JOÃO BATISTA REIS JÚNIOR Mestre Maçom Os Landmarks, suas características e importância dentro da Ordem Maçônica Trabalho elaborado para apresentação em Loja Fechada Belo Horizonte Fevereiro/2013 1
O segredo é colocar-se a caminho, num fazer-se e perfazer-se constantes, num empenho e aperfeiçoamento contínuos Frei Nilo Agostini 2
Aos meus queridos irmãos da Loja Maçônica Cavaleiros Templários, minha esposa Cristiane e Jade, pela ajuda, compreensão e constante incentivo. 3
AGRADECIMENTOS - À Comissão Litúrgica da Loja Maçônica Cavaleiros Templários. - Aos IIr.. Falcao, José Flávio e Martiniano - A todos os IIr.. da Loja Maçônica Cavaleiros Templários que de alguma forma contribuem intensamente para o meu crescimento interior. 4
RESUMO Os LandMarks, antes de realizarmos um estudo mais aprofundado, nos remetem a uma lista de princípios básicos, ou seja as regras, normas e leis que devem ser seguidas por todos os obreiros da Ordem Maçônica. Durante o período de estudos, percebe-se que este tema possui uma importância e um significado muito maior do que inicialmente se imagina. Por isso há grandes discussões sobre eles e sua real importância dentro da Ordem Maçônica, dando margem para a elaboração de vários outros trabalhos. Neste sentido, o objetivo deste pequeno trabalho é tentar, mesmo que de forma superficial, resumir a importância dos Landmarks sua aceitação, abrangência e, por fim, analisar sua observância no meio Maçônico. 5
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA De acordo com os registros maçônicos, a palavra LandMark foi mencionada pela primeira vez na edição dos Regulamentos Gerais da Maçonaria, no ano de 1720, sob responsabilidade de George Payne. Já no ano de 1721, devido à sua grande importância, eles foram incluídos na Constituição de Anderson, como lei orgânica e terceira parte deste mesmo documento. Etimologicamente, a expressão Landmark deriva da palavra inglesa landmark, composta de land que significa terra, solo, terreno, e mark, que nos dá a sensação de direção, marco. Diante destes significados, os Landmarks assumem os limites das leis, mandamentos e normas de condutas e organização. Ainda a respeito do seu significado, de acordo com Bernar E. Jones, em sua obra, Guia e Compêndio do Franco-Maçom que estabelece uma raiz ainda mais profunda a respeito dos LandMarks: São considerados Landmarks as regras de conduta que existem desde tempos imemoriais - seja sob a forma de lei escrita ou não escrita - que são essenciais à Sociedade (Maçônica) que, na opinião da maioria, são imutáveis, e que todo maçom é obrigado a manter intactas, em virtude dos mais solenes e invioláveis compromissos. No contexto geral, o objetivo principal estaria voltado para uma total obediência e seguimento de seu conteúdo. Além das definições históricas e etimológicas já citadas neste trabalho, os Landmarks podem ser considerados como a constituição Maçônica não escrita. No entanto, eles estão longe de serem considerados como unanimidade na estrutura organizacional da Maçonaria, mesmo sendo vistos por alguns como os pilares que sustentam e direcionam a Ordem através dos tempos. 6
Durante este trabalho e conforme introduzido no parágrafo anterior notase que existem grandes divergências em relação às suas definições, estruturas e até mesmo nomenclaturas. Desta forma, desde sua primeira menção, são alvos de alguns desentendimentos, inclusive entre os estudiosos. Notam-se variações em suas estruturas, sendo estas originadas de distintas jurisprudências maçônicas. Acerca deste contexto, muitos estudos e conseqüentemente, discussões e reflexões podem ser realizadas, iniciando pelas diferentes classificações de Landmarks, cada qual contendo suas variações e particularidades que, em números, vão de três a cinqüenta e quatro. De acordo com o estudioso Nicola Aslan em Landmarques e Outros Problemas Maçônicos, estas diferenças foram circunscritas, originadas de várias Grandes Lojas situadas na América anglo-saxônica, sendo: Grande Loja de Nova York os Landmarks são apenas seis Grande Loja da Virgínia são sete; Grande Loja de Massachusetts são oito; Grande Loja de Nova Jersey são dez; Grande Loja de Tennessee são quinze; Grande Loja de Connecticut são dezenove; Grande Loja de Minnesota são vinte e seis; Grande Loja de Kentucky são cinqüenta e quatro. Ainda segundo o estudioso Nicola Aslan, utilizando-se da mesma bibliografia supracitada: Todas essas relações de Landmarks sofreram as mais severas críticas por parte de escritores autorizados que os estenderam àqueles que, sob pretexto de tratar dos antigos Landmarks da Ordem, deixaram a sua fantasia voar. E cada qual considerando Landmark tudo aquilo que bem quis e 7
