Revista Brasileira de Ciência do Solo ISSN: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo Brasil

Documentos relacionados
ATRIBUTOS QUÍMICOS DA FORRAGEIRA PANICUM MAXIMUM CV. MOMBAÇA ADUBADA COM PRODUTOS ORGÂNICOS ORIUNDOS DA SIDERURGIA E CRIAÇÃO AVÍCOLA

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE AVEIA SOB DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA. Palavras chave: Produção de biomassa, bovinos de leite, plantas daninhas

CURVAS DE RETENÇÃO DE AGUA E CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DO SOLO EM SISTEMAS DE MANEJO DO FEIJOEIRO(1)

ACÚMULO DE FÓSFORO EM UM LATOSSOLO CULTIVADO COM GRAMA- MISSIONEIRA-GIGANTE EM RESPOSTA A DOSES DE DEJETO LÍQUIDO DE SUÍNO

MEDIDAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR COM CULTIVOS INTERCALARES, SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

POPULAÇÃO DE PLANTAS DE MILHO IRRIGADO POR ASPERSÃO EM SISTEMA PLANTIO DIRETO RESUMO

COBRE E ZINCO NO SOLO E NA FITOMASSA NO DÉCIMO ANO DO USO DE SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO ASSOCIADOS A FONTES DE NUTRIENTES 1 INTRODUÇÃO

PRODUTIVIDADE DE MILHO E FEIJÃO EM SISTEMA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA INTRODUÇÃO

EFEITO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO NA GERMINAÇÃO E NO COMPRIMENTO DE PLÂNTULAS DE CALÊNDULA

NITROGÊNIO EM COBERTURA E VIA FOLIAR EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DO TRIGO BRS SABIÁ

DISPONIBILIDADE DE P (RESINA E MEHLICH 1) EM DOIS SOLOS UTILIZANDO O MULTIFOS À BASE DE FOSFORITA

DESENVOLVIMENTO INICIAL DE SORGO FORRAGEIRO SOB DIFERENTES TIPOS DE COBERTURA DO SOLO INITIAL DEVELOPMENT OF SORGHUM IN DIFFERENT SOIL COVERAGE

SUPRIMENTO E ABSORÇÃO DE FÓSFORO EM SOLOS SUBMETIDOS A DIFERENTES SISTEMAS DE PREPARO

CONTROLE DE PLANTAS DE MILHO VOLUNTÁRIO COM A TECNOLOGIA RR EM ÁREAS COM SAFRINHA DE SOJA COM A TECNOLOGIA RR

Relatório parcial Safra 2012/2013. Projeto Eficiência agronômica de fertilizantes fosfatados totalmente acidulados para a cultura da soja

UNIVERSIDADE FEDRAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO

Produção de grãos de milho e atributos químicos de solo influenciados pela aplicação de escória de siderurgia em um Latossolo Amarelo distrófico

PRODUTIVIDADE DE ARROZ INFLUENCIADA PELA ADUBAÇÃO NITROGENADA E APLICAÇÃO DE FUNGICIDA

Quantidade de oxigênio no sistema

NO CLIMA DE PIRACICABA. RESUMO

07 AVALIAÇÃO DO EFEITO DO TRATAMENTO DE

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA CLASSIFICADAS EM MESA DENSIMÉTRICA.

INTERAÇÃO NITROGÊNIO VERSUS REDUTOR DE CRESCIMENTO APLICADO EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DO TRIGO BRS GRALHA-AZUL

Efeito do Orthene 750 BR em Tratamento de Sementes no Controle da Lagarta Elasmopalpus lignosellus no Feijoeiro e Algodoeiro

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

PROJETO E ANÁLISES DE EXPERIMENTOS (PAE) EXPERIMENTOS COM UM ÚNICO FATOR E A ANÁLISE DE VARIÂNCIA

DINÂMICA, QUALIDADE, PRODUÇÃO E CUSTO DE PRODUÇÃO DE FORRAGEM DA MISTURA AVEIA PRETA E AZEVÉM ANUAL ADUBADA COM DIFERENTES FONTES DE NITROGÊNIO

INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO E COBERTURA MORTA DO SOLO NAS CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE MILHO

Matéria Seca de Mudas de Schinopsis brasiliensis Engl. Cultivadas em Diferentes Substratos

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

Produtividade e qualidade de grãos de trigo em função da aplicação de nitrogênio no florescimento

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO CERRADO: EFEITO DE 13 ANOS DE CULTIVO SOBRE A DENSIDADE E AGREGAÇÃO DO SOLO

VII BENEFÍCIOS DO RESFRIAMENTO EM GRÃOS DE CAFÉ

PERDAS POR APODRECIMENTO DE FRUTOS EM LINHAGENS E CULTIVARES DE ALGODOEIRO NO OESTE DA BAHIA - SAFRA 2005/2006 1

ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS APLICADA À CIÊNCIA DE ALIMENTOS: ESTUDO DE CASO COM PEQUI

TOXICIDADE DE REDUTOR DE CRESCIMENTO NA CULTIVAR BRS PARDELA. Posta 231, Cep , Londrina-PR. *

Revista Caatinga ISSN: X Universidade Federal Rural do Semi-Árido Brasil

AVALIAÇÃO DO MICROCLIMA GERADO NO INTERIOR DE ESTUFAS COBERTAS COM PEBD E PVC NA REGIÃO DE PIRACICABA, SP. RESUMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO

EFEITO DE NÍVEIS CRESCENTES DE PROTEÍNA NA DIETA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO PEIXE ORNAMENTAL GUPPY (Poecilia reticulata)

ESTATÍSTICA APLICADA. 1 Introdução à Estatística. 1.1 Definição

VOLATILIZAÇÃO DE AMÔNIA EM FUNÇÃO DE FONTES NITROGENADAS APLICADAS EM COBERTURA

Descongelamento do Sêmen Bovino

VICDRYER UM PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA SIMULAÇÃO DE SECAGEM DE CAFÉ EM ALTAS TEMPERATURAS

Contribuição da FBN para três gramíneas forrageiras crescidas na Zona da Mata de Pernambuco 1

, Pombal-PB;

ÁCIDO INDOLBUTIRÍCO E TAMANHO DE ESTACA DE RAIZ NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE BACURIZEIRO (Platonia insignis MART.) INTRODUÇÃO

Atributos de fertilidade relacionados à qualidade do solo em mata nativa e área desmatada na bacia do rio Cuiá, em João Pessoa, PB

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA RAIZ NUA E DA RAIZ PROTEGIDA NA COUVE FLOR

Produção de Cebola em Função da Aplicação de Enxofre no Solo.

Fábio L. Brito 1 ; Mário M. Rolim 1 & Elvira M. R. Pedrosa 1

AVALIAÇÃO DE NÍVEIS DE BIOSSÓLIDO NO SUBSTRATO PARA PRODUÇÃO DE MUDAS DE Solanum pseudo-quina

DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE MILHO EM FUNÇÃO DE DOSES DE POTÁSSIO EM UM LATOSSOLO DE RONDÔNIA

AVALIAÇÃO DA TAXA DE GERMINAÇÃO À CAMPO DA CULTURA DA MAMONA

Hewlett-Packard PORCENTAGEM. Aulas 01 a 04. Elson Rodrigues, Gabriel Carvalho e Paulo Luiz Ramos

Estudo das variações de ph no lodo caleado em função de diferentes dosagens de óxido de cálcio e teores de umidade

ANÁLISE QUALITATIVA DE ALFACE CRESPA FERTIGADA COM SOLUÇÃO NUTRITIVA SALINA SUPLEMENTADA COM POTÁSSIO. Apresentação: Pôster

Textura do Endosperma e Maturidade Alteram Parâmetros Físicos de Grãos de Milho

MACROFAUNA EDÁFICA SOB DIFERENTES AMBIENTES EM LATOSSOLO DA REGIÃO DO AGRESTE

DESENVOLVIMENTO DO CAFEEIRO IRRIGADO POR GOTEJAMENTO SUBMETIDO A DIFERENTES LAMINAS DE AGUA MAGNETIZADA

Coberturas vegetais e doses de nitrogênio em trigo sob sistema plantio direto 1

Max Kleber Laurentino Dantas

AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EM SISTEMA AGROFLORESTAL COM CACAUEIROS E COQUEIROS EM JI-PARANÁ, RONDÔNIA, BRASIL

Agregação e atributos químicos de agregados em solo sob cultivo de aveia/milho com o uso de dejetos suínos e adubação química

