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A2 http://dx.doi.org/10.23925/1983-3156.2017v19i3p1-12 Panorama da Educação Matemática em alguns países da América Latina Overview of Mathematics Education in some Latin American countries CÉLIA MARIA CAROLINO PIRES 1 Resumo Nesta conferência objetivamos apresentar um panorama da Educação Matemática em alguns países latino-americanos (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai), apoiado no Projeto Pesquisas comparativas sobre organização e desenvolvimento curricular na área de Educação Matemática, em países da América Latina desenvolvido de 2009 a 2017. Nos baseamos em concepções e procedimentos da metodologia de estudos comparativos, de Ferrer Juliá (2002) e Pilz (2012). Partimos de questões de pesquisa como: Que Matemática está sendo proposta no ensino de crianças e jovens de países latino-americanos neste início de milênio? Que pressupostos norteiam os documentos curriculares em países latino-americanos? Como se dá o processo de implementação curricular nesses países? Que currículos estão de fato sendo realizados em sala de aula? Como resultados destacamos que, no tocante à educação até a faixa dos 14 anos, as propostas dos diferentes países são muito similares, tanto nas finalidades conferidas ao ensino de Matemática, com foco na formação do cidadão, como em relação aos conteúdos e à incorporação de metodologias como a resolução de problemas e os recursos tecnológicos. Para a faixa dos 15 a 17 anos, há diferenças na organização dos cursos, mas pode-se notar uma abordagem bastante tradicional da matemática nos documentos curriculares. Palavras-chave: Currículos. Educação Matemática. América Latina. Abstract In this conference, we have presented an overview of Mathematics Education in some Latin American countries (Argentina, Bolivia, Brazil, Chile, Mexico, Paraguay, Peru and Uruguay), supported by the Project "Comparative research on curricular organization and development in Mathematics Education, in Latin American countries" developed from 2009 to 2017. We have based on conceptions and procedures of the methodology of comparative studies, by Ferrer Juliá (2002) and Pilz (2012). We start with research questions such as: What Mathematics is being proposed in teaching children and young people from Latin American countries at the beginning of the millennium? What assumptions guide curriculum documents in Latin American countries? How does the curricular implementation process take place in these countries? What curricula are actually being delivered in the classroom? As a result, we highlighted that, in the case of education up to 14th years old, the proposals of the different countries are very similar, both in the purposes of Mathematics teaching, 1 (in memorian) Professora Colaboradora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Professora da Universidade Cruzeiro do Sul.

focusing on citizen training, as well the content and the incorporation of methodologies such as problem solving and technological resources. For the group of 15th to 17th years old, there are differences in course organization, but one can see a rather traditional approach to mathematics in curriculum documents. KEY WORDS: Curricula. Mathematical Education. Latin America. 2

Introdução A integração latino-americana no Brasil apresenta-se como preceito na Constituição Federal previsto no parágrafo único do seu artigo quarto: a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. A comunidade internacional de educadores matemáticos tem se articulado com intuito de consolidar-se como área de conhecimento e garantir um ensino de Matemática de melhor qualidade, conforme apontamos em trabalho anterior (PIRES; GONÇALVES, 2015). Tal integração se viabiliza, principalmente, por programas de intercâmbios acadêmicos e científicos entre pesquisadores e estudantes (graduação e pós-graduação) promovidos por diversas agências nacionais e internacionais de fomentos. Outro exemplo de tal integração entre educadores matemáticos latino-americanos é a Federação Ibero-americana de Sociedades de Educação Matemática (FISEM), criada em 2003, que congrega diversas sociedades. A FISEM mantém uma revista de divulgação científica, a Unión, e é responsável pela organização do Congreso Iberoamericano de Educación Matemática (CIBEM). Outros eventos também mobilizam a comunidade, entre eles a Conferencia Interamericana de Educación Matemática (CIAEM), a Reunião de Didática da Matemática do Cone Sul e a Reunião Latino-Americana de Matemática Educativa (RELME). Apesar de inúmeros problemas educacionais que enfrenta, a América Latina manteve o ritmo da tendência global de crescente acesso ao ensino básico e ao ensino superior, na última década. Em meio a avanços e desafios, consideramos importante para a comunidade de Educação Matemática dessas diversas nações refletir a respeito das contribuições atuais e futuras. Com tal motivação, em 2009 foi constituído o projeto de pesquisa Pesquisas comparativas sobre organização e desenvolvimento curricular na área de Educação Matemática, em países da América Latina, desenvolvido no âmbito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) sob nossa coordenação. Por meio de pesquisa documental, as pesquisas inseridas no projeto buscaram informações sobre os currículos de Matemática prescritos nos países investigados para os níveis correspondentes à educação básica brasileira, além de dados sobre legislação, organização dos sistemas educativos e ações empreendidas pelos Ministérios de Educação no sentido de propor orientações curriculares e implementá-las, ao longo da década de 90 e até o momento atual. 3

