TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA ACÓRDÃO REGISTRADO(A) SOB N "02724338* Vistos, relatados e discutidos estes autos de AGRAVO DE INSTRUMENTO n 680.733-4/0-00, da Comarca de GUARULHOS, em que é agravante ADRIANA PUGLIESE ABOU HAIKAL sendo agravado SETIN EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA: ACORDAM, em Oitava Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, V.U.", de conformidade com o voto do P.elator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores CAETANO LAGRASTA (Presidente), RIBEIRO DA SILVA. São Paulo, 09 de dezembro de 2009. SAI.LES ROSSI Relator
Voto n 11.121 Agravo de Instrumento n 680.733-4/0-00 Comarca: Guarulhos - 08 a Vara Cível I a Instância: Autos n 224.01.2007.012086-9/000000-000 (n de ordem: 360/2.007) Agravante: Adriana Pugliese Abou Haikal Agravado: Setin Empreendimentos Imobiliários Ltda. VOTO DO RELATOR EMENTA - AGRAVO DE INSTRUMENTO - COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE BEM IMÓVEL - EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL Designação de hastas públicas - Penhora de bem imóvel - Pedido de substituição por outro apartamento que é objeto do contrato sujeito à cobrança integral da dívida pela inadimplência morosa e culposa da obrigação de pagar prestações pecuniárias - Bem que não integra o patrimônio da devedora - Pendência de condição resolutiva - Permissão não concedida - Alienação judicial que salda a dívida e resolve o contrato - Primazia do interesse do credor - Estimativa vultosa da avaliação - Possibilidade de diferença significativa entre o crédito exequendo que faculta à parte aquisição de outra residência de seu talante em padrão condizente com a sua situação sócioeconômica - Decisão mantida - Recurso desprovido Cuida-se de Agravo de Instrumento interposto contra a respeitável decisão interlocutória (fls. 196 e 211) proferida em autos de Ação de Execução (fls. 13/16) fundada em título extrajudicial que designou as hastas públicas para a alienação judicial do bem i penhorado e avaliado. ARTES GRÁFICAS-TJ 41.0035
Inconformada, recorreu a agravante (fls. 02/09) sustentando a necessidade de sua reforma, sob a razão de que houve a determinação de penhora de imóvel, cuja residência é da devedora e seus filhos, sem se ater a indicação ofertada de outro bem para garantir a demanda. Prosseguiu dizendo que a opção feita pelo credor de cobrança integral da dívida, dando rescindido o contrato de compra e venda, conclui-se que passará para a propriedade da executada. Alegou ainda que adotou procedimento mais oneroso e contrário à celeridade e economia processual, uma vez que o imóvel penhorado possui valor muito superior (seis vezes a quantia exequenda), devendo ser observado o artigo 620 do Código de Processo Civil. Argumentou que o pedido de substituição do bem é absolutamente válido e eficaz (art. 668, CPC), respeitando a ordem legal do artigo 655 do mesmo diploma legal. Requereu atribuição de efeito suspensivo e, por fim, seja dado integral provimento ao presente recurso. O recurso foi recebido (fls. 213/214), com deferimento liminar do efeito postulado, sem audiência da parte contrária. Resposta do agravado (fls. 237/243). É o sucinto relatório. O recurso não comporta provimento. Trata-se de execução forçada por quantia certa (fls. 13/16) fundada na incontroversa inadimplência morosa e culposa da K promitente compradora a sua obrigação de pagar prestações pecuniárias \ AGRAVO DE INSTRLMENTON 0 680.733-4/0-00-GUARULHOS- VOTO N 11.121 ^ ^ ^ ^ J ARTES GRÁFICAS-TJ 41.0035
