ACESSO AO TERMINAL DE PASSAGEIROS POR MODAIS DE SUPERFÍCIE: UM ESTUDO PARA AEROPORTOS SELECIONADOS Mariana Sá Barreto dos Santos - IC Protógenes Pires Porto - PQ RESUMO Até pouco tempo atrás, os operadores aeroportuários costumavam considerar que o problema de chegar ao aeroporto era predominantemente do domínio do planejador do transporte urbano e dos operadores do transporte de superfície. Entretanto, o congestionamento e as dificuldades em acessar o aeroporto acarretam fortes implicações nas operações do mesmo. Nesse sentido, o presente trabalho procurou identificar e analisar a interferência dos modais de superfície no dimensionamento das instalações e na operação de alguns aeroportos brasileiros, com ênfase nos aeroportos da cidade de São Paulo. ABSTRACT Up to a few years ago it was customary for airport operators to consider that the problem of getting to the airport was chiefly the domain of the urban transportation planner and of the surface transport operators. But congestion and difficulties in accessing airports have very strong implications on their operations. In that sense, the present work tried to identify and to analyze the interference of the modal of surface in the project of the facilities and in the operation of some Brazilian airports, with emphasis in the airports of the city of São Paulo. 1. INTRODUÇÃO Atualmente, o sistema de acesso deve ser considerado como parte integrante do complexo aeroportuário, pelas diversas conseqüências que os congestionamentos de tráfego podem trazer às funções para as quais os aeroportos são projetados. Esse aspecto torna-se ainda mais relevante quando se trata de aeroportos situados nas proximidades de grandes áreas metropolitanas, uma vez que nestas o fenômeno da interrupção das linhas rodoviárias tende a se intensificar cada vez mais com o crescimento urbano. Nesse sentido, surge a preocupação de se avaliar a viabilidade da ampliação ou construção de linhas metro-ferroviárias destinadas aos aeroportos, sejam estas exclusivas ou não. Embora essa pareça ser, em alguns casos, a alternativa mais adequada, é necessário levar em consideração a percepção do viajante aéreo quanto às facilidades oferecidas por esse modal de acesso, já que esse tipo de usuário está mais freqüentemente preocupado com o conforto e a conveniência propiciados pelo serviço de transporte do que por outros fatores como o custo e o tempo da viagem de acesso. Este projeto teve como objetivo estudar a influência do tráfego de superfície, que se desenvolve pelas vias de acesso, sobre o dimensionamento das instalações e as atividades operacionais dos seguintes aeroportos: Aeroporto Internacional de São Paulo Guarulhos; Aeroporto Internacional de Congonhas São Paulo; e Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes Gilberto Freyre. Procurou-se, a partir dos dados e informações obtidos através de pesquisas e entrevistas apropriadas, traçar os perfis de como se configuram atualmente as atividades relacionadas à interface existente entre o sistema de acesso e as operações dos aeroportos escolhidos, bem como foram realizadas previsões das alterações acarretadas por mudanças que se encontrem sob análise ou já em processo de andamento, como os programas de modernização dos Aeroportos de Congonhas e Guarulhos e a ampliação do Aeroporto do Recife. Além disso, o presente trabalho visou efetuar uma análise comparativa de tais perfis com os estudos relativos a aeroportos europeus e americanos, cujos resultados são apresentados pela bibliografia utilizada como principal fonte de referência. 2. REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA Com a finalidade de introduzir e explorar alguns aspectos relevantes abordados por estudos que tratam da questão de acesso a aeroportos, foi realizada uma análise da bibliografia
