Dinamismo do mercado de trabalho eleva a formalização das relações de trabalho de homens e mulheres, mas a desigualdade persiste



Documentos relacionados
Manutenção das desigualdades nas condições de inserção

Melhora nos indicadores da presença feminina no mercado de trabalho não elimina desigualdades

A inserção das mulheres nos mercados de trabalho metropolitanos e a desigualdade nos rendimentos

A presença feminina no mercado de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo 2014

Pesquisa Mensal de Emprego - PME

A INSERÇÃO DOS NEGROS NOS MERCADOS DE TRABALHO METROPOLITANOS

A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA

AGOSTO DE 2014 * Taxa de desemprego em relativa estabilidade

Taxa de desemprego se eleva

O Emprego Doméstico na Região Metropolitana de Belo Horizonte em 2013

OS NEGROS NOS MERCADOS DE TRABALHO METROPOLITANOS NOVEMBRO DE 2015

O Desemprego manteve relativa estabilidade em quatro regiões

OS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO DA RMBH EM 2007

MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE

OS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Salários na Construção Civil nos anos 2000: entre a formalização e a rotatividade

O EMPREGO DOMÉSTICO. Boletim especial sobre o mercado de trabalho feminino na Região Metropolitana de São Paulo. Abril 2007

ANÁLISE CONJUNTURAL DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO CATARINENSE:

Emprego doméstico na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2013

O mercado de trabalho no biênio Dia Nacional da Consciência Negra

PED ABC Novembro 2015

Taxa de desocupação foi de 9,3% em janeiro

na região metropolitana do Rio de Janeiro

O MERCADO DE TRABALHO NO AGLOMERADO URBANO SUL

Arrefecimento do mercado de trabalho penalizou mais as mulheres

Mercado de Trabalho nas Regiões Metropolitanas em 2015

CRESCE O DESEMPREGO NA GRANDE FORTALEZA

Pesquisa Mensal de Emprego

O TRABALHO POR CONTA PRÓPRIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

TEMA: A Mulher no Mercado de Trabalho em Goiás.

Dezembro de 2014 * INTERROMPE-SE A RECUPERAÇÃO DO NÍVEL OCUPACIONAL

INFORMATIVO MENSAL ANO 01 NÚMERO 14 MARÇO DE 2001 APRESENTAÇÃO

O Mercado de Trabalho no Rio de Janeiro na Última Década

PERFIL DOS TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ESTADO DA BAHIA

O TRABALHADOR E A INSERÇÃO OCUPACIONAL NA CONSTRUÇÃO E SUAS DIVISÕES

PED-RMPA INFORME ESPECIAL IDOSOS

APÓS CINCO MESES EM RELATIVA ESTABILIDADE, DESEMPREGO VOLTA A CRESCER

Aumenta a taxa de desemprego

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Formalização das relações de trabalho

OS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO PED / DIEESE / SEADE REFERÊNCIA: Fevereiro de 2015

Estudo Estratégico n o 5. Desenvolvimento socioeconômico na metrópole e no interior do Rio de Janeiro Adriana Fontes Valéria Pero Camila Ferraz

REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR SETEMBRO DE 2008 TAXA DE DESEMPREGO MANTÉM DECLÍNIO NA RMS

Desemprego cresceu no conjunto das regiões

LIGEIRO CRESCIMENTO DA TAXA DE DESEMPREGO

OS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO. Em alusão ao Dia da Consciência Negra

Pesquisa Mensal de Emprego PME. Algumas das principais características dos Trabalhadores Domésticos vis a vis a População Ocupada

I - A inserção dos trabalhadores negros nos mercados de trabalho metropolitanos entre 1998 e 2004

TAXA DE DESEMPREGO DIMINUIU PELO SEGUNDO MÊS CONSECUTIVO

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO

A participação feminina no mercado de trabalho: observações sobre as docentes no ensino privado brasileiro 2013

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

AS CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO DOMÉSTICO REMUNERADO NOS MERCADOS DE TRABALHO METROPOLITANOS

PEQUENO AUMENTO DA TAXA DE DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL

ipea A EFETIVIDADE DO SALÁRIO MÍNIMO COMO UM INSTRUMENTO PARA REDUZIR A POBREZA NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO 2 METODOLOGIA 2.1 Natureza das simulações

Ano 3 Nº 37 Novembro de Escolaridade e Trabalho: desafios para a população negra nos mercados de trabalho metropolitanos

Pesquisa. Há 40 anos atrás nos encontrávamos discutindo mecanismos e. A mulher no setor privado de ensino em Caxias do Sul.

