SUSPENSÃO DE SUPERCÍLIO: VIA TRANSPALPEBRAL



Documentos relacionados
CIRURGIA DO NARIZ (RINOPLASTIA)

MAMOPLASTIA REDUTORA E MASTOPEXIA

PROLAPSO DE GORDURA ORBITAL

Redução da região frontal com incisão pré-capilar: relato de experiência e indicações

Victor Silvano Resende. Estabilidade da margem gengival após cirurgia para recuperação do espaço biológico - avaliação clínica

TRANSPLANTE CAPILAR COMO ALTERNATIVA PARA A CORREÇÃO DA ELEVAÇÃO DA LINHA DE IMPLANTAÇÃO PILOSA TEMPORAL APÓS RITIDOPLASTIAS

CIRURGIA DE RINOSSEPTOPLASTIA. Informações sobre a cirurgia

Tipos de tratamentos utilizados para os pectus: vantagens e desvantagens de cada um

A Estética da Mama CLÍNICA FERNANDO BASTO

Avaliação da Fisioterapia em Pré e Pós Cirurgia Plástica

CIRURGIA DE OTOPLASTIA (PLÁSTICA DE ORELHAS) Termo de ciência e consentimento livre e esclarecido

Dr. Athanase Christos Dontos

Blefaroplastia: elevação transpalpebral das sobrancelhas

Mobilização do músculo orbicular do olho na blefaroplastia inferior transconjuntival

BLEFAROPLASTIA (cirurgia plástica das pálpebras)

Média das medidas palpebrais em descendentes de orientais

LUZ INTENSA PULSADA FOTOREJUVENESCIMENTO. Princípios Básicos - P arte II. Dra Dolores Gonzalez Fabra

OTOPLASTIA (CIRURGIA ESTÉTICA DAS ORELHAS)

Diretrizes da OMS para diagnóstico de Dependência

Nefrolitotripsia Percutânea

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO PROCESSO SELETIVO 2013 Nome: PARTE 1 BIOESTATÍSTICA, BIOÉTICA E METODOLOGIA

RINOPLASTIA Cirurgia Plástica no Nariz

OTOPLASTIA ESTÉTICA (CIRURGIA DE ORELHA):

Marcelo c. m. pessoa

Cuidados com o corpo

Título: Modelo Bioergonomia na Unidade de Correção Postural (Total Care - AMIL)

Abordagem da reestenosee. Renato Sanchez Antonio

Exotropia consecutiva a cirurgia de endotropia

O QUE ESPERAR DA CONSULTA

ABDOMINOPLASTIA 01) P: QUANTOS QUILOS VOU EMAGRECER COM A PLASTICA ABDOMINAL?

Gestão da Qualidade Políticas. Elementos chaves da Qualidade 19/04/2009

ANÁLISE DE DIFERENTES MODELOS DE ATRIBUIÇÃO DE NOTAS DA AVALIAÇÃO INTEGRADORA (AVIN) DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DO UNICENP

Variação dos Custos Médicos Hospitalares VCMH/IESS Data-base - junho de 2010

EXERCÍCIO E DIABETES

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Artroscopia do Cotovelo

Protocolo em Rampa Manual de Referência Rápida

Você conhece a Medicina de Família e Comunidade?

Tratamento do Aneurisma da Aorta Abdominal por Cateter. anos, principalmente nos últimos cinqüenta anos. Uma doença antes não tratável, hoje

Preparação para a cirurgia da criança, jovem / família, enquanto Programa de Melhoria Contínua da Qualidade dos Cuidados de Enfermagem

Número 24. Carga horária de trabalho: evolução e principais mudanças no Brasil

A Meta-Analytic Review of Psychosocial Interventions for Substance Use Disorders

Na medida em que se cria um produto, o sistema de software, que será usado e mantido, nos aproximamos da engenharia.

