INFLUÊNCIA DO MERCADO SOBRE A IMPLANTAÇÃO, PRODUÇÃO E MANEJO DE CACAU E PIMENTA-DO-REINO EM SAF S NO MUNICÍPIO TOME-AÇU.

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Transcrição:

INFLUÊNCIA DO MERCADO SOBRE A IMPLANTAÇÃO, PRODUÇÃO E MANEJO DE CACAU E PIMENTA-DO-REINO EM SAF S NO MUNICÍPIO TOME-AÇU. Carlos Wagner Da Silva Costa¹; Orisvaldo Pinto Lago²; Rangel Luís Da Silva Cunha³. Carlos Renato Guedes Ramos 4. ¹Discente da Universidade Federal Rural Da Amazônia, ²Discente da Universidade Federal Rural Da Amazônia, ³Discente da Universidade Federal Rural Da Amazônia, 4 Docente da Universidade Federal Rural Da Amazônia. carloswagner2003@gmail.com RESUMO O Sistema Agroflorestal é um método de cultivo no qual utiliza um conjunto de espécies agrícolas e florestais com várias combinações possíveis de plantas na mesma área, que se configura como um importante instrumento de viabilidade econômica, social e ambiental. O presente trabalho tem como objetivo estudar o comportamento do mercado sobre a implantação, produção e manejo de cacau e pimenta-do-reino em sistemas agroflorestais. O estudo foi realizado no município de Tomé-açu-PA, onde realizou-se a coleta de dados estatísticos do IBGE e pesquisa de campo, utilizando planilhas simples do Excel para correlacionar os conjuntos de dados sobre a implantação obtidos nas pesquisas sobre cacau e pimenta do reino com intuito de compreender o comportamento indireto no mercado. Verificou-se que o preço do cacau se mantém estável enquanto o preço da pimenta está em constante variação. Cerca de 44% da área implantada era cultivada anteriormente por culturas semi-perenes e perenes. A estabilidade do mercado de amêndoas de cacau propicia o investimento nessa cultura para implantação em SAF. PALAVRAS-CHAVE Sistemas Agroflorestais; Mercado; Pimenta do reino; Cacau; Tomé-açu-PA. INTRODUÇÃO Os Sistemas agroflorestais (SAF s) são um conjunto de espécies agrícolas e florestais em uma mesma área de produção, com várias combinações possíveis de espécies de plantas, sendo registrados até 72 espécies produzindo em uma mesma área. (COSTA et al. 2017). Os sistemas agroflorestais em Tomé-Açu (SAF s) são bem característicos dessa região, destacando-se por proporcionar ao produtor uma diversificação na sua produção agrícola, além de estabilidade econômica e ambiental, contribuindo com a segurança alimentar e geração de renda., isso se deve ao consórcio em sua propriedade de culturas anuais, semi-perenes e perenes como frutíferas endêmicas da região, espécies florestais de valor econômico entre outras espécies trazidas de outras localidades. Os sistemas agroflorestais se configuram como um importante instrumento de viabilidade econômica, social e ambiental pela sua perenidade produtiva decorrente da diversidade nas espécies e de serviço ambiental pela proteção dos solos, ciclagem de nutriente, sequestro de carbono, controle de pragas e doenças nos cultivos agrícolas e florestais (FROUFE et al. 2011).