utilizada como principal fonte de referência [1], cujos conceitos e modelos adotados, apesar de serem relativos aos maiores aeroportos do mundo, localizados na Europa e nos EUA, também podem ser semelhantemente aplicados a complexos aeroportuários brasileiros. Segundo as observações dessa bibliografia, embora a distribuição entre as categorias de usuários do aeroporto varie consideravelmente a cada caso considerado, pelo fato dessa divisão depender de aspectos como tamanho, localização geográfica, predominância do tipo de serviço aéreo do aeroporto e período de tempo analisado, observa-se que a maioria destes é composta por passageiros aéreos, seguida pela relevante parcela formada por visitantes (acompanhantes) e funcionários. A escolha do modal de acesso por parte de cada um desses grupos pode diferir entre si, já que o usuário busca a alternativa mais adequada à situação e finalidade da sua viagem de acesso ao aeroporto, considerando a sua percepção quanto às variáveis de custo, tempo gasto no percurso, conforto e conveniência, associadas a cada modal. No entanto, é possível afirmar que os modais baseados em sistemas rodoviários são atualmente vitais para a operação da maioria dos aeroportos, e assim devem permanecer num futuro previsível, exceto no caso de alguns aeroportos muito grandes, localizados em áreas metropolitanas onde o congestionamento do tráfego urbano seja muito pesado. Em relação ao planejamento, dimensionamento e operação do aeroporto, cada modal exerce um determinado tipo de influência, tais como a disponibilidade de estacionamento necessária para automóveis particulares, o fornecimento e controle de comprimentos de meio-fio adequados tanto para automóveis particulares como para táxis, ônibus e vans, bem como a facilidade de conexão requerida na interface entre sistemas ferroviários e o terminal de passageiros. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1. Modais de Acesso No presente momento, estão disponíveis, para os usuários que desejam acessar o Aeroporto do Recife, os seguintes modais de superfície: automóvel particular, táxis, vans e ônibus de linha. Dentre os fatores que fazem do automóvel particular o modal de acesso mais largamente utilizado, pode-se destacar: a proximidade do aeroporto não só do centro da cidade como também de bairros nobres e comercialmente importantes, como o de Boa Viagem e da Piedade; a fluidez, embora intensa, do tráfego de superfície pelas principais vias de acesso; e o fato dos custos associados serem relativamente baixos, como o de permanência no estacionamento, além, é claro, do conforto e da conveniência proporcionados por esse modal. O táxi é outro modal amplamente utilizado para acessar esse aeroporto, principalmente por passageiros em viagens de turismo de lazer ou negócios. Apesar de não existir nenhuma empresa concessionária, o serviço de vans como modal de acesso é razoavelmente comum, pelo fato das empresas que exploram esse serviço, hotéis e agências de turismo basicamente, atenderem não só a demanda de seus hóspedes e clientes, como também de qualquer usuário que deseje utilizá-lo. Embora apresente um custo muito baixo, os serviços de ônibus não são muito utilizados, já que a oferta não é de forma direta, rápida e com instalações adequadas, mas apenas constitui uma linha a mais do sistema de transporte público. Após a conclusão das obras de expansão do Aeroporto do Recife, o metrô será mais uma alternativa de modal de acesso. Essa proposta, embora pioneira, não se originou da demanda do aeroporto por novos sistemas de acesso. A intenção principal foi a ampliação da rede metroviária, e, para isso, aproveitou-se uma linha férrea já existente, necessitando apenas da construção da estação e de uma passarela dotada de esteira rolante para servir de interligação ao novo terminal de passageiros. Abaixo, segue uma tabela comparativa dos custos dos modais cujos serviços foram discutidos. Tabela 1: Quadro comparativo do custo médio do percurso Boa Viagem Aeroporto do Recife. Modal Custo (R$) Táxi 8,50 Van 10,00 Ônibus de linha 1,10 Fontes: COOPSETA e PontesTur Agência de Viagens Ltda.
Atualmente, a única forma de acessar o Aeroporto de Guarulhos é através de modais rodoviários, isto é, utilizando-se de automóvel ou ônibus, nas mais variadas maneiras em que estes são ofertados. No caso dos passageiros aéreos, os modais mais utilizados são o táxi, o ônibus especializado (empresa concessionária Airport Service ), as vans, cujo serviço é geralmente oferecido por companhias aéreas, agências de turismo e hotéis, e o automóvel, que normalmente é conduzido por um acompanhante, já que as tarifas do estacionamento são relativamente altas. Para os acompanhantes, o automóvel particular é o modal normalmente utilizado por ser mais rápido, seguro, conveniente e ter um custo associado ao percurso justo (custo do combustível), embora esteja sujeito a transtornos ao longo das vias de acesso e tenha uma opção de estacionamento no aeroporto cuja