Florianópolis, 17 de agosto de 2011.

Análise do mercado de trabalho

3Apesar dos direitos adquiridos pelas

A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO PARANAENSE

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. Comércio e Serviços sustentam crescimento da ocupação

MOBILIDADE DOS EMPREENDEDORES E VARIAÇÕES NOS RENDIMENTOS

Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2012: análise dos principais resultados de Santa Catarina

RENDA, POBREZA E DESIGUALDADE NOTA CONJUNTURAL JANEIRO DE 2014 Nº28

PNAD - Segurança Alimentar Insegurança alimentar diminui, mas ainda atinge 30,2% dos domicílios brasileiros

Número 24. Carga horária de trabalho: evolução e principais mudanças no Brasil

CRESCIMENTO DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL FAVORECE A EXPANSÃO DE POSTOS DE TRABALHO E DO RENDIMENTO

A MULHER EMPREENDEDORA DA REGIÃO METROPOLITANA DE MARINGÁ

TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Síntese

Expediente: Autor: Érika Andreassy Editor Responsável: Érika Andreassy Diagramação: Érika Andreassy Abril/

Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2013: análise dos principais resultados de Goiás

Análise Setorial. Fabricação de artefatos de borracha Reforma de pneumáticos usados

Relatório produzido em conjunto por três agências das Nações Unidas

Pesquisa Semesp. A Força do Ensino Superior no Mercado de Trabalho

Ano 3 Nº 24 setembro de A ocupação dos jovens nos mercados de trabalho metropolitanos

Sumário PNAD/SIMPOC 2001 Pontos importantes

FICHA BIBLIOGRÁFICA. Título: Perfil da Mulher Metalúrgica do ABC. Autoria: Subseção DIEESE/Metalúrgicos do ABC

Taxa de desemprego sobe para 5,7% em março

Evolução do emprego formal na Região Metropolitana de Porto Alegre no período

Simon Schwartzman. A evolução da educação superior no Brasil diferenças de nível, gênero e idade.

Gráfico 1: Goiás - Saldo de empregos formais, 2000 a 2013

O EMPREGO DOMÉSTICO NO PERÍODO DE 2000 A 2009

V Pedreiros e Vendedores. 1 Introdução

Pesquisa Mensal de Emprego Dezembro 2005

ESCOLARIDADE AUMENTA NA ÚLTIMA DÉCADA, MAS A DESIGUALDADE ENTRE NEGROS E NÃO NEGROS AINDA É BASTANTE ALTA 1

FORMALIZAÇÃO DO EMPREGO E INSERÇÃO PRECÁRIA: DUAS FACES DO MERCADO DE TRABALHO DA RMF

Indicadores IBGE Pesquisa Mensal de Emprego Março 2005

DIEESE e SEBRAE lançam Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa

QUEDA NO NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO DO CATARINENSE É ACOMPANHADA POR PEQUENA DETERIORAÇÃO DA QUALIDADE DAS DÍVIDAS

Mulheres e homens em grupos ocupacionais homogêneos: elas tendem a ganhar menos!

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS:

PALAVRAS-CHAVE Mercado de trabalho. Campos Gerais. Análise setorial do mercado de trabalho. Paraná.

Empreendedorismo do Rio de Janeiro: Conjuntura e Análise n.5 Marolinha carioca - Crise financeira praticamente não chegou ao Rio

Mercado de Trabalho. O idoso brasileiro no. NOTA TÉCNICA Ana Amélia Camarano* 1- Introdução

EFEITOS DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA SOBRE A TAXA DE DESEMPREGO

TEMAS SOCIAIS O UTUBRO DE 2000 CONJUNTURA ECONÔMICA 28

Pesquisa Mensal de Emprego. Abril 2011

Transcrição:

Dinamismo do mercado de trabalho eleva a formalização das relações de trabalho de homens e mulheres, mas a desigualdade persiste Introdução De maneira geral, as mulheres enfrentam grandes dificuldades no mercado de trabalho, haja vista que ainda representam mais da metade da população desempregada e, quando ocupadas, além de, usualmente, mais expostas às formas de inserção laboral mais precarizadas, percebem menores rendimentos do que o homem. Não obstante esse tipo de abordagem já ter sido recorrentemente apresentada nos mais diversos estudos, este Boletim Especial Mulheres objetiva fornecer uma visão detalhada e atualizada das formas de inserção das mulheres no mercado de trabalho da região metropolitana de Fortaleza (RMF), com particular atenção aos indicadores de rendimento do trabalho entre os sexos, em mais um ano de expansão da economia e do mercado de trabalho cearenses. De fato, o desempenho do mercado de trabalho na RMF apresentou resultados muito positivos em, mas se mostrou menos dinâmico do que em 2010, com a ocupação crescendo e o desemprego caindo mais lentamente. Constatou-se ainda a expansão do emprego no setor privado com carteira assinada, ampliando o nível de formalização do mercado de trabalho local, o rendimento médio real do trabalhador cresceu, assim como a massa de rendimentos do trabalho. Dessa forma, o presente Boletim destaca alguns impactos da evolução positiva do mercado de trabalho da RMF sobre a força de trabalho feminina, ou seja, verifica em que medida as mulheres se apropriaram desta conjuntura favorável do mercado de trabalho local, utilizando como fonte de informação a base de dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Fortaleza (PED/RMF), no biênio 2010-.