ASPECTOS ECONÔMICOS DA ADUBAÇÃO FOSFATADA PARA CULTURA DO MILHO 1

UNICiências, v.14, n.1, 2010

Atributos químicos do solo e produtividade do milho afetados por corretivos e manejo do solo 1

Crescimento radicular e absorção de micronutrientes do feijoeiro em razão da calagem

RESUMO SUMMARY INTRODUÇÃO

Sistemas de manejo na absorção de nitrogênio pelo milho em um Latossolo Vermelho no Cerrado

EFEITO DE DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVO DA PALMA NA BIOMASSA MICROBIANA DO SOLO

Avaliação da qualidade do solo e do crescimento de milheto co-inoculado com microrganismos solubilizadores de fósforo, fungos e Azospirillum 1

ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DE SOLOS DE TABULEIROS SOB DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS NA REGIÃO NORTE FLUMINENSE 1

ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM SOLO CONSTRUÍDO EM DIFERENTES ESPÉCIES VEGETAIS. Lizete Stumpf. PPG Manejo e Conservação da Água e do Solo

EFEITO RESIDUAL DAS APLICAÇÕES DE FONTES DE FÓSFORO EM GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS SOBRE O CULTIVO SUCESSIVO DA SOJA EM VASOS ( 1 )

Densidade e resistência a penetração de solos cultivados com seringueira sob diferentes manejos

Teor de macronutrientes e produtividade da soja influenciados pela compactação do solo e adubação fosfatada

16/06/2016. Integração lavoura-pecuária. 1. Introdução FORRAGICULTURA E PASTAGENS. 1. Introdução. 1. Introdução. 1. Introdução. 1.

DEMONSTRE EM TRANSMISSÃO DE CALOR AULA EM REGIME VARIÁVEL

Produção de matéria seca e absorção de S por cultivo sucessivo milho-soja de fertilizante composto por S 0 e óxidos de Zn, Mn e Cu

ESTUDO DAS ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DE SEMENTES DE CEVADILHA VACARIANA (Bromus auleticus TRINIUS)

ADISH CULTIVATION CV. VERMELHO GIGANTE, SUBMITTED TO WATER REPLACEMENT AND FERTIRRIGATION WITH NITROGEN SOURCES

Manejo do nitrogênio em trigo para alta produtividade e qualidade de grãos

OBSERVAÇÕES DO COMPRIMENTO E NÚMERO DE FRUTOS DO PRIMEIRO CACHO DE TRÊS GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM SENHOR DO BONFIM, BA

ATRIBUTOS BIOLÓGICOS INDICADORES DA QUALIDADE DO SOLO EM SISTEMAS DE MANEJO NA REGIÃO DO CERRADO NO SUL DO ESTADO DE GOIÁS (1)

Estratégias de manejo e seu impacto na eficiência de uso de nutrientes. Prof. Dr. Carlos Alexandre C. Crusciol FCA-UNESP/Botucatu

Variação temporal de nutrientes N P K na serapilheira de duas fisionomias do domínio cerrado, Gurupi - TO

Colatina, ES. Apresentado na. 29ª Semana Agronômica do CCAE/UFES - SEAGRO à 21 de Setembro de 2018, Alegre - ES, Brasil

2º Simpósio de Integração Científica e Tecnológica do Sul Catarinense SICT-Sul ISSN

INFLUENCE OF SOURCES AND DOSES OF NITROGEN IN THE INDUSTRIAL CHARACTERISTICS OF SUGARCANE

Resposta da soja e do capim brizantão cultivados em uma amostra de solo degradado à aplicação de quatro fontes de adubos fosfatados

ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MINERAL NO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO MORANGUEIRO EM SISTEMA DE CULTIVO PROTEGIDO

Manejo da fertilidade em solos arenosos visando à intensificação sustentável

FULLAND (FOSFITO DE COBRE): CONTROLE DA FERRUGEM E CERCOSPORIOSE DO CAFEEIRO E ABSORÇÃO DE COBRE PELAS FOLHAS.

RESPOSTA DA SOJA E DA BIOMASSA DE CARBONO DO SOLO AOS RESÍDUOS DE CINCO GENÓTIPOS DE SORGO(l)

Fertilidade do solo e produtividade de capim Mombaça adubado com resíduos sólidos de frigorífico

Transcrição:

Revist Brsileir de Ciênci do Solo ISSN: 1-683 revist@scs.org.r Sociedde Brsileir de Ciênci do Solo Brsil Bittencourt de Oliveir, Lendro; Tiecher, Tles; Ferreir de Qudros, Fernndo Luiz; Pereir Trindde, José Pedro; Colpo Gtioni, Lucino; Brunetto, Gustvo; Rheinheimer dos Sntos, Dnilo FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS NATURAIS SUBMETIDAS À ADIÇÃO DE FOSFATOS Revist Brsileir de Ciênci do Solo, vol. 38, núm. 3, 214, pp. 867-878 Sociedde Brsileir de Ciênci do Solo Viços, Brsil Disponível em: http://www.redlyc.org/rticulo.o?id=1823134912 Como citr este rtigo Número completo Mis rtigos Home d revist no Redlyc Sistem de Informção Científic Rede de Revists Científics d Améric Ltin, Crie, Espnh e Portugl Projeto cdêmico sem fi lucrtivos desenvolvido no âmito d inicitiv Acesso Aerto

FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS NATURAIS SUBMETIDAS À ADIÇÃO DE... 867 FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS NATURAIS SUBMETIDAS À ADIÇÃO DE FOSFATOS (1) Lendro Bittencourt de Oliveir (2), Tles Tiecher (3), Fernndo Luiz Ferreir de Qudros (4), José Pedro Pereir Trindde (5), Lucino Colpo Gtioni (6), Gustvo Brunetto (7) & Dnilo Rheinheimer dos Sntos (8) RESUMO A miori ds pstge nturis no iom Cmpos no sul do Brsil cresce em solos com ix disponiilidde de fósforo (P), ms com ltos teores de P totl e de P orgânico. Este trlho ojetivou vlir s lterções forms de P no solo, o longo de um ciclo de crescimento de pstge nturis, decorrentes d plicção de fontes de fosfto. Em três experimentos itldos em áres de pstgem nturl, foi plicdo P forms de hiperfosfto de Gfs, superfosfto triplo e testemunh, rrnjdos em locos csulizdos com três repetições. Nos experimentos itldos no município de Cndiot, RS, em pstge nturis so Luvissolo Úmrico e Neossolo Litólico, form plicdos 1 kg h -1 de P 2 O 5 em setemro de 21. N pstgem so Argissolo Vermelho no município de Snt Mri, RS, form plicdos 18, 9, 1 e 1 kg h -1 de P 2 O 5 nos nos de 1997, 1998, 22 e 21, respectivmente. Amostrs de solo form coletds (-1 cm) o longo d estção de crescimento d pstgem (, 55, 116, 171 e 232 dis, pós plicção do fosfto em Cndiot; e, 5, 83, 129, 159 e 186 dis, pós plicção do fosfto em Snt Mri). Form nlisdos os teores de P disponível por resin de troc niônic, o P imoilizdo n iomss microin do solo, o P extrído por NOH,1 mol L -1, o P orgânico totl e o P totl. Os teores de P disponível umentrm rpidmente com plicção de fosfto solúvel, ms no finl do período de vlição esses se equivlerm o do fosfto nturl, que foi semelhnte à testemunh. A (1) Receido pr pulicção em 17 de junho de 213 e provdo em 28 de jneiro de 214. (2) Doutorndo em Zootecni, Deprtmento de Zootecnic, Universidde Federl de Snt Mri - UFSM. Av. Rorim, 1, Birro Cmoi. CEP 9715-9 Snt Mri (RS). Bolsist do CNPq. E-mil: lendroliveir86@hotmil.com (3) Doutorndo em Ciênci do Solo, Deprtmento de Solos, UFSM. Bolsist d CAPES. E-mil: tles.t@hotmil.com (4) Professor Assocido, Deprtmento de Zootecni, UFSM. Bolsist do CNPq. E-mil: flfqudros@yhoo.com.r (5) Pesquisdor, EMBRAPA Pecuári Sul. BR 153, km 63. CEP 9641-97 Bgé (RS). E-mil: Jose.Pereir-Trindde@emrp.r (6) Professor Assocido, Deprtmento de Solos, Universidde do Estdo de Snt Ctrin. Bolsist do CNPq. Av. Luis de Cmões, 29, Birro Cont Dinheiro. CEP 8852- Lges (SC). E-mil: gtioni@cv.udesc.r (7) Professor Adjunto, Deprtmento de Solos, UFSM. Bolsist CNPq. E-mil: runetto.gustvo@gmil.com (8) Professor Assocido, Deprtmento de Solos, UFSM. Bolsist do CNPq. E-mil: dnilonesf@gmil.com R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