(fl. 77), decon-ente de relação jurídica de direito material, representada pelo instrumento particular de contrato de promessa de venda e compra de unidade condominial e outras avenças (fls. 25/28 e 29/40) e demais alterações e ratificações (fls. 41/42 e 43/45), em especial de bem imóvel descrito como: apartamento n 1.201, localizado no 12 pavimento do Edifício denominado "DOWNTOWN SÃO PAULO", sito à Rua Araújo, n 141 - Centro - São Paulo - SP. Citada a executada (fl. 83), não efetuou o pagamento da dívida (fl. 77), sobreveio indicação do exequente (fls. 88/89) de bem imóvel (apartamento n 09 - Edifício Major - Bloco "A" - Conjunto Residencial Rosália, sito à Praça Marisa Marques, n 120 Vila Galvão - Guarulhos - SP) de propriedade da executada (fls. 90/91), tendo sido ordenada a sua penhora (fl. 121) e lavrado o respectivo termo (fl. 125). Posteriormente à intimação da devedora (fl. 131), segundo exige o "caput" do artigo 668 do Código de Processo Civil, nomeou o próprio bem, objeto do contrato (fls. 133/134), para substituir aquele penhorado. Assim, está evidente que não merece prosperar a insurgência da agravante, porquanto não apresentou outro bem suscetível à expropriação de sua responsabilidade patrimonial, já que o imóvel indicado à penhora não é de sua propriedade exclusiva, mas sim resolúvel, vedando-lhe o exercício de qualquer direito, mormente, em afronta a prescrição do I o do artigo 656 do Estatuto dos Ritos. "... Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora: (Redação dada pela Lei n 11.382, de 2006).. I AGRAVO DE INSTRUMENTO N 680.733-4/0-00- GUARULHOS - VOTO N 11.121 V. 3 ARTES GRÁFICAS - TJ 41.0035
1 É dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização dapenhora (art. 14, parágrafo único). (Incluído pela Lei n 11.382. de 2006)..." (grifamos) Frise-se a premissa norteadora da condição resolutiva alicerçada no artigo 125 do Novo Código Civil Brasileiro, a saber: "... Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa... " Não é outra a lição ministrada, com excelência, em comento à disposição dessa regra, pelos notáveis doutrinadores, sob a coordenadoria de Regina Beatriz Tavares da Silva, na obra denominada "CÓDIGO CIVIL COMENTADO". Editora Saraiva, 6 a edição - 2.008, à página 119, que diz: "... Pendente a condição suspensiva não se terá direito adquirido, mas expectativa de direito ou direito eventual. Só se adquire o direito após o implemento da condição. A eficácia do ato negociai ficará suspensa até que se realize o evento futuro e incerto, A condição se diz realizada quando o acontecimento previsto se verificar. Ter-se-á, então, o aperfeiçoamento do ato negociai, operando-se "ex tunc', ou seja, desde o dia de sua celebração, se 'inter vivos', e à data da abertura da sucessão, se 'causa mortis', daí ser retroativo... " "... A retroatividade da condição suspensiva não é aplicável aos contratos reais, uma vez que só há transferência de / AGRAVO DE INSTRUMENTO N 680.733-4/0-00-GUARULHOS-VOTO N 11.121 / 4 ARTES GRÁFICAS -TJ 41.0035
propriedade após a entrega do objeto sobre que versam ou da escritura pública devidamente transcrita. Esclarece Clóvis Bevilacqua que o implemento da condição suspensiva não terá efeito retroativo sobre bens fungíveis, móveis adquiridos de boa-fé e imóveis, se não constar do registro hipotecário a inscrição do título, onde se acha consignada a condição..." Ora, se o bem penhorado está avaliado estimativamente (fl. 218) em valor (R$ 600.000,00) muito acima do crédito exequendo, mostra-se mais justo no interesse do exequente (art. 612, CPC) a realização da sua alienação judicial, de modo a saldar a dívida e resolver o contrato, com a transmissão do bem que apontou, para o seu patrimônio e com o restante do que sobrar da arrematação, adquirir a devedora outro que melhor lhe aprouver, dentro de suas condições sócio-econômicas. Nessa esteira, vislumbra-se julgado desta Excelsa Corte, cujo teor de sua ementa é reproduzido, logo abaixo, "concessa máxima venia " (sic): "EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE - Execução - Penhora - Substituição do bem penhorado - Inadmissibilidade - Ausência de demonstração de excesso da constrição e da existência de outro bem apto a substituir o imóvel constrito (TJSP) - RT 875/183" Por via de conseqüência, deve ser revogada a liminar recursal, para que sejam feitas as respectivas hastas públicas. AGRAVO DE INSTRUMENTO N 680.733-4/0-00 - GUARULHOS - VOTO N 11.121 ARTES GRÁFICAS - TJ 41.0035
voto, nego provimento ao recurso. A vista de tudo o quanto fora exposto, pelo meu XES ROSSI Relator AGRAVO DE INSTRUMENTO N 680.733-4/0-00- GUARULHOS - VOTO N 11.121 ARTES GRÁFICAS - TJ 41.0035