Dor no Ombro. Especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo. Dr. Marcello Castiglia

Dr. Fábio Luiz Frade CIRURGIA PLÁSTICA

PESQUISA MAIORIDADE PENAL

Eduardo J. A. e SILVA 2 Camilla P. BRASILEIRO 3 Claudomilson F. BRAGA 4 Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO

Quando é aconselhável a colocação de próteses mamárias? Amastia (não há o desenvolvimento das mamas) Assimetria mamária (volumes mamários diferentes)

Modelos de gestão: eficiência, acessibilidade e clinical governance. Pedro Pita Barros

NEURALGIA DO TRIGÊMEO

MUDANÇAS NA ISO 9001: A VERSÃO 2015

Estética Clínica & Cirúrgica - Revinter- Edith Kawano Horibe

Bursite do Olécrano ou Bursite do Cotovelo

Fraturas do Terço Médio da Face

GARANTIA DA QUALIDADE DE SOFTWARE

A desigualdade de renda parou de cair? (Parte I)

Controle da bexiga e do intestino após dano na medula espinhal.

Miotomia glabelar fechada: uma nova abordagem cirúrgica para tratar rugas sem cicatrizes

República Federativa do Brasil Ministério da Fazenda PRECIFICAÇÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS

Uma análise econômica do seguro-saúde Francisco Galiza Outubro/2005

Precificação de Títulos Públicos

Implantação. Prof. Eduardo H. S. Oliveira

MERCADO DE CIRURGIA PLÁSTICA NO BRASIL 2009

ABDOMINOPLASTIA CIRCUNFERENCIAL E CONVENCIONAL PÓS GRANDE PERDA PONDERAL: EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UFPR NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS

Pedro e Lucas estão sendo tratados com. Profilaxia

Urologia Pediátrica Dr. Eulálio Damazio

Osteoporose Prevenção e Tratamento

INCIDÊNCIAS COMPLEMENTARES EM MAMOGRAGIA PROFESSORA KAROLINE RIZZON

Gaudencio Barbosa R4 CCP HUWC Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Radiology: Volume 274: Number 2 February Amélia Estevão

A comunicação de sites de clínicas de cirurgia plástica

Implante de Silicone nos Seios. 8 Questões frequentes

ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

Fratura da Porção Distal do Úmero

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

4 Avaliação Experimental

REGULAMENTO INSTITUCIONAL DO PACIENTE AMBULATORIAL

Prótese de silicone tem prazo de validade; veja respostas sobre implante

APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL: ESTUDO DOS FATORES DE ATRASO E DE ADIAMENTO DA ADAPTAÇÃO

Lifting de lábio superior associado à dermabrasão mecânica

PROJETO DE LEI Nº 060/2012

Estudo Exploratório. I. Introdução. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Pesquisa de Mercado. Paula Rebouças

AVALIAÇÃO DA EPIDEMIA DE AIDS NO RIO GRANDE DO SUL dezembro de 2007

CEGUEIRA E CATARATA. Perguntas e respostas

Sumário PNAD/SIMPOC 2001 Pontos importantes

Mercado de Trabalho. O idoso brasileiro no. NOTA TÉCNICA Ana Amélia Camarano* 1- Introdução

ANÁLISE DOS INDICADORES DE ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CIRÚRGICO

Miguel C. Branchtein, Delegacia Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul

Relacionamento dos médicos associados à SOGESP com os Planos de saúde. Apresentação em Agosto de 2012

GUIA PRÁTICO DOENÇA PROFISSIONAL - PRESTAÇÕES EM ESPÉCIE

EMENTA: Mamografia de rastreamento - Periodicidade atrelada a riscos - Financiamento Público CONSULTA

META 1. Identificar os pacientes corretamente

FATECIENS. Relatório Gerencial sobre o Sistema de Compras. Prefeitura de Sorocaba

O IMPACTO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE

Tromboembolismo venoso em Cirurgia Plástica: protocolo

Sistemas de Gestão Ambiental O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004

ANÁLISE DE FALHAS EM CADEIRAS COM AJUSTE DE ALTURA POR PISTÃO PNEUMÁTICA

Teste seus conhecimentos: Caça-Palavras

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Transcrição:

