A Psicomotricidade na Educação Especial

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Transcrição:

A Psicomotricidade na Educação Especial Luizmar Vieira da Silva Júnior¹ (PG)*, Kairo César F. Rodrigues² (PG) ¹²Universidade Estadual de Goiás. Campus Inhumas. ¹E-mail: luizmar_vieira@hotmail.com Resumo: O presente trabalho tem como objetivo promover um atendimento especializado aos educandos visando proporcionar o desenvolvimento global a partir dos aspectos físicos, psíquicos, intelectuais, sociais e culturais, respeitando suas diferenças individuais e tornando possível não só o desenvolvimento de suas potencialidades como também sua integração na sociedade. A base estrutural deste trabalho foi ancorada nos conhecimentos do campo da cultura corporal e na psicomotricidade, e os conteúdos trabalhados foram os coeficientes psicomotores e os jogos e as brincadeiras. Dentre os múltiplos processos de ensino-aprendizagem, organizamos nosso tempo e espaço pedagógico com antecedência e dando ênfase no acompanhamento individual, ou em duplas, com os educandos. Quanto à avaliação, realizamos o teste de KTK no primeiro e no último dia de intervenção, além disso, utilizamos as fichas de registro. Constata-se a evolução dos coeficientes psicomotores: equilíbrio e coordenação motora; e a regressão dos coeficientes psicomotores: velocidade, lateralidade e estruturação espaço-temporal, porém, devem-se levar em conta a conjuntura em que foi realizada a avaliação final. Para, além disso, vimos à importância de um atendimento especializado, que proporcione o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo, como também sua integração na sociedade. Palavras-chave: Psicomotricidade. Atendimento Especializado. Reeducação. Educação Física. Introdução O presente trabalho teve como objetivo geral promover um atendimento especializado aos educandos visando proporcionar o desenvolvimento global a partir dos aspectos físicos, psíquicos, intelectuais, sociais e culturais, respeitando suas diferenças individuais e tornando possível não só o desenvolvimento de suas potencialidades como também sua integração na sociedade. De forma específica descobrir e explorar as possibilidades de movimento, esquema corporal e orientação espacial e temporal; estimular a autonomia, a independência e as capacidades sensoriais, cognitivas e motoras; e melhorar a função respiratória, cardiovascular e o movimento articular. A base estrutural deste trabalho foi ancorada nos conhecimentos do campo da cultura corporal e na psicomotricidade que puderam contribuir para a transformação da realidade dos educandos e no desenvolvimento das capacidades motoras, cognitivas, psíquicas, intelectuais e sociais dos indivíduos. Os conteúdos

trabalhados nas aulas com os sujeitos foram os coeficientes psicomotores e os jogos e as brincadeiras obedecendo ao Projeto Político Pedagógico da Instituição. A intervenção foi realizada em um centro de atendimento educacional especializado do município de Goiânia-GO, que atende a crianças com faixa etária de 07 a 14 anos com comprometimentos neuropsicomotores com diagnóstico de lesão cerebral e deficiência mental, residentes tanto na capital e no entorno por um programa de estimulação precoce. Os sujeitos da pesquisa foram caracterizados por 08 educandos com faixa etária entre 08 a 13 anos, que possuíam tratamento especial individualizado ou em duplas. Ao todo realizamos 21 dias de intervenção, com a turma do A.E.E. (Atendimento educacional especializado), sendo que em cada dia eram realizadas 03 aulas que duravam cerca de 40 minutos. Nesta conjuntura, trabalhamos a psicomotricidade a partir do movimento humano e principalmente da expressividade íntima de cada educando. Desta maneira, tal abordagem e tema se justificam em nossas intervenções na medida em que se trabalha com uma proposta pedagógica voltada para a reeducação motora, cognitiva, e afetiva-social da criança, pois, além de se tratar de uma proposta voltada para a criança com transtorno global do desenvolvimento (transtorno do espectro autista), busca indiscutivelmente uma formação multidisciplinar para a gênese do desenvolvimento do indivíduo (ROSSI, 2012). Assim, o trabalho da educação psicomotora com as crianças previu a formação de base indispensável para o desenvolvimento do educando, dando oportunidade para que por meio de jogos e atividades lúdicas se conscientize sobre seu corpo mediante a interação com o mundo concreto, pois, é através dessas atividades que a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Metodologia Deste modo, segundo Fonseca (1998) a psicomotricidade atualmente é concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação entre o indivíduo e o meio, na qual a consciência se forma e se materializa. O desenvolvimento psicomotor é de extrema importância na prevenção de problemas

