LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011
INTRODUÇÃO A Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação LAI), estabelece a publicidade como preceito geral e o sigilo como exceção na divulgação de informações no âmbito da Administração Pública, representando uma mudança de paradigma em matéria de transparência pública.
ENTIDADES ALVO (Art. 1º, Parágrafo único, I e II e art. 2º) Subordinam-se ao regime da LAI: I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; e II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
ENTIDADES ALVO (Art. 1º, Parágrafo único, I e II e art. 2º) A nova legislação vale para a administração direta e indireta de todos os Poderes e entes federativos. Sancionada em 18 de novembro de 2011, a Lei 12.527 teve origem em debates no âmbito do Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção, órgão vinculado à Controladoria-Geral da União (CGU). A Lei foi discutida e votada pelo Congresso Nacional entre 2009 e 2011.
ACESSO À INFORMAÇÃO PÚBLICA: UM DIREITO UNIVERSAL O cidadão bem informado tem melhores condições de conhecer e acessar outros direitos essenciais, como saúde, educação e benefícios sociais. Por este e por outros motivos, o acesso à informação pública tem sido, cada vez mais, reconhecido como um direito em várias partes do mundo. Cerca de 90 países possuem leis que o regulamentam. O acesso à informação como direito fundamental também é reconhecido por importantes organismos da comunidade internacional, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos(OEA).
ACESSO À INFORMAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL Ao efetivar o direito de acesso, o Brasil: consolida e define o marco regulatório sobre o acesso à informação pública sob a guarda do Estado estabelece procedimentos para que a Administração responda a pedidos de informação do cidadão estabelece que o acesso à informação pública é a regra, e o sigilo, a exceção.
NOVOS MECANISMOS DE ACESSO À INFORMAÇÃO Para garantir o acesso, a Lei, além de estipular procedimentos, normas e prazos, prevê a criação, em todos os órgãos e entidades do poder público, de um Serviço de Informações ao Cidadão. Caberá a esta unidade: protocolizar documentos e requerimentos de acesso à informação orientar sobre os procedimentos de acesso, indicando data, local e modo em que será feita a consulta informar sobre a tramitação de documentos
NOVOS MECANISMOS DE ACESSO À INFORMAÇÃO (CONT.) o pedido não precisa ser justificado, apenas conter a identificação do requerente e a especificação da informação solicitada o serviço de busca e fornecimento das informações é gratuito, salvo cópias de documentos nos casos em que a informação estiver sob algum tipo de sigilo previsto em Lei, é direito do requerente obter o inteiro teor da negativa de acesso quando a informação for parcialmente sigilosa, fica assegurado o acesso, por meio de certidão, extrato ou cópia, com a ocultação da parte sob sigilo.
ACESSO: QUAIS SÃO AS EXCEÇÕES? A Lei 12.527/2011 prevê exceções à regra de acesso para dados pessoais e informações classificadas por autoridades como sigilosas. Informações sob a guarda do Estado que dizem respeito à intimidade, honra e imagem das pessoas, por exemplo, não são públicas (ficando protegidas por um prazo de cem anos). Elas só podem ser acessadas pelos próprios indivíduos e, por terceiros, apenas em casos excepcionais previstos na Lei.
ACESSO: QUAIS SÃO AS EXCEÇÕES? A Lei 12.527/2011 traz novas regras referentes à classificação da informação. Como princípio geral, estabelece que uma informação pública somente pode ser classificada como sigilosa quando considerada imprescindível à segurança da sociedade (à vida, segurança ou saúde da população) ou do Estado (soberania nacional, relações internacionais, atividades de inteligência). As informações podem ser classificadas como: Ultrassecreta prazo de segredo: 25 anos (renovável uma única vez) Secreta prazo de segredo: 15 anos Reservada prazo de segredo: 5 anos
ACESSO: QUAIS SÃO AS EXCEÇÕES? GRAU ULTRA SECRETO : Do Presidente da República, Vice-Presidente da República, Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas, Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no exterior. GRAU SECRETO Das autoridades mencionadas acima, mais: titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e sociedades de economia mista. GRAU RESERVADO Das autoridades supracitadas, mais: as que exercem funções de direção, comando ou chefia, de hierarquia equivalente ou superior ao nível DAS 101.5; as que compõe o grupo - Direção e assessoramento Superiores, conforme regulamentação específica de cada órgão ou entidade.
ACESSO: QUAIS SÃO AS EXCEÇÕES? Direitos Humanos Não poderão ser objeto de restrição de acesso informações ou documentos que versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas. A Lei 12.527/2011 também prevê a responsabilização do servidor nos casos de seu descumprimento. Recusar-se a fornecer informação requerida nos termos da Lei, destruir ou alterar documentos ou impor sigilo para obtenção de proveito pessoal, por exemplo, são consideradas condutas ilícitas, podendo caracterizar infração ou improbidade administrativa.
RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO (Arts. 22 e 23) A Lei nº 12.527/2011 estabelece que os atos praticados no âmbito da Administração Pública são públicos e acessíveis a quaisquer interessados, salvo nas exceções previstas: (i) na própria Lei nº 12.571/2011 (artigos 22 e 23), ou (ii) em normas específicas, tais como: (a) a Lei nº 9.279/96, que proíbe a divulgação de informações que constituam segredo industrial, exceto quando estritamente necessário para proteger o público, e (b) a Lei nº 10.603/02, que garante ao realizador de estudos e pesquisas a exclusividade temporária de utilização dos respectivos dados.
