Tribunal Superior Eleitoral Processo Judicial Eletrônico

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Transcrição:

Tribunal Superior Eleitoral Processo Judicial Eletrônico O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0600262-83.2018.6.10.0000 em 04/10/2018 16:41:17 por Kleber Lacerda Filgueiras Tavares Documento assinado por: - Kleber Lacerda Filgueiras Tavares Consulte este documento em: https://pje.tse.jus.br:8443/pje-web/processo/consultadocumento/listview.seam usando o código: 18100416411108000000000480675 ID do documento: 487660

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL RECURSO ORDINÁRIO N 0600262-83.2018.6.10.0000 - MARANHÃO Relator: Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto Recorrente: Ministério Público Eleitoral Recorrido: Sérgio Barbosa Frota Advogados: Mariana Pereira Nina e outro DECISÃO ELEIÇÕES 2018. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO ESTADUAL. DEFERIMENTO. RECURSO ORDINÁRIO. DOAÇÃO ACIMA DO LIMITE LEGAL. PLEITO DE 2014. REPRESENTAÇÃO. PROCEDÊNCIA. MULTA. PATAMAR MÍNIMO. IMPOSIÇÃO. PESSOA JURÍDICA. RESPONSÁVEL LEGAL. SÓCIO ADMINISTRADOR. INELEGIBILIDADE. ART. 1, I, P, DA LC N 64/90. ELEMENTOS DE MAIOR GRAVIDADE. AUSÊNCIA. JUS HONORUM. DIREITO FUNDAMENTAL. RESTRIÇÃO COMO EXCEÇÃO. DOAÇÃO. EXTRAPOLAÇÃO. DADO OBJETIVO. SUPORTE À CONSTRUÇÃO DE TESE QUE INDUZ A INELEGIBILIDADE COMO REGRA. IMPOSSIBILIDADE. AFERIÇÃO. QUEBRA DA ISONOMIA (IGUALDADE DE CHANCES). NORMALIDADE E LEGITIMIDADE DAS ELEIÇÕES. PREJuízo. NÃO DEMONSTRAÇÃO. ABUSO DE PODER ECONÔMICO. NOTA INEXISTENTE. PRECEDENTES DO TSE. PRESERVAÇÃO DA CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO REGIONAL. DESPROVIMENTO DO RECURSO.

RO no 0600262-83/MA 2 Trata-se de recurso ordinário interposto pelo Parquet Eleitoral contra acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE/MA) pelo qual foi julgada improcedente a impugnação ofertada com base em suposta inelegibilidade decorrente do art. 1, I, p, da LC n. 64/90 e deferido o registro de candidatura de Sergio Barbosa Frota ao cargo de deputado estadual nas eleições de 2018. Eis a ementa do acórdão regional: ELEIÇÕES 2018. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO ESTADUAL. INELEGIBILIDADE. EXCESSO DE DOAÇÃO. ART. 10, I, "pu, DA LC 64/90. REQUISITOS. TIPOS. INTERPRETAÇÃO. PARÂMETRO CONSTITUCIONAL. PROVIMENTO. IMPUGNAÇÃO IMPROCEDENTE. REGISTRO DEFERIDO. 1. No processo de registro de candidatura não cabe reexaminar o mérito da decisão judicial que julgou ilegal a doação eleitoral, cabendo apenas verificar se foi adotado o rito do art. 22 da LC no 64/90, sem adentrar na análise da existência de eventuais vícios ou nulidades que teriam ocorrido no curso da representação. 2. Para definição do alcance da expressão "tida como ilegais", constante da alínea "pu do art. 10, I, da LC 64/90, é necessário considerar o disposto no art. 14, 90, da Constituição Federal, pois não é qualquer ilegalidade que gera a inelegibilidade, mas apenas aquelas que dizem respeito à normalidade e legitimidade das eleições e visam proteção contra o abuso do poder econômico ou político. 3. Reconhecido expressamente pela decisão proferida na representação para apuração de excesso de doação que o ilícito não se revestia de gravidade suficiente para aplicação de sanção mais severa, razão porque foi aplicado apenas a multa em seu valor mínimo. 4. Impugnação improcedente. Deferimento do registro. (ID 399766) Em suas razões recursais, o MPE afirma, em suma, que o recorrido encontra-se inelegível, por incidência do art. 1, I, p, da LC n. 64/90.