868 Lendro Bittencourt de Oliveir et l. plicção de fertilizntes fosftdos so pstge nturis com ix disponiilidde de P umentou importânci ds frções inorgânics láeis às plnts, tornndo-s menos dependentes d minerlizção ds frções orgânics. As frções orgânics, inclusive o P microino, não são o indicdores d iodisponiilidde de P em pstge nturis so Argissolos, Neossolos e Luvissolos do sul do Brsil fertilizds com fosftos. Termos de indexção: fósforo microino, disponiilidde de fósforo, ecossistems cmpestres, fosfto solúvel e nturl. SUMMARY: FORMS OF SOIL PHOSPHORUS IN NATURAL PASTURES SUBJECTED TO ADDITIONS OF PHOSPHATES Most nturl pstures in the Cmpos iome in Southern Brzil grow in soils with low phosphorus (P) vilility, ut with high contents of totl nd orgnic P. The present study imed to evlute the chnges in forms of soil P resulting from the ppliction of phosphte sources over growth cycle of nturl pstures. In three experiments under nturl psture, P ws pplied in the form of Gfs rock phosphte, triple superphosphte, nd control tretment in rndomized lock design with three replictio. In the trils crried out in nturl pstures in the municiplity of Cndiot (RS) in n Alfisol nd n Entisol, 1 kg h -1 of P 2 O 5 ws pplied in Septemer 21. In nturl psture in n Ultisol in the municiplity of Snt Mri (RS), 18, 9, 1, nd 1 kg h -1 of P 2 O 5 were pplied in the yers 1997, 1998, 22, nd 21, respectively. Soil smples were collected (-1 cm) throughout the nturl grsslnd growing seson (, 55, 116, 171, nd 232 dys fter P ppliction t Cndiot nd, 5, 83, 129, 159, nd 186 dys fter ppliction of phosphte t Snt Mri). The levels of ville P were nlyzed y nion exchnge resin, s well s P immoilized in the soil microil iomss, P extrcted y.1 mol L -1 NOH, totl orgnic P, nd totl P. The ville P content incresed rpidly with the ppliction of solule phosphte, ut t the end of the evlution period it ws equivlent to the Gfs rock phosphte, which ws similr to the control. The ppliction of phosphte fertilizers on nturl pstures with low P vilility incresed the importnce of the lile inorgnic P forms to the plnts, mking them less dependent on the minerliztion of orgnic P frctio. The orgnic frctio, including microil P, re not good indictors of the iovilility of P in nturl pstures under Alfisols, Entisols, nd Ultisols in Southern Brzil fertilized with phosphtes. Index terms: microil phosphorus, phosphorus vilility, grsslnd ecosystems, rock nd solule phosphte. INTRODUÇÃO Os solos so ecossistems de pstge nturis no Rio Grnde do Sul (RS) são ácidos e presentm ix disponiilidde de fósforo (P). Mesmo ssim, vegetção nturl, n estção de crescimento, lcnç txs de cúmulo de mtéri de 1,3 kg h -1 di -1 (Sores et l., 25) té 26,9 kg h -1 di -1 (Pellegrini et l., 21). A vrição deve-se ftores como tipo de solo, clim regionl, em especil disponiilidde hídric e composição otânic d pstgem. Alts produções de forrgem são possíveis porque em mientes nturis equilirdos iociclgem do P orgânico do solo, do P contido nos tecidos vegetis e n iomss microin do solo (BMS) tende às necessiddes ds plnts (Oliveir et l., 211). Todvi, há possiiliddes de umentr produtividde ds áres de pstge nturis, evitndo su sustituição por culturs nuis, florests ou pstge cultivds (Tiecher et l., 213). Nesse sentido, plicção de fertilizntes fosftdos sore s pstge tem evidencido-se rentável economicmente e com impctos mientis desprezíveis (Gtioni et l., 23). Os fertilizntes fosftdos solúveis normlmente possuem elevdo custo. Por isso, os fosftos nturis (FN) podem ser um lterntiv economicmente mis viável pr os pecurists. No entnto, disponiilizção de P pel plicção de FN é seível às elevções nos teores de C, os umentos no ph e à qued do teor de umidde do solo, lém d pequen áre de contto solo/fertiliznte qundo é plicdo sore s pstge, desfvorecendo-o n comprção os fosftos solúveis. Entretnto, em solos ácidos (ph < 5,2) e com ixos teores de C, eficiênci gronômic dos FN em longo przo pode ser suficientemente elevd pr oterem-se rendimentos comptíveis à plicção dos fosftos solúveis (Gtioni et l., 23; Chien et l., 211), presentndo-se dequdos pr o uso em culturs perenes (Szils et l., 27). Nesse sentido, Tiecher et l. (213) demotrrm que pós 154 meses o teor de P R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS NATURAIS SUBMETIDAS À ADIÇÃO DE... 869 disponível no solo e produção nul de forrgem form equivlentes com plicção de hiperfosfto de Gfs e fosftos solúveis. Contudo, o umento de produção de forrgem no inverno, período de ixo crescimento ds pstge nturis no sul do Brsil, só foi possível com introdução de espécies exótics de inverno e plicção de fertilizntes fosftdos solúveis, que promoverm umento rápido de P disponível no solo, fornecendo ssim s condições necessáris pr o estelecimento do trevo vesiculoso (Trifolium vesiculosum) e do zevém (Lolium multiflorum). O ceo comum de que grnde prte dos fosftos solúveis plicdos nos solos sutropicis é fixdo indefinidmente os coloides tem sido mplmente contestdo pelos trlhos do grupo de pesquis liderdo por Rheinheimer, tnto em solos renosos com ixos teores de sesquióxidos qunto em solos rgilosos ricos em sesquióxidos (Rheinheimer et l., 2; Rheinheimer & Anghinoni, 21; Rheinheimer et l., 23,; Tiecher et l., 212). Além d rápid e quse totl reversiilidde d dsorção de P, elevção do teor de P disponível no solo promove o umento do teor de P imoilizdo n BMS (Rheinheimer et l., 28), que é um reservtório dinâmico de P potencilmente disponível às plnts que se just conforme o fornecimento de energi, de C e de P o sistem (Oliveir et l., 211). A imoilizção de P no tecido d BMS diminui e retrd dsorção do fosfto nos grupos funcionis de superfície de prtículs inorgânics do solo (Conte et l., 22); posteriormente, com su morte e lise ds céluls, o P pode ser minerlizdo mis sincronizdmente com demnd de crescimento ds plnts, servindo como um reserv de P disponível no curto e no médio przo (Mrtinzzo et l., 27). Além disso, em rzão do umento d produção de iomss vegetl e d BMS poderá hver ind mior conversão do P inorgânico plicdo vi fertilizntes em forms menos láeis de P orgânico, evitndo dsorção de fosfto solúvel pelo solo e servindo como um reserv de P disponível no médio e no longo przo (Tiecher et l., 212). Os sítios de troc do solo cpzes de dsorver P são finitos e possuem diferente finidde pelo íon fosfto. Por isso, s frequentes plicções de fosfto n superfície do solo sem revolvimento crim um região de sturção dos sítios mis retivos, onde grnde prte do P solúvel que não é sorvido pels plnts ou imoilizdo pel BMS é dsorvid com menor energi pelo solo, podendo tornr-se fcilmente disponível (Rheinheimer & Anghinoni, 21; Conte et l., 23; Kuo et l., 25; Gtioni et l., 27, 28; Tked et l., 29; Vu et l., 21; Wng et l., 21). Além disso, mtéri orgânic presente nos solos so pstge nturis, normlmente em teores elevdos, pode uxilir n rápid sturção dos grupos funcionis porque esses estão poucos disponíveis pr troc de ligntes em rzão d interção prévi e nturl dos sítios de dsorção com ácidos orgânicos de ixo peso moleculr, que exercem competição com os ío fosftos (Jones, 1998). Dess form, dição de fosftos, principlmente os solúveis, cri um miente fértil propício o melhor desenvolvimento ds espécies ntivs e ds exótics introduzids pstge nturis do sul do Brsil, diminuindo dependênci do P disponiilizdo pel ciclgem iológic e umentndo produção de forrgem. Este trlho ojetivou vlir o efeito d plicção de fontes de fosfto sore s forms de P no solo o longo de um ciclo de crescimento de pstge nturis em três experimentos conduzidos em diferentes solos do Rio Grnde do Sul, com e sem histórico de plicção de P. MATERIAL E MÉTODOS Descrição ds áres de estudo e trtmentos Este trlho foi cotituído de três experimentos conduzidos em diferentes regiões fisiográfics do RS. Dois experimentos (I e II), com histórico recente de plicção de P, form itldos em 28 de setemro de 21 num propriedde de pecuári com se em pstgem nturl no município de Cndiot. Esse está situdo n zon de trição entre região fisiográfic d serr do Sudeste e região d Cmpnh sulriogrndee (31 o 25 S, 53 o 34 O), sendo o I, so um solo Luvissolo Úmrico; e o II, so um Neossolo Litólico. O clim d região, segundo clssificção de Köppen, é do tipo sutropicl Cf, mesotérmico, com precipitção pluvil médi nul de 1.35 mm, tempertur médi nul de 18 o C, ocorrênci de geds de ril novemro e estige frequentes de novemro mio. A tempertur e precipitção pluvil médi mel históric e pr o período de estudo estão presentds n figur 1. As áres experimentis form cercds e vegetção roçd 5 cm d superfície do solo, sendo os resíduos retirdos d áre experimentl. Em seguid, os trtmentos rrnjdos em locos o cso com três repetições form implntdos e coistirm de um testemunh sem plicção de P e plicção superficil de 1 kg h -1 de P 2 O 5, n form de superfosfto triplo (SFT) e fosfto nturl (hiperfosfto de Gfs). Pr clculr quntidde de P plicd, coiderou-se o teor totl de P 2 O 5 do hiperfosfto de Gfs (28 %) e o teor de P 2 O 5 solúvel em citrto neutro de mônio + águ do SFT (46 %). Tods s prcels (6,25 m 2 cd) receerm 3 kg h -1 de N n form de urei; não foi diciondo fertiliznte potássico em rzão de o teor de K no solo dos dois experimentos ter sido clssificdo como muito lto (CQFSRS/SC, 24) (Qudro 1). O terceiro experimento (III), com um histórico de 13 nos de dução fosftd, foi itldo em um pstgem nturl n áre experimentl do Deprtmento de Solos d Universidde Federl de Snt Mri (UFSM), situd n região fisiográfic d Depressão Centrl do RS (29 o 43 S, 53 o 42 O), so R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