CATEGORIAS DE DADOS EXISTENTES EM UM DOSSIÊ AGROQUÍMICO PÚBLICOS DADOS PÚBLICOS PROTEGIDOS DADOS DE (10, 5 TESTE e 1 ANOS) PROTEGIDOS (Sigilo por 10, 5 ou 1 ano) SEGREDO INDUSTRIAL/ (ETERNO) COMERCIAL (Sigilo eterno)
O QUE PODERÁ SER DIVULGADO PELO GOVERNO - DADOS PÚBLICOS Dados Públicos, tais como informações do rótulo e da bula (anexos VIII e IX, do Decreto nº 4.074/2002), bem como informações devidamente publicadas no Diário Oficial.
DADOS DE TESTE 1. Lei nº 10.603/2002 (Lei de Proteção de Dados) A Lei nº 10.603, de 17 de dezembro de 2002, regulamenta a proteção, por um prazo determinado, contra o uso comercial desleal, de informações relativas aos resultados de testes ou outros dados não divulgados, apresentados às autoridades competentes como condição para aprovar ou manter o registro para a comercialização de produtos farmacêuticos de uso veterinário, fertilizantes, agrotóxicos, bem como seus componentes e afins.
1.1. Proteção conferida pela Lei nº 10.603/2002 10 anos para produtos que utilizem novas entidades, a partir da concessão do registro; 5 anos para produtos que não utilizem novas entidades, a partir da concessão do registro; e, para novos dados exigidos após a concessão do registro dos produtos mencionados, pelo prazo de proteção remanescente concedido aos dados do registro correspondente ou 1 ano contado a partir da apresentação dos novos dados, o que ocorrer por último.
O QUE PODERÁ SER DIVULGADO PELO GOVERNO - DADOS DE TESTE APÓS OS PRAZOS DE PROTEÇÃO DA LEI 10.603/2002 Dados de teste presentes em dossiês cujo produto tenha sido registrado antes de 2003 (novas entidades) Dados de teste presentes em dossiês cujo produto tenha sido registrado antes de 2008 (produtos que não utilizem novas entidades) Novos dados de teste exigidos - prazo remanescente ou 1 ano
EXCEÇÃO À LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO DADOS SIGILOSOS/SEGREDO INDUSTRIAL Lei nº 9.279/1996 (Lei de Propriedade Industrial LPI) A Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, que regula os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, estabelece, em seu artigo 195, incisos, XI, XII e XIV, que comete crime de concorrência desleal quem: XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços (...); XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades governamentais como condição para aprovar a comercialização de produtos.
EXCEÇÃO À LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO DADOS SIGILOSOS/SEGREDO INDUSTRIAL Lei nº 10.603/2002 (Lei de Proteção de Dados) Art. 9 2º - Informações técnicas ou científicas eventualmente apresentadas por exigência das autoridades competentes pelo registro, visando a esclarecer processos ou métodos empregados na fabricação de produtos ou na obtenção das informações ou dados de que trata o art. 1º da LAI, que constituírem segredo de indústria ou de comércio, serão mantidas confidenciais por prazo ilimitado, podendo ser utilizadas internamente pelos órgãos de governo para fins de registro.
DADOS SIGILOSOS O QUE NÃO PODERÁ SER DIVULGADO 1. Composição quali-quantitativa completa do PT e PF (exceto teor de ativo e impurezas relevantes). 2. Estudo da Análise de 5 Bateladas e Declarações de Impurezas. 3. Descrição do Método de Fabricação, incluindo a discussão da formação de impurezas. 4. Método Analítico de Impurezas (exceto impurezas relevantes). 5. Informações de Mercado, exceto se consolidadas e apresentadas juntamente com um balanço de duas outras empresas.
CASO ESPECIAL - DADOS DE PROCESSOS DE REGISTRO EM ANDAMENTO Processos em andamento excluem-se da abrangência da LAI pela possibilidade do titular do pedido do registro de um produto desistir/renunciar ao seu pleito antes do encerramento do processo administrativo.
SUMÁRIO A Lei nº 12.527/2011 estabelece a publicidade como preceito geral e o sigilo como exceção na divulgação de informações no âmbito da Administração Pública. No âmbito das Leis nº 9.279/1996 e 10.603/2002, o sigilo das informações é a regra, pois visam a proteção dos dados de seus respectivos proprietários, bem como dos segredos industriais. Quaisquer documentos submetidos às entidades abarcadas pela LAI, seja para o registro de novos produtos, seja para a comprovação de segurança, qualidade e eficácia, ou complementação de dados, gozam da proteção conforme legislação específica sobre o tema.
PERGUNTAS E RESPOSTAS É NECESSÁRIA LEI ESPECÍFICA PARA GARANTIR O ACESSO? Sim. Diferentes leis promulgadas nos últimos anos ampliaram a interação entre o Estado e a Sociedade, mas a aprovação da Lei de Acesso à Informação foi necessária para regulamentar obrigações, procedimentos e prazos para a divulgação de informações pelas instituições públicas, garantindo a efetividade do direito de acesso. Ao estabelecer rotinas para o atendimento ao cidadão, a Lei organiza e protege o trabalho do servidor.
PERGUNTAS E RESPOSTAS TODA INFORMAÇÃO PRODUZIDA OU GERENCIADA PELO GOVERNO É PÚBLICA? Como princípio geral, sim, salvaguardando-se as informações pessoais e as exceções previstas na lei. A informação produzida pelo setor público deve estar disponível a quem este serve, ou seja, à sociedade, a menos que esta informação esteja expressamente protegida.
PERGUNTAS E RESPOSTAS QUAIS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DEVEM CUMPRIR A LEI? Os órgãos e entidades públicas dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), de todos os níveis de governo (federal, estadual, distrital e municipal), assim como os Tribunais de Contas e o Ministério Público, bem como as autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.