Universidade Federal do Paraná UFPR PIBID Criatividade na aula Breno Filipe Rodrigues Lustosa Resumo Este trabalho tem como objetivo relatar as experiências encontradas no âmbito escolar, proporcionadas pelo subprojeto Educação Física 0 denominado A Perspectiva da Cultura Corporal em Distintos Contextos da Formação do Docente na Educação Física Escolar do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID), para então, buscar as conclusões retiradas dos períodos em que ocorreram as observações. Após conhecer e observar os cenários da escola e suas especificidades, acompanhar algumas aulas e avaliar as suas dificuldades e seus os seus desafios, afirmo a importância do professor ser criativo e conhecer seus objetivos para assim obter o sucesso esperado para sua aula, que seria o aprendizado do aluno. Introdução O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, PIBID, oferece bolsas de iniciação a docência aos alunos de cursos de licenciatura nas universidades públicas brasileiras, com o objetivo estimular o pensamento crítico sobre como a prática docente se constrói dentro da escola e de que maneira esse contexto pode
influenciar na formação acadêmica, relacionar o conhecimento acadêmico com o conhecimento prático, refletir sobre as experiências bem-sucedidas e elevar as ações acadêmicas voltadas à formação inicial dos professores. O subprojeto A perspectiva da cultura corporal em diferentes contextos da formação docente na Educação Física escolar, coordenado pela professora Rosecler Vendruscolo possui então, o intuito de iniciação para os futuros professores na escola. Por isso, nós bolsistas tivemos o imenso prazer de nos últimos meses estarmos acompanhando o dia a dia das escolas: EM Rolândia e CE Teobaldo L. Kletemberg, acompanhados pelos professores supervisores Eumar André Koler e Vanessa Mamoré Schivinski. Nesses dias, eu pude conhecer algumas das características de uma boa aula. Apesar do desafio que existe, uma aula deve possuir um comprometimento com o processo de transformação social além do conteúdo (COLETIVO, 1992), deve haver o lúdico e superar-se o senso comum principalmente uma aula que possui como objetivo a cultura corporal e suas vertentes. Não se pode aprender com o corpo sem utiliza-lo, e para isso torna-se importante que o professor se aproprie de novas práticas, evoluindo também das práticas já estabelecidas, adequando-se a demanda. O aluno motivado pode então desenvolver seu conhecimento, sem empecilhos que possam atrapalha-lo. Desenvolvimento O conhecimento científico apropriado pela escola deve propiciar ao aluno uma maior reflexão, adicionando esses novos elementos aos conhecimentos préestabelecidos do aluno e criar formas para que o mesmo possa desenvolvê-los.
Ninguém entra na escola sem conhecer nada, portanto esse aluno, apenas adiciona novos conhecimentos que serão refletidos e analisados. Com essa ideologia, a Escola Municipal Rolândia desenvolve seus conteúdos, de maneira que o aluno amplie um senso crítico a cerca da cultura que o rodeia. Sendo assim, nos primeiros momentos na Escola Municipal Rolândia, pude observar uma aula totalmente diferente do que já pratiquei. Na primeira aula os professores de Educação Física da escola, fizeram uma iniciação ao circo, utilizando aparelhos como o lençol acrobático, trapézio e o slack line. Na segunda, usando o espaço ao lado da escola (um bosque que foi reformado para a utilização das crianças) os professores fizeram uma brincadeira baseada em um jogo virtual bastante popular: Five Nights at Freddy. Na terceira aula acompanhei uma variação da brincadeira imagem e ação, fazendo com que as crianças tentassem usando da criatividade realizar mímicas do cotidiano delas, como estabelecimentos e cômodos da casa. Na quarta aula os professores mostraram a tirolesa às crianças que se divertiram bastante, além de terem vivenciado mais uma prática que poucas crianças já tiveram. No quinto dia de observação, foi dado aos alunos tatames para que eles, ao utilizar a imaginação, construíssem uma história. Na oficina de circo, realizada pelo professor supervisor, a minha atenção se voltou para o como às crianças querem aprender algo novo. Nessa oficina, o professor oportuniza algumas vivências de circo, como malabarismo, trapézio e o lençol acrobático. De uma disposição mais leve que a aula regular, as crianças se divertem aprendendo. Na aula de malabarismo, foi ensinado como fazer as bolinhas de uma forma fácil e barata, com materiais facilmente encontrados, como bexigas e pequenas sementes, mostrando assim que tendo criatividade, pode-se brincar com qualquer coisa.
