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Transcrição:

ECLI:PT:TRE:2016:1029.08.6TBTNV.E1.C9 http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ecli:pt:tre:2016:1029.08.6tbtnv.e1.c9 Relator Nº do Documento Acácio Neves Apenso Data do Acordão 10/03/2016 Data de decisão sumária Votação unanimidade Tribunal de recurso Processo de recurso Data Recurso Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público Meio Processual Decisão Apelação improcedente Indicações eventuais Área Temática Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores acção executiva; suspensão da instância; deserção da instância; Página 1 / 7 20:26:35 27-01-2019

Sumário: 1. A decisão relativa à deserção da instância executiva, verificados que sejam os pressupostos referidos no nº 5 do art. 281º do NCPC, não se enquadra nas referidas als. a) a c) do art. 723º do CPC, pelo que o juiz apenas pode proferir decisão sobre a mesma no caso de a mesma lhe ter sido suscitada, nos termos previstos na referida alínea d) deste artigo. 2. A apelante enquanto exequente cessionária habilitada não tinha que ser notificada de todas as decisões proferidas antes da decisão de habilitação, designadamente da referida decisão que determinou a suspensão da instância, pela simples razão de que nessa altura ainda não era parte ou interveniente no processo. 3. Quem tinha que ser notificada até aí era a então exequente no processo, impondo-se que a apelante, ao passar a intervir nos autos como exequente, na perspectiva da defesa dos seus interesses processuais, tivesse o cuidado de, designadamente pela consulta do processo, tomar conhecimento do processado anterior à sua intervenção nos autos. Decisão Integral: Acordam nesta Secção Cível os Juízes do Tribunal da Relação de Évora: AA, S.A. intentou execução comum contra BB, Lda, CC, DD, EE e FF, com base em livrança subscrita e avalizada pelos executados e com vista ao pagamento de 449.512,48 (capital e juros vencidos) e de juros vincendos. Sem que tivesse sido deduzida oposição à execução, seguindo a mesma os seus trâmites e após ter sido dada sem efeito a abertura de propostas para a venda dos imóveis penhorados, com base na falta de conhecimento da decisão de fixação da modalidade e valor base da venda por parte de alguns dos executados (conforme acta de fls. 148 e sgs), veio a executada DD requerer, em 06.03.2012, que em virtude do falecimento do executado CC (que provou com a junção de certidão de óbito), fosse ordenado o processamento do incidente de habilitação dos sucessores deste executado e que fosse anulada a venda designada para o dia seguinte (fls. 152 e sgs). Posteriormente, e após elaboração (em 23.09.2013) de auto de abertura de propostas em carta fechada (fls. 169 e 170) proferida sentença, com data de 05.03.2014 (fls. 171 e 172), nos termos da qual, ao abrigo do disposto no art. 281º, nº 5 do CPC se julgou extinta a instância por deserção. Inconformada, interpôs GG, Lda, na qualidade de cessionária habilitada do exequente, o presente recurso de apelação, em cujas alegações, pedindo a revogação da sentença recorrida, que determinou a extinção da execução por deserção e que seja ordenado, sem mais, o regular andamento dos mesmos, apresentou as seguintes conclusões: 1ª GG, Lda, cessionária habilitado nos presentes autos, notificada que foi da douta sentença que pôs termo ao processo, absolvendo os executados do presente instância, e com o mesmo não se conformando, vem interpor recurso do mesmo, nos termos dos artigos 644 nº 1 do CPC, e 685 -A nº 2, al. c) do CPC, o qual é de apelação e com os seguintes fundamentos: 2ª - Com o devido respeito a douta sentença que determinou ao obrigo do artigo 281 nº5 do CPC, a presente instância executiva extinta por deserção, é nulo nos termos do artigo 615 nº1, d) do CPC, porquanto o Tribunal o quo apreciou uma questão relativamente à qual não podia tomar conhecimento. 3ª - Assim por douta sentença à Recorrente notificado via citius a 18 de Março de 2014, decidiu o Tribunal a quo nos seguintes termos: Compulsados os autos verifica-se que a presente instância foi suspensa em 25 de Janeiro de 2012 na sequência de falecimento do Página 2 / 7

