PERSPECTIVAS DO CENÁRIO GEOPOLÍTICO DE ENERGIA E OS IMPACTOS NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL



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Transcrição:

ISSN 1984-9354 PERSPECTIVAS DO CENÁRIO GEOPOLÍTICO DE ENERGIA E OS IMPACTOS NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL Eduardo Costa (Universidade Federal Fluminense) Resumo: O incremento das fontes renováveis de energia apresenta-se com um dos maiores desafios da humanidade nas próximas décadas. Com a crescente demanda por energia, observada em vários países e considerando o cenário de aumento das necessidades energéticas mundiais, tornou-se necessário acelerar o processo de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e a descoberta e implementação de fontes renováveis de energia em escala grande o suficiente, que permita o decréscimo de emissão de poluentes e redução dos impactos negativos no meio ambiente, gerados pela utilização de energia a partir de combustíveis fósseis. A indústria petrolífera baseia-se em um recurso natural não renovável que constitui atualmente a principal fonte de energia mundial sem produtos substitutos próximos, se considerarmos toda a gama de usos e aplicações. Outra característica importante é a tendência a verticalização da cadeia produtiva, decorrentes das elevadas economias de escala e escopo das atividades de refino e diluição do risco associado a exploração e produção, bem como integração horizontal, em função da distribuição desigual das jazidas ao redor do mundo (MACHADO, 2013). Outro fato importante é a discussão sobre a utilização de combustíveis fósseis não convencionais, este tema surgiu com vigor ao longo de 2013 visto que os EUA (Estados Unidos da América) está elevando significativamente, investimentos para exploração destas fontes, mas precisamente a utilização do gás de xisto (shale gas). Considerando esta tendência também observada em outros países a ANP (Agência Nacional do Petróleo) trabalha para emissão das regras referentes a exploração das reservas não convencionais no Brasil. Adicionalmente, vários outros riscos são específicos à industria do petróleo : incertezas sobre a descoberta de novas reservas (risco geológico); incertezas com relação ao valor destas reservas no futuro, devido a volatilidade do preço do petróleo e seus derivados (risco comercial); surgimento de novos requisitos regulatórios e a possibilidade de quebra de contratos (risco politico). (NETO,2013) Importa salientar no que se refere a geração de energia elétrica que os riscos associados e os custos de geração são inibidores do acréscimo de energia disponível de maneira a suportar a crescente demanda mundial. Além de todas as dificuldades técnicas e econômicas, o impacto negativo ao meio ambiente deve ser reduzido a cada dia para que o crescimento da oferta de energia seja sustentável e perene. Assim, a exploração de combustíveis fósseis não convencionais bem como a utilização de recursos hídricos para aumentar a demanda energética, constituem-se em alternativas que requerem mais atenção por parte de todos os interessados (stakeholders) bem como aportes maiores de capital para sua utilização. A despeito de todos os desafios impostos pela demanda crescente por energia renovável e a necessidade imperiosa de reduzir e eventualmente reverter o processo de deterioração ambiental causado pela utilização de combustíveis fósseis, acredita-se que haverá crescimento substancial nos próximos anos da indústria do petróleo no Brasil e no mundo.

Neste sentido, o presente estudo tem o objetivo de identificar as tendências produtivas que podem impactar a indústria do petróleo no Brasil. Palavras-chaves: Energia, Petróleo, Gás 2