tarifa é um valor significativo, se comparado com o dispêndio da viagem de acesso. Já a maioria dos funcionários desse aeroporto geralmente é obrigada a utilizar mais de um tipo de modal como ônibus, trem metropolitano e metrô, dada a falta de ligação direta entre suas residências e o local de trabalho, com exceção daqueles cujas empresas disponibilizem ônibus ou vans ou que tenham condições suficientes para usarem o carro próprio. Pela Tabela 2 adiante, é possível observar que a maioria dos passageiros, cerca de 31%, utilizam o táxi, 55% dos acompanhantes usam o carro próprio e 27% dos funcionários, o ônibus de linha, nas suas viagens de acesso ao referido aeroporto. Tabela 2: Quadro de distribuição dos modais de acesso ao Aeroporto de Guarulhos. [2] Modal/Usuário Passageiros Acompanhantes Funcionários Ônibus de Linha 3% 6% 27% Ônibus fretado 1% 1% 14% "Airport Service" 18% 6% 10% Vans 2% 1% 5% Táxi 31% 6% 5% Carro próprio 21% 55% 16% Carro de terceiros 19% 20% 4% Metrô 2% 2% 14% Trem metropolitano ----- ----- 3% Outros 3% 3% 1% No entanto, com a finalidade de oferecer mais um modal de acesso ao Aeroporto de Guarulhos que não apresente várias das desvantagens associadas aos modais atualmente disponíveis, está em processo final de elaboração o projeto de uma ligação ferroviária exclusiva para o mesmo, cuja autoria é da CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. O nível de aceitação deste serviço é bastante alto, como mostra a Tabela 3 adiante. Tabela 3: Pretensão de uso do trem pelos grupos de usuários do Aeroporto de Guarulhos. [2] Uso do serviço / Grupo Passageiros (%) Acompanhantes (%) Funcionários (%) Certamente 62 60 59 Provavelmente 24 25 18 Total 86 85 77 Para todos os grupos de usuários desse aeroporto os modais que se desenvolvem sobre trilhos são considerados os melhores, pelo fato de serem rápidos, de baixo custo e de fácil acesso. A Tabela 4 adiante, a qual apresenta as estimativas quanto às variáveis tempo e tarifa da viagem de acesso do modal trem e de algumas possibilidades existentes, a partir de 3 possíveis terminais localizados na cidade de São Paulo, comprova esse aspecto, exceto quando comparado com a tarifa de ligação do ônibus especial Airport Service. No entanto, como o tempo de percurso associado a este último é muito superior, cabe ao usuário avaliar qual dessas duas variáveis de decisão é mais relevante para a escolha do modal de acesso.
Tabela 4: Quadro comparativo da tarifa e do tempo de acesso ao Aeroporto de Guarulhos, por modal. [2] Variáveis/ Aeroporto-Brás Aeroporto-Barra Funda Aeroporto-Pinheiros Ligação Trem Táxi Trem Táxi Trem Táxi Ônibus Tempo (min) 20 50 25 55 35 70 80 Tarifa (R$) 20,00 50,00 20,00 60,00 20,00 65,00 14,00 No caso do Aeroporto de Congonhas, os modais de acesso disponíveis também são os do tipo rodoviário, com predominância de automóveis particulares e táxis, como decorrência das características da localização do mesmo e pelo fato da maioria dos passageiros utilizarem-no por motivo de viagem a negócios. A proposta de implantação de uma ligação com a linha do Metrô de São Paulo encontra-se em estudo, mas é uma meta de médio prazo, para o ano de 2010. Assim, o sistema de estacionamento disponível torna-se um ponto de extrema importância para assegurar a fluidez do tráfego nas áreas próximas ao terminal de passageiros. O resultado de um estudo de previsão da demanda por número de vagas e área de estacionamento até o ano de 2020, considerando a função especificada para o mesmo, que pode ser acomodar tanto automóveis particulares (de passageiros e visitantes), como de funcionários, além de táxis e ônibus, pode ser observado pela Tabela 6 adiante, cujos valores foram obtidos com base na arbitragem dos dados da Tabela 5 abaixo. Tabela 5: Distribuição arbitrada para o uso dos modais de acesso ao Aeroporto de Congonhas. [3] Tipo de Modal Estimativa de uso (%) Automóvel particular 46 Táxi (comuns e especiais) 49 Automóvel alugado 1 Ônibus especial 1 Outros 3 Tabela 6: Previsão da demanda de estacionamento de veículos, por número e área, em m 2. [3] Estaciona- 2000 2005 2010 2015 2020 mento/ano Vagas Área Vagas Área Vagas Área Vagas Área Vagas Área Particulares 1771 47817 2620 70740 2860 77220 3120 89240 3340 90180 Táxis 7371 7371 7614 7614 7614 7614 7614 7614 7614 7614 Ônibus 2 200 2 200 2 200 2 200 2 200 Funcionários 1558 42066 1518 42066 1518 42066 1518 