executado CC, que os presentes autos ficaram a aguardar o impulso processual das partes mediante a dedução do competente incidente de habilitação e que nada foi dito ou requerido neste sentido desde essa data. Sucede que, em conformidade com o disposto no artigo 281 nº 5 do Código de Processo Civil na redacção introduzida pela Lei 41/2013 de 26 de Junho no processo de execução, considera-se deserta a instância independentemente de qualquer decisão judicial, quando, por negligência das partes, o processo se encontre a aguardar o impulso processual há mais de seis meses. Nestes termos, e ao abrigo do artigo 281 nº 5 do Código de Processo Civil na mencionada redacção, julgo extinta a presente instância executiva extinta por deserção. 4ª - Ocorre contudo que, a partir da reforma da acção executiva, deixa de ser admissível a prolação de uma sentença de extinção de execução, porquanto a mesma é extinta automaticamente, na sequência de comunicação electrónica do agente de execução, sem intervenção do Juiz. 5ª - O juiz não tem, salvo melhor opinião, poderes para lavrar sentença de extinção de execução, pois lhe falece competência, devendo inclusivamente declarar-se tal acto (sentença de extinção) inexistente face ao teor do artigo 3º nºs 1 e 4 do CPC do Decreto 4/2013, de 11 de Janeiro. 6ª - Com efeito, e nos termos do artigo 3 nºs 1 e 4 do Decreto Lei 4/2013 de 11 de Janeiro: Artigo 3º 2 - Os processos executivos cíveis para pagamento de quantia certa que se encontrem a aguardar impulso processual do exequente há mais de seis meses extinguem-se. (... ) 4 - Nos processos executivos cíveis para pagamento de quantia certa instaurados a partir de 15 de Setembro de 2003 e extintos por força do disposto nos ns 1 e 2 a extinção é comunicada electronicamente pelo agente de execução ao tribunal, cabendo-lhe notificar o exequente, o executado, apenas nos casos em que este já tenha sido citado pessoalmente nos autos, e os credores citados que tenham deduzido oposição. 7ª - Neste sentido atente-se em Acórdão da Relação de Évora, datado de 17-102013, transcrevendo-se o seu sumário: V- Desde a Reforma da acção executiva em 2003 que deixou de existir uma sentença de extinção de execução. VI- Actualmente é o solicitador de execução que, constatando que ela está extinta, comunica tal extinção ao tribunal. VII- O mesmo se aplica nos casos indicados no artigo 3 do decreto -lei 4/2013. VIII- Assim, não tem o juiz que proferir sentença de extinção de execução. 8ª - À cautela, e caso doutamente assim não se entenda, alega ainda a ora Recorrente que o douto Tribunal a quo, para além de carecer de competência para proferir esta sentença, carecia igualmente de fundamento para a considerada deserção, desde logo atendendo à seguinte factualidade: 9ª - Desde logo a ora Recorrente que esta não se trata da exequente originária destes autos, porquanto habilitada cessionária, nos autos a este apenso 1029/08.6 TBTBV-B - por sentença datada de 20.06.2013. 10ª - Ora, o douto despacho de suspensão de instância, datado de 25-01-2012, é anterior à data do requerimento de habilitação de cessionário, apresentado em 30-03-2012, e a esta deveria ter sido notificado- contudo não o foi. 11ª - Após a aludida sentença, que a habilitou como exequente, foi sendo notificada dos mais diversos actos praticados pelo agente de execução, tendo efectuado pagamentos a título de provisão para publicação dos anúncios reportados à venda do imóvel. 12ª - Inclusivamente e à revelia do teor de douta sentença foi notificada a 13-12-2013 (há menos de seis meses) pelo referido agente da publicação dos anúncios da venda do imóvel, bem como de requerimento proveniente do mesmo, solicitando à Página 3 / 7