relacionados à aprendizagem, como: a reeducação motora, cognitiva, e afetivasocial. Na psicomotricidade, o corpo não é entendido como um instrumento mecânico de adaptação ao meio, pelo contrário, seu foco esta centrado na importância da qualidade relacional e na mediatização, visando à fluidez, a segurança gravitacional, a estruturação somatognósica e a organização prática expressiva do indivíduo. Assim, a psicomotricidade se caracteriza pela posição global do sujeito, podendo ser entendida como a função do ser humano que sintetiza o psiquismo e a motricidade com o propósito de permitir ao indivíduo adaptar-se ao meio de maneira flexível e harmoniosa. Deste modo, a psicomotricidade envolve a relação entre o pensamento e a ação. Segundo Jean Le Boulch (1983), a psicomotricidade é caracterizada a partir de ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança. Porquanto, ela pode ser considerada uma prática pedagógica que visa contribuir para o desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, sua identidade e a validade dos conceitos que emprega para se legitimar revelam uma síntese inquestionável entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram no motor, é na lógica do funcionamento do sistema nervoso, em cuja integração maturativa emerge uma mente que transporta imagens e representações e que resulta numa aprendizagem mediatizada dentro de um contexto sociocultural e sócio histórico, buscando estar sempre condizente com a realidade dos educandos. (FONSECA, 1998). Dentre os múltiplos processos de ensino-aprendizagem, organizamos nosso tempo e espaço pedagógico mediante a sistematização do planejamento, distribuindo com antecedência e dando maior ênfase aos conteúdos que julgamos serem mais importantes, no caso os coeficientes psicomotores. Desta forma, os conteúdos escolhidos buscaram um molde justo e ideal de serem trabalhados, assim nossa proposta foi realizada mediante um processo contínuo e diferenciado, pois os educandos careciam de um olhar mais aguçado a partir de um trato totalmente diferente do que já estávamos acostumados (LIBÂNEO, 1994). Seguindo as orientações da unidade, acompanhamos os educandos individualmente, ou em duplas, respeitando suas necessidades específicas de

acordo com a sua individualidade biológica. Com amplo apoio teórico e prático, buscamos realizar a intervenção mediante um completo acompanhamento das atividades a partir dos elementos básicos da psicomotricidade, sendo que intervíamos na piscina e na sala psicomotora. Dentre as estratégias, instrumentos, e métodos avaliativos, avaliamos os educandos por meio do teste de KTK (Körperkoordinationstest Für Kinder), realizado no primeiro e no último dia de intervenção com um único grupo etário masculino que foi de 08 a 13 anos, adaptando as atividades conforme a idade do educando. Assim, avaliamos a evolução dos educandos mediante a disposição de dados mais concretos, avaliando consequentemente se nossa intervenção surtiu o efeito esperado para os educandos. Segundo Gorla (2007) o teste de KTK é composto por quatro provas: a trave de equilíbrio, saltos monopedais, saltos laterais e a transferência de plataformas, todas elas baseadas no teste de coordenação motora; equilíbrio, força, velocidade, lateralidade e organização espaço temporal. É pertinente caracterizar que o KTK se utiliza dos mesmos postos ou tarefas para várias idades, sendo necessária somente adaptar as tarefas ao grau de dificuldade do educandos mais velhos, diante disso, avaliamos os alunos em um único grupo, averiguando o desenvolvimento de cada um individualmente. Porém, alguns critérios devem ser contemplados para essa adaptação, como: o aumento da altura ou distância; o aumento da velocidade; da maior precisão na execução e na medida. Por conta do teste de KTK ter sido elaborado para a determinação de crianças com deficiência motora, problemas mentais e desvios comportamentais, as instruções não podem ser exatamente iguais, muito severas ou rígidas. Sendo que o avaliador deve ter condições de transmitir verbalmente e por meio de ações a descrição da atividade para que o indivíduo a compreenda e realize. Além disso, utilizamos a avaliação da prática pedagógica diária, respeitando os pressupostos da avaliação segundo a abordagem, por meio da observação e anotação de fichas de registro, avaliando se os objetivos de cada aula foram contemplados. Este modo avaliativo nos serviu para indicar o grau de aproximação ou afastamento da proposta almejada, além de verificar se nossa prática pedagógica foi materializa na aprendizagem dos alunos. Por fim, com relação ao trato com o material coletado, foi utilizado à análise dos gráficos a partir dos coeficientes

