COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Documentos relacionados
ESTUDOS PARA APLICAÇÃO DE RECURSOS DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DIREITO AMBIENTAL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação -SNUC- Lei nº de 2000 e Decreto nº de 2002 Compensação Ambiental

(Publicação Diário do Executivo Minas Gerais 07/07/2011)

DECRETO Nº 4.340, DE 22 DE AGOSTO DE 2002

CAPÍTULO I DA CRIAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

GOVERNO DE SERGIPE SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS- SEMARH CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - CEMA

PORTARIA Nº 55, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2014

INSTRUÇÃO NORMATIVA ICMBIO Nº 30, DE 19 DE SETEMBRO DE 2012

DECRETO Nº 4.340, DE 22 DE AGOSTO DE 2002

A compensação o ambiental e a racionalização o do seu uso

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 470, DE

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

EQUACIONAMENTO JURÍDICO E AMBIENTAL DA RENCA VII ENCONTRO DE EXECUTIVOS DE EXPLORAÇÃO MINERAL A AGENDA MINERAL BRASILEIRA ADIMB 29 DE JUNHO DE 2017

DIRETIVA DO COPAM Nº. 02, DE 26 DE MAIO DE (publicado no dia 02/07/2009)

LEI Nº 760 DE 18 DE ABRIL DE 2011

Licenciamento e Compensação Ambiental em âmbito Federal. Escritório Regional de Santos IBAMA/SUPES/SP

INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA Nº 08, de 14/07/2011

RESOLUÇÃO CONSEMA N.º 001/2006

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. POLÍCIA MILITAR D E M I N A S G E R A I S Nossa profissão, sua vida.

Módulo Órgãos Ambientais Competentes Procedimentos do licenciamento ambiental Exercícios.

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Governo do Estado de São Paulo. CLÁUDIO LEMBO, GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, no uso de suas atribuições legais,

COMPENSAÇÕES AMBIENTAIS. Luciano Cota Diretor de Meio Ambiente Azurit Engenharia e Meio Ambiente

Lei n.º 4.771/1965 Institui o novo Código Florestal, ainda vigente.

DECRETO Nº , DE 4 DE SETEMBRO DE 2013.

Deliberação Normativa COPAM nº., de XX de janeiro de 2010

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 9, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2019

Decisão de Diretoria CETESB nº 153 DE 28/05/2014 Norma Estadual - São Paulo Publicado no DOE em 29 mai 2014

CAPÍTULO II DA INCIDÊNCIA DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL Art. 2º - Incide a compensação ambiental nos casos de licenciamento de empreendimentos considerados

DIREITO AMBIENTAL. Proteção do Meio Ambiente em Normas Infraconstitucionais- Mata Atlântica Lei nº /06 Parte 3. Prof.

CÁLCULO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL DE ACORDO COM O DECRETO 6.848

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL

XXIII EXAME DE ORDEM DIREITO AMBIENTAL PROFª ERIKA BECHARA

Deliberação Normativa COPAM n.º 58, de 28 de Novembro de (Publicação - Diário do Executivo - "Minas Gerais" - 04/12/2002)

Sistema Integrado de Normas Jurídicas do Distrito Federal SINJ-DF

CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 148 DE 30 DE ABRIL DE 2010

VALORAÇÃO AMBIENTAL. Cálculo III. Prof. Éder Clementino dos Santos. Copyright Proibida Reprodução.

Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado do Ambiente SEA

DIREITO AMBIENTAL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC-Lei nº de 2000 e Decreto nº de 2002

S UMÁRIO. Capítulo 1 Meio Ambiente Doutrina e Legislação...1. Questões...6 Gabaritos comentados...8

Disciplina de Impactos Ambientais Professor Msc. Leonardo Pivôtto Nicodemo. O ordenamento do processo de AIA

DECRETO Nº 2.758, DE 16 DE JULHO DE 2001.