Além de buscas on-line, foram feitos contatos com pesquisadores e professores dos diferentes países, com a colaboração especial de membros das Sociedades de Educação Matemática de cada país, que ajudaram a colocar os doutorandos em contato com os entrevistados e agendar encontros e visitas a escolas e a outras instituições educacionais. Nesse processo, procurava-se colher percepções de diferentes atores do processo de organização e desenvolvimento curricular, ou seja, elaboradores de currículos prescritos, coordenadores, diretores e professores responsáveis pelos currículos moldados e colocados em ação nas salas de aula. Ao mesmo tempo em que desenvolviam essas ações, os doutorandos se dedicaram aos estudos teóricos referentes a estudos comparados, concepções de currículos, tendências da Educação Matemática, com intuito de analisar os possíveis impactos dessas teorizações, nos currículos de Matemática. Além dos estudos doutorais, foi realizado o estágio de pós-doutorado do Professor Dr. Harryson Júnio Lessa Gonçalves (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP), realizado no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob a supervisão da coordenadora do projeto e financiado pelo CNPq. Pires e Gonçalves (2015) destacam as contribuições de diferentes autores da educação comparada, ressaltando Nóvoa (2009) que argumenta que a educação comparada necessita de novos caminhos e direcionamentos, tendo em vista seu desprestígio junto ao meio acadêmico, necessitando de bases teóricas mais sólidas. Para tanto, é preciso pensá-la em três novas frentes: novos problemas constituir os objetos de estudo em torno de um vaivém entre local e global, nomeadamente no que diz respeito ao trabalho realizado nas instituições educativas (currículo, administração escolar, professor, avaliação e demais); novos modelos de análise que não tomem como referência unicamente dados estruturais, mas que sejam capazes de atribuir razão às práticas de diferentes atores (individuais, institucionais e políticos) e ao modo como elas se reorganizam os espaços e os sentidos em níveis nacionais e internacionais; novas abordagens baseando-se no aumento do repertório metodológico do trabalho comparativo (desde as análises macroeconômicas e políticas até as perspectivas etnográficas), e não no intuito de encontrar o melhor método. A partir de Ferrer Juliá (2002), destacamos quatro finalidades da investigação comparativa em educação: (a) ilustrar as diferenças ou semelhanças entre os sistemas educacionais; (b) mostrar a importância que têm os fatores contextuais dos sistemas 4