exequente uma avaliação do imóvel o que já promoveu junto de avaliador competente. 13ª - Acresce ainda, que na perspectiva da Recorrente, e salvo melhor opinião a habilitação do exequente falecido CC, não mais faz sentido, face à sentença proferida de habilitação de cessionário. 14ª - De anotar que, a decisão ora em crise surge na sequência de requerimento apresentado pela credora reclamante nos presentes autos de execução, a HH SA. 15ª - Credora reclamante essa que muito convenientemente procura repor a legalidade nestes autos, com o fito de naturalmente obter o levantamento da penhora que incide sobre o prédio misto situado no Casal Pintaxorro, Cruz do Negro, penhorado nos presentes autos. 16ª - Destaca-se com o devido respeito, que o Tribunal que ordena em 25.01.2012, a suspensão da instância face ao óbito do exequente CC, é o mesmo Tribunal que em 08.07.2013, designa a data para abertura de propostos para venda do imóvel penhorado nestes autos. 17ª - Pelo que muito mal andaria o Sr. Agente de Execução para se negar à prático de acto judicialmente ordenado, sendo perfeitamente natural que não tenho questionado a referida ordem e se tenha limitado o dar cumprimento ao douto despacho que designa data para a abertura de propostos. 18ª - Conclui-se por relembrar que o Sr. Agente de execução Dr Marcolino Vicente, praticou o último ato, nestes autos, há menos de 6 meses- notificando o ora exequente para requerer a avaliação do imóvel. 19ª - Pelo que é falso que os autos se encontrem parados há mais de seis meses, conforme alega a requerente, credora reclamante HH, SA e é pressuposto da deserção a que alude o artigo 281 nº 5 do CPC. Não foram apresentadas contra-alegações. No despacho de admissão do recurso, o tribunal a quo tomou posição no sentido da inexistência da invocada nulidade, inferindo a mesma. Subidos os autos, e solicitação do relator do processo, foi junta aos autos: - cópia do despacho de 25.01.2012 que declarou suspensa a instância com fundamento no falecimento do executado CC (fls. 225); - certidão da sentença, de 03.06.2013, transitada em julgado em 09.09.2013, que declarou a ora apelante GG, Ldª habilitada como sucessora do exequente AA (fls. 229 e sgs); - e certidão (a mesma de fls. 229 e sgs) do requerimento de 25.02.2014, pelo qual a credora reclamante HH veio pedir que fosse declarada interrompida a instância, que fosse ordenado o levantamento da penhora que incide sobre um dos prédios penhorados e que fossem declarados nulos todos os actos praticados após a suspensão da instância. Dispensados os vistos, cumpre decidir: Em face do conteúdo das conclusões das alegações da apelante, enquanto delimitadoras do objecto do recurso, são as seguintes as questões de que cumpre conhecer: - nulidade da sentença; - falta de verificação dos pressupostos da deserção. Quanto à nulidade da sentença: O tribunal a quo decidiu, na sentença recorrida, julgar extinta a instância executiva, por deserção, ao abrigo do disposto no nº 5 do art. 281º do NCPC. Todavia, segundo a apelante a sentença é nula, nos termos do disposto no art. 615º, nº1, al. d) do CPC, por ter apreciado questão da qual não podia tomar conhecimento. E isto porque, segundo a mesma, a partir da reforma da acção executiva, deixou de ser admissível a prolação de uma sentença de extinção de execução, porquanto a mesma é extinta Página 4 / 7

automaticamente, na sequência de comunicação electrónica do agente de execução, sem intervenção do Juiz, em face do disposto nos nºs 1 e 4 do art. 3º do DL nº 4/2013 de 11 de Janeiro, não tendo assim o juiz poderes para lavrar sentença de extinção de execução. Sucede que ao caso dos autos não é aplicável este diploma mas sim o novo CPC, aprovado pela Lei nº 41/2013, de 26 de Junho. Com efeito, aquele diploma foi revogado expressamente pelo art. 4º deste último diploma, em cujo art. 6º, no seu nº 1 se estabelece que o disposto no Código de Processo civil, aprovado em anexo à presente lei, aplica-se, com as necessárias adaptações, a todas as execuções pendentes à data da sua entrada em vigor. Assim, conforme se considerou na decisão recorrida, para os efeitos em questão, haveria que atender-se ao disposto no nº 5 do art. 281º do CPC, nos termos do qual no processo de execução, considera-se deserta a instância, independentemente de qualquer decisão judicial, quando, por negligência das partes, o processo se encontre a aguardar impulso processual há mais de seis meses. Tal disposição vem de resto, no essencial, na linha do que dispunha o nº 2 do art. 3º do referido DL nº 4/2013 de 11 de Janeiro em que a apelante se estriba. É certo que se o nº 4 deste diploma estabelecia que nos processos executivos cíveis para pagamento de quantia certa instaurados a partir de 15 de Setembro de 2003 e extintos por força do disposto nos ns 1 e 2 a extinção é comunicada electronicamente pelo agente de execução