42066 1518 42066 3.2. Sistema Viário de Acesso Por estar situado em meio à área urbana da cidade, o Aeroporto do Recife é significativamente afetado pelo volume de tráfego desenvolvido nas suas principais vias de acesso, as avenidas Mascarenhas de Moraes, Barão de Souza Leão e Recife, as quais absorvem, respectivamente, cerca de 46,5%, 21,5% e 20,4% do fluxo de chegada ao aeroporto e 47,0%, 21,6% e 17,5% do de partida. [4] Como a Av. Mascarenhas de Moraes é a principal via de ligação ao centro da cidade, o fluxo de veículos que passam por ela é bastante pesado, notadamente o de automóveis e caminhões, de forma que os horários de pico de movimento estão situados entre 18:15 e 19:15 horas, no sentido cidade-subúrbio e entre 15:30 e 16:30, para o sentido contrário, coincidindo com a hora de pico de entrada e saída de veículos do atual terminal de passageiros a qual ocorre entre 15:00 e 16:00 horas [4]. Provavelmente, o trecho mais crítico do percurso de acesso ocorre onde há uma rotatória interligando as avenidas Mascarenhas de Moraes e Barão de Souza Leão, já que nesse local os fluxos provenientes de diversas direções sofrem um estrangulamento. Em decorrência da ampliação do Aeroporto do Recife o sistema viário passará por modificações que constarão da construção de duas alças de retorno sobre a Av. Mascarenhas de Moraes, de forma a possibilitar uma maior segregação entre o fluxo de veículos que se destinam ao aeroporto e o tráfego urbano, pelo menos nas áreas próximas a esse complexo. Essa foi a melhor
alternativa dentre as oito propostas avaliadas, principalmente por ser a de menor impacto no tráfego atual e por gerar poucos danos ambientais e urbanísticos. Para o usuário que parte da cidade de São Paulo, o acesso ao Aeroporto de Guarulhos pode ser feito por meio da Marginal Tietê, com posterior escolha entre as Rodovias Presidente Dutra e Ayrton Senna. Sob uma análise menos global, pode-se destacar outras vias de acesso de extrema importância, como a Av. 23 de Maio, a Radial Leste e a Hélio Smith, situada numa interface mais próxima das instalações desse sistema aeroportuário. Através de pesquisa de campo, observou-se que a Marginal Tietê é utilizada por 92%, 80%, 71%, 51%, 46% e 34% dos funcionários desse aeroporto residentes, respectivamente, na zona oeste, no centro, na zona sul, em outros municípios e nas zonas norte e leste da cidade de São Paulo. [2] Pela Tabela 7 abaixo, é possível perceber que o congestionamento de trânsito é, para todos os grupos de usuários, o fator preponderante como empecilho para se chegar ao Aeroporto de Guarulhos, sendo este, muitas vezes, um problema fruto das enchentes e acidentes nas Marginais. Tabela 7: Transtornos enfrentados no deslocamento ao Aeroporto de Guarulhos. [2] Principais Problemas Passageiros Visitantes Funcionários Enchentes nas Marginais 15% 14% 28% Acidentes nas Vias 16% 19% 25% Congestionamento 58% 51% 40% Assaltos 2% 2% 3% Erro do caminho 9% 15% 4% Conforme disposto na Tabela 8 a seguir, verifica-se que a ocorrência de transtornos aumenta significativamente a duração desse percurso, podendo atingir valores altíssimos como o observado para acompanhantes que partem de hotéis (2h e 24min). Tabela 8: Tempo médio de acesso dos passageiros e acompanhantes ao Aeroporto de Guarulhos. [2] Local de Passageiros Acompanhantes Partida/Condições Dias normais Dias difíceis Dias normais Dias difíceis Residência 1h 04min 1h 35min 59min 1h 33min Trabalho 56min 1h 28min 1h 02min 1h 33min Hotel 49min 1h 23min 1h 14min 2h 24min Casa de Amigos 1h 03min 1h 33min 43min 1h 27min Já as condições do sistema viário de acesso ao Aeroporto de Congonhas são críticas, pelo fato deste estar inserido numa área totalmente urbana e, assim, o tráfego de modais de superfície destinado a esse complexo se misturar ao fluxo de veículos urbanos, gerando fortes problemas de congestionamento. Como a maioria da região circundante ao Aeroporto de Congonhas faz parte das zonas 1, 2, e 3, classificadas, respectivamente, como áreas estritamente residenciais, predominantemente residenciais de baixa e média densidades [3], é praticamente inviável propor reformulações do esquema viário sem incorrer em impactos para a população. Assim, a única proposta do programa de ampliação existente, que se encontra em processo de negociação com a Prefeitura, visa facilitar o acesso viário ao aeroporto por meio da construção de um viaduto e de um túnel que ligariam a avenida Washington Luiz ao mesmo, com previsão de término para o ano de 2005. Essa medida, embora importante, não deve reduzir de forma significativa o congestionamento nas proximidades do aeroporto. 4. CONCLUSÕES Os estudos e análises empreendidos ao longo do desenvolvimento deste projeto constataram as observações anteriormente realizadas por trabalhos que, embora não se situassem no mesmo contexto e nem abordassem os mesmos objetos de estudo, foram capazes de traçar linhas de