Dinamismo do mercado de trabalho contempla mais os homens, apesar dos avanços entre as mulheres Em, o desempenho do mercado de trabalho na RMF foi favorável para homens e mulheres, sendo que os primeiros foram mais beneficiados, tal qual o ocorrido em 2010. Para a população feminina, foram gerados apenas 9 mil postos de trabalho (23,7%), diante do adicional de 29 mil para os homens (76,3%). Isto elevou o diferencial entre os níveis ocupacionais de homens e mulheres, em 2010/, na medida em que o nível ocupacional masculino cresceu 3,4% e o das mulheres 1,2%. Apesar dos 9 mil novos postos de trabalho, o número de mulheres desempregadas em permaneceu o mesmo do ano anterior (89 mil pessoas), uma vez que houve equilíbrio entre a expansão da população economicamente ativa (PEA) e a geração de ocupação femininas, isto é, eles foram suficientes apenas para absorver a incorporação de 9 mil mulheres à força de trabalho. Entre os homens, o contingente de desempregados foi reduzido em 6 mil pessoas (Tabela 1). Tabela 1: Estimativa da população economicamente ativa e das populações ocupada e desempregada, segundo o sexo 2010 e CONDIÇÕES DE ATIVIDADE 2010 Variação Absoluta -2010 Total Homen Mulhere Total Homen Mulhere Total Homens Mulheres População Economicamente Ativa 1.760 941 819 1.792 964 828 32 23 9 Ocupados 1.595 865 730 1.633 894 739 38 29 9 Desempregados 165 76 89 159 70 89-6 -6 0 Fonte: Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MTE/FAT. NOTA: Estimativas em 1.000 pessoas. Apesar da elevação da ocupação, a taxa de participação no mercado de trabalho da RMF mostrou-se em relativa estabilidade nos últimos anos. A taxa de participação feminina permaneceu relativamente estável, oscilando entre 50,6% e 50,9%, nos anos de 2009 a. A participação masculina também se mostrou em relativa estabilidade, nos últimos dois anos, passando de 67,1% (2010) para 67,3% (), taxas ligeiramente superiores à de 2009 (66,0%), outra sinalização de que a recente dinâmica do mercado de trabalho foi mais favorável para os homens (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Taxa de participação, segundo o sexo 2009 70,0 66,0 67,1 67,3 60,0 57,8 58,5 58,4 50,0 50,6 50,9 50,6 40,0 30,0 2009 2010 20,0 10,0 0,0 Total Hom ens Mulheres Fonte: PED/RMF - Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade/Dieese e MTE/FAT. A melhoria do mercado de trabalho local, com crescimento do nível ocupacional e estabilidade das taxas de participação, fez com que a taxa de desemprego total diminuísse entre os homens, de 8,1% (2010) para 7,3% (), e entre as mulheres, de 11,0% para 10,7%, respectivamente, em queda pelo segundo ano consecutivo, destacando-se que a taxa masculina caiu bem mais rapidamente. Nesse período, o contingente de desempregados na RMF declinou de 165 para 159 mil pessoas, reflexo da redução do total de homens desempregados (de 76 para 70 mil) e da manutenção do contingente feminino em 89 mil desempregadas. Isto acabou por incrementar a proporção de mulheres na população desempregada da região, que se elevou de 54,1% (2010) para 55,8% (), ratificando que as oportunidades de trabalho não foram equitativamente distribuídas por sexo, uma vez que mais de ¾ das vagas criadas contemplaram a força de trabalho masculina (76,3%). Por conseguinte, a taxa de desemprego caiu mais rapidamente entre os homens (-9,9%), diante da redução de 2,7% da taxa feminina. Nesse contexto, além de constituírem mais da metade dos desempregados, a participação das mulheres no desemprego da RMF tem se mostrado crescente nos últimos três anos, apesar dos menores níveis de desemprego. Não obstante, as taxas de desemprego entre as mulheres ainda são muito superiores às taxas masculinas, cerca de 3 p.p mais elevadas, diferença que não diminuiu com a melhora recente do mercado de trabalho local, conforme ilustrado no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Taxa de desemprego, segundo o sexo 2009 14,0 12,9 12,0 10,0 8,0 11,4 9,4 8,9 10,0 8,1 7,3 11,0 10,7 2009 2010 6,0 4,0 2,0 0,0 Total Hom e ns M ulhe re s Fonte: PED/RMF - Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade/Dieese e MTE/FAT. Em grande medida, o fato de a força de trabalho masculina ter sido mais beneficiada está relacionado à evolução da ocupação por setor de atividade. Houve expansão do nível ocupacional na construção civil, um setor eminentemente masculino, onde o contingente de homens ocupados apresentou importante crescimento de 8,3% e, complementarmente, ocorreu redução da ocupação nos serviços domésticos, um setor predominantemente feminino, com redução do nível ocupacional das mulheres de 5,8%, em. Houve também geração de ocupação no setor de serviços, com incrementos nas ocupações de homens (3,3%) e mulheres (4,1%), e os novos postos de trabalho na indústria empregaram mais expressivamente a mão de obra masculina (5,8%). Em síntese, o incremento ocupacional feminino foi observado apenas na indústria de transformação (3,6%) e nos serviços (4,1%). Adicionalmente, foram registradas diminuições do número de mulheres ocupadas no comércio (-1,3%) e nos serviços domésticos (-5,8%). Em, como resultado das citadas movimentações setoriais segundo o sexo, a composição setorial do trabalho feminino configurou-se tal como apresentado no Gráfico 3. A população ocupada na RMF cresceu de 1.595 mil, em 2010, para 1.633 mil pessoas, em, um acréscimo de 38 mil ocupações (2,4%), das quais 29 mil foram ocupadas por homens (Tabela 1). O emprego no setor privado com registro em carteira foi o de maior expansão, com a criação de 59 mil empregos (9,8%), ampliando o nível de formalização das relações de trabalho na região, embora em