87 Lendro Bittencourt de Oliveir et l. um Argissolo Vermelho. O clim d região é clssificdo como sutropicl úmido Cf, segundo clssificção de Köppen, com precipitção pluvil médi nul de 1.769 mm, tempertur médi nul de Tempertur, o C 3 25 2 15 1 5 3 25 2 15 1 5 Médi históric de precipitção Precipitção no período de estudo Médi históric de tempertur Tempertur no período de estudo Médi históric de precipitção Precipitção no período de estudo Médi históric de tempertur Tempertur no período de estudo Set/1 Out/1 Nov/1 Dez/1 Jn/11 Fev/11 Mr/11 Ar/11 Mi/11 4 () Figur 1. Tempertur médi e precipitção médi áres experimentis de () Cndiot (experimentos I e II) e () Snt Mri (experimento III). Primeir flech indic dt de plicção ds fontes de fosfto (início do experimento) e s demis indicm s dts ds vlições d mss de forrgem. () 3 2 1 5 4 3 2 1 Precipitção pluvil, mm 19,2 C e ocorrênci de geds nos meses de mio gosto. A tempertur e precipitção pluvil médi mel históric pr o período de estudo são presentds n figur 1. O experimento foi itldo em 1997, em locos o cso com três repetições, e os trtmentos coistirm d plicção superficil de 18 kg h -1 de P 2 O 5 forms de hiperfosfto de Gfs e SFT e de um testemunh, sem plicção de P. Pr clculr quntidde de P plicd, coiderrm-se o teor totl de P 2 O 5 do hiperfosfto de Gfs (28 %) e o de P 2 O 5 solúvel em citrto neutro de mônio + águ do SFT (46 %). Em tod áre experimentl, form plicdos 13 kg h -1 de K 2 O, n form de cloreto de potássio. Em 1998 e 22, form replicdos 9 e 1 kg h -1 de P 2 O 5, respectivmente. Nos invernos de 1997, 1998 e 22, form introduzids n pstgem nturl s espécies zevém (Lolium multiflorum) e trevo vesiculoso (Trifolium vesiculosum) por meio de semedur diret depois de roçds. Desde então, pstgem ficou so crescimento livre. Em 27 de gosto de 21, pstgem foi roçd 5 cm d superfície do solo e, em seguid, form retirdos d áre experimentl os resíduos. Logo depois, form plicdos 3 kg h -1 de N n form de urei em todos os trtmentos e 1 kg h -1 de P 2 O 5 n form de hiperfosfto de Gfs e SFT. Assim, s vlições presentds neste trlho form otids n pstgem com o histórico de plicção de 47 kg h -1 de P 2 O 5 em cd fonte de P. Colet de solo e nálise de P Nos três experimentos, foi coletdo solo n cmd de -1 cm (oito sumostrs) ntes d plicção dos Qudro 1. Resumo ds plicções ds fontes de fosfto e crcterístics físics e químics, n cmd -1 cm, nos solos ntes d itlção dos experimentos Vriável Experimento I Experimento II Experimento III Luvissolo Úmrico Neossolo Litólico Argissolo Vermelho Aplicção d fonte de fosfto Meses pós início do experimento em que form plicds s fontes de fosfto + 12 + 6 + 156 Quntidde de P 2 O 5 plicd em cd plicção (kg h -1 ) 1 1 18+9+1+1 Quntidde totl de P 2 O 5 plicd (kg h -1 ) 1 1 47 Atriuto do solo ph(h 2 O) (1:1 v/v) 4,6 4,9 4,5 Argil (g kg -1 ) 19 19 17 Mtéri orgânic(g dm -3 ) 28 33 18 P (1) (mg dm -3 ) 5,7 2,6 1,4 K (2) (mg dm -3 ) 164 124 6 C 2+ (cmol c dm -3 ) 2,7 3,4 1,2 Mg 2+ (cmol c dm -3 ),8 1,5,7 Al 3+ (cmol c dm -3 ),9,5 1,3 CTC ph 7, (cmol c dm -3 ) 1,2 1,7 8, Sturção por ses (%) 39 49 4 Sturção por Al (%) 18 9 22 (1) Extrído por RTA; (2) extrído por Mehlich-1. R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS NATURAIS SUBMETIDAS À ADIÇÃO DE... 871 trtmentos pr crcterizção dos solos estuddos. Nesss mostrs de solo, form vlidos teor de rgil, mtéri orgânic, ph(h 2 O), P e K disponíveis e Al, C e Mg trocáveis (Tedesco et l., 1995) (Qudro 1). Nos experimentos de Cndiot, pós plicção dos trtmentos, form coletds mostrs de solo d cmd de -1 cm (oito sumostrs) nos dis 22/11/ 1, 22/1/11, 18/3/11 e 18/5/11, correspondentes 55, 116, 171 e 232 dis pós plicção dos trtmentos, respectivmente. No experimento de Snt Mri, s colets form relizds nos dis 16/1/21, 18/11/21, 3/1/211, 3/2/211 e 1/3/211, correspondendo 5, 83, 129, 159 e 186 dis pós plicção dos trtmentos, respectivmente. Nesss mostrs de solo, form vlidos o teor de P microino, P disponível por resin, P extrído por NOH.1 mol L -1, P orgânico e P totl. Após cd colet, s mostrs de solo form condicionds em cixs térmics com gelo. Logo depois, o solo foi peneirdo em mlh de 2 mm e rmzendo em incudor ±4 o C, té relizção d nálise de P imoilizdo n BMS. Posteriormente, o solo foi seco em estuf com circulção forçd de r ±65 C e rmzendo pr s demis nálises. O P imoilizdo n BMS foi estimdo pelo método de fumigção-extrção, pós extrção de P inorgânico com resin de troc niônic (RTA) (Hedley & Stewrt, 1982). Três conjuntos (A, B e C) de mostrs de solo (1, g) form gitdos com 1 ml de águ destild e um lâmin de RTA por 16 h 25 C. Posteriormente, s lâmi de RTA form retirds, o solo foi centrifugdo por 15 min 2.51g e o sorendnte foi descrtdo. Um conjunto de mostr de solo (A) foi fumigdo com 1 ml de clorofórmio (livre de álcool) por 24 h 25 C, e os outros dois conjuntos (B e C) form mntidos so mesm condição sem clorofórmio (não fumigdo), dicionndo 1 ml de águ destild pr mnter proporção. A recuperção do P rmzendo n BMS foi corrigid pel sorção de P inorgânico durnte extrção, utilizndo um concentrção de 5 mg kg -1 de solo no conjunto C. O P lierdo mostrs fumigds e não fumigds foi extrído com 1 ml de NHCO 3,5 mol L -1 (justdo ph 8,5) por 16 h (relção solo:extrtor 1:1) e centrifugdo por 15 min 2.51g. Posteriormente, os extrtos dos três conjuntos de solo (A, B e C) form digeridos com ácido sulfúrico (H 2 SO 4 ) e persulfto de môni ((NH 4 ) 2 S 2 O 8 ) em utoclve 121 C (USEPA, 1971), com susequente determinção de P, de cordo com método descrito por Murphy & Riley (1962). Finlmente, o teor de P rmzendo n BMS foi clculdo pel equção propost por Morel et l. (1996): P rmzendo n BMS = 5([P] A -[P] B ),4([P] C -[P] B ) em que,4 é o ftor de recuperção (K p ) utilizdo, ssumindo que somente 4 % do P rmzendo n BMS form extrídos pelo método (Brookes et l., 1982). O teor de P disponível por resin de troc niônic (RTA) foi determindo conforme segue: 1, g de solo foi condiciondo em tuos flcon de 15 ml. Em seguid, form diciondos 1 ml de águ destild e um lâmin de RTA (plcs AR 13 QDP 434 Ionics Inc.), sturd com NHCO 3,5 mol L -1 ph 8,5. Após, procedeu-se gitção por 16 h, em gitdor tipo sem fim 25 C. As lâmi form então retirds e lvds com jtos de águ destild e depois eluíds em 1 ml de HCl,5 mol L -1. No extrto de HCl, o teor de P foi determindo conforme descrito por Murphy & Riley (1962). O P moderdmente láil foi estimdo pel dição de1 ml de NOH,1 mol L -1 em 1, g de solo em tuos flcon de 15 ml. Posteriormente, s mostrs form gitds por 16 h em gitdor tipo sem fim 25 o C com posterior centrifugção por 15 min 2.51g. Os extrtos form digeridos com H 2 SO 4 e persulfto de môni em utoclve 121 C (USEPA, 1971). Finlmente, os extrtos digeridos form sumetidos à determinção de P (Murphy & Riley, 1962). O P orgânico estimdo pelo método de ignição foi otido pel diferenç entre quntidde de P extríd com H 2 SO 4,5 mol L -1 de mostrs de solo ignificds (55 o C, 2 h), em como não ignificds (Olsen & Sommers, 1982). O P totl do solo foi estimdo pel digestão com H 2 SO 4 e H 2 O 2 n presenç de MgCl 2 sturdo (Olsen & Sommers, 1982). Todos os extrtos form reservdos e sumetidos à determinção de P, conforme proposto por Murphy & Riley (1962). Colet de mss verde e nálise de P A mss de forrgem cumuld foi vlid no di 18/5/11 (232 dis de crescimento) nos experimentos de Cndiot e no di 1/3/211 (186 dis de crescimento) no experimento de Snt Mri, coincidindo com dt d últim colet de mostrs de solo. Como ntes d plicção dos trtmentos todos os experimentos hvim sido roçdos 5 cm de ltur, ess vlição estimou mss de forrgem cumuld ds pstge durnte o período de miores temperturs do no, que é o período de mior crescimento ds pstge nturis no sul do Brsil. Ess vlição foi relizd em qutro sumostrs de,25 m 2 por prcel. O mteril coletdo foi seco em estuf com circulção forçd de r ±65 ºC té peso cotnte e determind produção de mtéri sec. A mtéri sec vegetl foi sumetid à digestão sulfúric e nálise do teor de P, conforme Tedesco et l. (1995). Finlmente, foi relizdo um lnço teórico de P, coiderndo vrição do teor de P disponível por RTA no solo d cmd -1 cm entre primeir e últim colet de solo e quntidde de P cumuldo n iomss d prte ére d pstgem nturl. Análises esttístics Os ddos otidos form normlizdos, trformndo-os pr log (n+,5), ntes de relizr R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