caráter muito amplo, de forma a possibilitar previsões bastante coerentes em relação à situação real destes. Nesse sentido, observou-se que o modal predominante de acesso ao Aeroporto do Recife e de papel fundamental é o carro, quer seja este de domínio particular, quer seja ofertado como serviço, como é o caso dos táxis. Isso decorre de uma série de fatores relacionados não só ao contexto do aeroporto, como a proximidade do centro da cidade, como também às condições do sistema rodoviário de acesso, o qual além de confiável, ainda não alcançou a saturação. Aliadas a isso, há as facilidades proporcionadas pelo automóvel, como conforto e conveniência. Essa configuração não tende a se alterar, dado o fato do processo de modernização do aeroporto estar sendo acompanhando por uma remodelação do sistema de acesso, o que tende a reduzir os congestionamentos de tráfego urbano pelas vias de acesso. Essa previsão já está levando em consideração a disponibilidade do metrô como novo modal de superfície, fato que, apesar de ser bastante inovador, não deve atrair muitos viajantes aéreos tanto pelo baixo nível de conexões com outros modais como pelo possível desconforto de acomodação das instalações, já que ele não servirá exclusivamente esse tipo de passageiro. Já quanto ao Aeroporto de Guarulhos, a distribuição de escolha do modal de acesso se apresentou de forma análoga para o caso dos usuários do tipo passageiros e acompanhantes, com a predominância efetiva dos automóveis particulares e táxis. Entretanto, essa não foi a configuração observada quando da análise dos funcionários, os quais por estarem submetidos a uma diferente realidade perante esse aeroporto, acabam por seguir critérios de necessidade e não de conveniência, de forma a resultar no uso do ônibus de linha como principal modal de acesso. No entanto, essa situação é passível de mudança caso realmente sejam implantadas as ligações ferroviárias projetadas, uma vez que os índices de adesão, estimados com base em pesquisas, foram bastante altos. Os resultados apresentados referentes ao sistema viário de acesso a esse aeroporto foram capazes de revelar a sua deficiência, na maioria das vezes decorrente da superlotação de veículos cujos fluxos não são, mas deveriam ser segregados. Através das informações referentes à acessibilidade do Aeroporto de Congonhas foi possível observar a peculiaridade da situação desse aeroporto, que, por estar completamente inserido no contexto urbano da capital, apresenta uma série de restrições, desde relativas às possibilidades de alteração do sistema viário até as de implantação de novas alternativas de modais, como o metroviário. Por enquanto, tais alternativas só prevêem a interligação das estações existentes do Metrô de São Paulo ao aeroporto, pelo uso de modais como vans e micro-ônibus, de forma que as propostas de ligação metroviária direta serão estudadas segundo um horizonte de tempo maior. AGRADECIMENTOS Agradeço a todas as pessoas dos diversos órgãos e institutos visitados pela paciência e tempo disponibilizados a minha pessoa, no sentido de colaborar para a obtenção das informações necessárias ao desenvolvimento deste projeto. REFERÊNCIAS [1] Ashford, N. et al.; Airport Operations; McGraw-Hill, Inc., 2 nd ed.; New York, 1997; p 409. [2] CPTM: Companhia Paulista de Trens Metropolitanos; Pesquisa de Prospecção dos Serviços do Trem Exclusivo para o Aeroporto de Guarulhos; Secretaria dos Transportes Metropolitanos, Governo do Estado de São Paulo. [3] PDA: Plano de Desenvolvimento Aeroportuário, Revisão do Plano Diretor do Aeroporto de Congonhas - Relatório Gerencial n 0 04; Junho de 2002. [4] URB: Empresa de Urbanização do Recife; Plano Funcional dos Acessos ao Aeroporto Internacional dos Guararapes; Secretaria de Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente, Prefeitura da Cidade do Recife; Novembro de 2000.