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Transcrição:

A POLÍTICA DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: da gênese da universidade ao contexto atual OLIVEIRA, Jenilson Antônio de 1 Resumo: O presente artigo é resultante do Trabalho de Conclusão de Curso do pesquisador e busca fomentar a analise sociohistórica da educação superior no Brasil no intuito de identificar suas particularidades na atualidade. Desse modo, o estudo objetiva, de modo geral, analisar a política de ensino superior no Brasil na atualidade e, especificamente, descrever o percurso sociohistórico do ensino superior no Brasil; apontar os principais embates existentes no processo de instituição da política de educação superior brasileira; e caracterizar a universidade brasileira na atualidade. Consiste em um estudo qualitativo e revisão bibliográfica que visa discutir o ensino superior no Brasil entre o século XVI e XXI. Sendo, a universidade brasileira na atualidade resultante de um intenso percurso histórico marcado por embates de interesses entre grupos sociais distintos. Palavras-Chave: Política Educacional. Ensino Superior. Universidade. Trajetória Sociohistórica. Contexto Atual 1 INTRODUÇÃO A análise da educação, em especial do ensino superior, exige sua contextualização histórica, pois, a educação torna-se um reflexo da organização social em que se situa. Dessa forma, analisar historicamente o surgimento da universidade no Brasil e sua função social significa apreender as especificidades e particularidades educativas na sociedade atual. O sistema educacional brasileiro é resultante de um processo histórico e configura-se no bojo das relações sociais e de produção que dividem a sociedade em grupos econômicos distintos e, ainda, estabelece uma relação entre classes sociais opostas. Dessa relação antagônica entre as classes existentes na sociedade capitalista emerge o debate em torno da educação superior brasileira. Dessa forma, o elencou-se como problema de estudo: quais são as particularidades do ensino superior na atual organização social brasileira? E no intuído de alcançar o que propõe o estudo toma-se como objetivo central da pesquisa a análise da política de ensino superior no Brasil na atualidade, tendo como objetivos específicos: descrever o percurso sociohistórico do ensino superior no Brasil; apontar os principais embates existentes no processo de instituição da política de educação superior brasileira; e caracterizar a universidade brasileira na 1 Graduando do Curso de Bacharelado em Serviço Social pelo Instituto de Educação Superior Raimundo Sá, Picos PI. Email: jenilsonantonio@hotmail.com

atualidade. Além do mais, o presente estudo é parte constituinte do Trabalho de Conclusão de Curso do pesquisador a ser apresentado ao Instituto de Educação Superior Raimundo Sá para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social em 2017. Sendo assim, a busca pelo entendimento da política pública de educação superior no Brasil na atualidade justifica-se na medida que somente a partir do resgate histórico acerca da formação social brasileira e da análise do papel social da educação nos diferentes períodos da história do Brasil torna-se possível evidenciar as principais tensões e contradições constitutivas do sistema educacional e da política de educação superior no país. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 O Ensino Superior Brasileiro: trajetória sociohistórica Inicialmente, para que se possa entender a política de ensino superior no Brasil na atualidade, faz-se necessário o levantamento sociohistórico do surgimento da universidade e, consequentemente, do ensino superior no país, uma vez que a política de educação no âmbito do ensino superior é, assim como as demais políticas sociais, fruto de um intenso processo histórico marcado pelo conflito de classes com interesses divergentes. As primeiras iniciativas de educação no Brasil ocorreram em 1549, com a chegada dos jesuítas a Colônia. Os religiosos iniciaram um processo de civilização dos nativos, buscando integrá-los ao padrão de educação europeu (JUNIOR; BITTAR, 1999). Entretanto, apesar do interesse dos jesuítas em civilizar os nativos, as prioridades da metrópole Portugal sempre foram fiscalizar e defender a colônia, extraindo suas riquezas. Desse modo, se não houvesse a ação da ordem religiosa em educar os nativos nas terras recém descobertas, não haveria nenhum resquício em matéria de educação durante o Brasil Colônia. Nesse período o acesso ao ensino superior era reservado aos filhos da elite do sexo masculino e esse acesso se dava através da Universidade de Coimbra em Portugal, nas áreas de Teologia, Direito Canônico, Direito Civil, Medicina e Filosofia. Cabe reafirmar que somente altos funcionários da Igreja ou da Coroa, ou filhos de burocratas, de grandes latifundiários ou de comerciantes estudavam nas escolas do Velho Mundo (OLIVEN, 2005). Durante o Brasil Colônia, houveram no país várias tentativas de instituir uma universidade, porém, todas fracassaram. Conforme, Fávero (2006), nos conventos das ordens religiosas, os padres e seminaristas tinham acesso à educação superior em diversas áreas do