motores: equilíbrio; coordenação; velocidade; lateralidade e estruturação espaçotemporal. Resultados e Discussão Iniciamos nossa intervenção com algumas dificuldades em relação ao trato adequado com os educandos, tanto que nas primeiras aulas estávamos um pouco receosos em relação ao comportamento dos educandos para com os novos professores. Porém, com o decorrer das intervenções e a partir das constantes interações dentro da piscina e na sala psicomotora, fomos gradativamente entendendo a lógica da instituição e dos educandos. Daí em diante, vimos à importância desse trato com os educandos, pois, conforme o modo como eles eram tratados, tinham reações diversas, ás vezes com feedbacks positivos, às vezes negativos. Além disso, deve-se levar em conta que alguns educandos eram constantemente dopados devido a sua deficiência, tendo tal fato bastante relevância no modo como cada um se comportava. Por sua vez, cabe aqui chamar a atenção da importância do afeto e do carinho nessas horas, sendo o único remédio em muitas dessas situações. Assim, aos poucos fomos compreendendo essa lógica e as aulas foram fluindo de forma satisfatória. A partir disso, buscamos promover um atendimento especializado aos educandos visando proporcionar o desenvolvimento global a partir dos aspectos físicos, psíquicos, intelectuais, sociais e culturais, respeitando suas diferenças individuais e tornando possível não só o desenvolvimento de suas potencialidades como também sua integração na sociedade. Além disso, fornecer experiências que favoreçam a estruturação do real, por intermédio dos esquemas, envolve um trabalho que objetiva uma complementação corporal para que a criança consiga atingir um desenvolvimento global. Porém, para que isso ocorra, é necessário considerar: [...] o deficiente mental a partir do que ele é capaz de ser, de fazer, de enfrentar, de assumir como pessoa, revelando-se a todos nós e a ele próprio possibilidades que se escondiam que não lhe eram creditadas, por falta de oportunidades de emergirem espontaneamente. [...] É preciso, reconhecer a especialidade e a generalidade de cada aluno e, nesse sentido, a educação tem muito ainda a realizar (MANTOAN, 1989, p.161).

Nesse sentido, o professor deve estar preparado e amparado teoricamente para reconhecer a especialidade e a generalidade de cada aluno, de modo que consiga lidar com as possibilidades encontradas dentro do ensino especial, que ainda hoje mantém as mesmas características do ensino regular desenvolvido nas escolas tradicionais. Além disso, o atendimento educacional especializado deve trazer para o aluno com deficiência mental uma nova perspectiva no modo de enxergar e realizar as situações vividas no mundo concreto, permitindo que o educando saia de uma posição de não-saber ou não-entender para se apropriar de um saber que lhe é próprio e que tem consciência de que o construiu. Pois, um dos principais objetivos do atendimento educacional especializado é propiciar condições e liberdade para que o aluno com deficiência mental possa construir a sua inteligência, dentro do quadro de recursos intelectuais que lhe é disponível, tornando-se agente capaz de produzir significado/conhecimento. Porquanto, o aluno com deficiência mental, como qualquer outro, deve ser estimulado a desenvolver a autonomia, a independência, a criatividade, as capacidades sensoriais, cognitivas e motoras; a explorar as possibilidades de movimento, esquema corporal e orientação espacial e temporal; bem como, desenvolver suas potencialidades como também sua integração na sociedade. Diante do que foi dito, podemos caracterizar a importância do ensino nesta abordagem, que promove ao educando o desenvolvimento motor, afetivo e psicológico do indivíduo para sua formação integral, sendo explorado por meio de jogos e atividades lúdicas que oportunizam a conscientização do próprio corpo e do ser. Em nossas análises, pudemos comparar a evolução dos educandos a partir da avaliação dos coeficientes motores: equilíbrio; coordenação; velocidade; lateralidade e estruturação espaço-temporal. Assim, a partir desse momento analisaremos algumas das evoluções tidas durante o processo de ensinoaprendizagem da psicomotricidade. Vejamos no gráfico:

Gráfico - 1: Coeficientes Motores: Equilíbrio e Coordenação Motora Fonte: o próprio autor O gráfico 01 apresenta a pontuação da avaliação geral do grupo etário masculino de educandos analisados, mediante aos coeficientes motores: equilíbrio e coordenação motora. Desta forma, segundo os dados temos que: os educandos obtiveram uma boa evolução nos coeficientes motores analisados, passando na trave de equilíbrio de uma média de 5,75 na avaliação inicial para 18,75 na avaliação final, e também passando no salto monopedal de uma média de 5,5 na avaliação inicial para 17,25 na avaliação final, segundo os dados fornecidos pelas tabelas dos postos: trave de equilíbrio e salto monopedal e a classificação do teste de KTK. Apesar da significativa diferença, ao analisar o desempenho motor de uma forma geral, verifica-se que nenhuma dos educandos obteve níveis acima do normal, houve pouca variação se compararmos cada um ao nível de desenvolvimento psicomotor correspondente a idade. Porém, ocorre que alguns educandos saíram melhor em determinados postos, e outras nem tanto, em compensação estes saíram melhor em outros postos, como foi o caso do educando A que mesmo muito agitado conseguiu realizar dois dos quatro testes - a trave de equilíbrio e o salto lateral - por sua vez, não realizou os postos do salto monopedal e na transferência de plataforma.