Esse modelo de produção agrícola se consolidou no município principalmente pela colônia japonesa a partir de monocultivos da pimenta do reino (Piper nigrum L.), em meados da década de 1950, que se destacava como um dos maiores produtores do país. A adoção de SAF como um modelo alternativo de sistema de uso da terra entre os agricultores nipo-brasileiros de Toméaçu decorreu em função da disseminação do Fusarium nos pimentais que surgiu em 1957 e devastou os plantios a partir da década de 1970, e a expansão desordenada dos plantios que desencadeou a queda de preço da pimenta (HOMMA, 2006). Santana e Tourinho (1998) avaliaram a sustentabilidade de SAF implantados em Tomé-Açu, empregando as técnicas de fluxo de caixa e de programação linear. Os resultados encontrados indicaram que o SAF formado de Cacau (Theobroma cacao), Paricá, acerola e Puerária apresentou o melhor resultado diante de outros SAF e consórcios analisados. O SAF foi avaliado em horizonte de 20 anos. O valor presente líquido encontrado foi de R$ 1.717,90 por hectare e a taxa interna de retorno de 15,32%. Em Tomé-Açu, os sistemas agroflorestais têm participação importante na geração de renda dos agricultores, sendo toda produção absolvida pelo comércio local seja por meio de atravessadores ou cooperativas estabelecidas na região. Dentre as principais culturas e mais importantes economicamente, destacam-se a pimenta do reino, o cacau (Theobroma cacao L.), o cupuaçu e espécies florestais com potencial para o mercado madeireiro, de sementes e de óleos vegetais. Em um estudo no município de Tomé-Açu, Barros et al. (2009) identificaram 442 SAF s, dos quais 174 tiveram a pimenta-do-reino como principal cultura, seguida do açaí, cacau e cupuaçu. O presente trabalho tem como objetivo estudar o comportamento dos produtores em relação ao preço e culturas durante os anos, além de relatar como e porque foi implantado os SAF s. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no município de Tomé-açu-PA, situado no nordeste paraense à 200 km da capital Belém. Segundo o censo demográfico 2010, o município apresenta uma área territorial de 5.145,338 km², sendo reconhecido mundialmente pela sua autonomia em diversificação de culturas consorciadas com arvores florestais. Foram utilizadas informações obtidas por meio de pesquisa de campo realizadas em maio de 2017 pelo Centro Internacional de Pesquisa em Agro Florestas (ICRAF), que trabalha em parceria com a CAMTA (cooperativa agrícola mista de Tomé-açu), NATURA e EMBRAPA. Pesquisa esta que por intermédio do SINTRAF (Sindicato dos Agricultores e Agricultoras Familiares de Tomé-Açu e Região), que auxiliou no acesso aos agricultores familiares, aplicouse um questionário aos produtores rurais com perguntas relacionadas ao mercado, comercialização, tipos de cultura, estrutura espacial, uso da parcela, assim como os tamanhos das áreas contendo pimenta ou cacau e outros. Também se fez uma revisão de literatura da tipologia de SAF s da região. Realizou-se a coleta de dados estatísticos do IBGE, no que corresponde a produção, área plantada e preço do produto de pimenta do reino e cacau nos anos de 2005 a 2016. O trabalho ficou restrito apenas nas informações de cacau e pimenta do reino. As análises feitas foram organizadas processadas a partir de planilhas simples do Excel, na qual foram cruzadas as informações dos dados de pesquisa de campo com os elementos obtidos do IBGE, além de

também unir e assim comparar e discutir os dados sobre o implantação obtidos na pesquisa sobre a implantação e comercialização do cacau e pimenta do reino com intuito de compreender o comportamento do mercado, produção e área plantada de pimenta do reino e cacau em sistemas agroflorestais, gerando assim informações que possibilitem analises do comportamento das culturas citadas ao longo dos anos estudados, isso permite ao agricultor investir adequadamente nas culturas de cacau e pimenta pois, trata-se de lavouras rentáveis por serem bem adaptadas aos SAF s e de fácil comercialização. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Pimenta do reino é a cultura presente na maioria dos SAFS de Tomé-açu, trata-se de um produto que o agricultor consegue efetuar sua venda com certa facilidade, porém, um dos pontos negativos é a variação de preço que o produtor é submetido entre uma safra e outra. Segundo dados obtidos em pesquisa, o maior objetivo dos produtores com a implantação dos SAF s é para a comercialização dos produtos no mercado local, e alguns para comercio externo, apenas 25% dos entrevistados fizeram sua implantação para consumo próprio. As culturas de cacau e pimenta do reino são as culturas de maior ênfase e importância econômica local na geração de renda dos pequenos e médios agricultores familiares, no entanto é importante frisar que a economia local não se resume em apenas nessas culturas, as polpas de frutas participam também na geração da renda dessas famílias. Gráfico 1 Produção e Área plantada de Pimenta do Reino De acordo com o gráfico 1, no período de 2009 a 2011 a pimenta teve pouca variação entre área plantada e produção, pois nos anos anteriores o preço da pimenta do reino no mercado estava pouco atrativo, o que acarretou em redução na área plantada do município mas, levado em consideração que a pimenta é uma cultura semi-perene e muito característico na estrutura dos SAF s da região e para geração de renda, novos cultivos continuaram a ser implantados. Sabendo-se que o ciclo da pimenta é de aproximadamente seis anos, consideramos que entre os anos de 2009 e 2011 foram introduzidas novas áreas plantadas, ou seja, nesse espaço de dois anos existiam pimentais novos que ainda não tinham atingido seu auge de produção, portanto justifica-se a equivalência entre as linhas de produção e áreas plantadas verificadas no gráfico. Observa-se nos anos seguintes que as áreas plantadas permaneceram constantes e a produção dos pimentais que tiveram sua implantação em 2009 começam a atingir seu pico de produção, que pode ser justificado também pela tecnologia que passou a ser empregada com frequência