educativos como elementos explicativos de si mesmos; (c) estabelecer as possíveis influências que têm os sistemas educativos sobre determinados fatores contextuais; (d) contribuir para melhor compreensão do sistema educativo de um país mediante o conhecimento do sistema educativo de outros países. Pensando pressupostos metodológicos da Educação Comparada, Pilz (2012) afirma que, para se efetivarem tais estudos comparados, o investigador necessita estabelecer critérios significativos ou que determinem as diferenças para que se possam comparar realidades distintas. Ou seja, o autor exemplifica que seria como comparar maçãs com laranjas ; ele cita Hörner para argumentar que, ao contrário da crença popular, as maçãs podem ser comparadas com laranjas ou peras, desde que haja um critério significativo para comparação (seu teor de sumo, por exemplo) ou um critério para determinar diferença, tal como o formato da fruta (p. 563, tradução nossa). Assim, evidenciamos que critério de análise da investigação torna-se basilar para realização Educação Comparada. A partir desse critério, a investigação pode ser delineada a partir de seis fases, propostas por Ferrer Juliá (2002): (1.ª) Fase pré-descritiva seleção, identificação e justificativa do problema; formulação de hipóteses; delimitação da investigação; (2.ª) Fase descritiva apresentam os dados contextuais, caracterizando o sistema educacional; (3.ª) Fase interpretativa interpretação dos dados descritos na fase anterior, finalizando com uma síntese analítica com conclusões; (4.ª) Fase de justaposição confrontação dos dados produzidos nas fases anteriores; (5.ª) Fase comparativa discussão das hipóteses a partir dos dados apresentados nas fases anteriores, bem como discussão das questões de pesquisa; (6.ª) Fase prospectiva fase optativa que aponta as tendências em Educação nos países investigados. Pilz (2012), com base em estudos de diversos autores, sintetiza as diversas fases de desenvolvimento metodológico do estudo comparativo em apenas quatro: (1.ª) Fase descritiva observações e descrições; (2.ª) Fase explicativa introduz interpretação, com o objetivo de explicar e compreender; (3.ª) Fase de justaposição primeira tentativa de comparação, oferecendo a constatação nacional definida no contexto dos critérios de comparação selecionados para avaliação e análise de lado a lado; isto permite, por exemplo, homólogos, análogos e diversos fenômenos a serem derivados, com possíveis hipóteses comparativas; (4.ª) Fase comparativa as hipóteses comparativas são testadas usando a comparação sistemática, as relações entre os países 5

são avaliadas por referência ao critério de comparação e conclusões podem ser tiradas para o assunto a ser pesquisado. Comparando estruturas curriculares Neste tópico apresentaremos um panorama da estrutura curricular dos países investigados (estudos concluídos: Brasil-Argentina, Brasil-Chile, Brasil-Paraguai, Brasil-Peru, Brasil-Uruguai e Brasil-México) pelo projeto de pesquisa Pesquisas comparativas sobre organização e desenvolvimento curricular na área de Educação Matemática, em países da América Latina. Ressaltamos que o detalhamento de tais estudos pode ser apreciado nas teses de doutorado já defendidas no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática da PUC/SP: Cerqueira (2012), Dias (2012), Oliveira (2013), Rosenbaum (2014), Athias (2015) e Silva (2017). Nas referidas teses são explicitadas as condicionantes sociais, políticas, históricas, econômicas e pedagógicas dos países investigados que subsidiam a compreensão totalitária da estrutura curricular dos sistemas educacionais investigados. Logo, optamos por realizar um recorte global da estrutura curricular oficial desses países, a partir das referidas teses, apenas para brevemente ilustrarmos alguns resultados. Todos os países tiveram suas leis magnas da educação constituídas a partir de um contexto de abertura política perante os regimes militares enfrentados por países latinoamericanos em estado de redemocratização. A partir das leis magnas de educação, elaboramos um quadro sintético comparativo (figura 1) da estrutura educacional dos países investigados (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Peru, México e Uruguai) com o intuito de facilitar a compreensão das peculiaridades e similaridades desses sistemas educacionais. No quadro, apresentamos apenas os níveis de ensino equivalentes à Educação Básica brasileira, excluindo as diversas modalidades de ensino, bem como aspectos comparativos relativos à Educação Superior. PAÍS IDADE PREVISTA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 ARGENTINA EDUCAÇÃO INICIAL EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA EDUCAÇÃO PRIMÁRIA Jardins Maternais Jardins de Infância Ciclo Básico Ciclo Orientado NÃO OBRIGATÓRIO OBRIGATÓRIO 6

