CONTRIBUIÇÃO DO FÓRUM DAS ASSOCIAÇÕES EMPRESARIAIS PRÓ- DESENVOLVIMENTO DO MERCADO DE GÁS NATURAL CONSULTA PÚBLICA ANEEL Nº 005/2014



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Transcrição:

CONTRIBUIÇÃO DO FÓRUM DAS ASSOCIAÇÕES EMPRESARIAIS PRÓ- DESENVOLVIMENTO DO MERCADO DE GÁS NATURAL CONSULTA PÚBLICA ANEEL Nº 005/2014 Descrição: Obter subsídios para identificar a necessidade de criação de incentivos à instalação de centrais geradoras com potência instalada superior a 1 MW pertencentes a consumidores, bem como de debater a ampliação dos limites de aplicação do conceito de "net metering" para essas centrais e de obter informações adicionais sobre o tema. O Fórum das Associações Empresariais Pró-Desenvolvimento do Mercado de Gás Natural representado neste documento pela ABIAPE, ABRACE, COGEN, COGEN-RIO, ABGNC, ASPACER, ABRACEEL, ANACE, ANFACER, ABEGAS, ABIQUIM e ABIVIDRO apresenta, a seguir, suas contribuições para a Consulta Pública nº 005/2014 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O Fórum iniciou suas atividades no início de 2012, congregando organizações empresariais interessadas em promover o desenvolvimento do mercado do gás natural brasileiro. Reúne-se periodicamente com o objetivo de discutir e propor medidas de estimulo ao setor, buscando elevar a competitividade do gás natural e do país. Atualmente, fazem parte do Fórum associações que atuam em diversos segmentos da cadeia, tais como produção, comercialização, consumo, autoprodução e geração de energia elétrica. Diante da importância da presente discussão para o futuro energético do país, o Fórum decidiu elaborar esta contribuição, a qual será subscrita pelas seguintes entidades: Associações Signatárias da Presente Contribuição 1

O setor elétrico brasileiro tem enfrentado grandes desafios nas áreas de segurança de suprimento, competitividade e sustentabilidade socioambiental. A redução da capacidade de armazenamento das hidrelétricas, aliada ao significativo crescimento do consumo, tem evidenciado a necessidade de diversificação das opções de geração no país. Além disso, os vários apagões ocorridos nos últimos anos, que prejudicam sobremaneira os consumidores, têm demandado cada vez mais soluções para elevar a confiabilidade do seu atendimento. Para o próximo decênio, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que o consumo de eletricidade crescerá, em média, 4,1% ao ano, impulsionado principalmente pelos setores comercial e residencial. Nesse cenário, a geração distribuída surge com relevante papel na expansão da matriz. Conforme bem observado na Nota Técnica nº 0043/2010-SRD/ANEEL, a geração próxima ao local de consumo ou na própria instalação consumidora, a denominada geração distribuída, apresenta diversos benefícios, tais como: a) Postergação de investimentos em expansão nos sistemas de distribuição e transmissão; b) Baixo impacto ambiental; c) Menor tempo de implantação; d) Redução no carregamento das redes; e) Redução de perdas; f) Melhoria do nível de tensão da rede no período de carga pesada; g) Provimento de serviços ancilares, como a geração de energia reativa; h) Aumento da confiabilidade do atendimento, pois pode permitir a operação ilhada das cargas em caso de falhas nos sistemas de distribuição; e i) Diversificação da matriz energética. Ciente da importância de se estimular a geração distribuída, a ANEEL em ação inovadora editou a Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, estabelecendo o sistema de compensação de energia elétrica para micro e minigeradores. Na ocasião, foi estabelecido limite máximo de 1 MW de potência instalada para os empreendimentos com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada poderem aderir ao sistema. Até o momento, praticamente 100 consumidores brasileiros já realizaram sua adesão, conforme se observa da figura a seguir. Figura 1 Cenário Atual da Micro e Minigeração Distribuída. Fonte: ANEEL, apresentação em 9/4/2014. 2

Para os próximos anos, a EPE projeta crescimento exponencial da geração distribuída no país, que passará a exercer importante função no atendimento à demanda, conforme se extrai da seguinte passagem do Plano Decenal de Expansão de Energia 2022: No horizonte decenal, destaca-se o relevante papel da geração distribuída (autoprodução e fotovoltaica) no atendimento à demanda de eletricidade: estima-se que esta alternativa de atendimento permite abater em torno de 117 TWh da demanda solicitada à rede. (...) O montante de geração distribuída no final do decenal, ou seja, 117 TWh, corresponderá a algo equivalente à soma das energias asseguradas das duas maiores usinas hidroelétricas atualmente existentes no país: Itaipu (incluindo a parcela paraguaia) e Tucuruí I e II. Dentre as alternativas de geração distribuída, tem destaque a cogeração a gás natural. O mercado de gás natural brasileiro vem registrando elevadas taxas de crescimento nos últimos anos, com rápida expansão da produção e do consumo, além de relevantes investimentos em curso no setor. As descobertas de gigantes reservas de gás natural, principalmente com relação ao pré-sal e campos on-shore, aliadas com o maior dinamismo do mercado de gás natural liquefeito (GNL) no mundo, denotam um elevado potencial de crescimento da oferta de gás natural. A figura a seguir ilustra a projeção de oferta potencial de gás natural nos próximos dez anos, com crescimento esperado de 87% no período: Figura 2 Previsão de oferta potencial disponível de GN (milhão m³/d). Fonte: PEMAT 2013-2022. Esse crescimento da oferta vem criando oportunidades e desafios para novos aproveitamentos do gás natural no Brasil. No entanto, o crescimento da demanda está condicionado, primordialmente, a competitividade do gás em relação aos seus pares energéticos, além da adoção de políticas e a criação de incentivos que estimulem o desenvolvimento do setor. Nesse horizonte, a cogeração ou a produção simultânea e de forma sequenciada de duas ou mais formas de energia a partir de um único combustível surge como importante alternativa para destinação do gás natural. 3