872 Lendro Bittencourt de Oliveir et l. nálise d vriânci. Pr nálise d vriânci (ANOVA) ds forms de P no solo, o modelo esttístico dotdo foi um iftoril com prcels sudividids no tempo, em três locos csulizdos como repetições, ssim descrito: Y ijk = µ + B i + F j + erro (i, j) + D k + erro (i, k) + FD jk + erro c(i, j, k) em que µ = médi experimentl; B = locos (i = 1, 2, 3); F = fonte de P (j = 1, 2, 3); D = dis pós plicção ds fontes de P (k = 1, 2, 3, 4, pr os experimentos de Cndiot; e k = 1, 2, 3, 4, 5, pr o experimento de Snt Mri); e erro = erro experimentl. Qundo os efeitos dos trtmentos form significtivos p<,5 pelo teste de F, s diferençs entre s médis ds fontes de fosftos em cd époc de colet form comprds pelo teste de Tukey p<,5 e justds equções de regressão pr s épocs de mostrgem. RESULTADOS A plicção de fosfto solúvel n form de superfosfto triplo (SFT) umentou, em relção o teor originl do solo, 3,; 4,2 e 18,3 vezes no teor de P disponível n primeir colet dos experimentos I, II e III, respectivmente (Figur 2,,c). Mesmo com o decréscimo nturl com o pssr do tempo, disponiilidde mnteve-se superior àquel d testemunh no finl do período de vlição (232 dis). Nos experimentos I e II em Cndiot, com plicção recente de fosfto, o teor de P disponível diminuiu pultinmente nos trtmentos testemunh e fosfto nturl (FN) o longo ds vlições relizds (Figur 2,). A plicção de FN resultou no umento médio de pe 1,4 vez no teor de P disponível, comprtivmente à testemunh, ms diferiu dess pe n últim colet de solo. Já no experimento de Snt Mri, com histórico de 13 nos totlizndo plicção de 47 kg h -1 de P 2 O 5, o teor de P disponível com plicção de FN foi em médi (ds qutro vlições temporis) 4,3 vezes superior à testemunh, e últims dus colets foi equivlente o SFT. O teor de P microino não foi lterdo pel plicção de fontes de fosfto e pels épocs de vlição no experimento II, ms oservou-se interção entre esses dois ftores nos experimentos I e III (Qudro 2). No experimento I, o teor de P microino umentou com plicção de SFT pe n terceir colet (Figur 2d); e no III, o teor de P microino tmém umentou com plicção de FN pe n últim colet de solo, ms foi menor do que o teor otido com plicção de SFT (Figur 2f). Os teores de P extrído por NOH, P orgânico e P totl não presentrm interção entre s fontes de fosfto e s épocs de colet nos três experimentos (Qudro 2). O teor de P extrído por NOH não diferiu entre s épocs de vlição em todos os trtmentos nos três experimentos (Qudro 2). Comprtivmente à testemunh, nos experimentos com histórico recente de plicção de P (Cndiot), o teor de P extrído por NOH com plicção de SFT umentou 18 e 35 % no Luvissolo e no Neossolo (experimentos I e II), respectivmente (Qudro 3). Já no experimento com histórico de 13 nos de plicção de P (Snt Mri), o teor de P extrído por NOH umentou 42 e 88 % nos trtmentos com plicção de FN e SFT, respectivmente (Qudro 3). Nos experimentos I e II, com plicção recente de P, os teores de P totl não form lterdos pel plicção ds fontes de fosftos e não form diferentes entre s épocs de colet (Qudro 3). D mesm form, os teores de P orgânico não form lterdos pel plicção ds fontes de fosftos, ms durnte s colets relizds os 114 e 17 dis de vlição, que foi o período mis quente do no (meses de jneiro e mrço); esses teores form menores em todos os trtmentos (Figur 3). Já no experimento III, com o histórico de 13 nos de plicção de P, os teores de P totl e de P orgânico não form diferentes entre s épocs de colet. Nesse experimento, o P orgânico umentou em relção à testemunh proximdmente 1,1 e 1,2 vezes com plicção de FN e SFT, respectivmente, e o P totl umentou proximdmente 1,25 vez com plicção de FN e SFT (Qudro 3). No experimento com histórico de 13 nos de plicção de P, o umento no teor de P totl do solo n form orgânic foi de 17,4 %, com plicção de FN [(P orgânico FN - P orgânico testemunh )*1/(P totl FN - P totl testemunh )], e de 22,4 %, com plicção de SFT [(Porgânico SFT - P orgânico testemunh )*1/(P totl SFT - P totl testemunh )]. No trtmento com plicção de SFT, o cúmulo de P n prte ére d mss de forrgem foi respoável por pe 29 % d diminuição do teor de P disponível no solo d cmd de -1 cm nos dois experimentos de Cndiot, enqunto no experimento III, em Snt Mri, o cúmulo de P n prte ére ds plnts foi respoável por 52 % d diminuição do teor de P disponível ness mesm cmd (Qudro 4). Isso signific que n últim colet de solo relizd no trtmento com plicção de SFT proximdmente 71 e 48 % do P solúvel plicdo vi SFT form dsorvidos pelo solo, presentndo ssim menor disponiilidde às plnts no curto przo. DISCUSSÃO A plicção de SFT foi mis eficiente em elevr o teor de P disponível do solo comprtivmente o FN, como pode-se verificr pelos teores de P extrído por RTA primeirs colets de solo dos três experimentos (Figur 2,,c). A plicção de FN somente possiilitou disponiilidde de P equivlente o fosfto solúvel n últim vlição, emor s doses R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS NATURAIS SUBMETIDAS À ADIÇÃO DE... 873 tenhm sids s mesms, em rzão do decréscimo n disponiilidde de P do SFT que ocorreu em prte pel sorção de P pel pstgem, como oservdo por Sorn- Srivichi et l. (1988) (29 e 52 % pr os experimentos I e II, em Cndiot, e pr o experimento III, em Snt Mri, respectivmente), e em prte pel dsorção de P pelo solo (Qudro 4), e não pelo umento d disponiilidde proporciond pelo FN. Isso demotr que disponiilizção de P do FN no curto e no médio przo é muito ix, especilmente onde concentrção de C e o ph do solo são miores, como no experimento II de Cndiot (Dis, 1978). Pr o período vlido, plicção de FN não presentou disponiilizção de P o longo do tempo nos experimentos de Cndiot e pe um pequeno incremento no teor de P disponível n segund colet no experimento III em Snt Mri, por cus do histórico de 13 nos de fertilizção. Apesr disso, esse umento foi inferior o otido com plicção de fosfto solúvel. P disponível por RTA, mg kg -1 25 2 15 1 5 25 2 15 1 5 25 2 15 1 5 Experimento I - Luvissolo Úmrico (1) SFT,R 2 =,97* Gfs,R 2 =,61* Testemunh,R 2 =,69* 55 116 171 232 Experimento II - Neossolo Litólico SFT, R 2 =,98* 55 116 171 232 Gfs, R 2 =,4* Testemunh,R 2 =,5* Experimento III - Argissolo Vermelho c c SFT, R 2 =,83* Gfs, R 2 =,74* Testemunh, c () () (c) Experimento I - Luvissolo Úmrico SFT Gfs Testemunh 55 116 171 232 55 116 171 232 SFT Gfs Testemunh 5 83 129 159 186 5 83 129 159 186 Di pós plicção ds fontes de P Experimento II - Neossolo Litólico SFT Gfs Testemunh Experimento III - Argissolo Vermelho Figur 2. Vrição do teor de P extrído por RTA (,, c) e teor de P rmzendo n BMS (d, e, f), pós plicção de fontes de fosfto em solos so pstgem nturl. Diferenç significtiv p<,5 entre épocs de vlição. Médis seguids pel mesm letr em cd époc de vlição, comprndo s fontes de fosfto, não diferem significtivmente entre si em nível de p<,5 pelo teste de Tukey; e : não significtivo. (d) (f) c (e) 8 6 8 6 4 2 8 6 4 2-1 4 2 P microino, mg kg -1 R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