entendeu, originou-se desse modo uma grande perplexidade e uma confusão ainda maior. Existem alguns princípios básicos e características importantes, sendo estas premissas e ao mesmo tempo barreiras que servem como marco e delimitação dos princípios abaixo analisados, onde destacam-se: Um Landmark é irreformável perpetuamente; Nenhum novo Landmark poderá ser criado; Mesmo que se concebesse a possibilidade de se reunir em uma convenção mundial, todos os franco-maçons regulares do planeta, e que mesmo que essa convenção emitisse um voto unânime, ele seria detido pelas regras acima citadas; Um Landmark não é nenhum símbolo, alegoria, mas uma regra; Um Landmark não é, contudo, um dogma, pois é de origem humana; Uma vez evidenciados estes princípios, pode-se observar claramente que eles próprios não foram seguidos, uma vez que várias compilações distintas foram geradas, sendo portanto, uma prática a favor de uma antítese aos pilares que rodeiam a sua essência. Como já vimos, na Maçonaria, enfatizamos que a idéia de Landmark tem um sentido próprio e ao mesmo tempo racional, assumindo a característica de lei, mandamento, norma de conduta e organização, conforme citado no contexto histórico, mas novamente pode-se dizer que eles estão longe de serem unânimes. Nota-se que durante um determinado período, uma compilação clássica, contendo 25 itens e considerada bem resumida e direta, criada por Albert Galletin Mackey. Sinteticamente e seguindo a compilação de Albert G. Mackey, destacamos cada um dos 25 LandMarks: 8
1. Os processos de reconhecimento. 2. A divisão da Maçonaria Simbólica em três graus. 3.A lenda do 3º. Grau. 4. O governo da Fraternidade por um Grão-Mestre eleito por todos os maçons. 5. A prerrogativa do Grão-Mestre de presidir a todas reuniões maçônicas no território de sua jurisdição. 6.A faculdade do Grão-Mestre de autorizar dispensa para conferir graus em tempos anormais. 7. A prerrogativa do Grão-Mestre de conceder licença para fundação, instalação e funcionamento das Lojas. 8. A prerrogativa do Grão-Mestre de criar maçons (iniciar e exaltar) por sua deliberação. 9. A necessidade dos maçons de se distribuírem em Lojas. 10. O governo de cada Loja por um Venerável e dois Vigilantes. 11. A necessidade de que toda Loja trabalhe a coberto. 12. O direito de todo mestre maçom de ser representado nas assembléias gerais da Ordem e de dar instruções aos seus representantes. 13. O direito de todo o maçom recorrer em alçada perante a Grande Loja ou a Assembléia Geral contra as resoluções de sua Loja. 14. O direito de todo maçom de visitar e de ter assento nas Lojas regulares. 15. Nenhum visitante, desconhecido como um maçom, poderá entrar em Loja, sem primeiro passar por um exame, conforme os antigos costumes. 16. Que nenhuma Loja poderá interferir nas atividades de outra. 17. Que todo maçom está sujeito às leis penais e regulamentos maçônicos vigentes na jurisdição em que reside. 18. Que todo candidato à iniciação há de ser homem livre e de maior idade. 19. Que todo maçom há de crer na existência de Deus como Grande Arquiteto do Universo. 9