conhecimento, porém, ninguém externo aos conventos tinha acesso a esse tipo de conhecimento em terras brasileiras. Além do mais, todos os esforços realizados em prol da criação da universidade no Brasil no período Colonial sofreram interferência contrária de Portugal, impedindo qualquer alternativa que possibilitasse sinais de independência cultural e política da Colônia. A história da criação da universidade no Brasil revela, inicialmente, considerável resistência, seja de Portugal, como reflexo de sua política de colonização, seja da parte de brasileiros, que não viam justificativa para a criação de uma instituição desse gênero na Colônia, considerando mais adequado que as elites da época procurassem a Europa para realizar seus estudos superiores (FÁVERO, 2006, p. 18). Dessa forma, apenas em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, inicia-se a implantação do ensino superior no Brasil, tendo em vista que o rei Dom João VI estabelece a criação dos institutos de ensino superior. Esse nível de ensino nasce no Brasil caracterizado como um instituto isolado e de natureza profissionalizante, voltado a atender os filhos da aristocracia que não podiam estudar na Europa devido o bloqueio militar napoleônico. Todavia, somente em 1920, após várias tentativas fracassadas no período de 1843 a 1920, afirma Mendonça (2000), se consolida a criação da primeira universidade brasileira, sendo a Universidade do Rio do Janeiro, a primeira instituição universitária criada legalmente pelo governo federal (FÁVERO, 2006). Sobre o surgimento da primeira universidade brasileira vale destacar: A primeira universidade brasileira foi criada em 1920, data próxima das comemorações do Centenário da Independência (1922). Resultado do Decreto n 14.343, a Universidade do Rio de Janeiro reunia, administrativamente, Faculdades profissionais pré-existentes sem, contudo, oferecer uma alternativa diversa do sistema: ela era mais voltada ao ensino do que à pesquisa, elitista, conservando a orientação profissional dos seus cursos e a autonomia das faculdades (OLIVEN, 2002, p. 26). Conforme, Mendonça (2000) o período que se prolonga de 1920 a 1967 é crucial para a universidade brasileira, pois, nesse período houve a efetiva implantação dessas instituições de ensino no país e, além disso, é nesse período que as universidades adquiriram as configurações que permanecem até os dias atuais. Com o advento da Nova República, é instituído o Estatuto das Universidades Brasileiras, este documento expressava dois modelos de universidade: a universidade oficial de caráter público e a universidade livre de caráter privado (OLIVEN, 2002). Dessa forma, o Estatuto das Universidades, sendo uma das primeiras legislações voltadas a regulamentar o

ensino superior no país, ocasiona a dualidade (público-privado) no modelo de universidade brasileira. Contudo, independente da modalidade de ensino as universidades deveriam oferecer no mínimo três dos referidos cursos: Direito, Medicina, Engenharia, Educação, Ciências e Letras, uma vez que os principais cursos da época eram voltados para as áreas de medicina, engenharias, direito, agricultura e artes (MOROSINI, 2005). Entre as décadas de 1940 e 1970 pode-se constatar a expansão das universidades pelo território nacional, sendo criadas universidades federais em quase todos os estados brasileiros, esse período é marcado pela descentralização e pela regionalização do ensino superior. Ao referir-se a expansão da universidade nesse período Oliven (2002) expressa que na Nova República ocorre a consolidação do ensino superior federal em cada capital do Estado brasileiro. Na Era Vargas, especificamente, após 1945, ocorre o processo de institucionalização da universidade e do ensino superior no país. Esse processo pode ser caracterizado pela luta pela autonomia universitária, acompanhada pela expansão da universidade pelo território nacional, seguindo o ritmo acelerado do processo de industrialização e priorizando a formação profissional enfatizando a pesquisa e a produção de conhecimento (FÁVERO, 2006). Ao referir-se as políticas voltadas ao ensino superior nesse período, Morosini (2005, p. 312) afirma que [...] após 1945, as legislações universitárias são refletoras da democratização política e econômica vigente na nação brasileira. No contexto brasileiro até 1960, o acesso ao ensino superior permanecia restrito as camadas mais elitizadas da sociedade e a oferta desta modalidade de ensino era ofertada na espera pública, com exceção das Pontifícias Universidades Católicas (PUCs) que eram as únicas instituições de ensino a oferecer educação superior privada (BITTAR, 2009). Segundo Mendonça (2000), durante os anos de 1950 e 1960 o ensino superior brasileiro passa a ser influenciado fortemente pela política, adotando novas ideologias como alicerce de sustentação dos governos que se sucederam até 1964. Dessa forma, é perceptível as mudanças ocorridas na estrutura pedagógico-administrativa do ensino superior. E no que tange a legislação da educação, em 1961, foi criada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) que vigorou até 1996, fortalecendo a centralização do sistema de educação superior. Todavia, durante o período militar (1960 1980) as universidades passam a sofrer drásticas mudanças em virtude do golpe militar ocorrido em 1964, onde o sistema educacional como um todo e, principalmente, o ensino superior passa a ser supervisionado constantemente