RTIGO ORIGINL Suspensão de supercílio via transpalpebral SUSPENSÃO DE SUPERCÍLIO: VI TRNSPLPERL row ptosis: trans palpebral approach GUILHERME HERZOG NETO 1, ROERTO SESTIÁ 2, GIOVNNI NDRÉ PIRES VIN 3 RESUMO Objetivo: nalisar a suspensão de supercílio via transpalpebral. Método: Foi realizado um estudo prospectivo, entre janeiro de 2003 e dezembro de 2004, incluindo todos os pacientes que procuraram o serviço com queixa de excesso de pele na pálpebra superior e/ou queixa de queda na posição do supercílio. No total, foram realizados 68 procedimentos cirúrgicos. Realizou-se registro fotográfico no pré-operatório e pós-operatório tardio, comparando-se o resultado obtido. Resultados: Quanto ao sexo, 88,9% dos pacientes eram do sexo feminino e 11,1% do sexo masculino. Observou-se que 22,3% dos pacientes tinham assimetria. suspensão foi bilateral em 94,1% dos casos e unilateral em 5,9%. Na maioria dos casos (88,9%), a colocação de um ponto de sustentação foi suficiente. Em 94,7% dos casos, a suspensão envolveu a região temporal do supercílio e, em 5,3%, apenas a porção nasal. Não houve relato de alteração de sensibilidade local nesta casuística. s complicações encontradas foram: edema local (100%); equimose (47,2%); depressão discreta no local por onde se passou o fio (100%). Conclusão: s vantagens da técnica apresentada justificam, na opinião dos autores, o seu emprego, como mais uma opção para elevação do supercílio. Descritores: lefaroplastia. Sobrancelhas, cirurgia. SUMMRY ackground: Transpalpebral browpexy could be performed as an adjuvant procedure to the upper blepharoplasty or as a separate procedure. Particular indications included patients with lateral brow ptosis and discrete forehead wrinkles and balding men. Method: During the years 2003 and 2004, a prospective study was conducted at the ntônio Pedro Hospital with this approach. During this period 68 surgeries were done. Every patient was photographed just before the surgery and after 6 months of the procedure; preoperative and postoperative pictures were analyzed to compare the results. Results: lmost 89% of patients were female. It was seen that 22.3% of patients had eyebrows asymmetry. ilateral browpexy were done in 94.1% of patients. In most cases (88.9%), only one stitch was needed to accomplish the browpexy and this stitch was located at the temples in 94.7% of cases and at the nasal side in 5.3% of patients. There were no decreased sensation and paresthesis in the undermined area in this casuistic. Complications during the postoperative course were: local swelling (100%), ecchymosis (47.2%), slightly depression at the site of anchoring stitch (100%). Conclusions: Transpapebral browpexy proved to be useful addition to blepharoplasty. Descriptors: lepharoplasty. Eyebrows, surgery. INTRODUÇÃO s características da região frontal e dos supercílios são influenciadas por vários fatores, entre eles, a idade, o sexo, a cultura, a etnia e as tendências da moda. mudança na posição do supercílio com o envelhecimento era considerada como resultado de um estiramento do escalpo e dos tecidos conectivos da região frontal, um mecanismo que deveria produzir uma queda uniforme de todo o supercílio, entretanto, durante a observação clínica diária, observou-se que o segmento lateral sofria uma ptose mais precoce que o segmento medial 1. Por esta razão, diversos autores se preocuparam em estudar a anatomia desta região, para melhor compreender o mecanismo de maior migração da porção lateral do supercílio 1-3. 1. Professor do Curso de Pós-graduação em Cirurgia Plástica Ocular do Serviço de Oftalmologia da Universidade Federal Fluminense, membro da Sociedade rasileira de Oftalmologia. 2. Professor do Curso de Pós-graduação em Cirurgia Plástica Ocular do Serviço de Oftalmologia da Universidade Federal Fluminense, Membro Titular da Sociedade rasileira de Cirurgia Plástica. 3. Membro Titular da Sociedade rasileira de Cirurgia Plástica. Correspondência para: Giovanni ndré P. Viana l. Jauaperi, 732 - Moema São Paulo, SP - CEP: 04523-013 - Fax: 0xx11 5055-3831 E-mail: gapvfvv@yahoo.com.br Rev. Soc. ras. Cir. Plást. 2005; 20(4): 231-6 231