Estado do Rio Grande do Sul

Sistema Tributário Nacional

os pressupostos para o manejo sustentável da área de entorno dos reservatórios artificiais ocupados por plantas

RESOLUÇÃO CONAM Nº 09, DE

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. POLÍCIA MILITAR D E M I N A S G E R A I S Nossa profissão, sua vida.

DECRETO Nº DE 27 DE DEZEMBRO DE O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições,

DA CRIAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO. Art. 2 o O ato de criação de uma unidade de conservação deve indicar:

Efeitos das recentes decisões do Supremo Tribunal Federal

Direito Tributário

XXII EXAME DE ORDEM DIREITO AMBIENTAL PROF.ª ERIKA BECHARA

Processo de Manejo Arbóreo em Empreendimentos Metroviários. Victor Bassetti Martinho 20ª AEAMESP SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA

LICENCIAMENTO AMBIENTAL - TENDÊNCIAS - Perspectivas para os Seguros Ambientais

7. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Resolução SMA nº 49 DE 28/05/2014 Norma Estadual - São Paulo Publicado no DOE em 29 mai 2014

PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO E CONTROLE DE IMPACTOS AMBIENTAIS

SNUC - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

GESTÃO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA. Renato das Chagas e Silva Engenheiro Químico Divisão de Controle da Poluição Industrial FEPAM

PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO

Legislação Ambiental Aplicada a Parques Eólicos. Geógrafa - Mariana Torres C. de Mello

Edição Número 161 de 20/08/2004 Ministério do Meio Ambiente Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA

Como a Constituição trata tal imposto:

Edição Número 176 de 13/09/2004

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DE GOIÁS 2018 PROFESSOR VILSON CORTEZ

Aula 07 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS. O art. 4.º do CTN define um critério para a identificação das espécies tributárias.

SEGURANÇA JURÍDICA E REGULAMENTAÇÕES AMBIENTAIS

Compensação Ambiental Lei 9.985/2000 Sistema de Unidades de Conservação

Legislação Ambiental / EIA RIMA Legislação

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL. Daniel Freire e Almeida

RESOLUÇÃO SMA Nº 35, de 29/03/2018

Considerando os preceitos da Lei nº 2.193, de 18 de dezembro de 2000, que regula o ICMS Ecológico;

GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS - SEMA GABINETE DO SECRETÁRIO

TAXAS Art. 145, II e 2º, CF e arts. 77 a 80, CTN

Esta Norma aplica-se aos empreendimentos e atividades para os quais sejam requeridos documentos do Sistema de Licenciamento Ambiental SLAM.

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. POLÍCIA MILITAR D E M I N A S G E R A I S Nossa profissão, sua vida.

XIV SIMPÓSIO JURÍDICO

Prof. Guilhardes de Jesus Júnior, MSc.

SIMEXMIN 2012 A QUESTÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS. Ricardo Carneiro

Dispõe sobre Procedimentos para o Controle de Efluentes Líquidos Provenientes de Fontes de Poluição Licenciáveis pela CETESB, na UGRHI 6 Alto Tietê.

Licenciamento Ambiental. Rede Municipalista

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE PL nº 7.397/2006 GTMA FT APP 16 /09/2009

Art. 3º A Fundação Estadual de Meio Ambiente-Pantanal, expedirá as seguintes Licenças Ambientais:

Art. 1º. É inserido o seguinte parágrafo único no art. 193 da Constituição Federal:

PROVA ESCRITA SUBJETIVA (P 2 )

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

LICENCIAMENTO AMBIENTAL: o que mudou na prática e andamento da Lei Geral do Licenciamento Ambiental

DECISÃO DE DIRETORIA Nº 394/2014/C, de 23 de dezembro de 2014

LICENCIAMENTO COM AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

APRESENTAÇÃO. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p

Direito Ambiental OAB. Prof. Rosenval Júnior

Comparação entre lei 4771 e PL relatado pelo Dep.Aldo Rebelo preparado por Zeze Zakia Versão preliminar ( Reserva Legal )

REGULAMENTAÇÃO DA LEI Nº /2016

ITR Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural Base de Cálculo e descentralização da fiscalização

TCE DIREITO AMBIENTAL

PROVA DE SELEÇÃO DE TUTORES NA MODALIDADE À DISTÂNCIA

Decreto nº , de Art. 32 (...)

