O ESPAÇO E O TEMPO DE FORA DA SALA DE AULA OBSERVAÇÕES PRELIMINARES



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Transcrição:

1 Trabalho apresentado no II EREBIO Encontro Regional de Ensino de Biologia. Niterói, Rio de Janeiro. Referência: DIB-FERREIRA, Declev Reynier. O espaço e o tempo de fora da sala de aula observações preliminares. In: II Encontro Regional de Ensino de Biologia, Niterói, 2003: Anais. Niterói, Rio de Janeiro, 2003. p.88-92. O ESPAÇO E O TEMPO DE FORA DA SALA DE AULA OBSERVAÇÕES PRELIMINARES Declev Reynier Dib-Ferreira Escola Municipal José de Anchieta, Niterói, Rio de Janeiro APRESENTAÇÃO Neste trabalho apresento e discuto certas observações que venho fazendo sobre os alunos na escola em que leciono, indicando um resultado positivo do trabalho docente e projetos que venho desenvolvendo. Gostaria de frisar que não tenho, por agora, observações sistemáticas, experiências comprovadas ou pesquisa extensamente realizada sobre o assunto. Sou professor de Ciências do Ciclo 3 (5 a e 6 a séries) da Escola Municipal José de Anchieta, localizada no Morro do Céu, Caramujo, Niterói. Desenvolvi, do 2 o semestre de 1999 até o final de 2002, um projeto de educação ambiental que abrange diversas atividades e questionamentos acerca da escola e de seu entorno (partes deste projeto já foram apresentadas em Dib-Ferreira (2002a e 2002b). Alguns dos resultados esperados vêm sendo agora percebidos quando, neste ano letivo de 2003, ainda não recomeçamos o projeto, e neste presente trabalho discuto certas observações relacionadas com estes resultados. A ESCOLA A Escola Municipal José de Anchieta situa-se no Morro do Céu, no bairro do Caramujo, Niterói, RJ. Nesta região se localiza o lixão da cidade, o que faz com que seus efeitos sejam sentidos pelos alunos e pela própria escola, com moscas abundantes, odor, poeira, rios, poços e lençóis d água poluídos (também por conta da falta de saneamento), crescimento desordenado.

2 A escola abrange todo o ensino fundamental e tem cerca de 600 alunos divididos em dois turnos, manhã e tarde. São 11 salas de aula, além da sala de informática e sala de leitura. ESPAÇO/TEMPO FORA DA SALA DE AULA Os professores de ciências da Rede Municipal de Ensino de Niterói têm três tempos semanais de 45 minutos cada reservados às suas aulas. Uma de nossas reivindicações é o aumento de carga horária, passando para quatro tempos semanais. De fato, três tempos tornam-se pouco para se realizar um bom trabalho, agravado por uma série de situações, como o extenso currículo, a dificuldade dos alunos (principalmente os em maior defasagem em relação à turma), a falta de materiais didáticos, o grande número de alunos em sala. Por conta disso, sempre fez parte de minha prática tentar trabalhar o máximo possível com o tempo e espaço que os alunos dispõem fora de sala de aula, para melhor potencializar o tempo de que dispomos em classe. Assim, trabalhos de pesquisa e exercícios para casa sempre fizeram parte de minha programação, e embora a resposta nem sempre seja satisfatória, creio que o hábito de estudar fora de sala deve ser incentivado nos alunos. Dentro desta perspectiva, sempre os incentivei no uso da sala de leitura da escola como local privilegiado para a realização destes trabalhos e pesquisas, orientando-os a utilizar os tempos vagos (tardes, hora do planejamento dos professores, etc.) para a realização destas atividades. E mesmo durante os tempos de aula eu costumo dividir a turma em grupos e trabalhar ao mesmo tempo com a sala, a biblioteca ou um outro espaço, como o jardim ou o pátio. PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Dentro do projeto já mencionado a dinâmica foi a mesma: aproveitar os horários em que os alunos não estivessem na escola (no caso as tardes, pois trabalho com alunos do turno da manhã) para fazê-los voltar à escola e realizar atividades relacionadas ao meio ambiente. Assim, através do projeto realizamos diversas atividades, como uma maquete da região, experiências (físicas ou químicas), a construção do jardim, oficinas de arte com lixo, teatro, entrevistas com a comunidade escolar para a reconstrução da história da escola, caminhadas ecológicas, entre outras. Uma das atividades que mais nos trouxe resposta foi quando as crianças, divididas em grupos, entravam em sala de aula à tarde (1 o e 2 o ciclos), em concordância com a professora