Uma das principais vantagens da cogeração a gás natural é a eficiência energética resultante de uma menor perda de energia em todo o processo. A cogeração permite que uma mesma quantidade de gás natural produza mais energia, o que representa menor consumo de energéticos e menor emissão de poluentes, reduzindo, assim, o impacto ambiental. Outro benefício é a segurança operacional proporcionada pelo processo, uma vez que permite melhoria das condições de segurança e confiabilidade operacional. Por poder ser instalada próxima ao local de consumo, a cogeração a gás natural também mitiga custos de transmissão e distribuição de energia elétrica, reduzindo o custo da eletricidade para o usuário final. Isso representa grande vantagem, considerando-se que os investimentos com transmissão, e também as perdas de energia, tendem a crescer com o aumento das distâncias em que estarão localizadas as fontes de geração de grande porte no país. Nesse quesito, a cogeração a gás natural reduz a exposição dos usuários as falhas do sistema elétrico, minimizando o risco de apagões e maximizando a qualidade no suprimento. Também é imperioso destacar que a cogeração a gás natural representa importante modalidade de contratação de longo prazo, que eleva a garantia de suprimento dos usuários e diminui a vulnerabilidade do sistema elétrico às variações climáticas. O excedente de energia gerado, oriundo da maximização da exploração do gás natural, contribui para atender o crescimento da demanda, evitando desperdício e otimizando o suprimento. Dessa forma, a cogeração a gás natural apresenta diversas vantagens tanto para o usuário quanto para o sistema elétrico, motivo pelo qual deve ser estimulada. Ocorre que, a despeito dos seus inegáveis benefícios, o consumo de gás natural para cogeração vem apresentando declínio nos últimos anos, conforme se observa na figura a seguir: 2,43 2,90 3,01 2,92 2,46 2009 2010 2011 2012 2013 Figura 3 Consumo de gás natural para cogeração (milhões m³/d). Fonte: MME. Dentre os aspectos identificados como entraves para expansão da cogeração a gás natural, tem destaque o preço e a disponibilidade do gás natural e a impossibilidade de participação dos empreendimentos no sistema de compensação estabelecido pela ANEEL, o chamado net metering. Isso porque, na maioria dos casos, as centrais de cogeração a gás natural são dimensionadas com potência instalada superior a 1,0 MW, compatível com o perfil de carga do consumidor, o que as impedem de aderirem ao sistema. Tal aspecto pode ser comprovado pelo fato de que, até o momento, não existe empreendimento de cogeração a gás natural participante do sistema de compensação no país. 4

Nesse sentido, este Fórum entende que as possíveis barreiras regulatórias devem ser mitigadas no sentido de incentivar a instalação de centrais de cogeração a gás natural, viabilizando a sua expansão em benefício do país. PROPOSTA O Fórum pleiteia que seja permitida a participação no sistema de compensações de empreendimentos com potência instalada superior a 1,0 MW, nas localidades estabelecidas pela distribuidora, até o limite de demanda máxima do consumidor ou da demanda contratada com a distribuidora local, conforme a necessidade do consumidor, ou seja, independente da potência instalada do gerador. Para isso, devem ser estabelecidos novos procedimentos de acesso a rede de distribuição para geradores com potência instalada superior a 1 MW, de forma a simplificar e viabilizar a participação dos agentes no sistema de compensação. Também devem ser estabelecidos critérios e procedimentos para que as distribuidoras possam determinar, e eventualmente revisar, as localidades onde a inserção da geração distribuída traria benefícios para a expansão da rede, sem prejuízo ao sistema de distribuição, e em prol da modicidade tarifária. Também deve ser mantida a regulamentação vigente da Resolução nº 482/2012 e os respectivos procedimentos simplificados para micro e minigeradores. E devem ser revistos os procedimentos de conexão de maneira a estabelecer um padrão único para todas as distribuidoras de energia do país. As propostas certamente estimularão esse importante modal de aproveitamento energético, com incentivo as parcerias entre empreendedores e distribuidoras e com a correta alocação de custos entre agentes. Vale frisar que a expansão da geração distribuída, principalmente em função da existência de fluxos em dois sentidos e injeções de variáveis em distintos pontos da rede, trará novos desafios para o sistema elétrico, que deverão ser mitigados através da tecnologia já existente no mundo, com instalação de procedimentos e equipamentos que busquem proteger a rede de indesejadas intermitências. Não obstante, a expansão da cogeração faz surgir novas oportunidades de negócio, como, por exemplo, a venda de produtos não elétricos, tais como sistemas de resfriamento e aquecimento. Além disso, há a redução das perdas elétricas, que contribuem para a modicidade tarifária ao reduzir o volume de energia que deve ser comprado pelas distribuidoras. Outro aspecto importante, também em benefício das concessionárias de distribuição de energia elétrica, é a possibilidade de transferência de investimentos de sua rede para a implementação de uma geração local, principalmente em função da existência de áreas já densamente ocupadas onde há dificuldade de expansão da malha de distribuição. Por outro lado, a geração distribuída igualmente possibilita o atendimento a cargas localizadas 5

em pontos isolados, auxiliando no crescimento do número de usuários do sistema elétrico. Por fim, é imperioso que o regulador acompanhe de maneira atenta e coordenada a expansão da geração distribuída na matriz elétrica brasileira, principalmente no que se refere a cogeração a gás natural, permitindo, assim, que seus evidentes benefícios se tornem realidade, em benefício de toda a sociedade. 6