Já o educando B consegui realizar na trave de equilíbrio 18 pontos na avaliação inicial, e 29 pontos na avaliação final, no salto monopedal conseguiu fazer 18 pontos na avaliação inicial e 51 na avaliação final. Isso mostra uma pequena evolução em relação à avaliação inicial, além disso, isso mostra também que o nosso processo de ensino-aprendizagem surtiu efeito em alguns dos educandos. Gráfico - 2: Coeficientes Motores: Velocidade, Lateralidade e Estruturação Espaço-Temporal. Fonte: o próprio autor O gráfico 02 apresenta a pontuação da avaliação geral do grupo etário masculino de educandos analisados, mediante aos coeficientes motores: velocidade, lateralidade e estruturação espaço-temporal. Desta forma, segundo os dados temos que: os educandos obtiveram uma regressão nestes coeficientes motores analisados, passando no salto lateral de uma média de 13,75 na avaliação inicial para 13 na avaliação final, e também passando na plataforma de transferência de uma média de 18,75 na avaliação inicial para somente 07 na avaliação final, segundo os dados fornecidos pelas tabelas dos postos: salto lateral e transferência na plataforma e a classificação do teste de KTK. Porém, há que ressaltar dois importantes elementos que fizeram a diferença na avaliação final dos postos: salto lateral e transferência na plataforma. O primeiro foi à quantidade de educandos que realizaram a avaliação final - 04 educandos - sendo que na avaliação inicial conseguimos realiza-la com 08 educandos. O segundo elemento foi quanto aos medicamentos tomados pelos educandos no dia

da avaliação final, ou seja, muitos dos educandos estavam dopados e sob o efeito de remédios. Considerações Finais Diante dos relatos sobre as condições de desenvolvimento do trabalho, vimos a grande importância da promoção de um atendimento especializado aos educandos que objetive o desenvolvimento global a partir dos aspectos físicos, psíquicos, intelectuais, sociais e culturais, respeitando suas diferenças individuais e tornando possível não só o desenvolvimento de suas potencialidades como também sua integração na sociedade. A partir disso, compreendemos a necessidade de construção de projetos que privilegiem e promovam uma prática pedagógica que interligue o constante movimento entre, a realidade dessas crianças com deficiência motora, problemas mentais e desvios comportamentais, e o desenvolvimento de soluções que contribuam para que elas tenham autonomia, independências e a potencialidade de suas capacidades psicomotoras. Segundo a análise dos dados, constata-se a evolução dos coeficientes psicomotores: equilíbrio e coordenação motora; e a regressão dos coeficientes psicomotores: velocidade, lateralidade e estruturação espaço-temporal, porém, devem-se levar em conta os elementos que fizeram a diferença na avaliação final dos postos: o primeiro foi à quantidade de educandos que realizaram a avaliação final - 04 educandos - sendo que na avaliação inicial conseguimos realiza-la com 08 educandos; e o segundo, foi quanto aos medicamentos tomados pelos educandos no dia da avaliação final, ou seja, muitos dos educandos estavam dopados e sob o efeito de remédios. Apesar dos dados, acredita-se que o principal objetivo desse projeto não foi avaliar o nível de desenvolvimento dos educandos, mas, oportunizar um atendimento especializado com o intuito de explorar as principais possibilidades de movimento, esquema corporal e orientação espacial e temporal; estimulando a autonomia, a independência e as capacidades sensoriais, cognitivas e motoras dos educandos; e buscando compreender os educandos segundo suas limitações.

Por tudo que foi dito, acredita-se que os objetivos propostos foram contemplados e pudemos promover um atendimento especializado, respeitando suas diferenças individuais e desenvolvendo suas potencialidades como também sua integração na sociedade. Referências FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: Filogênese, ontogênese e retrogênese. 2. Ed. - Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. GORLA, José Irineu. Avaliação motora em Educação Física adaptada: Teste KTK para deficientes mentais. São Paulo: PHORTE, 2007. LE BOULCH, Jean. Curso de Psicomotricidade. Trad. Neila Soares de Faria e Neuza Gonçalves Travaglia. Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia, 1983. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. MACHADO, F. S.; TAVARES, H. M. Psicomotricidade: da prática funcional à vivenciada. Em extensão, 2010. MANTOAN M. T. E., Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais. Scipione, 1989. ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002. GORLA, José Irineu. Avaliação motora em Educação Física adaptada: Teste KTK para deficientes mentais/ José Irineu Gorla, Paulo Ferreira de Araújo. São Paulo: PHORTE, 2007. ROSSI, F. S. Considerações sobre a Psicomotricidade na Educação Infantil. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, UFV JM. Revista Vozes dos Vales: Publicações Acadêmicas. Nº01 - Ano I - 05/2012.