3 da turma, e lá realizavam diversas atividades de divulgação do projeto, repassando aos outros alunos aquilo que fazíamos no mesmo. Desenvolvemos esta atividade com o intuito de socializar as atividades ao maior número de pessoas. Todos os trabalhos desenvolvidos no decorrer dos quatro anos de projeto visaram a construção, por parte dos alunos, de uma visão e consciência crítica do mundo que os cerca, buscando a atribuição de sentido para aquilo que é estudado, tanto dentro do projeto quanto dentro de sala de aula, procurando, segundo nos mostra a importância Lucia Moysés (1995 p.34), uma fuga da memorização estéril de conteúdos. OBSERVAÇÕES PRELIMINARES O mundo e a sociedade contemporânea estão passando por uma série de modificações estruturais que nos obrigam a reavaliar aquilo que estamos fazendo em educação, tentando alinhar este esforço à realidade que existe fora da instituição acadêmica (Litto, 1999), podendo esta reavaliação ser estendida à educação em ciências e para o meio ambiente. Estas mudanças, segundo Hernández (1998: 27), acontecem tanto dentro quanto fora da escola e constituem um desafio para repensá-la, no intuito de tentar responder a essas modificações que estão sofrendo as representações, os valores sociais e os conhecimentos disciplinares. Assim, tenho procurado utilizar o espaço/tempo escolar e não escolar na busca de um engajamento dos alunos na construção de seu próprio conhecimento. Em 2003, neste início de ano letivo, algumas observações sobre as atitudes dos alunos nos mostram que o encaminhamento dos trabalhos, desta forma, vem trazendo resultados positivos. Percebemos nos próprios alunos o interesse pela volta das atividades do projeto, com cobranças diárias. Vai ter aula hoje? e quando é que vai começar?, são frases constantemente ouvidas nos corredores. Há, inclusive, um grupo de alunos que continua se reunindo à tarde na escola para diversas tarefas, entre ajudar as professoras, arrumar o minimuseu, etc. As próprias mães nos falam do interesse dos filhos pelas atividades que desenvolvemos e a vontade que eles têm de realizá-las. Um grupo agora está aproveitando o tempo livre para continuar o trabalho no jardim. Outro ajudou a rearrumar a sala de leitura no início do ano, que havia passado por uma reforma. Quanto aos trabalhos de pesquisa e exercícios para casa, tenho também notado uma melhora e maior participação dos alunos, inclusive com diversos freqüentando cada vez mais

4 a sala de leitura, pois agrava o fato do livro didático ficar na escola (por não ter para todos os alunos). Outras percepções pontuais nos dão conta de que o trabalho está surtindo efeito, como encontrar alunos na hora de recreio lendo um livro, os pedidos para levar livros para casa e o cuidado com a limpeza da escola. Assim, pretendemos continuar neste caminho, buscando fazer desta unidade escolar um lugar de participação efetiva na busca de um melhor rendimento escolar e qualidade de vida. DIFICULDADES Gostaria de citar algumas dificuldades encontradas no caminho do trabalho. Em primeiro lugar, a própria resistência dos(as) colegas profissionais. A escola em que os alunos devem apenas entrar, sentar em suas cadeiras, aprender o que o professor(a) ensina e ir para casa, parece ainda estar muito presente em nossos dias. A estrutura da escola é outro grande empecilho para o desenvolvimento de atividades fora de sala, pois geralmente todos os espaços estão ocupados. Às vezes até mesmo a sala de leitura, como sala de aula (o que não é o caso). Mesmo assim, a sala de leitura falha na qualidade dos livros, nem sempre atendendo aos objetivos que propomos, e também pela falta de uma pessoa específica para este trabalho. Sei que outros motivos externos à escola existem, mas não é o caso desta discussão. CONCLUSÃO Uma aluna, após um semestre de aulas, me pergunta sobre um determinado assunto já trabalhado em sala. Pedi simplesmente que ela procurasse o conceito que ela gostaria de saber na biblioteca, após a aula. Houve uma certa reação, mas após uma conversa ela entendeu minha intenção. No dia seguinte, antes da aula começar, a encontrei na sala de leitura, sozinha, estudando no livro. Ela havia entendido parte de sua pergunta, e eu pude terminar sua procura, ao ajudá-la a entender o restante. Vejo, assim, a educação como um processo, segundo Solé e Coll (1998), compartilhado entre o professor e o aluno, onde este deve procurar ser progressivamente competente e autônomo em sua busca pelo conhecimento, seja dentro de sala, mas também buscando todos os espaços e tempos disponíveis para isso.

5 BIBLIOGRAFIA DIB-FERREIRA, Declev Reynier. O conhecimento de sua região e a construção de uma maquete. Simpósio Sul Brasileiro de Educação Ambiental. Anais. URI, Campus de Erechim, RS, Setembro de 2002a. DIB-FERREIRA, Declev Reynier. A Educação Ambiental na Esc. Municipal José de Anchieta, Morro do Céu, Niterói, RJ. VIII EPEB Encontro Perspectivas do Ensino de Biologia. Anais. Faculdade de Educação, USP. Fevereiro de 2002b. HERNÁDEZ, Fernando. Repensar a Função da Escola a Partir dos Projetos de Trabalho. Pátio. Ano 2, no 6, Agosto/Outubro, 1998. LITTO, Frederic. Um Modelo Para Prioridades Educacionais Numa Sociedade de Informação. Convívio. n o 6. Secretaria Municipal de Educação. Prefeitura do Rio de Janeiro. Janeiro, 1999. MOYSÉS, Lucia. O Desafio de Saber ensinar. Campinas, SP: Papirus; Rio de Janeiro: EDUFF, 1995. SOLÉ, Isabel & COLL, César. Os Professores e a Concepção Construtivista, in: O Construtivismo na Sala de Aula. São Paulo, SP: Ática, 1998.