ao tribunal, cabendo-lhe notificar o exequente, o executado, apenas nos casos em que este já tenha sido citado pessoalmente nos autos, e os credores citados que tenham deduzido oposição, nos termos do supra transcrito nº 5 do art. 281º do CPC (como vimos, aplicável aos autos) a deserção da instância deve ser considerada, nas condições de inércia ali mencionadas independentemente de qualquer decisão judicial. E, para além disso, estabelece o art. 723º do CPC estabelece que: 1. Sem prejuízo de outras intervenções que a lei especificamente lhe atribui, compete ao juiz: a) Proferir despacho liminar, quando deva ter lugar; b) Julgar a oposição à execução e à penhora, bem como verificar e graduar os créditos, no prazo máximo de três meses contados da oposição ou reclamação; c) Julgar, sem possibilidade de recurso, as reclamações de actos e impugnações de decisões do agente de execução, no prazo de cinco dias; d) Decidir outras questões suscitadas pelo agente de execução, pelas partes ou por terceiros intervenientes, no prazo de cinco dias. Assim, não se enquadrando a questão da decisão relativa à deserção da instância, nas referidas als. a) a c), o juiz apenas podia proferir decisão sobre a mesma no caso de a mesma lhe ter sido suscitada, nos termos previstos na referida alínea d). Ora, muito embora a decisão recorrida, conforme da mesma consta, nada referira no sentido de a questão da extinção da instância executiva por deserção, o certo é, conforme a recorrente refere nas conclusões 14ª e 15º, tal decisão foi proferida na sequência de requerimento da credora reclamante HH requerimento esse conta de certidão constante de fls. 229 e seguintes, cuja junção aos presentes autos a solicitada pelo relator do processo. E, conforme se alcança de tal requerimento (vide fls. 237 a 241), a HH, na qualidade de credora reclamante veio, para além do mais, pedir que fosse declarada interrompida a instância, alegando para o efeito que a instância se encontrava suspensa desde Fevereiro de 2012 e sem impulso processual desde então. Desta forma, e conforme a própria apelante acaba por reconhecer, a sentença recorrida acabou por ser proferida em sede de apreciação de questão suscitada por uma credora reclamante, ou seja, Página 5 / 7

por terceiro interveniente no processo. Desta forma é inequívoco que o tribunal a quo tinha competência para decidir da questão de que conheceu e decidiu na sentença recorrida razão pela qual se não verifica o invocado excesso de pronúncia e, como tal a invocada nulidade. Improcedem assim, nesta parte, as conclusões do recurso. Quanto à verificação dos pressupostos da deserção: Conforme se alcança da sentença recorrida, datada de 05.03.2014, o tribunal decidiu julgar extinta a instância executiva, por deserção, ao abrigo do disposto no nº 5 do art. 281º do NCPC pelo facto de se verificar que a presente instância foi suspensa em 25 de Janeiro de 2012 na sequência do falecimento do executado CC (cfr. refª. 2065281), que os presentes autos ficaram a aguardar o impulso processual das partes mediante a dedução do competente incidente de habilitação e que nada foi dito ou requerido nesse sentido desde essa data. É contra tal entendimento que se manifesta a apelante, segundo a qual a mesma não é a exequente originária (porquanto foi habilitada cessionária por sentença datada de 20.06.2013) e que sendo o despacho de suspensão de instância, datado de 25-01-2012, anterior à data do requerimento de habilitação de cessionário, apresentado em 30-03-2012, a apelante deveria ter sido notificada de tal despacho, o que não sucedeu. Mais alega que após a referida sentença de habilitação foi sendo notificada dos mais diversos actos praticados pelo agente de execução. Todavia, sem razão. Conforme se alcança dos autos, o despacho, de 25.01.2012, que declarou suspensa a instância com fundamento no falecimento do executado CC (vide fls. 225) foi efectivamente proferido antes de a apelante ter requerido a sua habilitação (em 30.03.2012 vide fls. 194 e sgs), habilitação essa que foi deferida por sentença de 03.06.2013, transitada em julgado em 09.09.2013 (conforme certidão de fls. 229 e sgs). Todavia o certo é que a apelante, na qualidade de exequente habilitada não tinha que ser notificada