RO no 0600262-83/MA 3 Para tanto, discorre sobre a condenação imposta nos autos da Representação n. 21-90.2015.6.10.0089, a qual versou sobre doação de recursos financeiros para campanha eleitoral acima do limite legal no pleito de 2014. No aludido feito, a formulação do pedido condenatório se deu em face de pessoa jurídica da qual o ora recorrido ostentava, à época dos fatos, a condição contratual de sócio administrador. Com a procedência, foi imposta à empresa doadora sanção pecuniária no importe de R$ 375.000,00 (trezentos e setenta e cinco mil reais), patamar mínimo legal considerado o excesso de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais), não tendo sido, contudo, aplicada a pena de proibição de contratar com a Administração Pública. Assevera, em arremate, que do total de recursos arrecadados para a campanha de 2014, no que se refere ao beneficiário da doação, o montante inquinado de ilegal representou aproximadamente 17% (dezessete por cento). A candidatura, sob esse viés, teria sido impulsionada de forma espúria e com prejuízo à lisura daquele pleito, afetando a igualdade de chances entre os players. Aduz que o fato de o candidato, ora recorrido, não ter figurado no polo passivo da mencionada representação não elide a inelegibilidade. Por fim, destaca haver precedente deste Tribunal Superior na linha de que a causa de inelegibilidade afeta ao art. 1, I, p, da LC n. 64/90 incide pelo simples excesso da doação em face da capacidade contributiva do doador. Pugna pelo provimento do apelo para, reformando o acórdão regional, julgar procedente a impugnação e indeferir o registro de candidatura. Em contrarrazões (ID no 399776), o candidato defende o entendimento fixado no acórdão recorrido. Não se trata, segundo defende, de um ilícito de grande relevância jurídica a ponto de aniquilar sua capacidade eleitoral passiva, visto que a multa aplicada à empresa ficou no seu patamar mínimo.

RO no 0600262-83/MA 4 Suscita a impossibilidade de revisão do decisum proferido nos autos da representação para, no registro, assentar a gravidade pela vez primeira. Ressalta a aprovação, com ressalvas, das contas de 2014. Pontua, em reforço argumentativo, que a empresa doadora tinha, no seu quadro societário, apenas o próprio recorrido e o seu filho, menor de idade, aproximando-se, por isso mesmo, da situação de autofinanciamento. A Procuradoria-Geral Eleitoral opina pelo provimento do recurso ordinário, por entender que a inelegibilidade em comento incide quando o candidato desrespeitar os limites objetivamente postos na norma (10 no450391). É o relatório. Decido. Ab initio, ressalte-se que a matéria debatida (inelegibilidade) enseja a inauguração desta instância revisora na via do recurso ordinário, ex vi do art. 57, I, da Res.-TSE n. 23.548/2017, viabilizando-se, desse modo, o exame vertical da prova, o que, todavia, não se pode confundir com a revisitação do mérito das decisões, ainda que da Justiça Eleitoral, proferidas em sede própria, a exemplo do caso concreto, no qual o suporte da suscitada inelegibilidade repousa precisamente em acórdão condenatório exarado no âmbito de representação por doação de recursos financeiros de campanha acima do limite legal. A extração dos seus elementos, lado outro, é perfeitamente cabível, por não lhe alterar o sentido. Pois bem. O TRE/MA deferiu o registro de candidatura do recorrido ao cargo de deputado estadual por não vislumbrar a incidência da alegada causa de inelegibilidade, calcada no art. 1, I, p, da LC n. 64/90, assim redigido: Art. 1 São inelegíveis: I - para qualquer cargo:

RO no 0600262-83/MA 5 [...] p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22; É incontroverso nos autos que a empresa S B Terraplanagem e Máquinas Ltda. doou, no pleito de 2014, o valor de R$ 75.000,00, tendo sido, por essa razão, acionada judicialmente, ante a ausência de faturamento bruto no exercício anterior, o que impediria se reconhecesse a legalidade da doação. A representação foi autuada sob o número 21-90.2015.6.10.0089 e resultou na condenação da referida pessoa jurídica, tendo sido imposta multa no patamar mínimo legal, totalizando R$ 375.000,00. Não se vislumbrou, no julgamento, a pertinência da proibição de contratar com a Administração Pública. Essa decisão transitou em julgado, sendo, portanto, definitiva. Cumpre, assim, verificar, in casu, a partir do quadro ora delineado, no qual o registro de candidatura encontra-se deferido pelo Tribunal a quo, se há elementos que justifiquem a reversão pretendida pelo Ministério Público Eleitoral. Entendo que não. Porém, antes de prosseguir no exame do caso concreto, há de ser feita uma breve anotação da jurisprudência deste Tribunal sobre o tema dos autos. Afinal, consta das razões do recurso ordinário interposto pelo MPE referência a um julgado do TSE, consubstanciado no AgR-REspe n. 82-79/MG, relatado pelo eminente Ministro Luiz Fux e julgado na sessão de 29.6.2017, de cuja ementa se deu precipitado destaque ao item "2", com o seguinte texto:

RO no 0600262-83/MA 6 2. O art. 10, I, p, do Estatuto das Inelegibilidades pressupõe o exercício de um juízo de proporcionalidade pela Justiça Eleitoral para a sua aferição, sendo desnecessário perquirir acerca do abuso do poder econômico, tampouco em potencialidade para afetar a normalidade e a legitimidade das eleições, porquanto tal entendimento induziria ao esvaziamento do conteúdo da alínea em questão. Quanto a tais abusos, o legislador deles tratou especificamente no art. 10, I, d, do Estatuto das Inelegibilidades. Duas observações hão de ser feitas. A primeira diz respeito com a circunstância de, na análise do referido agravo regimental, ter prevalecido, acima da discussão da matéria de fundo, óbice de natureza processual, qual seja, a ausência de integral e adequada impugnação aos fundamentos do decisum monocrático do ministro relator, o que atraiu a incidência da Súmula n. 26/TSE. É o que consta tanto do inteiro teor do acórdão apontado como paradigma quanto da sua ementa, precisamente no item "1". Veja-se: fia simples reiteração de argumentos já analisados na decisão agravada e o reforço de alguns pontos, sem que haja no agravo regimental qualquer elemento novo apto a infirmá-ia, atraem a incidência do Enunciado da Súmula n. 26 do TSE". Referida barreira processual inviabiliza a extensão pretendida. A segunda está relacionada com os aspectos do julgado. Isso porque o relator, mesmo naquela situação, manteve o deferimento do registro, apenas o fazendo pela ótica da razoabilidade, de natureza até mais abrangente. De modo que permanece íntegra a jurisprudência do TSE, no sentido de que a inelegibilidade da alínea p do inciso I do artigo 1 0 da LC n. 64/90 incide apenas nas hipóteses de comprometimento do equilíbrio e da lisura do pleito. Confira-se:

RO no 0600262-83/MA 7 AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2016. VEREADOR. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ART. 1, I, P, DA LC 64/90. DOAÇÃO ACIMA DO LIMITE LEGAL. PLEITO DE 2014. VALOR ÍNFIMO. PRECEDENTES. DESPROVIMENTO. 1. Autos recebidos no gabinete em 29.11.2016. 2. A teor do art. 10, I, p, da LC 64/90, são inelegíveis, para qualquer cargo, lia pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22". 3. Referida inelegibilidade incide apenas na hipótese em que o valor doado em excesso compromete o equilíbrio e a lisura do pleito, considerando o disposto no art. 14, 90, da CF/88. Precedentes, em especial o AgR-REspe 274-25/CE, ReI. Min. Henrique Neves, sessão de 20.10.2016; REspe 465-57/MG, ReI. Min. Rosa Weber, publicado em 9.11.2016; e REspe 82-79/MG, Rei. Min. Luiz Fux, publicado em 17.11.2016. [...] 5. Agravo regimental desprovido. (AgR-REspe n. 124-68/MG, ReI. Min. Herman Benjamin, DJe de 20.3.2017); ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO NÃO ELEITO. DEFERIMENTO NO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL. INELEGIBILIDADE DA ALÍNEA P DO INCISO I DO ART. 10 DA LC 64/90. NÃO INCIDÊNCIA. EXCESSO DE DOAÇÃO QUE NÃO DESEQUILIBROU O PLEITO. RESPALDO NA JURISPRUDÊNCIA DO TSE. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O acórdão recorrido está em consonância com o entendimento desta Corte, segundo o qual nem toda doação eleitoral tida como ilegal é capaz de atrair a inelegibilidade da alínea p. Somente aquelas que, em si, representam quebra da isonomia entre os candidatos, risco à normalidade e à legitimidade do pleito ou que se aproximem do abuso do poder econômico é que poderão ser qualificadas para efeito de aferição da referida inelegibilidade (RO 534-30/PB, ReI. Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, DJe 16.9.2014).