Herzog Neto G et al. Os primeiros relatos para a correção da ptose do supercílio são creditados a Passot, em 1919, de acordo com Paul 4. partir da década de 30 do século XX, diversos métodos de tratamento da ptose do supercílio foram relatados na literatura 5-15. O objetivo deste estudo é avaliar a correção da ptose de supercílio por via transpalpebral, analisando a sua indicação, o grau de correção obtido e de satisfação dos pacientes. MÉTODO Foi realizado um estudo prospectivo no Serviço de Plástica Ocular da Universidade Federal Fluminense, entre janeiro de 2003 e dezembro de 2004. Foram incluídos nesta casuística todos os pacientes que procuraram o serviço com queixa de excesso de pele na pálpebra superior e/ou queixa de queda na posição do supercílio. Todas as operações foram feitas pela mesma equipe cirúrgica. o todo, foram incluídos 68 procedimentos cirúrgicos. Foi feito registro fotográfico no pré-operatório e no pós-operatório tardio (6 meses), comparando-se o resultado obtido. Cada paciente, ao fim do 6º mês, foi questionado sobre o grau de satisfação e sua resposta foi anotada em sua ficha ambulatorial. marcação do paciente foi feita, colocando-o sentado na mesa de cirurgia para que os tecidos ficassem sujeitos à ação da gravidade, avaliando deste modo o nível de suspensão desejado, qual região deveria ser elevada (segmento lateral e/ ou medial) e analisando o grau de assimetria presente. O rebordo orbitário superior foi demarcado e a chanfradura ou forâmen supra-orbital foi identificado, visando a preservação dos vasos e nervo supra-orbital (Figura 1). Foi empregada anestesia local (lidocaína 2% com epinefrina a 1:200.000) e sedação. pós a conclusão da blefaroplastia superior, realizou-se, com auxílio de uma pinça hemostática tipo Kelly, divulsionamento no plano submuscular na projeção do ponto de identificação da nova posição do supercílio. Foi usado um fio de mononylon 4/0, sendo que a agulha foi introduzida através da pele, na exata posição do ponto previamente demarcado, passando por todos os planos existentes, inclusive pelo periósteo. Esta agulha, então, foi trazida para a área cruenta da blefaroplastia, por baixo do plano submuscular (Figura 2). Com auxílio de uma agulha hipodérmica, que foi introduzida através deste plano submuscular, transfixou-se a pele no mesmo orifício por onde a agulha do fio de mononylon entrou. extremidade distal deste fio foi introduzida pelo orifício da agulha hipodérmica e, então, a agulha foi retirada, ficando neste momento as duas pontas do fio sobre a área cruenta da blefaroplastia (Figura 3). Com a ajuda de um afastador, para melhor visibilização, confeccionou-se o primeiro nó, tomando-se o cuidado de levá-lo até o periósteo e, a seguir, finalizou-se a amarração dos nós subseqüentes (Figura 4). Caso fosse necessária a elevação de outras partes do supercílio, a sistemática foi a mesma descrita acima. o final, foi revista a hemostasia no local e a área cruenta da blefaroplastia foi fechada de maneira usual. Figura 1 - Marcação dos pontos de elevação do supercílio. Figura 2 - Introdução do fio de mononylon. Rev. Soc. ras. Cir. Plást. 2005; 20(4): 231-6 232

