressos já existentes, salvo em situações de emergência onde podem ser desconhecidas. O piloto tem que avisar imediatamente o Piloto Chefe e a Autoridade Portuária de qualquer incidente que envolva o navio sobre qual està trabalhando, e em particular acidentes que podem ter causado danos nas estruturas portuárias e/ou a terceiros. Além disso, o piloto tem que avisar imediatamente o Piloto Chefe e a Autoridade Portuária de qualquer quase-acidente ou preocupação sobre a Navegação expressada pelo comandante ou pelo piloto durante a pilotagem. Essa comunicação deve ser seguida por um relatório formal escrito a entregar ao Piloto Chefe e

18 MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF à Autoridade Portuária não mais de 24 horas após o acontecimento. Não obstante eventuais medidas que podem ser presas segundo a lei, a Autoridade Portuária pode iniciar um processo disciplinar contra qualquer piloto que não siga as instruções ou as regras dessa Autoridade. O piloto deve abordar o navio na estação de embarque dos pilotos como estabelecido pela Autoridade e desembarcar em um ponto concordado entre o piloto e o comandante do navio, ou naquele indicado pela Autoridade Portuária. A Autoridade Portuária pode autorizar o piloto a abordar ou a desembarcar de um navio em porto se as condições meteorológicas são tais que impeçam a lancha de pilotagem a Passagem segura fora do porto. O piloto que não respeite estas regras tem que justificar as suas ações à Autoridade Portuária dentro de 2 dias de trabalho. Se a Autoridade não ficar satisfeita das suas explicações, pode iniciar um processo disciplinar contra ele. Qualquer comandante tem de assegurar-se que o procedimento de embarque e desembarque dos navios seja conforme com a Norma SOLAS V/23 (Pilot Transfer Arrangements) O piloto pode pedir ao comandante do navio que está pilotando de lhe fornecer os detalhes sobre o calado do navio, o estado de prontidão dos seus motores e dos suportes à Navegação, assim como outras informações pertinentes ao navio que, segundo as suas indicações, sejam razoavelmente necessárias para lhe permitir de fazer o seu dever como piloto do navio. O comandante tem também que informar o piloto sobre eventuais defeitos do navio, das suas máquinas e do seu equipamento, que ele conhece e que podem ter consequências materiais para a Navegação do próprio navio. O comandante deverà fornecer espaço e reduzir suficientemente a velocidade do navio ao aproximarse da lancha de pilotagem. No final de cada manobra o piloto compila um certificado de serviço de pilotagem, onde descreverá o serviço efetuado e tem que ser assinado pelo comandante do navio por cada serviço que o piloto fornece; excluindo circunstâncias extraordinárias, se este certificado não é disponível por qualquer motivo razoável, o Piloto Chefe ou seu adjunto podem assinar o Certificado de Pilotagem. O formato do certificado será concordado entre a Autoridade Portuária e o fornecedor do serviço. A Autoridade Nacional garante o abastecimento de serviços de pilotagem em portos estipulando um contrato com um fornecedor deste serviço. Se um fornecedor não fornece o serviço de pilotagem de acordo com o regulamento e o contrato de pilotagem, ou em casos de emergência, a Autoridade Portuária pode procurar de contratar pessoas competentes afim de garantir o regular funcionamento do serviço de pilotagem. O contrato de pilotagem inclui disposições sobre o abastecimento de serviços de pilotagem em portos e em suas proximidades e sobre a gestão e o emprego das lanchas de pilotagem nesses portos. Anexo ao contrato de pilotagem haverá um Código de Conduta que é parte integrante e que delinea os padrões que os pilotos têm que adotar e os procedimentos que têm que seguir na execução dos serviços de pilotagem. A Autoridade Portuária estabelece o número de pilotos autorizados necessário em cada momento, tendo em conta a situação do mercado e a eficiência do serviço a fornecer. Ninguém é autorizado a trabalhar como piloto a menos que tenha: passado nos testes de qualificação obrigatórios; a licença de piloto aprendiz de acordo com o regulamento; conseguido uma significante experiência prática na pilotagem de navios no período mencionado em parágrafo (b); a licença renovada pela Autoridade Portuária; e satisfeitas outras condições que podem ser prescrevidas de vez em quando. Os pilotos marítimos dividem-se nas seguintes classes: a) Pilotos de Classe 1 Pilotos com licença de pilotar qualquer navio b) Pilotos de Classe 2 Pilotos com licença de pilotar navios até 300 m de LOA 11 11 Length Over All Comprimento de fora a fora (NdT)

MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF 19 c) Pilotos de Classe 3 Pilotos com licença de pilotar navios até 250 m de LOA d) Pilotos de Classe 4 Pilotos com licença de pilotar navios até 200 m de LOA e) Pilotos de Classe 5 Pilotos com licença de pilotar navios até 170 m de LOA f) Pilotos de Classe 6 Pilotos com licença de pilotar navios até 140 m de LOA Condições para passar da Classe 6 a Classe 5 Serviço mínimo de 10 meses como Piloto de Classe 6; e Ter acompanhado um piloto no mínimo em 100 deslocamentos (25 desses têm que ser noturnos) sobre navios de mais de 140 m de LOA. Ter acompanhado um piloto no mínimo em 30 deslocamentos (10 desses têm que ser noturnos) sobre navios de mais de 200 m de LOA. Condições para passar da Classe 3 a Classe 2 Serviço mínimo de 10 meses como Piloto da Classe 3; e Ter acompanhado um piloto no mínimo em 15 deslocamentos (5 desses têm que ser noturnos) sobre navios de mais de 250 m de LOA. Condições para passar da Classe 2 a Classe 1 Serviço mínimo de 10 meses como Piloto da Classe 2. Condições para passar da Classe 5 a Classe 4 Serviço mínimo de 10 meses como Piloto de Classe 5; e Ter acompanhado um piloto no mínimo em 50 deslocamentos (13 desses têm que ser noturnos) sobre navios de mais de 170 m de LOA. Condições para passar da Classe 4 a Classe 3 Serviço mínimo de 10 meses como Piloto da Classe 4; O piloto que quer avançar de categoria tem de apresentar prova da sua Formação dentro do nono mês, de modo a que o seu pedido possa ser processado pela Autoridade Portuária em tempo para passar de nível no momento oportuno. Uma cópia dos deslocamentos registados deve ser apresentada à Autoridade Portuária junto com o pedido para a passagem de categoria. A menos que o piloto tenha sido declarado negligente na execução do seu dever pela Comissão Disciplinar, designada pelo Conselho, durante os 10

20 MANUAL PARA O RECONHECIMENTO TRANSPARENTE DAS QUALIFICAÇÕES DOS PILOTOS MARÍTIMOS COM BASE NO ECVET E NO EQF meses anteriores, a Autoridade Portuária emite a licença com a passagem de categoria. Nos casos onde uma Comissão Disciplinar encontra um piloto negligente na execução do seu dever, a Autoridade determina uma temporada, que não deve superar 10 meses, durante a qual o piloto interessado tem que continuar a trabalhar na Classe onde está, antes que possa apresentar um novo pedido para a passagem de categoria. Se um piloto não consegue passar de uma categoria a outra superior dentro, e não mais tarde, de 18 meses, a sua licença poderá ser revocada. Em nenhuma circunstância um piloto pode pilotar um navio além dos limites registados na sua licença. Não obstante as restrições, a Autoridade pode, à sua discrição e considerando as circunstâncias e a especificidade de cado navio, por meio de soliticação do PIloto Chefe e com o consenso do piloto, autorizar-lo a pilotar navios além dos parametros da sua licença. O pedido para um ou mais pilotos deve ser apresentado pelo comandante ou agente do navio à Autoridade Portuária segundo as diretivas publicadas pela Autoridade Portuária e pelo contrato de pilotagem. Se um navio solicita um piloto ou um outro serviço pertinente com um breve aviso prévio, tem que fazer os sinais apropriados como prescrito no Código Internacional dos Sinais da IMO. Quando tem designado um trabalho, o piloto é considerado ter o controlo total dos amarradores e da tripulação da lancha de pilotagem designados com ele para aquela tarefa. O fornecedor do serviço deve ser o proprietário das lanchas de pilotagem, e é responsável da gestão e do funcionamento das mesmas lanchas como estabelecido no contrato de pilotagem. Quando tem designado um trabalho, o piloto é considerado ter o controlo total da lancha de pilotagem. Nenhum navio pode içar ou mostrar uma bandeira de pilotagem indicando que tem um piloto a bordo a menos que este navio é uma lancha de pilotagem em serviço ou um navio pilotado por um piloto autorizado. Nenhum piloto pode atracar ou deslocar qualquer navio da sua amarração sem a aprovação da Autoridade Portuária. Ao fornecer serviços de pilotagem, cada piloto deve aplicar um alto nível de atenção e capacidade como é estabelecido pelo Código de Conduta. A Autoridade pode fornecer pilotagem desde a costa desde que: O serviço de pilotagem da costa é fornecido só nas áreas estabelecidas pela Autoridade; O fornecedor fornece o serviço de pilotagem da costa através dos seus pilotos autorizados afim de; I Pilotar os navios até à lancha de pilotagem e/ou II Pilotar os navios quando os pilotos não podem embarcar ou desembarcar no mar. O serviço de pilotagem da costa deve ser fornecido só quando: É solicitado e aceite pelo comandante do navio e permitido pela Autoridade Portuária; e O piloto que fornece o serviço de pilotagem da costa acha-lo possível. Os comandantes de navios que utilizam o serviço de pilotagem da costa são obrigados a aceitar um piloto logo que é possível embarcar-lo. A Autoridade Portuária, consultando-se com o fornecedor do serviço, deve estabelecer os padrões que regulam o abastecimento desse serviço. 2.2.2. A legislação nacional espanhola A pilotagem espanhola é regulada por uma variedade de normas estabelecidas no quadro da pertinente legislação internacional que inclui as Normas Nacionais e as Normas do Colégio Oficial Nacional de Prácticos de Puerto. Nos termos das disposições legais, a Autoridade Marítima pode garantir licenças para trabalhar como pilotos se as pessoas envolvidas satisfazem os seguintes critérios: Têm que possuir o título profissional de Comandante da Marinha Mercantil e certificar no mínimo dois anos de comando com navios de mais de 1.000 toneladas brutas dentro dos últimos dez anos de atividade profissional, justo antes dos testes; e Ter menos de 65 anos 12. 12 Ordem FOM 2417/2007