pelo governo ditatorial como uma forma de supressão a qualquer tentativa de revolução ou subversão ao governo em vigência (MENDONCA, 2000; EVANGELISTA, 2001; FÁVERO, 2006). Dessa forma, em 1968, o ensino superior sofre várias modificações em decorrência da Reforma Universitária (Lei nº 5.540/1968). Assim, Macedo (2005) afirma que a Reforma de 1968 colaborou para a consolidação da universidade como instituto de ensino superior, tendo como uma de suas principais atribuições a produção de conhecimento através da pesquisa. Entretanto, apesar dos avanços a referida Reforma não garantiu a autonomia financeira das instituições de ensino superior, além disso ocasionou a expansão do ensino superior privado que foi incentivado pelo Governo Militar e apoiado pelo Conselho Federal de Educação. Em 1970, observa-se uma elevada expansão do ensino superior, entretanto, essa se deu tanto no setor público quanto no setor privado. A expansão nas duas modalidades de oferta da educação no nível superior ocasionou a perda de espaço pelo setor público, até então majoritário na oferta desse nível de educação, para o setor privado (NOGUEIRA, 2008). Portanto, apesar do discurso oficial do governo militar afirmar que a Reforma visava a democratização do educação superior no âmbito do setor público, o que percebeu-se nos anos seguinte a mesma foi o crescimento exorbitante do setor privado e a diminuição dos investimentos no ensino superior público. De acordo, com Melo (2009), apesar das críticas, as mudanças feitas na universidade nesse período contribuíram para a expansão do acesso à educação superior, viabilizando o aumento das possibilidades de acesso das camadas sociais menos privilegiadas ao ensino superior. Entretanto, cabe ressaltar que essa expansão não priorizou o setor público, mas ocorreu em virtude do aumento de vagas no setor privado e da concentração na área de Ciências Humanas, onde o investimento é menor e o retorno mais lucrativo. No entanto, a década de 1980, conforme Nogueira (2008), foi marcada por um congelamento na expansão do ensino superior em âmbito público e privado. Afirma a autora que o congelamento é decorrente da crise econômica enfrentada pelo país nesse período com o fim do Milagre Econômico brasileiro. Ainda segundo a autora, durante esta década houve apenas uma pequena elevação na quantidade de vagas ofertadas no ensino superior público passando de 35,7% em 1981 a 38,5% em 1989, enquanto o setor privado no mesmo período passou de 64,5% a 61,5%. Porém, essa pequena redução do setor privado na oferta da educação superior não significou uma grande perde para o setor.