874 Lendro Bittencourt de Oliveir et l. Qudro 2. Significânci dos efeitos dos ftores experimentis e su interção so s forms de P em solos so pstgem nturl como resultdo d nálise d vriânci Solo/Fonte de vrição P-RTA P microino P-NOH P orgânico P totl Experimento I - Luvissolo Úmrico Fonte de fosfto ** ** Tempo ** ** *** Fonte de fosfto x Tempo ** ** Experimento II - Neossolo Litólico Fonte de fosfto *** * Tempo ** ** ** Fonte de fosfto x Tempo ** Experimento III - Argissolo Vermelho Fonte de fosfto *** ** *** ** ** Tempo ** Fonte de fosfto x Tempo ** ** : não significtivo. *, ** e ***: significtivo p<,5, p<,1 e p<,1, respectivmente. Qudro 3. Teor de P extrído por NOH,1 mol L -1, P orgânico totl e P totl em diferentes solos so pstgem nturl, sumetidos à plicção de diferentes fontes de fosfto Solo/Trtmento Experimento I - Luvissolo Úmrico P-NOH,1 P P mol L -1 orgânico totl mg kg -1 Testemunh 126 12 33 Gfs 117 125 331 SFT 149 122 333 Experimento II - Neossolo Litólico Testemunh 97 13 273 Gfs 12 13 333 SFT 131 138 315 Experimento III - Argissolo Vermelho Testemunh 6 c 81 c 225 Gfs 85 89 271 SFT 113 96 292 Médis seguids pel mesm letr n colun em cd solo não diferem significtivmente entre si p<,5 pelo teste de Tukey. O umento do teor de P disponível com plicção de fosftos solúveis em solos de mientes de pstge nturis com ixos teores de P pode umentr importânci ds frções inorgânics láeis do nutriente pr nutrição ds plnts. Dess form, s espécies ntivs, componentes ds pstge nturis, podem tornrem-se menos dependentes d minerlizção ds frções orgânics de P pr produção de forrgem (Tiecher et l., 213). O teor de P imoilizdo pel BMS não compnhou o umento dos teores de P disponível n miori dos csos, demotrndo-se um indicdor pouco seível à plicção de diferentes fontes de fosftos em pstge nturis. Com exceção d últim colet de solo no experimento III em Snt Mri e d terceir colet de solo no experimento I em Cndiot, o teor de P imoilizdo n BMS presentou vrições o longo do tempo que ocorrerm sem influênci dos trtmentos. Isso ocorreu porque o umento d imoilizção de P n BMS depende de outros ftores lém d disponiilidde de P nos solos, como s fontes de energi no sistem, ou sej, ofert de C de fácil decomposição. Ess ofert possui estreit relção com os ciclos de crescimento e morte d vegetção, que por su vez é coequênci principlmente de ftores so controle ntrópico como roçds (Rheinheimer et l., 28), pstejo e queimds (Oliveir et l., 211) e de ftores ióticos como tempertur, rdição, disponiilidde de águ, como no cso deste trlho. Isso pode ser verificdo pelo menor teor de P rmzendo n BMS colets de solo relizds durnte os períodos de temperturs mis lts (os 116 e 159 dis pós plicção dos trtmentos nos experimentos de Cndiot e Snt Mri, respectivmente - Figur 2 d,e,f) e pels diferençs no teor de P rmzendo pel BMS entre s fontes de fosfto plicds que só form oservds nos períodos em que não hvi déficit hídrico (os 171 e 186 dis pós plicção dos trtmentos no experimento I em Cndiot e no experimento III em Snt Mri, respectivmente - Figur 2 d,f). Como BMS não foi dreno do P disponiilizdo pel plicção de fertilizntes fosftdos, diminuição do teor de P disponível nos solos sumetidos à plicção de SFT provvelmente foi em rzão d sorção do nutriente pels plnts e d su dsorção pels prtículs retivs do solo. No qudro 4, evidenci-se que pstgem nturl foi mis efetiv em utilizr o P disponiilizdo pel plicção de fosfto solúvel (SFT) longo przo no experimento III em Snt Mri, comprtivmente o histórico recente de plicção de P nos experimentos I e II em Cndiot. R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS NATURAIS SUBMETIDAS À ADIÇÃO DE... 875 Qudro 4. Blnço de P em pstgem nturl so diferentes solos e sumetidos à plicção de diferentes fontes de fosfto Solo/Trtmento P disponível n cmd -1 cm (1) MS d prte Teor de P P cumuldo Primeir colet Últim colet Vrição ére (2) n MS (2) n MS Experimento I Luvissolo Úmrico kg h -1 Mg h -1 % kg h -1 Testemunh 8,6 4, -4,6 2,7,15 4,2 Gfs 11,8 7,8-4, 2,6,14 3,5 SFT 25,6 7, -18,6 2,9,19 5,3 Experimento II Neossolo Litólico Testemunh 3,8 1,8-2, 2,2,11 2,3 Gfs 5,5 4, -1,4 2,5,13 3,3 SFT 15,7 4,6-11,2 2,6,12 3,3 Experimento III - Argissolo Vermelho Testemunh 1,2 1,3,1 2,9,9 2,5 Gfs 5,2 6,1,9 3,,15 4,6 SFT 22,6 8,8-13,8 3,9,19 7,2 (1) Pr o cálculo de P disponível no solo d cmd de -1 cm form utilizdos o teor de P extrído por RTA e deidde médi de cd solo. (2) Avlições relizds n dt d últim colet de solo. P orgânico, mg kg -1 16 14 12 1 8 6 Experimento I - Luvissolo,R 2 =,98* Experimento II - Neossolo,R 2 =,96* Experimento III - Argissolo, 5 83 116129 159171 186 232 Di pós plicção ds fontes de P Figur 3. Vrição do teor de P orgânico pós plicção de fontes de fosfto em solos so pstgem nturl. Diferençs significtivs p<,5 entre épocs de vlição; e : não significtivo. Isso pode ser triuído dois principis motivos. Primeirmente, no experimento em Snt Mri, em rzão do seu longo histórico de dução fosftd, prte dos sítios mis retivos do solo já foi sturd e, por isso, o P diciondo vi SFT n últim plicção pode ter sido dsorvido com menor energi de ligção, presentndo mior disponiilidde pr s plnts (Brrow et l., 1998). Tl fto é confirmdo pelo incremento no teor de P moderdmente disponível estimdo pel extrção com NOH qundo d plicção de SFT (Qudro 3), o que tmém foi oservdo por Gtioni et l. (27). Já nos dois experimentos em Cndiot, que não tinhm sido fertilizdos nteriormente, possivelmente existi grnde quntidde de sítios de lt finidde por fosfto, resultndo em mior dsorção do P solúvel diciondo no solo. O outro possível motivo pode ter sido o menor crescimento d pstgem nos experimentos I e II em Cndiot, diminuindo ssim eficiênci d dução fosftd, pois o P solúvel que não foi sorvido pels plnts ou pel BMS foi então dsorvido pelos coloides inorgânicos do solo. O P extrído por NOH é um om indictivo d quntidde de P dsorvido pelos óxidos de Fe e Al do solo, e estim o teor de P moderdmente disponível no solo (Chng & Jckson, 1957; Hedley et l., 1982). Conforme Dis (1978), dmitindo-se que todo o P solúvel diciondo o solo n form de SFT ou proveniente d dissolução de um ptit de um fosfto nturl sej dsorvido pelos óxidos de Fe e Al, é possível compnhr dissolução de fosftos de cálcio por meio d extrção com NOH. Como nos experimentos de Cndiot o teor de P extrído por NOH com plicção de FN não diferiu do trtmento testemunh (Qudro 3), verific-se que dissolução do FN nos experimentos I e II foi muito ix. Somente no experimento de Snt Mri, com histórico de 13 nos de plicção de FN, o teor de P extrído por NOH foi superior o trtmento testemunh (Qudro 3). Esses resultdos clrmente evidencim lent dissolução dos FN, mesmo em condições de solos ácidos e com ixos teores de P e C. Existem escsss informções respeito dos ftores que fvorecem o umento do teor de P orgânico do solo, ms normlmente o incremento de P orgânico ocorre em sistems onde os teores de C orgânico totl e P totl umentm (Nziguhe & Bünemnn, 25). R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

