Incentivar o Etanol e o Biodiesel (Promessa 13 da planilha 1) Entendimento: O governo adota medidas econômicas de forma a ampliar relativamente o emprego dos dois combustíveis. O termo ampliar relativamente significa substituir gasolina por etanol e óleo diesel por biodiesel. Portanto, o sucesso da promessa está espelhado na ocorrência da substituição. Dito de outra forma, o governo pode adotar o incentivo que for, mas se não houver a substituição, não há sucesso de acordo com este entendimento. A lógica econômica: as medidas oficiais de incentivo elevam a rentabilidade da produção de biocombustíveis. Em conseqüência, ocorrem entradas de novas empresas no setor e/ou ampliação da capacidade produtiva das empresas existentes. O aumento da produção implica redução do preço dos biocombustíveis em relação àquele dos concorrentes derivados do petróleo. Com menor preço relativo, a demanda por biocombustíveis aumenta relativamente à dos concorrentes. Circunstâncias dos Biocombustíveis: Etanol: O etanol ou álcool etílico é dividido em duas categorias de produto: a) o álcool anidro é acrescentado à gasolina pura (tipo A), pelos distribuidores de combustíveis, para formar a gasolina tipo C, aquela vendida no mercado interno; b) o álcool hidratado é aquele vendido no mercado interno, em concorrência à gasolina tipo C. A competência legal para definir o percentual de álcool anidro na gasolina é do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (CIMA). Atualmente vigora a mistura de 25% de álcool anidro na gasolina (ver Resolução nº 37 do Ministério da Agricultura, de junho de 2007, no anexo desta nota). Em abril de 2011, a medida provisória nº 532 alterou os limites da proporção de álcool na gasolina (ver anexo). Anteriormente à medida, o CIMA poderia definir a adição de álcool entre 20% e 25% do total da gasolina, admitido mais ou menos um ponto de percentagem como variação. Atualmente, os limites passaram a ser entre 18% (no mínimo) e 25% (máximo). Biodiesel: 1
A Lei nº 11 097, de janeiro de 2005, introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira, com a seguinte definição: Biodiesel: biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil Esta lei fixa em 5% o volume mínimo de acréscimo de biodiesel ao óleo diesel derivado de petróleo, com carência de oito anos para plena implementação. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) é o órgão regulador desta matéria. Este acréscimo de biodiesel é denominado Demanda Compulsória. Em 2011, a exigência está em 3%. As estatísticas dos Biocombustíveis: Os dados sobre a produção e o consumo dos biocombustíveis são coletados e apresentados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). O sítio do Ministério de Minas e Energia, da mesma forma, apresenta algumas informações. O problema é que a ANP não apresenta os dados de: a) consumo (ou venda) de gasolina tipo A (gasolina pura) e b) consumo de biodiesel. Embora a ANP colete as informações, somente dados de produção de biodiesel são apresentados, assim como o consumo de Gasolina C (já misturada ao álcool anidro). No caso do biodiesel, o quadro abaixo mostra que a produção equivale à Demanda Compulsória. EVOLUÇÃO ANUAL DA PRODUÇÃO, DA DEMANDA COMPULSÓRIA E DA CAPACIDADE NOMINAL AUTORIZADA PELA ANP Fonte: Boletim Mensal do Biodiesel (ANP/Biocombustíveis). O incentivo ao biodiesel está contido na forma da legislação. Ou seja, não tem havido, aparentemente, motivos econômicos que levassem o setor produtivo a ampliar a participação (produção, pois não há importação) do biodiesel, uma vez que a capacidade produtiva (barras azuis) não é limitante. 2
O indicador da Promessa: Há sucesso quando a participação do biocombustível, no mercado de seu concorrente derivado de petróleo, amplia. Com isso, sugerem-se dois marcadores: a) Etanol: Venda de álcool hidratado em percentagem da venda da gasolina C, segundo dados da ANP. b) Biodiesel: Participação da produção de biodiesel na venda interna de óleo diesel, segundo dados da ANP. A lógica do Etanol: O acréscimo, por força legal, do álcool anidro, à gasolina A, é um incentivo a este biocombustível. Nada obstante, é um montante fixo (desde 2007, em 25%). Sendo assim, mesmo que haja motivos econômicos para se acrescentar mais álcool anidro à gasolina A, isto não ocorrerá, a menos de uma alteração legal. Desta forma, a dinâmica de mercado (vantagens geradas pelos incentivos) só consegue captar o avanço na competitividade do etanol no segmento hidratado. A lógica do Biodiesel: A indisponibilidade no sítio da ANP de informações sobre o consumo interno de biodiesel conduz a uma situação em que se adota um indicador segundo melhor, na forma de volume de produção (em vez de consumo). Como não há fluxo de comércio externo, a produção nacional é um bom indicador do consumo aparente de biodiesel. De se notar que a demanda compulsória até 2010 tem absorvido a produção nacional e que a exigência legal de adição de biodiesel ao óleo diesel formam uma proporção mínima. Não há limite superior para o volume de mistura (como há para o álcool anidro na gasolina A). Contudo, na medida em que fluxos de