de todas as decisões anteriormente proferidas, designadamente da referida decisão que determinou a suspensão da instância, pela simples razão de que nessa altura ainda não era parte ou interveniente no processo. Quem tinha que ser notificada era aquele que era então exequente no processo, ou seja, o AA sendo certo que nada foi alegado no sentido de esta não ter sido notificado da decisão relativa à suspensão da instância. Através da habilitação que requereu como cessionária do exequente, e que foi deferida, a apelante, enquanto nova exequente foi colocada no lugar daquele primeiro exequente, ocupando a partir de então o lugar deste e tendo que se sujeitar às vicissitudes do processo (isto sem prejuízo de ainda estar em tempo de suscitar eventuais nulidades ou de recorrer de decisões proferidas). Perante tal substituição, o que se impunha era que a apelante, na perspectiva da defesa dos seus interesses processuais, tivesse o cuidado de, designadamente pela consulta do processo, tomar conhecimento do processado anterior à sua intervenção nos autos cuidado esse que, pelos vistos, por negligência sua, a apelante não teve. Dessa forma, estando a instância suspensa, com fundamento no falecimento de um dos executados, e sem que sem que as partes tenham promovido a respectiva habilitação de herdeiros, é manifesto a instância processual se manteve suspensa. E, contrariamente ao que invoca e defende a apelante, o facto de, não obstante a suspensão da instância terem sido praticados diversos actos no processo (como seja a designação de data para a Página 6 / 7

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) abertura de propostas e a prática de actos por parte do agente de execução) só significa que tais actos foram indevidamente praticados o que não invalida o facto de a instância se encontrar suspensa. Diz ainda a apelante que a habilitação do exequente falecido CC, não mais faz sentido, face à sentença proferida de habilitação de cessionário. Não diz todavia porquê, sendo certo que tal afirmação apenas se pode compreender na perspectiva do manifesto lapso em que labora a apelante, na medida em que o falecido CC (cuja morte motivou a suspensão da instância) não era exequente mas sim executado. E assim, sendo o mesmo apenas podia ser substituído no processo na pessoa dos seus herdeiros, cuja habilitação era mister que fosse requerida o que não sucedeu. Em face do exposto, e sendo manifesto que a suspensão da instância se manteve desde o despacho de 25.01.2012 (que determinou a suspensão da instância), por não ter sido requerida a habilitação dos herdeiros do falecido executado CC, bem esteve o tribunal a quo ao considerar que os autos se encontravam a aguardar impulso processual há mais de seis meses, e por negligência das partes e que, como tal, se verificavam os pressupostos referidos no nº 5 do art. 281º do NCPC para que se devesse considerar deserta a instância. Não merece assim censura a decisão recorrida. Improcedem pois, também nesta parte, as conclusões do recurso. Em síntese: A decisão relativa à deserção da instância executiva, verificados que sejam os pressupostos referidos no nº 5 do art. 281º do NCPC, não se enquadra nas referidas als. a) a c) do art. 723º do CPC, pelo que o juiz apenas pode proferir decisão sobre a mesma no caso de a mesma lhe ter sido suscitada, nos termos previstos na referida alínea d) deste artigo. A apelante enquanto exequente cessionária habilitada não tinha que ser notificada de todas as decisões proferidas antes da decisão de habilitação, designadamente da referida decisão que determinou a suspensão da instância, pela simples razão de que nessa altura ainda não era parte ou interveniente no processo. Quem tinha que ser notificada até aí era a então exequente no processo. O que se impunha era que a apelante, ao passar a intervir nos autos como exequente, na perspectiva da defesa dos seus interesses processuais, tivesse o cuidado de, designadamente pela consulta do processo, tomar conhecimento do processado anterior à sua intervenção nos autos. Termos em que se acorda em julgar improcedente a apelação e em confirmar a sentença recorrida. Custas pela apelante. Évora, 10 de Março de 2016 Acácio Neves Bernardo Domingos Silva Rato Página 7 / 7