1 Introdução O incremento das fontes renováveis de energia apresenta-se com um dos maiores desafios da humanidade nas próximas décadas. Com a crescente demanda por energia, observada em vários países e considerando o cenário de aumento das necessidades energéticas mundiais, tornou-se necessário acelerar o processo de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e a descoberta e implementação de fontes renováveis de energia em escala grande o suficiente, que permita o decréscimo de emissão de poluentes e redução dos impactos negativos no meio ambiente, gerados pela utilização de energia a partir de combustíveis fósseis. A indústria petrolífera baseia-se em um recurso natural não renovável que constitui atualmente a principal fonte de energia mundial sem produtos substitutos próximos, se considerarmos toda a gama de usos e aplicações. Outra característica importante é a tendência a verticalização da cadeia produtiva, decorrentes das elevadas economias de escala e escopo das atividades de refino e diluição do risco associado a exploração e produção, bem como integração horizontal, em função da distribuição desigual das jazidas ao redor do mundo (MACHADO, 2013). Outro fato importante é a discussão sobre a utilização de combustíveis fósseis não convencionais, este tema surgiu com vigor ao longo de 2013 visto que os EUA (Estados Unidos da América) está elevando significativamente, investimentos para exploração destas fontes, mas precisamente a utilização do gás de xisto (shale gas). Considerando esta tendência também observada em outros países a ANP (Agência Nacional do Petróleo) trabalha para emissão das regras referentes a exploração das reservas não convencionais no Brasil. Adicionalmente, vários outros riscos são específicos à industria do petróleo : incertezas sobre a descoberta de novas reservas (risco geológico); incertezas com relação ao valor destas reservas no futuro, devido a volatilidade do preço do petróleo e seus derivados (risco comercial); surgimento de novos requisitos regulatórios e a possibilidade de quebra de contratos (risco politico). (NETO,2013) Importa salientar no que se refere a geração de energia elétrica que os riscos associados e os custos de geração são inibidores do acréscimo de energia disponível de maneira a suportar a crescente demanda mundial. Além de todas as dificuldades técnicas e econômicas, o impacto negativo ao meio ambiente deve ser reduzido a cada dia para que o crescimento da oferta de energia seja sustentável e perene. 3

Assim, a exploração de combustíveis fósseis não convencionais bem como a utilização de recursos hídricos para aumentar a demanda energética, constituem-se em alternativas que requerem mais atenção por parte de todos os interessados (stakeholders) bem como aportes maiores de capital para sua utilização. A despeito de todos os desafios impostos pela demanda crescente por energia renovável e a necessidade imperiosa de reduzir e eventualmente reverter o processo de deterioração ambiental causado pela utilização de combustíveis fósseis, acredita-se que haverá crescimento substancial nos próximos anos da indústria do petróleo no Brasil e no mundo. Neste sentido, o presente estudo tem o objetivo de identificar as tendências produtivas que podem impactar a indústria do petróleo no Brasil. Palavras chave: Energia, Petróleo, Gás. 2 Método de Desenvolvimento do trabalho No que se refere a objetivos, este estudo caracteriza-se como exploratório descritivo, visando mostrar o problema em discussão, caracterizando o objeto de estudo (GRAY,2009). A hipótese baseia-se na possibilidade de que variações no cenário global de energia não acarretem impactos negativos para a indústria do petróleo no Brasil, ocasionando redução em sua capacidade de geração de riqueza. Para realizar este estudo foi utilizado como método de pesquisa o levantamento bibliográfico. Este método consiste em estudos que analisam a produção bibliográfica sobre determinado assunto durante um período de tempo específico, evidenciando novas idéias, métodos e sub temas que possuem maior ou menor ênfase na literatura (NORONHA e FERREIRA, 2000). 4

A realização do levantamento bibliográfico ou do referencial conceitual teórico, resulta em um mapeamento da literatura sobre o assunto, e que possibilita: identificar lacunas onde a pesquisa pode ser justificada; determinara os termos da literatura que serão verificados empiricamente; permitir delimitar as fronteiras do que será investigado e proporcionar o suporte teórico para a pesquisa (MIGUEL,2007). A estrutura da pesquisa consiste em : >>Formulação do problema, definição dos objetivos, contextualização do problema e definição da metodologia; >> Levantamento de referencial teórico, em material já publicado, tais como artigos científicos,livros, relatórios técnicos, entre outros. >> Apresentação das oportunidades de discussão encontradas e possibilidade de melhorias que podem resultar de novas pesquisas (FLICK, 2013) 3 Resultados e Discussão Ao iniciar o estudo do tema proposto, é necessário apresentar um breve resumo do cenário recente da indústria do petróleo no Brasil. Em 1997 ocorreu a promulgação da Lei 9.478, conhecida como Lei do Petróleo. Entre outras medidas a Lei 9.478 acabou com o monopólio estatal, exercido através da Petrobras por mais de 40 anos, e possibilitou a participação da iniciativa privada nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás no país. A Lei do Petróleo também criou a ANP (Agência Nacional do Petróleo) como uma agência reguladora independente e estabeleceu o regime de concessão como mecanismo de transferência das atividades econômicas do Estado à iniciativa privada. Este novo marco legal atraiu diversas 5