Na década de 1990, o Estado brasileiro adota as concepções neoliberais que passam a requisitar políticas públicas que propiciem novas definições para as categorias consumo, trabalho e produção para satisfazer as necessidades desse novo contexto. E, conforme assegura Dourado (2002), a reestruturação produtiva nesse período afeta diretamente o caráter social das políticas públicas, principalmente, as políticas educacionais que tendem a reforçar os interesses dos investidores privados. Assim, as políticas educacionais adotas para o ensino superior do Brasil nesse período sofrem diretamente os impactos das transformações econômicas e sociais ocorridas mundialmente e no país, principalmente, em decorrência da necessidade de qualificação de mão-de-obra para o mercado de trabalho, função atribuída a este nível de ensino. Segundo Souza (2007), a Reforma do Estado brasileiro faz parte das exigências impostas pelo neoliberalismo, que visa flexibilizar as relações existentes entre o Estado e a sociedade, e também as relações entre capital e trabalho, cumprindo as proposições do Consenso de Washington; do Banco Mundial (BM); do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Dessa forma, as instituições de educação superior são pressionadas a atuarem no sentido oposto a democratização e socialização do conhecimento, se sujeitando a políticas estabelecidas por organismos internacionais que impõem restrições as políticas de caráter social (MICHELOTTO; COELHO; ZAINKO, 2006). O início da década de 1990, é marcado pela estagnação da educação superior brasileira, porém, ao referir-se a situação da educação superior no final da década de 1990, Dourado (2002, p. 22) afirma que [...] a universidade brasileira assume uma face operacional, ou seja, ela volta-se para si mesma como estrutura de gestão e de arbitragem de contratos e, nesse sentido, assume o perfil de uma organização de tipo capitalista. No início do século XXI, a política de expansão do ensino superior brasileiro tem continuidade apoiado sobretudo, na iniciativa privada. Assim, em 2001, é publicado o Plano Nacional da Educação (Lei nº 10.172/2001), contemplando objetivos e metas relacionadas aos desafios de expandir o ensino superior no país. Todavia, segundo Nogueira (2008, p. 38), [...] dentre os objetivos e metas apontados [...] não há nenhum que acene mais fortemente no sentido de assegurar a diretriz de fortalecimento do setor público. Dessa forma, cabe destacar que de 2000 a 2006 a participação do setor público na oferta do ensino superior variou de 33,0% para 25,9%, e em 2006, segundo Nogueira (2008), a rede privada era responsável por cerca de 74,1% da oferta do ensino superior brasileiro, sendo o protagonista no processo de expansão do mesmo. Assim, constata-se que a expansão

do ensino superior nesse período ocorreu, principalmente, no setor privado o que representa 90% das instituições de educação superior do país. A respeito, os dados publicados em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), apontam que nos anos anteriores as instituições de ensino superior (IES) encontravam distribuídas da seguinte maneira: 89% instituições privadas e 11% instituições públicas, sendo 4,6% instituições federais (BRASIL, 2007). Cabe ressaltar que partir de 2003, com o início do governo do Presidente Luiz Inácio Lula Silva, a rede federal de ensino superior brasileiro passa por um processo de ampliação que aconteceu por duas vertentes: a primeira, diz respeito a ampliação dos recursos financeiros destinados a rede federal já instalada; e a segunda, ocorreu por meio da construção e/ou consolidação de novas universidades e campus. Assim, buscou-se conter ainda nos primeiros anos do governo Lula o avanço desenfreado do ensino superior privado fortemente incentivado no segundo mandato de FHC (NOGUEIRA, 2008). Entretanto, vale destacar que segundo a autora a presença do setor privado na oferta da educação superior não deixou de ser incentivada no governo Lula e isso torna-se evidente com a criação do Programa Universidade para Todos (PROUNI), que fomentou o acesso da população a educação de nível superior através do financiamento do Estado a cursos superiores em instituições privadas. Ao analisar-se a lógica de expansão do ensino superior no Brasil, principalmente, a partir de 1990 se estendendo até os dias atuais, pode-se observar que esse movimento de expansão ocorreu por meio de investimentos do Estado na área pública, mas também no setor privado, tendo este último prevalecido. Dessa forma, o Estado optou por solucionar as questões referentes ao acesso à educação superior por meio do fortalecimento do setor privado, reduzindo sua atuação na oferta do ensino superior público. Pontua Cunha (1999) que as concepções relacionadas a reforma da universidade, sua expansão e democratização estão ideologicamente sobrecarregadas de pressupostos neoliberais que tendem a afirmar a expansão do setor privado nesse nível de ensino em detrimento ao recuo do setor público. Na atualidade, além de um espaço de produção do conhecimento as universidades assumiram um caráter comercial, em virtude da necessidade de atender as demandas emergentes do sistema capitalista. Percebe-se que o objetivo principal das universidades que deveria ser a produção e transmissão de conhecimento para o desenvolvimento do ser humano e da sociedade está sendo colocado de lado, outrora, o conhecimento passa a fazer parte do