20. Que todo maçom há de crer na ressurreição e uma vida futura. 21. Que um livro da lei de Deus deve constituir parte indispensável do equipamento de uma Loja. 22. Que todos os homens são iguais perante Deus e que na Loja se encontram num mesmo nível. 23. Que a Maçonaria é uma Instituição de posse de segredos que devem ser preservados. 24. A fundação de uma ciência especulativa, baseada numa arte operativa. 25. Que os Landmarks da Maçonaria são inalteráveis. Esta compilação é adotada por várias obediências maçônicas, mas que continua sendo alvo de críticas e ponderações desde a sua criação até os recentes dias. Dentre estes questionamentos, cita-se: Não havia um padrão único de reconhecimento; A Maçonaria antiga não tinha graus; A Lenda do Terceiro Grau não existia até 1723; Não há relatos da existência de grão-mestre até 1717; Resumidamente, a essência dos Landmarks diz que: A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande Arquiteto do Universo, independente do seguimento religioso, respeitando todas as doutrinas. A Maçonaria refere-se aos " Antigos Deveres " e aos " Landmarks " da Fraternidade, especialmente quanto ao absoluto respeito das tradições específicas da Ordem, essenciais à regularidade da Jurisdição. A Maçonaria é uma Ordem, à qual não podem pertencer senão 10
homens livres e de bons costumes, que se comprometem a por em prática um ideal de paz, que intensifiquem o contato humano na Maçonaria. A Maçonaria visa ainda, o aperfeiçoamento moral dos seus membros, bem como, de toda a humanidade, na busca de um mundo melhor, mais humano e fraterno. A Maçonaria impõe a todos os seus membros a prática exata e escrupulosa dos ritos e do simbolismo, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que lhe são próprias. A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens. Os maçons tomam as suas obrigações sobre um volume da Lei Sagrada, a fim de dar ao juramento prestado por eles, o caráter solene e sagrado indispensável à sua perenidade. Os maçons juntam-se, fora do mundo profano, nas Lojas onde estão sempre expostas as três grandes luzes da Ordem: - um volume da Lei Sagrada, um esquadro, e um compasso, para aí trabalhar segundo o rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e os Regulamentos Gerais de Obediência. Os maçons só devem admitir nas suas lojas homens maiores de idade, de ilibada reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos em todos os níveis de serem bons irmãos, e aptos a reconhecer os limites do domínio do Homem e o infinito poder do 11
Eterno. Os maçons cultivam nas suas Lojas o amor à Pátria, a submissão às leis e o respeito pelas autoridades constituídas. Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas. Os maçons contribuem pelo exemplo ativo do seu comportamento são, viril e digno, para irradiar da Ordem no respeito do segredo maçônico. Os maçons devem-se mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio, indispensáveis a um perfeito controle de si próprio. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Maçonaria regular, dita tradicional, espera das lojas que sigam um princípio: o compromisso de obedecerem e de nenhuma forma ignorarem quaisquer que sejam os Landmarks e suas prerrogativas. Tendo em vista a grande complexidade do assunto, para chegarmos às respostas mais próximas da realidade, é necessário que novas discussões sejam realizadas. De toda forma, é certo dizer que qualquer estudo trará resultados voltados para reflexões e indagações, muito longe de serem conclusivos. A esta altura, tornam-se pertinentes alguns questionamentos: Sobre a necessidade de serem respeitados os Landmarks, na prática, quais exatamente devem ser considerados? Qual das compilações 12
supracitadas deve prevalecer para que desta forma façamos e vivamos uma Maçonaria justa e perfeita? A Maçonaria é uma Ordem de caráter universal e desta forma, como elaborar um conjunto de leis que seja completamente obedecido, sobrepondose aos limites regionais, culturais, sociais e políticos da humanidade? Hoje as Lojas Maçônicas, bem como as potências, ao elaborarem seus estatutos, normas e regulamentos, estão observando claramente cada item em relação a compilação dos Landmarks utilizada? Existe hoje a preocupação de não ferirmos quaisquer dos Landmarks contidos na compilação adotada? BIBLIOGRAFIA Nicola Aslan - Landmarques e Outros Problemas Maçônicos Álvaro Falcão - Sobre os Landmarks web1.userinstinct.com/15735628-landmark-masonry.htm en.wikipedia.org/wiki/masonic_landmarks www.scottishrite.org/web/journal-files/issues/feb02/botelho.htm http://www.samauma.biz/site/portal/conteudo/opiniao/005landmark.htm 13