empresas, nacionais e estrangeiras, que realizaram investimentos vultosos em exploração e produção, e que levaram à aceleração do desenvolvimento do setor no país (FERREIRA, 2013). O sucesso deste modelo permitiu ao governo federal anunciar em 2006 a autossuficiência em petróleo. Entretanto, após a descoberta de campos de petróleo gigantes no pré sal, o governo decidiu enviar ao congresso um conjunto de projetos de lei, visando a redefinição do marco regulatório deste setor (AZEVEDO, 2012). Essa mudança regulatória está causando impactos importantes no setor de petróleo, principalmente com relação a exploração e produção. Os incentivos do antigo regime regulatório (concessão) para o novo regime (partilha de produção) são significativamente diferentes e devem alterar o comportamento dos diferentes agentes que participam deste mercado, regulador ANP e PPSA (Pre Sál Pretroleo S A), Petrobras e as empresas privadas (BERNI, MANDUCA e SOARES, 2013). Além das mudanças do cenário interno, com maior participação estatal na exploração e produção das reservas do pré sal, devemos observar atentamente o deslocamento dos países em direção a alternativas que proporcionem menores custos de produção ou sejam fontes renováveis e menos poluentes. A IEA (International Energy Agency) divulgou em Novembro / 2013 em seu relatório anual World Energy Outlook, informações importantes sobre como o crescimento da demanda por combustíveis fósseis e sua participação na matriz energética global,devem se comportar até 2035. Como pode ser visto no gráfico abaixo, ainda prevalece a tendência de uma mudança devagar na demanda por fontes primárias de energia. Prevalecendo em posição de destaque, a utilização de combustíveis fósseis. 6

Figura 1: Demanda por fontes primárias de energia em Mtoe (Milhões de Toneladas de Óleo Equivalente) Fonte:www.worldenergyoutlook.org ** Barril de Óleo Equivalente: frequentemente usada para comparar volumes de petróleo e gás natural na mesma unidade aproximada de medida para diferentes tipos de gás natural (PETROBRAS, 2013) Depois da confirmação das significativas reservas de petróleo e gás do Pré Sal, confirmadas a partir de 2007, o Brasil assumiu posição de destaque entre os potenciais exportadores desta commodity. Adicionalmente, a necessidade de mudança de paradigma tecnológico e os vultosos investimentos necessários para a exploração destas reservas, configuram-se simultaneamente em desafios e oportunidades para o desenvolvimento da indústria brasileira (LUZ e OLIVEIRA, 2013). Considerando as próximas duas décadas, verifica-se a possibilidade de crescimento na produção de petróleo em algumas regiões do planeta. O Brasil ocupa a 13 posição de reservas provadas de petróleo e gás, segundo o Anuário Estatístico de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, 2012 (NETO,2013). Neste sentido, duas questões devem ser destacadas para mostrar o posicionamento estratégico do Brasil no mercado de petróleo e gás natural. Primeiro a produção offshore tem aumentado sua participação no mercado global. Segundo, há uma preocupação de países grandes consumidores com a dependência futura da produção dos membros da Organização dos Paises Exportadores de Petróleo (OPEP). A produção no Mar do Norte e no México já se encontra em declínio. A 7