Suspensão de supercílio via transpalpebral Figura 3 - Introdução da agulha hipodérmica. Figura 4 - Confecção dos nós. Figura 5 - Paciente 49 anos de idade. - pré-operatório. - pós-operatório de 1 ano. RESULTDOS o todo, foram realizados 68 procedimentos cirúrgicos para a correção da ptose de supercílio, sendo que 88,9% dos pacientes eram do sexo feminino e 11,1% do sexo masculino, com idade entre 22 e 72 anos, com média de 55,3 anos. Em 77,7% dos pacientes, os supercílios eram simétricos e em 22,3% dos casos havia uma assimetria visível. Do total de cirurgias realizadas, a suspensão bilateral ocorreu em 94,1% dos casos (Figuras 5 e 6), enquanto que em 5,9% dos pacientes, a cirurgia foi unilateral (Figuras 6 a 8). Entre os pacientes com assimetria, 62,5% dos casos foram submetidos à correção bilateral (Figura 9) e, em 37,5%, à cirurgia unilateral (Figura 10). área elevada em 94,7% dos pacientes foi a porção temporal do supercílio e, em 5,3% dos casos, a pexia foi realizada somente na região nasal. Na maioria dos casos, a colocação de um ponto de sustentação foi suficiente, entretanto, em 11,1% dos pacientes, dois ou mais pontos foram necessários para se atingir o objetivo desejado. O tempo médio de acompanhamento foi de 12 meses. Em 97,2% dos casos, a cirurgia foi considerada satisfatória. Nenhum Rev. Soc. ras. Cir. Plást. 2005; 20(4): 231-6 233

Herzog Neto G et al. Figura 6 - Paciente 45 anos de idade. - pré-operatório. - pós-operatório de 8 meses. Figura 7 - Paciente 48 anos de idade. - pré-operatório. - pós-operatório de 30 dias. Figura 8 - Paciente 46 anos de idade. - pré-operatório. - pós-operatório de 11 meses. Rev. Soc. ras. Cir. Plást. 2005; 20(4): 231-6 234

Suspensão de supercílio via transpalpebral Figura 9 - Paciente 69 anos de idade. - pré-operatório. - pós-operatório de 9 meses. Figura 10 - Paciente 66 anos de idade. - pré-operatório. - pós-operatório de 13 meses. Figura 11 - Paciente 44 anos de idade. - pré-operatório. - pós-operatório de 14 dias. Rev. Soc. ras. Cir. Plást. 2005; 20(4): 231-6 235