processo de desregulamentação e mercantilização no atual estágio da globalização (RAUBER, 2008b). Desse modo, pode-se expressar que a maioria dos impasses vivenciados pela universidade no Brasil são advindos do processo histórico dessa instituição no país, uma vez que a mesma surge não para atender as necessidade da sociedade brasileira como um todo, mas, pelo contrário, foi criada para atender as necessidades de uma minoria e sem objetivos bem definidos (FÁVERO, 2006). Cabe destacar ainda que Nogueira (2008) ao descrever o atual perfil do sistema de educação superior no Brasil, elenca entre suas principais características: a baixa taxa de atendimento da população; a privatização do ensino superior; a heterogeneidade do sistema; e as desigualdades regionais na oferta. 2.2 Metodologia Para a realização desse estudo adota-se uma abordagem qualitativa, que segundo, Lakatos & Marconi (2001), pode ser definida como um estudo não estatístico, que identifica e analisa em profundidade dados de difícil mensuração de um determinado grupo de indivíduos em relação a um problema específico. Além disso, o estudo consiste em uma pesquisa do tipo bibliográfica que pode ser definida como a pesquisa realizada [...] a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites [...] (FONSECA, 2002, p. 32). Desse modo, visando alcançar os objetivos propostos delimita-se o período situado entre meados do século XVI ao século XXI como sendo o recorte temporal no qual se focaliza a análise da pesquisa. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o percurso sociohistórico da educação superior no país, a datar da instalação das primeiras escolas de nível superior à atual formação profissional nas diversas áreas do conhecimento, pode-se contatar que foram inúmeras as transformações sofridas pelo ensino superior brasileiro, essas transformações ora se expressam em forma de avanços, ora em retrocessos. Assim, em vista dos argumentos apresentados pode-se constatar que a universidade brasileira na atualidade é resultante de um intenso trajeto histórico marcado por conflitos de

interesses entre classes antagônicas. Dessa maneira, o modo de pensar as políticas de educação para o nível superior e, consequentemente, a organização e estrutura da universidade atualmente no Brasil é fortemente influenciado pela ofensiva neoliberal imperante no atual estágio do modo de produção capitalista e pelos organismos internacionais, que tendem a privilegiar a classe burguesa e o setor privado, principalmente, por meio da mercantilização e da privatização do ensino, e por outro lado, ocasionar a sucateamento da educação superior ofertada no âmbito público pelo Estado. REFERÊNCIAS BITTAR, M. C. M. A expansão do ensino noturno nas instituições de educação superior da região centro-oeste. XXIV Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação. Universidade Estadual do Espírito Santo, 2009. BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação: resumo técnico. 2006. Brasília, DF: INEP, 2007. CUNHA, L. A. Reforma universitária em crise: gestão, estrutura e território. In: TRINDADE, G. (Org.). Universidade em ruínas: na república dos professores. Petrópolis: Vozes, 1999. DOURADO, F. L. Reforma do Estado e as políticas para a Educação Superior no Brasil nos anos 90. Educação e Sociedade. Campinas, v. 23, n. 80, p. 234-252, set./2002. Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em 20 jan. 2017. EVANGELISTA, O. Formar o mestre na universidade: a experiência paulista nos anos de 1930. Educação e Pesquisa, São Paulo, vol. 27, n. 2, p. 247-259, jul./dez., 2001. FÁVERO, M. L. A. A Universidade no Brasil: das origens a Reforma Universitária de 1968. Educar, Curitiba, n. 28, p. 17-36, mai./jun., 2006. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. JUNIOR, A. F.; BITTAR, M. Educação jesuítica e crianças negras no Brasil colonial. Revista Brasileira Estudos Pedagógicos, Brasília, vol. 80, n. 196, p. 472-482, set./dez., 1999. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho cientifico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Editora Atlas, 2001. MACEDO, A. R. O papel social da universidade. Estudos, Brasília, DF, ano 23, n. 34, p. 7-12, abr., 2005. MENDONÇA, A. W. P. C. A Universidade no Brasil. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 14, p. 131-151, mai./ago., 2000.

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