1º Congresso de Argamassas de Construção Lisboa, Novembro de 2005 Comportamento de revestimentos de fachadas com base em ligante mineral. Exigências funcionais e avaliação do desempenho 1 M. Rosário Veiga LNEC
1º Congresso de Argamassas de Construção Lisboa, Novembro de 2005 Organização da comunicação 1. Introdução 2. Exigências essenciais dos edifícios e exigências funcionais gerais dos rebocos 3. Características das argamassas e comportamento dos rebocos 4. Critérios de avaliação 5. Susceptibilidade à fendilhação 6. Capacidade de impermeabilização 7. Conclusões 2
Introdução Ao longo de milénios os rebocos têm cumprido diversas funções, adaptando-se à evolução da tecnologia e da estética: Regularização das alvenarias Impermeabilização das fachadas Protecção das paredes contra acções externas Acabamento Suporte de decoração Estas funções têm que ser desempenhadas pela solução de reboco, que pode incluir diversas camadas. 3
Introdução Os rebocos correntes devem ser constituídos pelo menos por 3 camadas: Chapisco ou camada de aderência (ligação à alvenaria e regularização da absorção do suporte) Camada de base (impermeabilização e regularização) Camada de acabamento (protecção e efeito estético) Pintura Os rebocos pré-doseados permitem reduzir prazos de aplicação e assegurar controlo da qualidade. Os rebocos monocamada têm como objectivo cumprir as mesmas funções com uma única camada. As 4 massas de reboco podem necessitar de aplicação em duas camadas e de pintura de acabamento final.
5 Introdução
Exigências funcionais gerais dos rebocos Requisitos significativos para a Exigência Essencial 3: Capacidade de impermeabilização e de protecção das paredes Capacidade de impermeabilização em zona não-fendilhada Resistência à fendilhação Resistência mecânica Resistência ao desenvolvimento de fungos 6 Ausência de libertação de produtos tóxicos Capacidade de promover a expulsão da água infiltrada e do vapor de água formado no interior
Exigências funcionais gerais dos rebocos Requisitos significativos para a Exigência Essencial 4: Boa aderência ao suporte para prevenir o risco de queda de placas de revestimento Requisitos de durabilidade: Resistência às acções climáticas Resistência química Requisitos de adequabilidade ao uso: Capacidade de regularização Aspecto estético aceitável 7
Características e comportamento Rebocos correntes: várias camadas com funções diferenciadas e dosagens diferentes Rebocos monocamada: única camada, uma só formulação, para todas as funções exigências superiores para garantir o mesmo desempenho Aspectos do comportamento mais influenciados pelo número de camadas: Susceptibilidade à fendilhação Capacidade de impermeabilização em zona nãofendilhada 8
Características e comportamento A fendilhação é muito mais gravosa em revestimentos em camada única 9 Um reboco monocamada pode ter módulo de elasticidade inferior e menor resistência à fendilhação que uma argamassa corrente de cimento e areia, e não ter um melhor comportamento à fendilhação que o reboco corrente.
10 Características e comportamento Capacidade de impermeabilização em zona nãofendilhada: A passagem da água é dificultada pelas interfaces entre camadas enquanto a capacidade de secagem não é afectada negativamente por tais interfaces, que se verifica não constituírem barreiras adicionais ao vapor de água. Os rebocos monocamada têm, em geral, coeficientes de capilaridade muito inferiores aos das argamassas correntes de cimento, mas isso pode não significar maior resistência à penetração da água que um revestimento corrente em três camadas.
Características e comportamento Para comparar comportamentos previsíveis de revestimentos monocamada e multicamada a partir das características das argamassas: - Uso de ensaios de comportamento aplicáveis a revestimentos com uma ou várias camadas - Aplicação dos resultados para calibração de ensaios de características de argamassas - Estabelecimento de classes de desempenho com exigências globais idênticas, mas características diferenciadas para uma, duas ou três camadas. 11
Critérios de avaliação Especificações da EN 998-1 Necessárias à atribuição da marcação CE e que constituem, portanto, um conjunto mínimo de características para a livre circulação no mercado dos produtos. Requisitos adicionais recomendados pelo LNEC Relevantes para o bom comportamento global dos revestimentos exteriores, tendo em conta as funções que lhes são atribuídas e que podem ser utilizados pelos projectistas nas especificações que preparam para determinadas obras. 12