Transcrição:

II Seminário: Energia e Meio Ambiente Perspectivas Legais COMPENSAÇÃO AMBIENTAL Manaus, 13 de junho de 2006.

O que é compensação ambiental? É a retribuição pelos impactos causados com a implantação de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Significativo impacto: não existe definição (idéia de alta magnitude). Deve ser verificado no Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA). Impacto ambiental ( dano ambiental): qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetem: I) a saúde... (art. 1 da Res. CONAMA n 01/86)

Onde está prevista? Lei Federal n 9.985, de 18/07/2000 Art. 36 Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei. 1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.

De onde veio? Resolução CONAMA Nº 10, de 13/12/87 Art. 1º - Para fazer face à reparação dos danos ambientais causados pela destruição de florestas e outros ecossistemas, o licenciamento de obras de grande porte, assim considerado pelo órgão licenciador com fundamento no RIMA terá sempre como um dos seus pré-requisitos, a implantação de uma Estação Ecológica pela entidade ou empresa responsável pelo empreendimento, preferencialmente junto à área. Art. 2º - O valor da área a ser utilizada e das benfeitorias a serem feitas para o fim previsto no artigo anterior, será proporcional ao dano ambiental a ressarcir e não poderá ser inferior a 0,5% (meio por cento) dos custos totais previstos para a implantação dos empreendimentos.

Existe em outro país? Em pesquisa realizada na legislação dos EUA, Canadá, Noruega, União Européia e Reino Unido verificou-se que não existe instituto similar à compensação ambiental prevista na legislação brasileira.

Teria sido constitucional sua instituição? ADI 3378 proposta pela CNI, em 16/12/04, pendente de julgamento, inclusive quanto ao pedido liminar.

Qual a sua natureza jurídica? 1) Tributária? Art. 3 do CTN: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Teria natureza tributária a teor do disposto no art. 3 do CTN. Todavia não se enquadra em nenhuma das espécies tributárias existentes.

Qual a sua natureza jurídica? 1) Tributária? Pontos para debate: I - Não cabe como tributação legítima II- Não incide sobre manifestação de riqueza nova III- Viola a ordem econômica IV- Pode inviabilizar empreendimentos V- Viola o princípio da livre iniciativa VI- Não existe imposto sobre empreendimento. Poderia haver se tivesse os demais pressupostos (isto é, não violasse a ordem econômica e incidisse sobre riqueza nova e não inibisse a iniciativa privada); VII- Alíquota: a previsão legal de que a alíquota seja fixada caso a caso, discricionariamente, pela autoridade administrativa, fere os princípios da legalidade e isonomia. Como a previsão legal é de alíquota mínima de 0,5% (meio por cento), a autoridade pública, por meio de ato administrativo poderia instituir tributação confiscatória e também tributação atentatória a livre iniciativa (alíquota não pode inviabilizar a atividade econômica)

Qual a sua natureza jurídica? 2) Indenizatória? Pontos para debate: I- dano x impacto II- indenização anterior à ocorrência de dano III- valor da indenização

HISTÓRICO Resolução CONAMA nº 10/87 (revogada pela Res. 02/96) Lei nº 9.985/2000 Decreto nº 4.340/2002 (alterado pelo Decreto nº 5.566/2005); Resolução CONAMA nº 371/2006 (revogou a Res. 02/96) Metodologias de cálculo (em elaboração)

Qual o fator mais crítico e polêmico?? É o estabelecimento do percentual máximo ( teto ) a ser pago pelo empreendedor (possibilidade de inviabilizar a implantação de empreendimentos) A Lei n o 9.985/00 apenas determina que o montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor, para essa finalidade, não pode ser inferior a 0,5% (meio por cento) dos custos totais previstos para implantação do empreendimento, deixando ao alvedrio do órgão ambiental licenciador a definição do percentual a ser aplicado. Projeto de Lei n o 4.082/2004

Compensação Ambiental x Medidas Compensatórias Medidas compensatórias e mitigadoras: Código Florestal (Lei n 4.771/65): Art. 4º redação dada pela MP 2.176/02): A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto.... 4º - O órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da autorização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor.