nos cultivos, como por exemplo: irrigação e fertirrigação, nesse período em que não ouve aumento de área e a produção mantem-se constante e em alta até o ano de 2015 ano em que tivemos uma leve redução na produtividade e o preço cresceu gradativamente atingindo além das expectativas dos agricultores da região, em 2015 o produtor vendeu no mercado local a pimenta por um preço médio de R$ 25.000,00 por tonelada. Gráfico 2 Variação do preço e produção da Pimenta do reino. O cultivo de cacau contribui fortemente na produção agrícola local, cultivada como cultura perene também está presente em grande parte dos SAF s locais. De acordo com o gráfico gerado para cultura do cacau, as áreas plantadas mantêm-se constante ao longo dos anos havendo uma redução de área plantada no ano de 2009, por outro lado, a produção de amêndoas continuou de forma constante com média de 2078.25 toneladas neste período. Gráfico 3 Variação da Área, preço e produção da amêndoa de Cacau. Dessa maneira, podemos dizer que o cacau é produzido por uma parcela menor de produtores, em comparação com a pimenta do reino a quantidade de agricultores que plantam cacau é bem menor, as maiores áreas plantadas com esse cultivo estão sob posse de médios e grandes produtores, enquanto a pimenta está presente em grande parte das propriedades, incluindo o pequeno produtor familiar. Estas informações são justificadas a partir das análises da pesquisa de campo, na mesma foram identificadas que as dimensões e frequência de plantios de cacau variam bastante entre pequenos produtores, ou seja, nem todo agricultor familiar produz cacau em suas áreas diferentemente dos produtores de grande porte que mantém áreas extensas, geralmente essas áreas pertencem aos agricultores nipônicos.

Tendo em vista os arranjos espaciais adotados por produtores locais no cultivo consorciado entre pimenta do reino com o cacau, vemos de maneira significativa a importância dessas culturas encontradas em diversos modelos de SAF s da região, portanto, constatou-se com base nos questionários que para implantação do sistema que envolve essas duas culturas, o período de plantio entre elas é diferente, pois a pimenta do reino é uma cultura de ciclo curto, mas ao ser implantada de forma simultânea com o cacau e ocorre a competição por espaço, então desta maneira o agricultor insere o cacau no sistema geralmente dois anos após o estabelecimento do pimental. O mercado local tem grande influência no que será produzido nos sistemas agroflorestais, pois quando o preço de determinados produtos está em baixa geralmente o produtor concentra maiores investimentos em outras culturas em que o preço esteja em alta, porém, buscando manter a estrutura de consórcio dos sistemas. CONCLUSÃO Os sistemas agroflorestais de Tomé-açu é um dos principais meios de sustentabilidade, é uma atividade fundamental para obtenção de renda pelos agricultores no município através da comercialização dos produtos oriundos dos SAF`s. Pela estabilidade de preço e produção, investir na produção de amêndoas de Cacau nos SAF s é uma boa alternativa para se obter uma renda com pouca variação por um longo período, principalmente em comparação com pimenta do reino que apresenta alta produtividade, mas o preço pago no mercado local é muito variável. REFERÊNCIAS BARROS, A. V. L.; HOMMA, A. K. O.; TAKAMATSU, J. A.; TAKAMATSU, T.; KONAGANO, M.; Evolução e percepção dos sistemas agroflorestais desenvolvidos pelos agricultores nipobrasileiros do município de Tomé-Açu, Estado do Pará. Amazônia: Ciência & desenvolvimento, v. 5, n. 9, p. 121-151, jul./dez. 2009. HOMMA, A.K.O. Organização da produção e comercialização de produtos agropecuários: o caso da colônia agrícola nipo-brasileira de Tomé-Açu, Pará In: VILCAHUAMÁN, L.J.M.; RIBASKI, J.; MACHADO, A.M.B. Sistemas agroflorestais e desenvolvimento com proteção ambiental; perspectivas, análise e tendências. Colombo: Embrapa Florestas, 2006. p.51-77. FROUFE, L. C. M.; RACHWAL, M. F. G.; SEOANE, C. E. S. Potencial de sistemas agroflorestais multiestrata para sequestro de carbono em áreas de ocorrência de floresta atlântica. Pesq. Flor. Bras.; colombo, v. 31, n. 66, 143-154, abr./ jun. 2011. SANTANA, A.C.; TOURINHO, M. M. Notas sobre avaliação sócio-econômica de sistemas agroflorestais na Amazônia. In:AGUIAR, D. R. D.; PINHO, J. B. Agronegócio brasileiro: desafios e perspectivas. Brasília: SOBER, 1998. V. 2 p. 165-177. COSTA, C. W. S; SOARES, J. A. C.; JUNIOR, O. A. V.; CUNHA, S. Análise do arranjo espacial dos sistemas agroflorestais do município de Tomé-Açu. XLVI Congresso brasileiro de engenharia agrícola - CONBEA, Anais, Maceió, AL, 2017. IBGE/SIDRA. Produção agrícola municipal. 2018. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br>. Acessado em: 30 de outubro de 2018.