13 F u n ç ã o Im p e r- rm e a b i- liz a ç ã o e p ro te c çã o E x ig ê n c ia fu n c io n a l R e sis tê n c ia m e c â n ic a Im p e rm e a b i- liz a ç ã o e m z o n a n ã o fe n d ilh a d a S u sc e p tib ilid a d e à fe n d ilh a ç ã o P e rm e a b ilid a d e a o v a p o r d e á g u a C a ra c te rístic a R e s is tê n c ia à c o m p re s s ã o R c (N /m m 2 ) C o e fic ie n te d e c a p ila rid a d e C (k g /m 2.m in 0,5 ) P e rm e a b ilid a d e à á g u a s o b p re s s ã o P (m l/c m 2 ) M ó d u lo d e e la s tic id a d e E (M P a ) R e tra cç ã o R e s is tê n c ia à tra c çã o E n s a io d e re tra c ç ã o re s trin g id a [6 ] E s p e s s u ra d a c a m a d a d e a r d e d ifu sã o e q u iv a le n te a 0,1 0 m d e re b o c o S d (m ) E s p e c ific a ç ã o C la s se s: C S I: 0,4 a 2,5 C S II: 1,5 a 5,0 C S III: 3,5 a 7,5 C S IV : = 6 C la s se s: w 0 : se m e x ig ê n c ia w 1 : C 0,4 0 w 2 : C 0,2 0 P 1 a p ó s 4 8 h E 1 0 0 0 0 P re fere n c ia l- m e n te m o d e ra d a P re fere n c ia l- m e n te e le v a d a S u s c e p tib ilid a d e m é d ia o u fra c a S d 0,1 5 m D o c u m e n to n o rm a tiv o E N 9 9 8-1 R e la tó rio d o L N E C 2 8 9 /9 5 N C C t e e x ig ê n c ia s c o m p le - m e n ta re s d o L N E C (re la tó rio e m p re p a ra ç ã o )
Introdução Função Durabilidade Adequabilidade ao uso 14 Exigência funcional Aderência ao suporte Resistência ao clima Característica Resistência ao arrancamento Resistência aos ciclos climáticos calor-chuva e chuva-gelo Especificaçã o 0,3 MPa ou rotura coesiva Sem degradação visível Regularização - - Aspecto Susceptibilidad e à fendilhação estético Homogeneidad e de textura e cor Ver acima Documento normativo Relatório do LNEC 289/95 NCCt e exigências complementares do LNEC (relatório em preparação)
Critérios de avaliação Os ensaios que permitem a comparação directa de desempenhos entre multicamada e monocamada são: aderência ao suporte (EN 1015-12) capacidade de impermeabilização com humidímetro (método desenvolvido e calibrado no LNEC - FE Pa 38) resistência aos ciclos climáticos (EN 1015-21) 15
Critérios de avaliação As anomalias mais frequentes e mais graves que afectam os rebocos são: - a fendilhação - o destacamento do suporte - as deficiências na capacidade de impermeabilização em zona não-fendilhada - a perda de características devida às acções climáticas repetidas 16
Susceptibilidade à fendilhação A fendilhação é uma anomalia frequente e grave: - afecta a capacidade de impermeabilização - prejudica gravemente a aparência - facilita infiltrações de água e de outros agentes e fixa microorganismos reduz a durabilidade do revestimento e da própria parede Depende de vários factores e envolve fenómenos complexos, ao nível da microestrutura da argamassa, tornando-se difícil de controlar completamente 17
Susceptibilidade à fendilhação Método desenvolvido no LNEC (FE Pa 36) - ensaio de retracção restringida 18
Susceptibilidade à fendilhação Classe de susceptibilidade à fendilhação 1º critério - CSAF 2º critério - CREF (mm) 1 (Fraca) * CSAF 1 CREF 1 2 (Média) * CSAF 1 0,6 CREF <1 3 (Forte) ** CSAF<1 CREF < 0,6 19
Capacidade de impermeabilização Característica da maior importância nos rebocos exteriores, é geralmente avaliada recorrendo a: - Ensaio de absorção de água por capilaridade em prismas Este ensaio tem muitas limitações: não entra com o efeito do nº de camadas não entra com o efeito da espessura não entra com o efeito da absorção do suporte não mede o que se pretende: a água que atinge o suporte e o tempo necessário para lá chegar 20
Capacidade de impermeabilização Método desenvolvido no LNEC (FE Pa 38) - ensaio de avaliação da capacidade de impermeabilização 21
Capacidade de impermeabilização 1100 1000 900 800 700 600 500 I 400 300 200 100 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 W TIME (H) D 22
Capacidade de impermeabilização Os resultados dos ensaios podem ser visualizados em curvas de resistência ao longo do tempo e são expressos nos seguintes parâmetros: M (ou W): atraso na molhagem, em horas - tempo desde a aplicação da água até esta atingir o suporte S (ou D): período de humedecimento, em horas - tempo em que o suporte permanece húmido H (ou I): intensidade de molhagem, em mv x h - quantidade de molhagem sofrida durante o ensaio, ou seja área entre a linha que define a variação da tensão eléctrica com o tempo e a linha correspondente ao valor da tensão no estado seco 23
Conclusões A comparação directa entre as características de um reboco executado em obra em várias camadas, com as de um revestimento monocamada, não é possível. O estudo experimental do desempenho de rebocos não pode basear-se só na determinação de características isoladas do material realizada através de ensaios normalizados mas exige uma análise mais complexa da resposta do revestimento às solicitações reais a que está sujeito. 24
Conclusões O LNEC tem desenvolvido metodologias para esse estudo, quer através da análise conjunta de diversas características e do estabelecimento de classes e de níveis de exigências, quer através do desenvolvimento de métodos de ensaio específicos, capazes de simular as situações reais e de introduzir a variação das condições de aplicação. Estas metodologias permitem a previsão mais fundamentada do desempenho de rebocos em condições específicas e a elaboração de recomendações para selecção de produtos e de soluções para aplicações concretas. 25