IAB INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS 3º Curso Formação de Agentes Multiplicadores em Prevenção às Drogas DEPENDÊNCIA DE DROGAS É DOENÇA? Talvane M. de Moraes Livre Docente e Doutor em Psiquiatria Professor Titular de Medicina Legal da Escola da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro EMERJ Titular da Academia Nacional de Medicina Legal Membro Titular do IAB talvane.moraes@gmail.com
A vida é curta, a arte é longa, a ocasião fugidia, o empirismo perigoso, o raciocínio difícil... Aforismas, I Hipócrates, o Pai da Medicina.
INTERFACE MEDICINA E DIREITO DROGAS: BREVE HISTÓRICO MÉDICO-JURÍDICO LEGISLAÇÃO DE DROGAS NO BRASIL: ORDENAÇÕES FILIPINAS (LIVRO V, TÍTULO LXXXIX): QUE NINGUÉM TENHA EM CASA ROSALGAR (VENENO), NEM O VENDA, NEM OUTRO MATERIAL VENENOSO
Código Penal do Império (1830): Nada mencionava sobre proibição do consumo ou comércio de entorpecentes. Código da Primeira República (1890): Título III Dos crimes contra a Tranqüilidade Pública: Exercício irregular da medicina; Prática da magia e do espiritismo; curandeirismo; Envenenamento de fontes públicas; expor à venda, ou ministrar substâncias venenosas sem legítima autorização e sem as formalidades prescritas nos regulamentos sanitários
Nas primeiras décadas do Século XX: Uso de entorpecentes era usado livremente, em especial pelas camadas sociais mais elevadas e intelectuais ópio; cocaína; heroína. Não havia normas proibitivas. Adauto Botelho Vícios Sociais Elegantes 1937
ANAGRAMA COM A PALAVRA MACONHA
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS PENAIS (1932): TIPIFICAÇÃO E CRIMINALIZAÇÃO DE: CONDUTAS CONTRA A SAÚDE PÚBLICA O CAPUT DO ART. 159 DO COD. 1890 GANHA DOZE PARÁGRAFOS. ALÉM DA PENA DE MULTA, CRIA-SE A PENA DE PRISÃO CELULAR PARA TAIS CONDUTAS.
DECRETOS 780 1936 e 2.953 1938 GRANDE IMPULSO NA CRIMINALIZAÇÃO DAS CONDUTAS LIGADAS AO USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS.
DECRETO-LEI 2.848 1940 CÓDIGO PENAL ART. 281 CRIMINALIZAÇÃO DO COMÉRCIO CLANDESTINO OU FACILITAÇÃO DO USO DE ENTORPECENTES. DÉCADA DE 50 DISCURSO COESO SOBRE DROGAS ILEGAIS E NECESSIDADE DE SEU CONTROLE REPRESSIVO
DECRETO-LEI 159 DE 1967: IGUALA AOS ENTORPECENTES AS SUBSTÂNCIAS CAPAZES DE CAUSAR DEPENDÊNCIA (proibição das anfetaminas) DECRETO-LEI 385 1968 = CRIMINALIZA O USUÁRIO IGUALANDO-O AO TRAFICANTE LEI 5726 1971 MANTÉM A CRIMINALIZAÇÃO DO USUÁRIO E OBRIGA A INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA DO DEPENDENTE (TOXICÔMANO)
LEI 6368 1976 PRIMEIRA TENTATIVA DE DIFERENCIAR O TRAFICANTE DO USUÁRIO E DO DEPENDENTE SANCIONA O PORTADOR DE DROGA PARA O PRÓPRIO USO COM PENA DE DETENÇÃO E O TRAFICANTE COM PENA DE RECLUSÃO. LEI 11343 2006 (MUDANÇA DE PARADIGMA PENAL) SUPRIME A PENA DE PRISÃO PARA O USUÁRIO NOVA TÉCNICA SANCIONATÓRIA
LEI 11.343/2006 Não há pena de prisão para o usuário de drogas. ART. 28 Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, será submetido às seguintes penas: I advertência sobre os efeitos das drogas; II prestação de serviços à comunidade; III medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo
Lei 11343/2006 Art. 45 É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento. (Idêntico ao art. 19 da Lei 6368/76)
TABELA COMPARATIVA ENTRE AS DISPOSIÇÕES PENAIS DAS LEIS 11.343/2006 E 6.368/1976 LEI 11.343 / 2006 LEI 6.368 / 1976 Art. 28 Quem adquirir, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I advertência sobre os efeitos das drogas; II prestação de serviços à comunidade; III medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Art. 16 Adquirir, guardar ou trazer consigo, para uso próprio, substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 20(vinte) a 50 (cinqüenta) dias-multa. Art. 28, 1.º - Às mesmas medidas submetese quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica Sem correspondente
Drogas Psicotrópicas = Substâncias, naturais ou sintéticas, cuja ação farmacológica marcante ou predominante se expressa através de alterações das funções psíquicas, modificando o comportamento do usuário.