comércio venham a ocorrer, sugere-se que as importações sejam comparadas às vendas de óleo diesel. Desta comparação, a percentagem resultante de biodiesel importado no total de venda de óleo diesel deve ser descontada da relação produção de biodiesel/venda de diesel. Dessa maneira, as exportações (quando houver) passam a ser computadas como resultado do incentivo e as importações são desincentivos. O indicador é dividido em duas abordagens: a) em base fixa: a relação (biocombustível/derivado de petróleo) é dividida pela mesma relação média do ano de 2010. Com isso, a comparação de base fixa permite analisar o desempenho do governo, a partir de 2011. Nesse sentido, o atual governo assumiu o País sob um determinado cenário (médio) para os biocombustíveis. Ao longo dos anos teria havido progresso? b) em base móvel: a relação (biocombustível/derivado de petróleo) é dividida pela mesma relação média do ano anterior. Com isto, é possível analisar os resultados da política para biocombustíveis ao longo do próprio governo. Por exemplo, um quadro em que haja deterioração continuada ao 3
longo dos meses, sem ferir (sem ficar abaixo) da situação inicial de 2010. As deteriorações não podem passar despercebidas. A especificação do indicador: Etanol: Indicador base fixa = (venda de etanol/venda de gasolina C) dividido pela média desta relação para o ano de 2010 que é de 35,42%. Indicador base móvel = (venda de etanol/venda de gasolina C) no mês de análise dividido por esta mesma relação no mês equivalente do ano anterior. A unidade de vendas está em barris de petróleo equivalentes. Se indicador < 1 Se indicador = 1 Se indicador > 1 Fracasso na Promessa. Fracasso na Promessa Sucesso na Promessa Indicador de Etanol Venda de Etanol hidratado/ venda de gasolina C base Fixa base móvel % % % Média 2010 35,42 jan/11 0,88 1,11 fev/11 0,83 1,24 mar/11 0,49 0,61 abr/11 0,32 0,32 mai/11 0,60 0,54 Fonte: ANP Percebemos, em ambos os indicadores, que a relação é decrescente até abril. Os meses de maio e junho mostram uma leve recuparação, porém, em julho, voltou a cair. Portanto, em julho, a promessa continua fracassada. Biodiesel: Indicador base fixa = (produção de biodiesel no mês analisado/venda de óleo diesel)dividido pela média desta relação em 2010 que alcança o valor fixo de 4,86%. 4
Indicador de base móvel = (produção de biodiesel no mês analisado/venda de óleo diesel) dividido por esta relação referente ao mesmo mês do ano anterior. Se indicador < 1 Se indicador = 1 Se o indicador > 1 Fracasso na Promessa. Fracasso na Promessa Sucesso na Promessa Indicador do Biodiesel Produção de Biodiesel/ Venda de Diesel % Média 2010 4,8686403 base Fixa base móvel jan/11 1,070469139 1,184003315 fev/11 0,955599509 0,926075565 mar/11 1,12819562 1,096694117 abr/11 0,960040578 1,002763466 mai/11 0,929016094 0,911989365 Fonte: ANP A exceção do mês de fevereiro a promessa vem sendo cumprida. Anexos 5
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO CONSELHO INTERMINISTERIAL DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL RESOLUÇÃO Nº 37, DE 27 DE JUNHO DE 2007 Dispõe sobre a adição de álcool etílico anidro combustível à gasolina. O CONSELHO INTERMINISTERIAL DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL-CIMA, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto nº 3.546, de 17 de julho de 2000, alterado pelo 2º do art. 2º, do Decreto nº 4.267, de 12 de junho de 2002, e com base no art. 9º da Lei n 8.723, de 28 de outubro de 1993, alterado pelo art. 18, da Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003, resolve: Art. 1º Aprovar a fixação em vinte e cinco por cento, a partir da zero hora do dia 01 de julho de 2007, do percentual obrigatório de adição de álcool etílico anidro combustível à gasolina. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. REINHOLD STEPHANES Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento GUIDO MANTEGA Ministro da Fazenda MIGUEL JOÃO JORGE FILHO Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior NELSON JOSÉ HUBNER MOREIRA Ministro das Minas e Energia - Interino Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos MEDIDA PROVISÓRIA Nº 532, DE 28 DE ABRIL DE 2011. Acresce e dá nova redação a dispositivos das Leis n os 9.478, de 6 de agosto de 1997, e 9.847, de 26 de outubro de 1999, que dispõem sobre a política e a fiscalização das atividades relativas ao abastecimento nacional de combustíveis; altera o 1 o do art. 9 o da Lei n o 8.723, de 28 de outubro de 1993, que dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos automotores; dá nova redação aos arts. 1 o, 2 o e 3 o do Decreto-Lei n o 509, de 20 de março de 1969, que dispõe sobre a transformação do Departamento dos Correios e Telégrafos em empresa pública; altera a Lei n o 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a Organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. Art. 3 o O 1 o do art. 9 o da Lei n o 8.723, de 28 de outubro de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação: 1º O Poder Executivo poderá elevar o referido percentual até o limite de vinte e cinco por cento ou reduzi-lo a dezoito por cento. (NR) 6