876 Lendro Bittencourt de Oliveir et l. Como nos dois experimentos conduzidos em Cndiot plicção de 1 kg h -1 de P 2 O 5 não umentou o teor de P totl nem produção de iomss, o teor de P orgânico totl tmém não foi lterdo pelos trtmentos. Já no experimento em Snt Mri, por cus do histórico de plicção de 47 kg h -1 de P 2 O 5, houve umento de 25 % do teor de P totl com plicção de SFT e FN. Contudo, plicção de SFT incrementou de form mis centud produção de mss de forrgem o longo dos nos comprtivmente os FN (Gtioni et l., 2). Assim, em rzão do mior porte de resíduos senescentes ds plnts o solo, houve trformção do P inorgânico plicdo em forms orgânics com plicção de SFT, comprtivmente à plicção de FN (Qudro 3). Mesmo ssim, pe 17,4 e 22,4 % do P diciondo vi FN e SFT cumulrm-se n form orgânic, demotrndo que o P diciondo no solo está se rmzenndo principlmente em forms inorgânics, como oservdo tmém por Rheinheimer & Anghinoni (21), Conte et l. (23), Gtioni et l. (28), Cerett et l. (21) e Gurdini et l. (212). Nos solos so pstge nturis explords pel tividde pecuári por longos períodos de tempo, o teor de P totl do solo pode diminuir em rzão do exurimento ds reservs de P orgânico e inorgânico pel sorção ds plnts (Gtioni et l., 27; 28) e posterior exportção do elemento pel produção niml. Entretnto, durnte o período vlido não houve grnde exportção d forrgem produzid pels pstge, pe sorção do nutriente pels plnts. De modo gerl, o teor de P n mss sec d prte ére d pstgem nturl dos experimentos vlidos vriou de,9,19 %, e o cúmulo de P n mss sec d prte áre vriou de 2,3 7,2 kg h -1, o que não foi suficiente pr lterr o teor de P totl do solo, mntendo-o cotnte em tods s épocs vlids e em todos os solos. CONCLUSÕES 1. A plicção de fosfto solúvel em águ promoveu umento d disponiilidde de P no solo so pstge nturis, inclusive mntendo níveis mis elevdos em curto, médio e longo przos, comprtivmente o fosfto nturl. 2. A plicção de fertilizntes fosftdos, principlmente os solúveis em águ, em solos de ix fertilidde nturl, so pstge nturis, umentou importânci ds frções inorgânics láeis de P n disponiilizção do nutriente pr s plnts, tornndo-s menos dependentes d minerlizção ds frções orgânics. 3. O P microino não é om indicdor d iodisponiilidde de P em pstge nturis so Argissolos, Neossolos e Luvissolos do sul do Brsil, fertilizds com fosftos. LITERATURA CITADA BARROW, N.J.; BOLLAND, M.D.A. & ALLEN, D.G. Effect of ddition of superphosphte on sorption of phosphte. Aust. J. Soil Res., 36:359-372, 1998. BROOKES, P.C.; POWLSON, D.S. & JENKINSON, D.S. Mesurement of microil iomss phosphorus in soil. Soil Biol. Biochem., 14:319-329, 1982. CERETTA, C.A.; LORENSINI, F.; BRUNETTO, G.; GIROTTO, E.; GATIBONI, L.C.; LOURENZI, C.R.; TIECHER, T.L.; DE CONTI, L.; TRENTIN, G. & MIOTTO, A. Frções de fósforo no solo pós sucessivs plicções de dejetos de suínos em plntio direto. Pesq. Agropec. Brs., 45:593-62, 21. CHANG, S.C. & JACKSON, M.L. Frctiontion of soil phosphorus. Soil Sci., 84:133-144, 1957. CHIEN, S.H.; PROCHNOW, L.I.; TU, S. & SNYDER, C.S. Agronomic nd environmentl spects of phosphte fertilizers vrying in source nd soluility: n updte review. Nutr. Cycl. Agroecosyst., 89:229-255, 211. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - CQFSRS/SC. Mnul de dução e de clgem pr os Estdos do Rio Grnde do Sul e Snt Ctrin. Porto Alegre, SBCS/NRS, 24. 4p. CONTE, E.; ANGHINONI, I. & RHEINHEIMER, D.S. Fósforo d iomss microin e tividde de fosftse ácid pós plicções de fosfto em solo no sistem plntio direto. R. Brs. Ci. Solo, 26:925-93, 22. CONTE, E.; ANGHINONI, I. & RHEINHEIMER D.S. Frções de fósforo cumulds em Ltossolo rgiloso pel plicção de fosfto no sistem plntio direto. R. Brs. Ci. Solo, 27:893-9, 23. DIAS, V.M.C. Soluilidde de fosftos nturis ptíticos em cetto de môni em solos. Snt Mri, Universidde Federl do Rio Grnde do Sul, 1978. 56p. (Dissertção de Mestrdo) GATIBONI, L.C.; KAMINSKI, J.; RHEINHEIMER, D.S. & FLORES, J.P.C. Biodisponiilidde de forms de fósforo cumulds em solo so sistem plntio direto. R. Brs. Ci. Solo, 31:691-699, 27. GATIBONI, L.C.; KAMINSKI, J.; RHEINHEIMER, D.S. & BRUNETTO, G. Fósforo d iomss microin e tividde de fosftse ácids durnte diminuição do fósforo disponível no solo. Pesq. Agropec. Brs., 43:185-191, 28. GATIBONI, L.C.; KAMINSKI, J.; PELLEGRINI, J.B.R.; BRUNETTO, G.; SAGGIN, A. & FLORES, J.P.C. Influênci d dução fosftd e d introdução de espécies forrgeirs de inverno n ofert de forrgem de pstgem nturl. Pesq. Agropec. Brs., 35:1663-1668, 2. GATIBONI, L.C.; KAMINSKI, J.; RHEINHEIMER, D.S. & BRUNETTO, G. Superphosphte nd rock phosphtes s P-source for grss-clover psture on limed cid soil of Southern Brzil. Commun. Soil Sci. Plnt Anl., 42:1-12, 23. R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS NATURAIS SUBMETIDAS À ADIÇÃO DE... 877 GUARDINI, R.; COMIN, J.J.; SCHMITT, D.E.; TIECHER, T.; BENDER, M.A.; RHEINHEIMER, D.S.; MEZZARI, C.P.; OLIVEIRA, B.S.; GATIBONI, L.C. & BRUNETTO, G. Accumultion of phosphorus frctio in typic Hpludlf soil fter long-term ppliction of pig slurry nd deep pig litter in no-tillge system. Nutr. Cycl. Agroecosyst., 93:215-225, 212. HEDLEY, M.J. & STEWART, J.W.B. Method to mesure microil phosphte in soils. Soil Biol. Biochem., 