Classificam-se em: 1 - Lícitas - medicamentosas ou não 2 - Ilícitas - Proibidas por lei, ou as lícitas quando usadas sem autorização legal
USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS E COMPORTAMENTO HUMANO
USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS CENTRO DE RECOMPENSA
DROGAS E SENSAÇÃO DE PRAZER
DROGAS, PRAZER E COMPULSÃO
DROGAS PERSONALIDADE FATORES HEREDITÁRIOS FATORES AMBIENTAIS ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO
DROGAS DE USO e ABUSO OPIÁCEOS Heroína, morfina, codeína, etc. DEPRESSORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Benzodiazepínicos, barbitúricos, meprobamato, álcool, etc. ESTIMULANTES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Cocaína, anfetaminas (Ecstasy), LSD, ergotamina, mescalina, psilocibina CANABINÓIDES Maconha, Haxixe.
ÁLCOOL: DESINIBIÇÃO QUERELÂNCIA AGRESSIVIDADE HUMOR INSTÁVEL ATENÇÃO PREJUDICADA AUTO-CRÍTICA COMPROMETIDA PERTURBAÇÕA DO DESMPENHO PSICOMOTOR PREJUÍZO DA MARCHA DIFICULDADE DE SE MANTER DE PÉ FALA COMPROMETIDA ABAIXAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA VERMELHIDÃO DOS OLHOS E DA FACE INCOORDENAÇÃO MOTORA SONOLÊNCIA
CANABINÓIDES (MACONHA, HAXIXE) INTOXICAÇÃO AGUDA A - Disfunção do comportamento: 1 euforia ou desinibição 2 ansiedade ou agitação 3 desconfiança ou ideação paranóide 4 lentificação do tempo (sensação de que o tempo está passando lentamente) 5 capacidade de julgamento comprometida
COCA (COCAÍNA, CRACK) INTOXICAÇÃO AGUDA A - Disfunção do comportamento: 1 euforia e sensação de energia aumentada 2 hipervigilância 3 crenças ou ações grandiosas 4 ofensa ou agressão 5 querelância
controle com cocaína IMAGEM DO CÉREBRO EM FUNCIONAMENTO www.drugabuse.gov
SOLVENTES VOLÁTEIS (COLA DE SAPATEIRO, THINNER) INTOXICAÇÃO AGUDA A - Disfunção do comportamento: 1 apatia e letargia 2 querelância 3 ofensa ou agressão 4 labilidade de humor 5 capacidade de julgamento comprometida 6 comprometimento da atenção e memória 7 retardo psicomotor 8 interferência com o funcionamento pessoal
ECSTASY (anfetamina) provoca sensação de: bem-estar; elevação do humor; aumento da temperatura corporal; aumento a freqüência cardíaca; aumento da pressão arterial.
Pode provocar crises de pânico e depressão após o uso. Outros sintomas muito comuns são: Náuseas; Suor intenso, desidratação; Estimulação; Bruxismo (contração da mandíbula, com atrito entre dentes que rangem); Aumento da percepção visual e auditiva. Quando ingerido com álcool o ecstasy pode causar, além de alucinações, choque cardiorrespiratório. Além da desinibição, a droga estimula a pessoa a dançar continuamente, sem descanso. A pessoa fica submetida a um estímulo constante e por isso fala, dança e pula sem parar, como um motor de carro que trabalha sempre em alta rotação. O resultado no organismo é o superaquecimento, como ocorreria num motor. Os locais fechados, como boates e clubes contribuem para a hipertermia. A maior parte das mortes registradas foi decorrência disso. A pessoa movimenta-se sem parar, sua abundantemente, o corpo esquenta demais (pode chegar a 42ºC) e a desidratação é fulminante. A necessidade de tomar água é tal que muitas vezes a pessoa bebe a do vaso sanitário para tentar se refrescar. A droga também é extremamente tóxica para o fígado, que pode até parar de funcionar.
GHB Ecstasy Líquido Ecstasy líquido - Proibido em vários países, entre os quais Estados Unidos, Canadá e Austrália, o Ghb (gamma hydroxy butyrate), uma poderosa droga conhecida como "o ecstasy líquido. Em alguns países, como a Espanha, onde também está proibida, a substância já representa a segunda maior incidência hospitalar por overdoses, perdendo apenas para a cocaína. Nos Estados Unidos, amigos e parentes de vítimas da droga criaram uma Organização Não- Governamental (www.projectghb.org) para prevenir contra o uso da substância. No site da organização existe a chamada Lista da Morte do GHB, na qual estão relatados 233 casos de vítimas fatais, todas diretamente relacionadas com o Ghb. A substância atua no sistema nervoso central e entre os seus efeitos colaterais são citadas parada respiratória, amnésia, hipnose e distúrbios cardíacos, causando um quadro que pode levar o consumidor ao coma profundo. Em associação com o álcool, é fatal.
WITHNEY HOUSTON
CID-10 Diretrizes Diagnósticas: (a) um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância; (b) dificuldade em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de seu início, término ou níveis de consumo; (c) um estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, como evidenciado por: a síndrome de abstinência característica para a substância ou o uso da mesma substância com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência;
(f) persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de conseqüências manifestamente nocivas; deve-se fazer esforços para determinar se o usuário estava realmente consciente da natureza e extensão do dano. (d) evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas; (e) abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância psicoativa, aumento da quantidade de tempo necesária para obteto da quantidade de tempo necesária para obteou tomar a substância ou para recuperer seus efeitos;
DEPENDÊNCIA DE DROGAS USO DE DROGA PESSOA DEPENDÊNCIA CAUSALIDADE MULTIFATORIAL
A DÚVIDA É O INÍCIO DA SABEDORIA. Aristóteles
F I M OBRIGADO