INTERPRETAÇÃO DOS DISPOSITIVOS Lei nº 9.985/00: Art. 36 Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei. 1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.

INTERPRETAÇÃO DOS DISPOSITIVOS Art. 36-... 2º Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação. 3º Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o "caput" deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo.

Requisitos Legais de Aplicabilidade A Lei 9.985/00 obriga o empreendedor a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral (Estação Ecológica; Reserva Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural; Refúgio de Vida Silvestre art. 8º). Para que o apoio e manutenção de unidade de conservação seja exigido no Licenciamento Ambiental, serão necessários os seguintes requisitos: 1) empreendimento de significativo impacto ambiental; 2) assim considerado pelo órgão ambiental competente; 3) com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório (EIA/RIMA)

Requisitos Legais de Aplicabilidade Para efeito de cobrança de compensação ambiental, a Lei n o 9.985/00 se refere somente a empreendimentos. A Lei, quando menciona empreendimentos com significativo impacto negativo, se reporta às situações que comportam implantação (da instalação até o início da operação), por tempo indeterminado, como, por exemplo, se dá com instalações de produção de petróleo. A compensação ambiental somente será exigível, no âmbito do procedimento de licenciamento ambiental, para a implantação de empreendimentos, não se referindo à atividades, embora estas possam estar sujeitas ao licenciamento ambiental, conforme disposto no artigo 10 da Lei Federal nº 6.938/81, repetido pelo art. 2º da Resolução CONAMA 237/97.

Requisitos Legais de Aplicabilidade A compensação ambiental é retributiva exigida quando do procedimento de licenciamento ambiental de empreendimento de significativo impacto ambiental qualificação do impacto deverá ser feita pelo órgão ambiental licenciador a base para qualificação será o EIA/RIMA Regra: compensação ambiental com destinação vinculada de recursos, para apoio à implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral Única exceção: quando o empreendimento afetar unidade(s) de conservação de uso sustentável

Requisitos Legais de Aplicabilidade O montante dos recursos não pode ser inferior à 0,5% dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, porém não há fixação de percentual máximo (PL nº 4.082/2004) O percentual deve ser definido pelo órgão licenciador competente de acordo com o grau de impacto do empreendimento, o que exige regulamentação (metodologia para gradação de impacto a ser elaborada pelo órgão ambiental).

Requisitos Legais de Aplicabilidade O que se deve entender: custo total de implantação de um empreendimento : A doutrina não responde a este questionamento, assim, ousamos concluir que não deverão ser incluídos no referido custo total para implantação do empreendimento os custos das atividades anteriores à fase de implantação, ou seja, levadas a efeito antes do início da instalação do empreendimento, o que inclui os custos despendidos com os projetos e planos executados visando à obtenção da licença prévia de um determinado empreendimento. Assim, no que se refere à indústria do petróleo, os custos das atividades de pesquisa sísmica, de perfuração de poços - pelas quais se visa encontrar as jazidas de petróleo e gás - e prévia de produção - destinada à verificação da viabilidade técnica e econômica da exploração das jazidas de petróleo e gás encontradas - não deveriam ser incluídos nos citados custos totais de implantação do empreendimento, já que esta última se inicia após a declaração de viabilidade técnica e econômica referidas.

Falhas na Lei nº 9.985/00 Ausência de teto (valor máximo) Falta de definição do momento de apresentação da exigência no âmbito do licenciamento ambiental Não fixa a forma pela qual será feita a compensação e o respectivo instrumento, apenas há vinculação da destinação dos recursos. Não há critério para a divisão, pelo órgão ambiental, dos recursos da compensação ambiental, a não ser o postos nos 2º e 3º do art. 36 da Lei do SNUC.