estimativa do Departamento de Energia dos Estados Unidos para os próximos anos é de queda de produção nos países de fora da OPEP. Com base nessas estimativas, o mundo deve se tornar mais dependente da produção em países nos quais os riscos geopoliticos são elevados, com tensões políticas, possibilidades de guerras e conflitos e instabilidade econômica e institucional (COSTA, BOEIRA e AZEVEDO, 2013). Verifica-se no gáfico abaixo, a estimativa de participação do Brasil na produção de óleo entre 2013 e 2035. Figura 2: Contribuição dos países [para crescimento da produção global de petróleo entre 2013 e 2035 (mb/d : Milhões de Barris por Dia) Fonte:www.worldenergyoutlook.org Além das descobertas do pré sal, que posicionam o Brasil em posição de destaque no setor energético, devemos ressaltar o imenso potencial de fontes renováveis que podem ser desenvolvidas, proporcionando geração de energia limpa e sustentável. O rápido desenvolvimento das tecnologias para geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis associado à atenuação dos custos destas tecnologias tem estimulado um ciclo virtuoso. Os custos da energia eólica, solar fotovoltaica e algumas tecnologias de biomassa têm sido reduzidos, enquanto que a energia hidrelétrica e geotérmica ainda constitui-se, por vezes, a forma mais barata de gerar eletricidade (IRENA, 2013). Nos países membros da OECD (Organisation for Economic Co-operation and Developmente) a oferta total a partir de fontes renováveis cresceu 2,5% por ano entre 1971 e 2011, em comparação com 1,1% ao ano para o fornecimento total de energia primária. O crescimento anual da energia hidrelétrica (1,2%) foi menor qeu outras fontes renováveis, como a geotérmica (5,3%) e de 8

biocombustíveis e resíduos (2,7%). A energia solar e eólica cresceu nos países membros da OECD, principalmente onde o Governo tem políticas para o estímulo e expansão destas fontes de energia (OECD, 2013). A tabela 1 apresenta a produção de energia elétrica segmentada no Brasil, por fonte, nos períodos de Março de 2011 a Fevereiro de 2012 e de Março de 2012 a Fevereiro de 2013. Observa-se o elevado crescimento da energia eólica, bem como a recente participação da energia solar fotovoltaica na matriz energética brasileira. Isto confirma a tendência nacional de exploração de fontes renováveis de energia (MELO, 2013). Ministério de Minas e Energia (MME, 2013) Fonte: Na figura 3, podemos verificar o crescimento previsto para geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, segundo estudo realizado pela IEA (International Energy Agency) e divulgado em Novembro, 2013. 9

Figura 3: Crescimento na geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis entre 2011 e 2035 (TWh:Tera Watts hora) Fonte:www.worldenergyoutlook.org 4 Conclusão Apesar das perspectivas promissoras para os próximos anos, é importante atentar para a armadilha da produção de commodities em grandes volumes, transformando o país em mero exportador de matéria prima. A despeito das críticas e alertas por parte de organizações ambientais e o fato de que as preocupações com as questões climáticas ocupam um lugar de destaque em todo o mundo, sugerese em contrapartida, que existe uma preocupação acentuada por parte da opinião pública em usufruir de empregos e custos quanto menores por energia em detrimento das questões ambientais. Esta tendência favorece a indústria do petróleo na obtenção de seus objetivos. Adicionalmente, e não menos importante, é a questão da sustentabilidade sobre o tripé econômico social e ambiental. Importantes questões sobre a viabilidade da indústria do petróleo se desenvolver de forma a impulsionar a sociedade e garantir danos mínimos ao meio ambiente estão se destacando ao longo dos últimos 20 anos. A sociedade cobra dos governos e orgãos reguladores, maior transparência sobre a efetividade das ações tomadas para garantir o crescimento sustentável da indústria do petróleo. Ressaltamos por fim, que o preço do barril de petróleo se constitui na variável central e determinante para viabilizar a exploração e produção das descobertas na camada pré sal no Brasil 10

e em outros países, como o pré sal da Costa da África. Em virtude dos vultosos investimentos necessários para a exploração das áreas do pré sal, a variação de preços desta commodity é fator chave no avanço da exploração destas áreas. 5 Referências 11

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