CONCLIMA São Paulo 11/9/2013

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Transcrição:

CTI e políticas públicas: algumas ligações e ideias básicas CONCLIMA São Paulo 11/9/2013 Sergio Margulis Secretário de Desenvolvimento Sustentável Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

I. Incertezas sobre os impactos das mudanças climáticas

II. Ligações da CTI com políticas públicas relativas ao clima 1) Os modelos climáticos não preveem a coisa talvez mais importante que são os eventos catastróficos 2) A discussão sobre a taxa de desconto dos modelos globais parou um pouco depois do Relatório Stern... E também o IRRA 3) Mesmo os eventos simples não podem ser previstos. No Rio vai chover mais ou menos? E a praia de Ipanema???... 4) As decisões de política pública são optar pelos erros tipo I ou II 5) Nas decisões sobre escolhas de erros (ou seja, de tomada de decisão) importam os tipping points... Aonde estamos?

III. Mitigação e adaptação Na mitigação somos um pequeno player mundial. Na adaptação estamos sozinhos Seguimos navegando em céu de brigadeiro... má previsão de tipping points negociações nem pra inglês ver vamos ter que esperar um evento insuportável... O problema do clima hoje se reduz a disputas sobre oportunidades de desenvolvimento... Erros de previsão de adaptação: um peso insuportável sobre o INPE? Sobre a Embrapa? O que é possível antecipar? Os NO REGRETS são os win-win passados Tem a política também. O que nos dizem nossos colegas africanos? Para eles 100% de certeza de mudanças do clima fariam eles investir?

IV. O pragmatismo chinês De tópico científico à prioridade política Significativos investimentos em energia limpa - US$ 29 bilhões em energia eólica em 2011 Estimativa de gerar um corte de 17% de emissões em relação a 2010: US$ 333 bilhões até 2015, e US$ 413 bilhões até 2020 Gap de financiamento equivalente a 2% do PIB em 2015, ou US$ 214 bilhões no período até 2015 (dos US$ 333 bilhões estimados)

Plano nacional chinês de CTI para o clima Dez tecnologias para mitigação: Geração de energia elétrica de alta eficiência Ciclo de combustão integrada baseada em gaseificação de carvão Não-convencional de exploração e desenvolvimento de gás natural Geração, armazenamento e conexão em rede de energia elétrica renovável de larga escala Energias para automóveis e combustíveis substitutos de baixo C Eficiência da oferta de energia urbana e uso final de energia Poupadoras de energia Eficiência e aumento de escala de energia de resíduos na produção de ferro e aço, metalurgia, química, materiais de construção Carbon sink na agricultura, florestas, pecuária e pântanos Captura e armazenamento de C

Plano nacional chinês de CTI para o clima Dez tecnologias de adaptação: Previsão e alerta de eventos climáticos extremos Água em áreas de secas recorrentes, alta eficiência de uso, e tecnologia de alocação otimizada Plantas resistentes a seca e altas temperaturas, e tecnologias de controle de pragas Proteção e correção de ecossistemas clima-sensíveis Avaliação de impacto e risco de mudança climática Adaptação integrada de saúde humana Adaptação de terras costeiras Segurança de engenharia urbana em resposta a eventos extremos Regulação e padrões de setores chave na adaptação climática Manipulação de clima controlada pelo homem

V. E nós? O PBMC aponta que a temperatura média em todas as regiões do Brasil será de 3 o a 6 o C mais elevada em 2100 do que no final do século, com reduções de até 40% na precipitação na Amazônia Legal e Caatinga. O governo brasileiro definiu reduções voluntárias de emissões para até 2020 da ordem de 37% das emissões em relação a 2005, ou cerca de 2 G t de CO2e não emitidos. Em junho atingimos 62% da meta. Para pós 2020 temos que planejar por conta do repique esperado e também do novo acordo climático internacional, que deve estar pronto até 2015. Responsabilidades comuns porém diferenciadas... Contra-senso gritante é que a termoeletricidade, admitida como um recurso de emergencial, hoje está no centro da matriz elétrica e tem expansão mais forte, mais subsídios e mais apoio político do que a eólica e solar. Faltam medição e mapeamento de vulnerabilidades, riscos de eventos climáticos extremos, impactos não-lineares e tipping points, downscaling dos modelos climáticos, e séries hidrológicas não estacionárias.