Decreto nº 4.340/02 CAPÍTULO VIII DA COMPENSAÇÃO POR SIGNIFICTIVO IMPACTO AMBIENTAL Art. 31. Para os fins de fixação da compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei no 9.985, de 2000, o órgão ambiental licenciador estabelecerá o grau de impacto a partir de estudo prévio de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA realizados quando do processo de licenciamento ambiental, sendo considerados os impactos negativos e não mitigáveis aos recursos ambientais (redação dada pelo Decreto nº 5.566/05) Parágrafo único. Os percentuais serão fixados, gradualmente, a partir de meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, considerando-se a amplitude dos impactos gerados, conforme estabelecido no caput.

Regulamento Limites de Incidência Sem fixação de critérios para a graduação das alíquotas de incidência, pelos princípios da legalidade, reserva legal, vinculabilidade administrativa e segurança jurídica, somente, seria possível admitir a aplicação da alíquota mínima prevista na Lei e repetida no Decreto Motivação e fundamentação pelo órgão licenciador dos critérios adotados para a definição da incidência no caso, bem como dos percentuais aplicados (metodologia e critérios inexistentes até o momento) Grau de impacto em face de estudos somente EIA/RIMA, nos limites da lei, e agora claramente do Decreto n o 5.566/05, desde que na conclusão do estudo seja apurado que a implantação do empreendimento irá gerar impacto significativo negativo e não mitigável aos recursos ambientais

Decreto nº 4.340/02 Art. 32. Será instituída no âmbito dos órgãos licenciadores câmaras de compensação ambiental, compostas por representantes do órgão, com a finalidade de analisar e propor a aplicação da compensação ambiental, para a aprovação da autoridade competente, de acordo com os estudos ambientais realizados e percentuais definidos. Até que sejam criadas as câmaras de compensação ambiental entende-se não ser possível efetivar a exigência de cobrança de compensação ambiental na forma da Lei nº 9.985/00 e do Decreto nº 4.340/02 acima do percentual mínimo previsto em Lei. Deverão ser editadas normas específicas para isso, inclusive, garantindo o direito de revisão e defesa como é direito constitucional do Administrado.

Decreto nº 4.340/02 Art. 33. A aplicação dos recursos da compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985, de 2000, nas unidades de conservação, existentes ou a serem criadas, deve obedecer à seguinte ordem de prioridade: I regularização fundiária e demarcação das terras; II elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo; III aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de amortecimento; IV desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de conservação; e V desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de conservação e área de amortecimento.

Decreto nº 4.340/02 Art.33... Parágrafo único. Nos casos de Reserva Particular do Patrimônio Natural, Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de Relevante Interesse Ecológico e Área de Proteção Ambiental, quando a posse e o domínio não sejam do Poder Público, os recursos da compensação somente poderão ser aplicados para custear as seguintes atividades: I elaboração do Plano de Manejo ou nas atividades de proteção da unidade; II realização das pesquisas necessárias para o manejo da unidade, sendo vedada a aquisição de bens e equipamentos permanentes; III implantação de programas de educação ambiental; e IV financiamento de estudos de viabilidade econômica para uso sustentável dos recursos naturais da unidade afetada.

Análise do Decreto nº 4.340/02 Estabelece um rol de prioridades que deve ser obedecido pelo órgão ambiental, quanto à aplicação dos recursos da compensação ambiental nas unidades de conservação existentes ou a serem criadas. Discutível o sentido de compensação ambiental estabelecida na lei e no art. 33 do Decreto n 4.340/02: a citada compensação deveria significar uma melhoria da qualidade ambiental, e jamais uma substituição de tarefas que deveriam ser realizadas pelo próprio poder público (rol de prioridades está voltado para ações institucionais que deveriam ser previstas nos orçamentos das unidades de conservação). Inobservância do rol de aplicação prioritária dos recursos O parágrafo único do artigo 33 do Decreto 4.340/2002 deve ser entendido como aplicável somente na ocorrência da exceção prevista no 3º do artigo 36 da Lei nº 9.985/2000, ou seja, quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica do Grupo de Uso Sustentável ou sua zona de amortecimento.