14:377-385, 1982. HEDLEY, M.J.; STEWART, J.W.B. & CHAUHAN, B.S. Chnges in inorgnic nd orgnic soil phosphorus frctio induced y cultivtion prctices nd y lortory incutio. Soil Sci. Soc. Am. J., 46:97-976, 1982. JONES, D.L. Orgnic cids in the rhizosphere - criticl review. Plnt Soil, 25:25-44, 1998. KUO, S.; HUANG, B. & BEMBENEK, R. Effects of long-term phosphorus fertiliztion nd winter cover cropping on soil phosphorus trformtio in less wethered soil. Biol. Fertil. Soils, 4:116-123, 25. MURPHY, J. & RILEY, J.P. A modified single solution method for the determintion of phosphte in nturl wters. Anl. Chim. Act, 27:31-36, 1962. MARTINAZZO, R.; RHEINHEIMER, D.S.; GATIBONI, L.; BRUNETO, G. & KAMINSKI, J. Fósforo microino do solo so sistem plntio direto em respost à dição de fosfto solúvel. R. Brs. Ci. Solo, 31:563-57, 27. MOREL, C.; TIESSEN, H. & STEWART, J.W.B. Correction for P sorption in the mesurement of soil microil iomss P y CHCl 3 fumigtion. Soil Biol. Biochem., 28:1699-176, 1996. NZIGUHEBA, G. & BÜNEMANN, E.K. Orgnic phosphorus dynmics in tropicl groecosystems. In: TURNER, B.L.; FROSSARD, E. & BALDWIN, D.S., eds. Orgnic phosphorus in the environmentl. Wllingford, CAB Interntionl, 25. p.243-268. OLIVEIRA, L.B.; TIECHER, T.; QUADROS, F.L.F. & RHEINHEIMER, D.S. Fósforo microino em solos so pstgem nturl fetdo por queim e pstejo. R. Brs. Ci. Solo, 35:159-1515, 211. OLSEN, S.R. & SOMMERS, L.E. Phosphorus. In: PAGE, A.L.; MILLER, R.H. & KEENEY, Q.R., eds. Methods of soil nlysis. Chemicl nd microiologicl properties. Mdison, Soil Science Society of Americ, 1982. Prt 2. p.43-43. PELLEGRINI, L.G.; NABINGER, C.; NEUMANN, M.; CARVALHO, P.C.F. & CRANCIO, L.A. Produção de forrgem e dinâmic de um pstgem nturl sumetid diferentes métodos de controle de espécies indesejáveis e à dução. R. Brs. Zootec., 39:238-2388, 21. RHEINHEIMER, D.S.; ANGHINONI, I. & KAMINSKI, J. Depleção de fósforo inorgânico de diferentes frções provocd pel extrção sucessiv com resi em diferentes solos e mnejos. R. Brs. Ci. Solo, 24:345-354, 2. RHEINHEIMER, D.S. & ANGHINONI, I. Distriuição do fósforo inorgânico em sistems de mnejo de solo. Pesq. Agropec. Brs., 36:151-16, 21. RHEINHEIMER, D.S.; ANGHINONI, I.; CONTE, E.; KAMINSKI, J. & GATIBONI, L.C. Dessorção de fósforo vlid por extrções sucessivs em mostrs de solo provenientes dos sistems plntio direto e convencionl. Ci. Rurl, 33:153-159, 23. RHEINHEIMER, D.S.; ANGHINONI, I. & CONTE, E. Sorção de fósforo em função do teor inicil e de sistems de mnejo de solos. R. Brs. Ci. Solo, 27:41-49, 23. RHEINHEIMER, D.S.; MARTINAZZO, R.; GATIBONI, L.C.; KAMINSKI, J. & SILVA, L.S. Amplitude no fósforo microino em um Argissolo em pstgem ntiv sumetid à roçd e à introdução de espécies forrgeirs com fertilizção fosftd em diferentes épocs. Act Sci. Agron., 3:561-567, 28. SOARES, A.B.; CARVALHO, P.C.F.; NABINGER, C.; SEMMELMANN, C.; TRINDADE, J.K.; GUERRA, E.; FREITAS, T.S.; PINTO, C.E.; FONTOURA JÚNIOR, J.A. & FRIZZO, A. Produção niml e de forrgem em pstgem ntiv sumetid distints oferts de forrgem. Ci. Rurl, 35:1148-1154, 25. SORN-SRIVICHAI, P.; SYERS, J.K.; TILMAN, R.W. & CORNFORTH, I.S. An evlution of wter extrction s soil testing procedure for phosphorus. II - Fctors ffecting the mounts of wter-extrctle phosphorus in fields soils. Fert. Res., 15:225-236, 1988. SZILAS, C.; SEMOKA, J.M.R. & BORGGAARD, O.K. Cn locl Minjingu phosphte rock replce superphosphte on cid soils in Tnzni? Nutr. Cycl. Agroecosyst., 77:257-268, 27. TAKEDA, M.; NAKAMOTO, T.; MIYAZAWA, K. & MURAYAMA, T. Phosphorus trformtion in soyen-cropping system in Andosol: Effects of winter cover cropping nd compost ppliction. Nutr. Cycl. Agroecosyst., 85:287-297, 29. TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A.; BOHNEN, H. & VOLKWEISS, S.J. Análise de solo, plnts e outros mteriis. Porto Alegre, Universidde Federl do Rio Grnde do Sul, 1995. 174p. TIECHER, T.; RHEINHEIMER, D.S.; KAMINSKI, J. & CALEGARI, A. Forms of inorgnic phosphorus in soil under different long term soil tillge systems nd winter crops. R. Brs. Ci. Solo, 36:271-281, 212. TIECHER, T.; RHEINHEIMER, D.S. & CALEGARI, A. Soil orgnic phosphorus forms under different soil mngement systems nd winter crops, in long term experiment. Soil Till. Res., 124:57-67, 212. TIECHER, T.; OLIVEIRA, L.B.; RHEINHEIMER, D.S.; QUADROS, F.L.F.; GATIBONI, L.C.; BRUNETTO, G. & KAMINSKI, J. Phosphorus ppliction nd liming effects on forge production, floristic composition nd on soil chemicl properties in Cmpos Biome, Southern Brzil. Grss. For. Sci., doi: 1.1111/gfs.1279, 213. UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - USEPA. Methods of chemicl nlysis for wter nd wstes. Cincinnti, 1971. R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214

878 Lendro Bittencourt de Oliveir et l. VU, D.T.; TANG, C. & ARMSTRONG, R.D. Trformtio nd vilility of phosphorus in three contrsting soil types from ntive nd frming systems: A study using frctiontion nd isotopic leling techniques. J. Soils Sed., 1:18-29, 21. WANG, J.; LIU, W.-Z.; MU, H.-F. & DANG T.-H. Inorgnic phosphorus frctio nd phosphorus vilility in clcreous soil receiving 21-yers superphosphte ppliction. Pedosphere, 2:34-31, 21. R. Brs. Ci. Solo, 38:867-878, 214