ritmo menor do que em 2010, quando foram gerados 69 mil empregos com carteira assinada na RMF (13,0%). Nesse aspecto, os homens também levaram nítida vantagem, posto que se apropriaram de 61,0% dos empregos com carteira gerados em, ficando as mulheres com a parcela de 39%. Fato é que as oportunidades de trabalho que surgiram para as mulheres em foram concentradas no setor privado com carteira assinada e no trabalho autônomo, com participações de 33,6% e 25,9% na ocupação feminina, respectivamente. Ao se associar o maior nível de assalariamento das mulheres no setor privado (5,9%), crescimento da ocupação feminina na indústria de transformação (3,6%) com a redução do emprego doméstico mensalista (-9,8%), ampliação do emprego no setor privado com carteira (10,3%) e redução do emprego sem carteira (- 6,0%), pode-se concluir que houve uma melhora qualitativa na ocupação feminina em. Gráfico 3 - Distribuição setorial da ocupação feminina 1,0% 15,5% 19,4% 19,7% 44,4% Indústria Comércio Serviços Serviços Domésticos Outros(1) FONTE: PED/RMF - Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MTE/FAT. (1) Inclui construção civil, agricultura, pecuária, extração vegetal, embaixadas, consulados, representações oficiais e outras atividades não classificadas. A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Discreta redução na desigualdade dos rendimentos do trabalho por sexo No ano em análise, o rendimento médio do trabalho acusou um ganho real de 2,0% na RMF, contemplando homens (1,6%) e mulheres (2,3%), o que manteve a tendência de redução da desigualdade da remuneração do trabalho entre homens e mulheres já observada em 2009/2010. Em 2010, as mulheres ganhavam, em média, o equivalente a 71,6% da remuneração masculina, proporção que cresceu para 72,1%, em. Ao se considerarem os rendimentos médios por hora trabalhada de homens e mulheres, esta discriminação é um pouco mais amenizada e as mulheres passaram a perceber 78,6% (2010) e 81,1% () da remuneração média horária dos homens. Portanto, confirma-se a discreta redução da desigualdade da remuneração do trabalho por sexo na RMF, em. No biênio 2010/, o rendimento médio real dos homens passou de R$ 1.039 para R$ 1.056 e o das mulheres, de R$ 744 para R$ 761. Já os rendimentos médios horários evoluíram de R$ 5,39 para 5,48, entre eles (1,7%), e de R$ 4,24 para R$ 4,45 entre elas (5,0%), conforme Tabela 2. TABELA 2: Rendimento médio mensal real, jornada semanal média e rendimento médio por hora (1) dos ocupados (2) no trabalho principal segundo setor de atividade e sexo Setor de Atividade Rendimento médio real Jornada semanal média (4) Rendimento médio por hora trabalhada (4) Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total de Ocupados (3) 923 1.056 761 43 45 40 5,02 5,48 4,45 Indústria 806 950 641 44 44 43 4,28 5,04 3,48 Comércio 816 934 674 46 49 43 4,14 4,45 3,66 Serviços 1.132 1.256 974 41 44 38 6,45 6,67 5,99 Construção Civil 832 818 -(5) 41 41 -(5) 4,74 4,66 -(5) Serviços Domésticos 424 -(5) 413 42 48 41 2,36 -(5) 2,35 FONTE: Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MTE/FAT. (1) Inflator utilizado: INPC-RMF do IBGE. (2) Exclusive os assalariados e os empregados domésticos mensalistas que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os empregados que receberam exclusivamente em espécie ou benefício. (3) Inclusive os demais setores de atividade. (4) Exclusive os ocupados que não trabalharam na semana. (5) A amostra não comporta desagregação para a categoria. Independente de ser rendimento médio mensal ou por hora trabalhada, o rendimento auferido pelas mulheres é inferior ao dos homens, qualquer que seja o setor de atividade analisado, e o grau de desigualdade não é homogêneo nos diversos setores. A maior desigualdade foi observada na indústria de transformação, onde o rendimento médio das mulheres correspondia a 69,0% do dos homens. A menor desigualdade foi verificada no setor de serviços, com uma proporção pouco acima de 89,0%, nos dois anos analisados. Além do mais, o comércio foi o setor onde a redução da desigualdade foi percebida mais claramente, posto que as mulheres passaram a perceber 82,2% da remuneração dos homens (), diante dos 75,4% registrados em 2010 (Gráfico 4). Em grande parte, isto foi ocasionado pelo ganho médio real horário de 8,0%

observado entre as comerciárias, enquanto o rendimento médio real por hora dos comerciários acusou ligeira variação negativa (-0,9%), no paralelo /2010. Gráfico 4 - Proporção do rendimento médio real horário das mulheres no trabalho principal em relação ao dos homens, segundo os setores de atividade 2010 - (Em Reais de Novembro de ) Serviços 89,8 89,4 Com ércio 75,4 82,2 Indús tria 69,0 69,0 2010 Total 81,1 78,6 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 Fonte: PED/RMF - Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade/Dieese e MTE/FAT. Analisando-se o rendimento médio real por hora segundo a posição na família e sexo, percebe-se que a desigualdade entre homens e mulheres é destacadamente mais intensa entre os chefes de família, apesar de o ganho real das mulheres que chefiam as famílias (3,5%) ter superado o dos homens na mesma posição (2,4%), em. Nesse ano, as mulheres chefes de família percebiam o equivalente a 73,8% do rendimento médio por hora dos homens em igual posição. Assim, para as mulheres chefes de família, houve uma ligeira redução na desigualdade, mas ela ainda é expressiva. A menor desigualdade foi percebida entre os filhos (97,3%). Outra forma de observar as desigualdades na distribuição de rendimentos segundo o sexo é por meio da posição na ocupação. Na RMF, em termos de posição na ocupação com estatísticas comparáveis, em todas elas o rendimento médio real das mulheres apresentou-se abaixo do rendimento dos homens, especialmente quando se trata do trabalho autônomo. Em, atendo-se aos assalariados, o rendimento médio mensal das mulheres correspondeu a 91,6% do rendimento dos homens; entre os assalariados com carteira, 88,0%; entre os autônomos, 54,6%; e entre os empregadores, 73,2%. Como já ressaltado, o nível