EDUCAÇÃO BÁSICA Educação Infantil Ensino Fundamental BRASIL Creche Pré- Escola Anos Iniciais (1.ª a 5.ª série/anos ou 1.º e 2.º ciclos) Anos Finais (6.ª a 9.ª série/anos ou 3.º e 4.º ciclos) Ensino Médio NÃO OBRIGATÓRIO OBRIGATÓRIO CHILE PRIMEIRA INFÂNCIA EDUCAÇÃO BÁSICA Berçário Metade Transição Formação Geral EDUCAÇÃO MÉDIA Formação Diferenciada NÃO OBRIGATÓRIO OBRIGATÓRIO EDUCAÇÃO BÁSICA Educação Média Superior MÉXICO Educação Inicial Educação Pré- escolar Educação Primária Educação Secundária (Bacharelado geral, Bacharelado tecnológico (bivalente) ou Bacharelado técnico) OBRIGATÓRIO 1.º NÍVEL 2º NÍVEL Educação Inicial Educação Escolar Básica Educação Média PARAGUAI 1.º Ciclo 2.º Ciclo Pré- Escola 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Bacharelado ou Formação Profissional NÃO OBRIGATÓRIO OBRIGATÓRIO NÃO OBRIGATÓRIO EDUCAÇÃO INICIAL EDUCAÇÃO PRIMÁRIA EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA Ciclo Ciclo Ciclo Ciclo Ciclo Ciclo Ciclo PERU 1 2 3 4 5 6 7 0 a 2 anos 3 a 5 anos 1º 2º 3º 4º 5º 6º 1º 2º 3º 4º 5º OBRIGATÓRIO URUGUAI Educação da Primeira Infância NÍVEL O: EDUCAÇÃO INFANTIL Educação Inicial NÍVEL 1: EDUCAÇÃO PRIMÁRIA NÍVEL 2: EDUCAÇÃO MÉDIA BÁSICA Ciclo Básico NÍVEL 3: EDUCAÇÃO MÉDIA SUPERIOR Bacharelado: Geral, Tecnológico ou Técnico NÃO OBRIGATÓRIO OBRIGATÓRIO Alguns destaques comparativos relativos aos currículos de Matemática 7

O estudo comparativo Brasil e Uruguai revelou a influência das teorias curriculares críticas com a preocupação em um currículo acessível, rico e enculturador, a fim de se empenhar em superar as marcas das injustiças e desigualdades sociais, em especial, nas duas nações com a democratização dos anos 1980 após décadas de regime militar. Para Rosenbaum (2014), o reconhecimento do papel do currículo na formação da sociedade que se espera, com a preocupação de atender aos interesses sociais, é característica das prescrições curriculares dos países pesquisados. O ciclo correspondente no Uruguai, denominado Educação Primária, tem a extensão de seis anos. Já os anos finais do Ensino Fundamental no Brasil com quatro anos tem o correspondente no Uruguai, a Educação Média Básica ou Ciclo básico com três anos de extensão. Finalmente, o Ensino Médio no Brasil, com três anos de duração, tem como equivalente no Uruguai a Educação Média Superior, denominado bacharelado, com a mesma extensão, contudo com maior flexibilização curricular. Rosenbaum (2014) acrescenta que o bacharelado uruguaio sofreu uma mudança no ano de 2006 na tentativa de tentar vencer problemas semelhantes aos brasileiros no que tange ao número de reprovações, evasão e abandono dos bancos escolares nessa etapa de ensino. O primeiro ano do bacharelado apresenta uma formação comum a todos os estudantes uruguaios; no segundo ano, são oferecidas quatro opções de trajetórias formativas aos alunos, e no último ano as opções se diversificam em sete opções tal flexibilização curricular se mostra como preocupação em atender a diversidade dos alunos. Nos trabalhos de Cerqueira (2012), Oliveira (2013) e Athias (2015) também se percebem alternativas de flexibilização curricular no âmbito da educação secundária chilena, argentina e peruana. O estudo de Cerqueira (2012) revelou que no Chile os profissionais de ensino conhecem o currículo oficial prescritos; contudo, no Brasil, tal fato não se assemelha por não haver clareza na definição pelo Ministério de Educação (MEC) do documento prescrito oficial em que os professores devem se apoiar. Em geral, no Brasil, os sistemas de ensino se baseiam nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A investigação comparativa sobre Brasil e Paraguai (DIAS, 2012) evidenciou que os objetivos do Ensino Médio nos países investigados apresentam-se como ampliação daqueles colocados ao Ensino Fundamental, na perspectiva de que o estudante se insira no mundo do trabalho e tenha autonomia para continuar os estudos em nível superior. As concepções de escola e currículo, tal como os currículos prescritos em ambos os países investigados, revelaram, no que diz respeito às finalidades para a Educação, em 8