Herzog Neto G et al. paciente relatou alteração de sensibilidade local. Quanto às complicações existentes, todas foram consideradas mínimas, sendo relatadas: edema local (100%), que persistiu em média por um mês; equimose local com resolução espontânea entre 15 e 20 dias (47,2%); depressão discreta no local por onde se passou o fio de mononylon (100%), que se resolveu espontaneamente entre 14 dias e 2 meses. DISCUSSÃO O conceito moderno do supercílio ideal foi descrito por Westmore 6, em 1974. Desde então, diversos autores vêm tentando definir qual a forma e a posição ideal para o supercílio 7,8. Importante salientar que a ptose de supercílio causa um pseudo-excesso de pele na pálpebra superior. o menos que esta ptose seja corrigida antes da blefaroplastia superior, esta ressecção em excesso causaria uma diminuição da área de superfície entre o supercílio e a pálpebra superior, dando a impressão que a porção lateral do supercílio fora tracionada para a proximidade do rebordo orbitário; podendo ainda causar lagoftalmo e exposição da córnea 1,9-15. abordagem por via transpalpebral permite não somente o tratamento da ptose de supercílio, mas também a abordagem e tratamento dos músculos corrugadores, prócero e depressor do supercílio, bem como, preveniria a ptose de supercílio decorrente da hiperatividade destes músculos 9-11. Entretanto, alguns autores 11-13 acham que esta abordagem apresentaria algumas limitações, não estando indicada em casos graves de ptose ou em pacientes com ptose decorrente de paralisia. técnica proposta permite uma abordagem do supercílio sem acréscimo de cicatriz, aumentando o tempo de uma blefaroplastia clássica em aproximadamente 15 a 30 minutos. Outras vantagens deste procedimento são: a) não descolamento excessivo dos tecidos, representando menor morbidade, diminuindo o risco de lesão nervosa; b) a elevação do supercílio pode ser setorial ou não, e a suspensão pode ser ajustada em casos de assimetria; c) baixo custo, pois não necessita de material sofisticado; d) boa aceitação dos pacientes por ser procedimento pouco invasivo, com cicatriz bem escondida e de boa evolução. Houve um único caso em que a paciente não ficou satisfeita e atribuiu-se este resultado a uma expectativa irreal por parte dela, contudo, ela apresentava uma ptose bilateral importante, principalmente do segmento temporal. Observou-se que para casos de ptose grave, este procedimento apesar de trazer uma melhora significativa do problema, não é a solução definitiva, devendo ser indicado outro tipo de abordagem. meta da suspensão do supercílio é reposicionar e/ou remodelá-lo, para realçar a aparência facial do indivíduo. simples suspensão pode não alcançar este resultado e, por isso, todas as características da região periorbitária devem ser levadas em consideração na discussão pré-operatória com o paciente, pois são os detalhes deste conjunto que trazem a harmonia e a beleza desta região. Conclui-se que, apesar de não dispormos de uma grande casuística e de um seguimento prolongado destes doentes para demonstrar a sua durabilidade, entendemos que as várias vantagens da técnica apresentada e os resultados preliminares já justificam o seu emprego, principalmente nos casos de ptose de leve a moderada intensidade. REFERÊNCIS ILIOGRÁFICS 1. Knize D. n anatomically based study of the mechanism of eyebrow ptosis. Plast Reconstr Surg. 1996;97(7):1321-33. 2. Lemke, Stasior OG. The anatomy of eyebrow ptosis. rch Ophthalmol. 1982;100(6):981-6. 3. Meyer DR, Linberg JV, Wobig JL, McCormick S. natomy of the orbital septum and associated eyelid connective tissues: implications for ptosis surgery. Ophthal Plast Reconstr Surg. 1991;7(2):104-13. 4. Paul MD. The evolution of the brow lift in aesthetic plastic surgery. Plast Reconstr Surg. 2001;108(5):1409-24. 5. Castanares S. Forehead wrinkles, glabellar frown lines and ptosis of the eyebrows. Plast Reconstr Surg. 1964,34: 406-10. 6. Gunter JP, ntrobus SD. esthetic analysis of the eyebrows. Plast Reconstr Surg. 1997;99(7):1808-16. 7. Connell F, Lambros VS, Neurohr GH. The forehead lift: techniques to avoid complications and produce optimal results. esthetic Plast Surg. 1989;13(4):217-37. 8. McKinney P, Mossie RD, Zukowski ML. Criteria for the forehead lift. esthetic Plast Surg. 1991;15(2):141-7. 9. McCord CD, Doxanas MT. rowplasty and browpexy: an adjunct to blepharoplasty. Plast Reconstr Surg. 1990;86 (2):248-54. 10. Paul MD. Subperiosteal transblepharoplasty forehead lift. esthetic Plast Surg. 1996;20(2):129-34. 11. Ramirez OM. Transblepharoplasty forehead lift and upper face rejuvenation. nn Plast Surg. 1996;37 (6):577-84. 12. Knize DM. Limited-incision forehead lift for eyebrow elevation to enhance upper blepharoplasty. Plast. Reconstr Surg. 1996;97(7):1334-42. 13. Knize DM. Limited incision forehead lift for eyebrow elevation to enhance upper blepharoplasty. Plast Reconstr Surg. 2001;108(2):564-7. 14. Graziosi C, eer SMC. rowlifting with thread: the technique without undermining using minimum incisions. esthetic Plast Surg. 1998;22(2):120-5. 15. Elkwood, Matarasso, Rankin M, Elkowitz M, Godek CP. National plastic surgery survey: brow lifting techniques and complications. Plast Reconstr Surg. 2001;108(7): 2143-52. Trabalho realizado na Universidade Federal Fluminense, Hospital ntônio Pedro, Departamento de Oftalmologia Setor de Cirurgia Plástica Ocular; Niterói, RJ. presentado no XVI Congresso rasileiro de Prevenção à Cegueira e Reabilitação Visual, em setembro de 2004, no Rio de Janeiro, RJ e na XVIII Jornada Centro-Oeste de Cirurgia Plástica, em março de 2005, em Goiânia, GO. rtigo recebido: 06/12/2004 rtigo aprovado: 02/09/2005 Rev. Soc. ras. Cir. Plást. 2005; 20(4): 231-6 236