de desigualdade é mais expressivo entre os autônomos, muito especialmente quando se trata dos autônomos que prestam serviços para empresa, em que o rendimento médio das mulheres equivalia a menos da metade do rendimento médio dos homens (48,1%) (Tabela 3). Mesma realidade é percebida ao se analisar o rendimento médio por hora trabalhada, onde esta desigualdade é um pouco amenizada em virtude dos diferenciais de jornada de trabalho de homens e mulheres. Portanto, há sinalizações consistentes de que a elevação do nível de assalariamento entre as mulheres, particularmente com carteira assinada, associada à redução do emprego doméstico, mesmo com a manutenção da representação do trabalho autônomo na ocupação feminina, propiciou uma melhoria no patamar de remuneração do trabalho das mulheres, o que refletiu em menor nível de desigualdade de rendimentos por sexo. Falando em emprego doméstico, uma atividade tipicamente feminina, esta apresentou o menor valor de rendimento médio dentre as diversas formas de inserção no mercado de trabalho da RMF, em (R$ 413), o equivalente a 75,8% do salário mínimo, um forte indicativo de que parte das empregadas domésticas tem remuneração aquém do mínimo estabelecido por lei (R$ 545). As mensalistas detiveram um rendimento médio de R$ 442 e as diaristas, R$ 339. Fruto de jornadas de trabalho distintas, as diaristas perceberam rendimentos médios horários mais elevados (R$ 3,44) do que as mensalistas (R$ 2,20). TABELA 3: Rendimento médio mensal real, jornada semanal média e rendimento médio por hora (1) dos ocupados (2) no trabalho principal segundo posição na ocupação e sexo Posição na Ocupação Rendimento médio real Jornada semanal média (5) Rendimento médio por hora trabalhada (5) Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total de Ocupados 923 1.056 761 43 45 40 5,02 5,48 4,45 Assalariados Total (3) 989 1.023 937 43 45 41 5,37 5,31 5,34 Assalariados do Setor Privado 825 870 750 44 45 42 4,38 4,52 4,17 Com Carteira Assinada 891 933 821 44 45 43 4,73 4,84 4,46 Sem Carteira Assinada 598 650 515 43 45 40 3,25 3,37 3,01 Assalariados do Setor Público 2.032 2.253 1.819 37 38 36 12,83 13,85 11,81 Autônomos 662 833 455 40 43 37 3,87 4,53 2,87 Autônomos que Trabalham p/ o Público 627 779 443 40 44 36 3,66 4,14 2,88 Autônomos que Trabalham p/ Empresa 794 1.041 501 40 40 39 4,64 6,08 3,00 Empregadores 2.967 3.276 2.399 52 53 50 13,33 14,44 11,21 Empregados Domésticos 424 -(6) 413 42 48 41 2,36 -(6) 2,35 Mensalistas 455 -(6) 442 48 50 47 2,21 -(6) 2,20 Diaristas 338 -(6) 339 23 25 23 3,43 -(6) 3,44 Demais (4) 2.029 -(6) -(6) 52 54 47 9,12 -(6) -(6) FONTE: Convênio IDT/Sine-CE, STDS, Fundação Seade-Dieese e MTE/FAT. (1) Inflator utilizado: INPC-RMF do IBGE. (2) Exclusive os assalariados e os empregados domésticos mensalistas que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os empregados que receberam exclusivamente em espécie ou benefício. (3) Inclusive aqueles que não informaram o segmento em que trabalham. (4) Inclui profissionais universitários autônomos, donos de negócio familiar, etc. (5) Exclusive os ocupados que não trabalharam na semana. (6) A amostra não comporta desagregação para a categoria.