particular da Educação Matemática, que há necessidade de enfatizar o pleno exercício da cidadania. Nesse sentido, apontam o conhecimento específico matemático como ferramenta sublimar e indispensável para o desenvolvimento de capacidades e competências inerentes ao aspecto profissional, científico e tecnológico. Oliveira (2013) apresenta indicadores que comprovam uma descontinuidade da escolarização básica na Argentina e no Brasil, visto que os alunos que iniciam os estudos não conseguem completar o percurso formativo da educação secundária em virtude do alto índice de evasão ou repetência. Nos últimos anos, os dois países procuraram, por meio de algumas iniciativas, dentre elas mudanças curriculares que repensassem o Ensino Médio, uma forma de garantir o acesso e a permanência dos alunos na escola. No Peru, conforme Athias (2015), o currículo fundamenta-se nos seguintes princípios: igualdade, inclusão, ética, multiculturalismo, democracia, consciência ambiental, criatividade e inovação. Para o autor, a Educação Básica Regular peruana possui como característica assegurar a evolução física, afetiva e cognitiva das crianças e jovens desde seu nascimento. Em relação ao currículo de matemática peruano, Athias (2015) afirma que o currículo apresenta como característica a densidade dos conteúdos; todavia, suas diretrizes sugerem flexibilidade na aplicação desses conteúdos, deixando a escola e o professor livres para adaptá-lo, de acordo com suas necessidades. Tal situação se difere do Brasil por não existir currículos oficiais estabelecidos, apenas parâmetros curriculares. Silva (2017) menciona que o currículo de matemática mexicano destaca como objetivo da matemática na da Educação Básica (Pré-escolar, Primária e Secundária) e Média Superior como uma disciplina que permite que os alunos façam conjecturas e que criem possibilidades de resolver problemas, explorando os aspectos numéricos, algébricos e geométricos. Outras finalidades da Matemática na Educação Básica que estão expressas nos documentos são as várias técnicas e recursos eficientes em que os alunos podem utilizar para resolverem problemas e que os mesmos sejam dispostos a estudarem matemática de forma autônoma e colaborativa. Outro destaque de Silva (2017) é que o currículo de matemática mexicano atende ao desenvolvimento de competências matemáticas e tendo uma característica de formar o aluno a saber pensar matematicamente. 9