RO no 0600262-83/MA 8 [...] 4. Agravo Regimental a que se nega provimento. (AgR-REspe n. 161-88/DF, ReI. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, PSESS em 14.12.2016); ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ART. 10, I, P, DA LEI COMPLEMENTAR 64/90. EXCESSO DE DOAÇÃO. VALOR INEXPRESSIVO. AUSÊNCIA DE IMPACTO NA DISPUTA. DESPROVIMENTO. - Consoante a jurisprudência deste Tribunal, a inelegibilidade prevista no art. 10, I, p, da LC 64/90 somente se caracteriza quando o excesso da doação envolve quantia capaz de, ao menos em tese, perturbar a normalidade e a legitimidade das eleições. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgR-REspe n. 430-17/SP, ReI. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS em 29.11.2016) Feitos esses apontamentos, passa-se ao caso concreto. Embora a pessoa jurídica, da qual o recorrido era sócio administrador, tenha, de fato, procedido à doação irregular nas eleições de 2014, premissa que sequer cabe infirmar pela impossibilidade de revisitação de julgado, tal como antes consignado no corpo da presente decisão, verifica-se que, ainda assim, o destinatário e beneficiário dessa doação - que, in casu, era o ora recorrido (por igualmente ter concorrido naquele prélio eleitoral) - não excedeu nem deturpou os parâmetros contábeis e legais aferíveis na prestação de contas, a qual, autuada sob o número 1784-39.2014.6.10.0000, foi aprovada com ressalvas, apenas em razão de erros meramente formais e materiais. O acórdão proferido pelo TRE/MA na aludida prestação de contas está no ID n. 399743. De igual forma, não se tem notícia quanto ao eventual manejo, em face do candidato, de representação arrimada no art. 30-A da Lei n. 9.504/97 nem de AIJE fundamentada em possível abuso de poder econômico. Naquela oportunidade, não obstante o sócio administrador da empresa doadora e o candidato beneficiário do repasse se confundirem na mesma pessoa, o que era ~)

RO no 0600262-83/MA 9 inegavelmente de conhecimento do Parquet, este não buscou adotar qualquer das providências ora citadas, provavelmente por não enxergar, na situação, a gravidade necessária à obtenção de pronunciamento judicial de maior intensidade. Ademais, não se pode perder de vista, tal como alegado pela defesa, que: (i) a doação adveio, como dito, de empresa familiar, sem nódoa de abuso econômico; e (ii) a conduta foi sancionada no patamar mínimo legal, não tendo o valor doado ultrapassado a casa dos 17% do total de recursos arrecadados. Por fim, ao impugnar o registro de candidatura, o MPE se limitou ao argumento genérico de que a doação em tela teria o condão de "impulsionar qualquer candidatura estadual" (ID n. 399722), porém sem indicar, ainda que a guisa de ilustração, qualquer fato ocorrido que pudesse robustecer dita percepção. Nesse cenário, no qual preservada a normalidade e a lisura do pleito de 2014, bem como a igualdade de chances, entende-se que a preservação do ius honorum, caminho trilhado pela Corte Regional, é medida que se impõe. Ante o exposto, nego seguimento ao presente recurso ordinário, com base no art. 36, 6, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral. Publique-se no mural eletrônico. Bra~'i\4 de outubro de 2018. :U~ Ministro T~rcisioJVieira de Carvalho Neto "-...- 'J Relator