O Pragmatismo brasileiro Estratégia nacional de CT&I do MCTI para 2012-15 propõe investir em P&D da modelagem numérica de altíssima resolução, ampliação das redes de observação e treinamento pelo país contar com sistemas de observação e informação ambientais débeis 1) Implantação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais 2) Modelo brasileiro do sistema climático global no supercomputador Tupã, que assegure autonomia na geração de cenários climáticos futuros 3) Centros integrados de emergência nas grandes cidades que combinem o alerta a desastres naturais a defesa civil, segurança pública, fornecimento de energia elétrica, organização do trânsito e serviços afins 4) Avaliação do impacto dos oceanos nas zonas costeiras urbanas 5) Sistema de monitoramento e observação dos impactos das MC 6) Tecnologias e inovação para o enfrentamento dos efeitos das MC 7) Educação ambiental

Investimentos do governo brasileiro em CT&I associada a mudança do clima O Plano Brasil Maior é a principal estratégia de política industrial, tecnológica e de comércio exterior deste governo. Inclui adoção de fontes renováveis de energia pela indústria e a meta de reduzir de 150 TEP/unid de PIB industrial em 2010 para 137 em 2014 O governo federal lançou em abril de 2013 o Programa Inova Empresa para fomentar o investimento em inovação para elevar a produtividade e a competitividade, integrando numa matriz todos os recursos destinados a estimular a atividade, à la BF e MCMV A iniciativa prevê investimentos de R$ 32,9 bilhões em 2013 e 2014, incluindo maior apoio para projetos de risco tecnológico - cadeia agropecuária (R$ 3 bilhões), energias (R$ 5,7 bilhões), petróleo e gás (R$ 4,1 bilhões), complexo da saúde (R$ 3,6 bilhões), complexo aeroespacial e defesa (R$ 2,9 bilhões), tecnologias da informação e da comunicação (R$ 2,1 bilhões) e sustentabilidade socioambiental (R$ 2,1 bilhões). Desses recursos, cerca de R$ 1,3 bilhões foram etiquetados como investimentos associados a clima e biodiversidade; outros R$ 0,8 bilhão para infraestrutura urbana sustentável; e mais R$ 3,4 bilhões no programa Inova Energia (redes elétricas inteligentes, transmissão de energia em ultra-alta tensão, energias alternativas (fotovoltaica e heliotérmica), veículos híbridos e eficiência energética veicular). O InovaEmpresa utiliza principalmente financiamento advindo do Programa PSI (Programa para Sustentação do Investimento) do BNDES e será implementada pela nova Embrapii

Planejamento orçamentário - PPA de 2012-15 Desembolsos da ordem de R$ 2 bilhões destinados às seguintes iniciativas de políticas públicas: Desenvolvimento do Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global; Infraestrutura para atender as demandas das mudanças climáticas; Consolidação da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais; Fomento a pesquisas no âmbito de impactos, adaptação e vulnerabilidades às MC; Criação do marco legal e institucional do REDD; Comunicação Nacional do Brasil à Convenção sobre Mudança do Clima; Diagnóstico sobre oportunidades e desafios das fontes não convencionais de energia; Fomento a estudos, projetos e empreendimentos que visem à mitigação e à adaptação à MC; Implementação do Plano Nacional de Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS); Implementação do Plano Nacional sobre Mudança do Clima; Implementação do Programa Brasileiro de Eliminação dos Hidroclorofluorcarbonos (HCFCs); Monitoramento Contínuo das Emissões Setoriais de Gases de Efeito Estufa no Brasil; Operacionalização do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL); Adequação ecológica e socioambiental do uso de RN em áreas suscetíveis à desertificação; Elaboração do Programa Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas; Identificação, diagnose e combate aos processos de desertificação; Mapeamento e recuperação de áreas degradadas em processo de desertificação; Desenvolvimento de Sistema de Observação dos Impactos das Mudanças Climáticas; Expansão e modernização a infraestrutura física, computacional e de recursos humanos do CPTEC e aprimoramento de seus modelos computacionais.

OBRIGADO!!! sergio.margulis@presidencia.gov.br