Análise do Decreto nº 4.340/02 Pelo art. 34 do Decreto 4.340/2002, os empreendimentos implantados antes da edição da norma em tela e em operação sem as respectivas licenças ambientas terão um prazo de 12 (doze) meses para regularização junto ao órgão ambiental competente mediante licença de operação corretiva ou retificadora. não nos parece adequada a expressão empregada quando refere que a inexistência de licença ambiental deve ser regularizada por licença de operação corretiva ou retificadora, pois, não havendo licença ambiental não há o que se retificar, e, sim, obter-se a licença respectiva, inclusive com a celebração de termo de ajustamento de conduta com o órgão ambiental competente para o licenciamento (obs: art. 60 da Lei nº 9.605/98). A lei nada dispôs acerca da cobrança de compensação ambiental de empreendimentos já implantados, fixando a cobrança apenas para os novos empreendimentos, assim tal exigência é questionável.

Resolução CONAMA nº 371, de 05.04.06 1. incidência apenas em processo de licenciamento ambiental 2. incidência apenas em empreendimento de significativo impacto ambiental, sujeito a EIA/RIMA, respeitando-se o princípio da publicidade 3. fundamentação (pelo órgão ambiental) da significância dos impactos ambientais com base no EIA/RIMA 4. estabelecimento do grau de impacto pelo órgão ambiental, com base apenas nos impactos negativos e não mitigáveis causados aos recursos ambientais 5. exclusão da análise de risco (impacto potencial) no estabelecimento do grau de impacto pelo órgão ambiental

Resolução CONAMA nº 371, de 05.04.06 6. não pode haver redundância de critérios no estabelecimento do grau de impacto pelo órgão ambiental (não pode haver sobreposição de impactos) 7. obrigatoriedade do órgão ambiental elaborar metodologia de gradação de impacto ambiental para estabelecimento do grau de impacto de empreendimento 8. exclusão, nos custos totais do empreendimento, dos investimentos que não são obrigatórios por lei e que são destinados à melhoria da qualidade ambiental e à mitigação dos impactos causados, bem como dos destinados à elaboração e implementação dos planos, programas e ações estabelecidos no processo de licenciamento (e que também não sejam obrigatórios por lei) 9. não pode ser exigido o desembolso da compensação ambiental antes da emissão da Licença de Instalação 10.Nos casos de ampliação (ou de modificação) de empreendimentos já licenciados, somente aquelas sujeitas a EIA/RIMA e que impliquem em significativo impacto ambiental, é que poderão ser passíveis de incidência da compensação ambiental, a qual, se existente, será definida com base nos custos da ampliação ou modificação

Resolução CONAMA nº 371, de 05.04.06 11. O percentual deve ser definido (mas não cobrado), quando da emissão da licença prévia ou, quando esta não existir, na emissão da licença instalação. 12. A fixação do montante da compensação ambiental e a celebração do termo de compromisso correspondente deverão ocorrer no momento da emissão da Licença de Instalação 13.Não haverá reavaliação dos valores aplicados, nem a obrigatoriedade de destinação de recursos complementares para os empreendimentos que já efetivaram o apoio à implantação e manutenção de unidade de conservação, salvo os casos de ampliação ou modificação mencionada anteriormente e nos casos previstos no art. 19, incisos I e II da Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997 14.Não serão revalidados os valores combinados ou pagos, nem haverá a obrigatoriedade de destinação de recursos complementares constantes em acordos, termos de compromisso, Termos de Ajustamento de Conduta-TAC, contratos, convênios, atas ou qualquer outro documento formal firmados pelos órgãos ambientais, a título de compensação ambiental 15.O valor da compensação ambiental fica fixado em meio por cento (0,5%) dos custos previstos para a implantação do empreendimento até que o órgão ambiental estabeleça e publique metodologia para definição do grau de impacto ambiental.

Obrigado! Luciano Cláudio Lage Guimarães Mendes lucianomendes@petrobras.com.br telefone: : (21) 3224-2947 2947