Nos Quadros 2 e 3 são apresentados quadros com os blocos de conteúdos matemáticos dos países investigados. A partir de tais quadros, observam-se similaridades na seleção e organização de conteúdos dos países investigados. Ensino Fundamental Quadro 2 Blocos de conteúdos dos níveis equivalentes ao Ensino Fundamental brasileiro Argentina Brasil Chile México Paraguai Peru Uruguai Número Números e Operações Operação Linguagem Gráfica e Algébrica Noções Geométricas Medidas Noções de Estatística e Probabilidade Espaço e Forma Grandezas e Medidas Tratamento da Informação Números e Operações Padrões Algébricos e Relações Geométricas Medidas e Dados Sentido Numérico e pensamento algébrico Forma, Espaço e Medida Manejo de informações Atitudes para o estudo das Matemáticas Números e Operações e Medida Operações e Expressões Algébricas e Medidas Os dados e a Estatística Números Relações e Operações Medidas Estatística Números Operações Magnitudes e Medidas Estatística e Probabilidade Álgebra Conteúdos Procedimentais Conteúdos Atitudinais Fonte: Teses desenvolvidas no âmbito do Projeto Ensino Médio Quadro 3 Blocos de conteúdos dos níveis equivalentes ao Ensino Médio brasileiro Argentina Brasil Chile México Paraguai Peru Uruguai Números e Números Álgebra Números, Álgebra Funções Álgebra e Trigonometria Relações e Álgebra e Funções Funções Estatística Analítica e Probabilidade Estatística e Dados e Cálculo Medidas Funções Probabilidade Azar Infinitesimal Estatística e Números Conteúdos Álgebra Estatística e Probabilidade Procedimentais Probabilidade Conteúdos Atitudinais Álgebra: Números e Funções - Variação de Grandezas e Trigonometria e Medidas: Plana; Espacial; Métrica; Analítica Matemática I, II, III e IV Matemática Financeira I e II Probabilida de e Estatística I e II Cálculo diferencial Cálculo Integral Análise de Dados: Estatística; Contagem; Probabilidade Fonte: Teses desenvolvidas no âmbito do Projeto Vale ressaltar que no caso mexicano, os conteúdos matemáticos estão divididos em disciplinas básicas e propedêuticas, sendo que as Matemáticas I, II, III e IV são disciplinas básicas e as demais propedêuticas. Considerações finais 10

Os seguintes pressupostos teórico-metodológicos consubstanciam os currículos de Matemática dos países investigados: resolução de problemas como eixo metodológico; uso de situações contextualizadas e desafiadoras para os alunos; ênfase no papel do erro no processo de aprendizagem; uso de tecnologias (calculadoras, softwares computacionais etc.); abordagens interdisciplinares, modelagem e etnomatemática; uso de jogos e caráter lúdico das atividades matemáticas; recurso à história da Matemática Pressupostos teórico-metodológicos fundados na didática francesa também foram observados nos currículos: situações didáticas, contrato didático, obstáculos, entre outros. Referências ATHIAS, M. F. Currículos da educação básica do Peru e Brasil: prescritos e praticados. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, 2015. CERQUEIRA, D. S. Um estudo comparativo entre Brasil e Chile referente à Educação Matemática e sua influência nos currículos prescritos e praticados nesses países. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, 2012. DIAS, M. O. Pesquisas comparativas sobre organização e desenvolvimento curricular na área de Educação Matemática, em países da América Latina: currículos prescritos e currículos praticados - Brasil e Paraguai. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, 2012. FERRER JULIÁ, F. La educación comparada actual. Barcelona: Ariel., 2002. NÓVOA, A. Modelo de análise de educação comparada: o campo e o mapa. In: SOUZA, D. B. de; MARTINS, S. A. (Org.). Educação comparada: rotas de além-mar (pp. 23-62). São Paulo: Xamã, 2009. OLIVEIRA, E. C. Impactos da Educação matemática nos currículos prescritos e praticados: estudo comparativo entre Brasil e Argentina. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, 2013. PILZ, Matthias. International comparative research into vocational training: methods and approaches. In: (Ed.). The future of vocational education and training in a changing world (pp. 561-588). Wiesbaden: Springer, 2012. PIRES, C.M. C.; GONÇALVES, H. J. L. Aspectos Conceituais e Epistemológicos da Educação Comparada Presentes no Projeto Pesquisas Comparativas sobre Organização e Desenvolvimento Curricular na Área de Educação Matemática, em Países da América Latina. Perspectivas da Educação Matemática, 8, 2015, p. 396-414. 11

ROSENBAUM, L. S. Estudo comparativo sobre a Educação Matemática presente em currículos: Brasil e Uruguai. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo SP, 2014. SILVA, M. N. da. A Educação Matemática na América Latina: um Estudo Comparativo dos Currículos de Matemática do Brasil e México. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo SP, 2017. Texto recebido: 20/06/2017 Texto aprovado: 01/11/2017 12