Além disso, também acompanhei os preparativos para o evento da Educação Física na regional do Boqueirão, evento esse que reunirá os professores da área em um dia onde as crianças realizarão atividades divididas em cinco estações: jogos coletivos, aventura, circo, jogos populares e festa. No dia da vivência das atividades, aprendi brincadeiras como vôlei sentado, futebol grego, fugitivo e four square. Percebi que existe sim a possibilidade de passar para as crianças algumas práticas de aventura, como slack line e tirolesa. Após, foi realizado como conteúdo, uma prática mito popular por parte dos alunos na atualidade, o role-playng game (RPG). Nessa brincadeira é contada uma história onde os participantes podem influenciar e decidir como será o fim dessa história. Os alunos, divididos em tribos, teriam que batalhar por suprimentos onde venceria quem os conquistasse. Nessa brincadeira, além da utilização dos materiais da escola, foram produzidos cartões, para identificar personagens e adesivos para identificar as vidas. Ela mostrou que não há limites para a criatividade, que existem muitas práticas que podem adentrar no âmbito escolar fugindo das práticas comuns como brincadeiras de pega e esportes. Nesses dias de observações me apropriei de práticas que antes não conhecia, pois encontrei o entendimento de que na Educação Física existe várias maneiras de ensinar uma prática corporal. Mas para isso, para se apropriar de todo esse conhecimento que a academia produz, e aplicá-lo no cotidiano da escola, torna-se necessária a criatividade. Entende-se que a criatividade é um processo inerente ao homem (OSTROWER, 1977), sendo que todos possuem o dom de criar alguma coisa. Para se contemplar o processo criativo, é preciso que se tenha o conhecimento sensívelcultural, a habilidade de sentir e perceber o que se está em volta. No ambiente escolar, essa habilidade torna-se essencial ao professor, que pode então empreender
uma aula que possua um objetivo claro e que atenda as necessidades do público alvo, os alunos. O problema encontrado por diversos profissionais da área, que os impedem de desenvolver práticas criativas, é o desânimo, esgotamento e apatia em frente das dificuldades, levando o professor a desistir. Nas reuniões para o evento da educação física, ao conhecer alguns professores, observei algumas das dificuldades encontradas, como falta de autonomia dada por parte das escolas e materiais com condições precárias para o uso. Isso tudo acaba causando certa desmotivação no professor, restringindo o professor aos esportes mais tradicionais, que são ainda apresentados de forma desordenada e aleatória. Não existe o aprofundamento dos conteúdos propostos pela educação física na escola (DARIDO, 2001). Para que então o professor possa desenvolver novas práticas, é preciso que ele amplie seu senso crítico e sua autonomia apropriando-se dos conhecimentos da área. Sua autoestima melhora e consequentemente o profissional vai estar mais preparado para dar aula. Conclusão A principal coisa que aprendi nesses primeiros meses no PIBID, é que não existe fórmula exata para se realizar uma aula, cada turma leva a sua especificidade. O que os professores supervisores realizam em suas escolas, não é exatamente igual ao que se torna necessário ser ensinado em outras escolas, que possuem as suas individualidades. O professor deve, portanto, conhecer sua turma, para então desenvolver o seu trabalho.
O papel do professor não deve ficar apenas em ensinar jogos e brincadeiras, mas fazer com que as crianças vivenciem tudo isso. Para isso é muito importante que os professores estejam atualizados, tendo criatividade para buscar novas práticas, pois isso é o que faz o aluno se motivar mais. A aula que da certo é aquela em que o aluno aproveita o máximo dela, sendo necessário que ele tenha a motivação para aproveitar esses momentos. REFERÊNCIAS CRIATIVIDADE. In: MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009. Coletivo de Autores. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo, Cortez, 1992. (Coleção Magistério 2 Grau, Série Formação do Professo). OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 9 ed. Petrópolis: Vozes, 1993. p.187. Ilus. SANTINI, J.; NETO, V. M.; A síndrome do esgotamento profissional de professores de educação física: um estudo na rede municipal de ensino de Porto Alegre. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo, v.19, n.3, p.209-22, jul./set. 2005. ROSÁRIO, L. F. R.; DARIDO, S. C.; A sistematização dos conteúdos da educação física na escola: a perspectiva dos professores experientes. Motriz, Rio Claro, v.11 n.3 p.167-178, set./dez. 2005. MAZZEU, F. J. C. Uma proposta metodológica para a formação continuada de professores na perspectiva histórico-social. Cadernos Cedes, Araraquara, 1998.