ELETRICIDADE RENOVÁVEL NO SISTEMA ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 2050

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Transcrição:

ELETRICIDADE RENOVÁVEL NO SISTEMA ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25

FICHA TÉCNICA Título: FICHA TÉCNICA Eletricidade Renovável no Sistema Energético Português até 25 Edição: APREN Associação Portuguesa de Energias Renováveis Design: Formas do Possível www.formasdopossivel.com Impressão: - Depósito Legal: - Tiragem: - Data: maio de 218 ÍNDICE Desafios para a descarbonização até 25 3 O papel da eletricidade renovável 4 Questões 5 DESAFIOS PARA A DESCARBONIZAÇÃO ATÉ 25 Até 25 a UE, através do esforço conjunto dos estados membros, pretende atingir um grau de descarbonização entre 8 a 95% em relação aos níveis de 199. ELETRICIDADE RENOVÁVEL NO SISTEMA ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 Cenários 25 Eletricidade renovável para a descarbonização do sistema energético nacional Geração de eletricidade Geração de eletricidade por tecnologia Energia primária vs. Energia renovável Dependência energética nacional Custos unitários do setor elétrico Poupanças com licenças de emissões Fatura energética do setor eletroprodutor Emprego gerado Conclusões Bibliografia 6 7 8 9 1 11 12 13 14 15 16 17 Portugal assumiu o compromisso de atingir a neutralidade das emissões de gases com efeito de estuda até ao final da primeira metade deste século. Transformar a Europa numa economia hipocarbónica, altamente eficiente do ponto de vista energético. Participação ativa da sociedade como um todo, envolvendo os cidadãos, as empresas e a academia. 3

ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 Por outro lado, o setor energético encontra-se numa transição de paradigma que perspetiva uma rutura associada a uma mudança profunda tecnológica: Novo Paradigma Tecnológico Mercado Único Mobilidade Elétrica Os grandes linhas de atuação consistem em: Armazenamento de Energia Eficiência Energética Consumidor > Informar, capacitar e sensibilizar o decisor político, a indústria e os cidadãos. > Estabelecer quadros regulatórios adequados à mudança de paradigma. > Definir estratégias e planos que promovam estabilidade e incentivem o desenvolvimento concertado de tecnologias custo eficientes. O PAPEL DA ELETRICIDADE RENOVÁVEL Redes Inteligentes Digitalização Questões 1 2 3 Qual a trajetória e o perfil tecnológico ótimo para que o setor eletroprodutor assegure uma economia hipocarbónica? Quais os custos e os benefícios da transição para um sistema eletroprodutor com mais penetração renovável? Qual o impacto desta transição no setor energético e na economia nacional? Na eletrificação A eletrificação do setor dos transportes, dos processos industriais e do aquecimento e arrefecimento é imprescindível para se atingir a neutralidade carbónica As tecnologias renováveis são o vetor mais custo-eficaz para a descarbonização do sector electroprodutor. A liderança em competência e tecnologia são ainda a chave para uma economia sustentável e para a criação de emprego. A incorporação de mais tecnologias, renováveis no sistema dinamiza a investigação, o desenvolvimento e a inovação, bem como a cooperação da academia com a indústria em prol da competitividade. As tecnologias renováveis, complementadas por soluções de armazenamento e de resposta ativa de procura, promovem a segurança do abastecimento e a redução da dependência energética de combustíveis fosseis. Para responder a estas questões foi promovido um estudo que agora se apresenta elaborado pelo CENSE Center for Sustainability and Environmental Research, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, solicitado pela APREN, que define trajetórias custo-eficazes para a transição do setor eletroprodutor até 25. Foram desenvolvidos cenários de descarbonização de 215 a 25, através de uma abordagem holística do sistema energético português, sustentada por um modelo energético de otimização que inclui: a oferta de energia primária; a geração de eletricidade; o consumo de energia final na indústria, habitação, serviços, agricultura, silvicultura e pescas e transportes. Os principais resultados deste estudo são apresentados neste documento. Para mais informação pode consultar o relatório completo em www.apren.pt. 4 5

ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 Cenários 25 FER-E CONSERVADOR Não há metas específicas de redução de emissões de GEE (Gases de Efeito de Estufa) do setor energético. A eletricidade renovável aumenta até 6% do mix da produção. ELETRICIDADE RENOVÁVEL PARA A DESCARBONIZAÇÃO DO SISTEMA ENERGÉTICO NACIONAL A trajetória de emissões do sistema energético nacional (incluindo as emissões dos processos industriais), mostra que sem qualquer meta específica de mitigação de GEE para um teto máximo de eletricidade renovável de 6%, atinge-se uma redução de -21% em 23 e de -26% em 25 face a 199, muito aquém da mitigação necessária para atingir os objetivos a que o País se propõe. Emissões de GEE (kt CO 2 e) Trajetória de Emissões de GEE do Sistema Energético Nacional 8 7 6 5 4 3 2 1 199 +4%/199-7%/199-6%/199-21%/199-32%/199-35%/199 2 21 22 23 24 25-26% / 199 FER-E CONSERVADOR MITIGAÇÃO -6% MITIGAÇÃO -75% MITIGAÇÃO -6% Redução das emissões de GEE do setor energético até -6% em 25/199. A entrada de eletricidade renovável no mix de produção está limitada ao potencial do recurso. MITIGAÇÃO -75% Redução das emissões de GEE do setor energético até -75% em 25/199 1. A entrada de eletricidade renovável no mix de produção está limitada ao potencial do recurso. 1. meta intermédia de -6% em 24/ 199. Emissões de GEE (kt CO 2 e) Descarbonização do Sistema Energético Nacional Contribuição por Setores 6 5 4 3 2 1 FER-E CONSERVADOR MITIGAÇÃO - 6% Setor eletroprodutor Outros setores 215 22 23 24 25 Emissões de GEE (kt CO 2 e) 6 5 4 3 2 1 FER-E CONSERVADOR MITIGAÇÃO -75% Setor eletroprodutor Outros setores 215 22 23 24 25 Mais de um 1/3 do esforço de redução das emissões de GEE será proveniente do setor eletroprodutor. 6 7

ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 GERAÇÃO DE ELETRICIDADE Para atingir os níveis de descarbonização necessários, a contribuição da eletricidade renovável deverá ser de 85% em 23 e de 94% em 25 (sem a cogeração incluída). Esta contribuição mostra o papel incontornável da eletricidade renovável. 7 6 5 4 3 2 1 56% 6% 21 22 23 24 25 Para os níveis de descarbonização ambiciosos, a penetração de eletricidade renovável atinge 94% em 25. GERAÇÃO DE ELETRICIDADE POR TECNOLOGIA A eólica onshore poderá ser responsável por cerca de 39% da eletricidade gerada em 25 nos cenários de Mitigação. O solar PV passará dos atuais 2% da produção de eletricidade para cerca de 12% a 14% da eletricidade em 23. Em 25, poderá chegar a 3% da produção. No cenário de Mitigação -75%, onde ocorre um aumento significativo do consumo de eletricidade, a eólica offshore torna-se custo-eficaz. Em ambos os cenários de descarbonização é necessário o recurso a tecnologias que assegurem a disponibilidade da oferta em situações de escassez de recurso renovável. Neste exercício o gás natural com CCS (Carbon Capture and Sequestration) revelou-se custo-eficaz. No entanto, esta solução tecnológica poderá a vir a ser substituída com vantagem por outras tecnologias como o armazenamento em larga escala em baterias e/ou a bombagem hidroelétrica. Mitigação -6% Mitigação -75% 1 8 6 4 2 1% 8% 6% 4% 2% % 215 22 23 24 25 Eletricidade Renovável (%) 1 1% 1 1% Mitigação -6% Mitigação -75% 7 6 5 4 3 2 85% 94% 7 6 5 4 3 2 87% 94% 8 8% 6 6% 4 4% 2 2% % 215 22 23 24 25 Eletricidade Renovável (%) 8 6 4 2 215 22 23 24 25 8% 6% 4% 2% % Eletricidade Renovável (%) 1 1 Biomassa Geotérmica Solar Eólica Offshore Eólica Onshore Hídrica Fuel Gás Natural CSS Gás Natural Carvão FER-E (eixo direita) 8 21 22 23 24 25 Outras renováveis Hídrica Fósseis 21 22 23 24 25 Em 25, a tecnologia solar fotovoltaica representará 3% do mix elétrico nacional, enquanto a tecnologia eólica atingirá 39%. 9

ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 ENERGIA PRIMÁRIA VS. ENERGIA RENOVÁVEL DEPENDÊNCIA ENERGÉTICA NACIONAL O consumo de energia primária reduz-se nos 3 cenários. No cenário, a redução é devida à adoção de tecnologias mais eficientes com elevado potencial de eficiência energética. Nos cenários de Mitigação -6% e -75%, a redução é mais significativa, consequência também de uma maior contribuição do consumo de eletricidade em diversas tecnologias de uso final, geralmente mais eficientes que as suas homólogas consumidoras de combustíveis fósseis. Os cenários de mitigação asseguram uma redução do consumo de energia primária de 38%, comparativamente ao consumo atual devido, entre outros fatores, à maior contribuição de tecnologias elétricas de uso-final mais eficientes. Consumo Energia (Pj) 1 8 6 4 2-29% -3% 215 23 25 1% 8% 6% 4% 2% % FER (%) Dependência Energética (%) No cenário observa-se uma redução da dependência energética nacional, dos atuais 78% para 69% em 25. Nos cenários de descarbonização acentuada, com a elevada presença de eletricidade renovável, a dependência energética poderá baixar, respetivamente, para 46% e 33%. 1 8 6 4 78% 69% 46% 33% Mitigação -6% Mitigação -75% 2 1-34% -38% 1% 1-35% -38% 1% 21 22 23 24 25 8 8% 8 8% FER-E CONSERVADOR MITIGAÇÃO -6% MITIGAÇÃO -75% Consumo Energia (Pj) 6 4 2 6% 4% 2% % 215 23 25 FER (%) Consumo Energia (Pj) X% = redução face a 215 % Renováveis Fósseis Renováveis 6 4 2 215 23 25 6% 4% 2% % FER (%) A dependência energética externa do País poderá atingir os 33% no cenário de mitigação -75%, menos de metade do valor atual. 1 11

ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 CUSTOS UNITÁRIOS DO SETOR ELÉTRICO POUPANÇAS COM LICENÇAS DE EMISSÕES Os custos unitários do sistema elétrico (setor eletroprodutor + rede de transporte e distribuição (T&D)) com maior percentagem de eletricidade renovável são inferiores nos cenários de mitigação. Independentemente do cenário ou ano, um perfil de produção com um maior peso de energia renovável poderá conduzir a custos unitários inferiores, entre 22 e 27% consoante os cenários de mitigação. Este facto ocorre sobretudo devido aos custos com combustíveis fósseis, nomeadamente o gás natural, e das licenças de emissão de CO 2, que representam mais de 3% do custo total em 25 no cenário Conservador. Os cenários de mitigação de GEE apresentam custos unitários inferiores ao cenário conservador em mais de 2%. Custos Unitários ( 211 /MWh) 14 12 1 8 6 4 2 22 23 24 25 Custos Unitários (M 211 ) 8 7 6 5 4 3 2 1 22 23 24 25 As poupanças inerentes à redução na compra de licenças de emissão podem representar um valor médio anual de 37 M no período entre 23 e 25, podendo atingir mais de 75 M em 25. É expectável uma poupança significativa em licenças de CO 2 nos cenários de mitigação, podendo atingir valores na ordem dos 75 M em 25. Custos Unitários ( 211 /MWh) 14 12 1 8 6 4 2 Mitigação -6% -12% -27% Custos Unitários ( 211 /MWh) 14 12 1 8 6 4 2 Mitigação -75% -13% -22% Custos Unitários (M 211 ) Mitigação -6% 8 7 6 5 4 3 2 151 M 754 M Custos Unitários (M 211 ) Mitigação -75% 8 7 6 5 4 3 2 167 M 766 M 22 23 24 25 O&M - Variáveis O&M Fixos Fuel CAPEX Redes T&D CO 2 22 23 24 25 1 22 23 24 25 1 22 23 24 25 X% = redução relativa ao custo unitário do mesmo ano do cenário Outros Custos Custos CO 2 Custos evitados com licenças CO 2 relativos ao mesmo ano do cenário 12 13

ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 FATURA ENERGÉTICA DO SETOR ELETROPRODUTOR As poupanças na fatura energética do setor eletroprodutor poderão atingir valores anuais acima dos mil milhões de euros nos cenários de mitigação, comparativamente ao cenário FER-E Conservador, o que equivale a 28% do saldo importador energético nacional atual, com impacte muito positivo para a balança comercial portuguesa. A diminuição na fatura energética do país, nos cenários de mitigação, pode ultrapassar 1 M, a partir de 23. Despesa (M 211 ) 25 2 15 1 5 22 23 24 25 EMPREGO GERADO Os cenários com mais eletricidade renovável são os que promovem maior número de, atingindo em 25 mais do dobro do verificado no cenário. 23 24 25 7 88 9 531 1 485 23 24 25 Mitigação -6% 13 325 2 36 23 317 Gás natural Carvão Mitigação -75% Despesa (M 211 ) Mitigação -6% Mitigação -75% 25 2 15 1 5-65% = 92 M -86% = 172 M 22 23 24 25 Despesa (M 211 ) 25 2 15 1 5-72% = 116 M -81% = 1595 M 22 23 24 25 25 24 23 13 92 22 32 29 86 Os cenários de mitigação dinamizam o tecido empresarial através da promoção de mais emprego e de maior competitividade. Gás natural Carvão X% relativa às despesas do mesmo ano do cenário 1 diretos fase de O&M 1 diretos fase de fabrico, construção e instalação 14 15

ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 CONCLUSÕES > As renováveis na produção de eletricidade (FER-E) são o vetor de descarbonização mais custo-eficaz da economia Portuguesa; > As renováveis assumem um papel dominante na geração de eletricidade (85% em 23 e 9% em 25 em cenários de descarbonização), com destaque para a hídrica, a eólica onshore e a solar PV. A eólica offshore surge como custo-eficaz em 25 nos cenários de maior mitigação; > As metas de descarbonização mais agressivas favorecem a eletrificação do consumo final, sustentado por tecnologias FER-E, as mais custo-eficazes para o sistema energético; > Os cenários de mitigação apresentam benefícios face ao cenário, quer do ponto de vista económico, traduzido num menor custo unitário de geração de eletricidade, quer do ponto vista ambiental com reduções de GEE muito significativas, quer ainda do ponto de vista social pela criação de mais emprego e desenvolvimento regional. Bibliografia AIE (216). World Energy Outlook 216, Agência Internacional de Energia, Paris. ENTSO-E (211). ENTSO-E Overview of Transmission Tariffs in Europe: Synthesis 21. Maio 211. ENTSO-E. 4 pp. Disponível em: https://www.entsoe.eu/publications/ marketreports/documents/tariffsynthesis_21_updated_ FINAL.PDF Fortes, P., Alvarenga, A., Seixas, J. and Rodrigues, S. (215). Long term energy scenarios: Bridging the gap between socioeconomic storylines and energy Modeling. Technological Forecasting & Social Change. 91:161-178 Fundo Monetário Internacional (216). 216 World Economic Outlook. Disponível em: http://www.imf.org/external/pubs/ ft/weo/216/2/weodata/index.aspx Loulou, R., U. Remme, A. Kanudia, A. Lehtila, G. Goldstein (25a). Documentation for the TIMES model - PART I. www. etsap.org/tools.htm. Loulou, R., U. Remme, A. Kanudia, A. Lehtila, G. Goldstein (25b). Documentation for the TIMES model - PART II. www. etsap.org/tools.htm Nações Unidas (215). 215 Revision of World Population. Disponível em: https://esa.un.org/unpd/wpp/ Seixas, J., Fortes, P., Dias, L., Dinis, R., Alves, B., Gouveia, J., Simões, S. (212). Roteiro Nacional de Baixo Carbono: Portugal 25 - Modelação de gases com efeito de estufa, Energia e Resíduos. Lisboa. Disponível em: http://www. apambiente.pt/_zdata/rncb/energiaresiduos_1_7.pdf Seixas, J., P. Fortes, L. Dias, J. Carneiro, P. Mesquita, D. Boavida, R. Aguiar, F. Marques, Vitor Fernandes, J.Helseth, J. Ciesielska, K. Whiriskey (215). CO 2 Capture and Storage in Portugal -A bridge to a Low Carbon Economy, Faculdade de Ciências e Tecnologia- Universidade Nova de Lisboa. Caparica, Portugal. Disponível em: http://hub.globalccsinstitute.com/sites/default/files/ publications/189763/co2-capture-storageportugal-bridgelow-carbon-economy.pdf UE União Europeia (216). EU Reference Scenario 216: Energy, Transport and GHG Emissions Trends to 25. European Commission: Directorate-General for Energy, Directorate-General for Climate Action and Directorate- General for Mobility and Transport. Luxembourg: Publications Office of the European Union. Disponível em: https://ec.europa.eu/energy/sites/ener/files/documents/ ref216_report_final-web.pdf Ueckerdt, F., Hirth, L., Luderer, G., Edenhofer, O (213). System LCOE: What are the costs of variable renewables?, Energy, 63, pp. 61-75 Wei Max, Patadia Shana, M.Kammen Daniel (21). Putting renewables and energy efficiency to work: How many jobs can the clean energy industry generate in the US? Energy Policy 38(2), 919-931 16 17

ENERGÉTICO PORTUGUÊS ATÉ 25 Disclaimer: A informação apresentada neste documento resulta de compilação e análise da APREN, que embora elaborada com o máximo de rigor, não garante a ausência de erros ou a ocorrência de omissões. A APREN não se responsabiliza pelas interpretações que possam ser dadas a esta informação, nem pela alteração de circunstâncias depois da sua publicação. Como consequência, a informação nova ou que venha a modificar pressupostos ou conclusões da publicação não será alvo de notificação, não procedendo a APREN a qualquer reedição ou reimpressão desta publicação. Sob nenhuma circunstância a APREN aceita qualquer responsabilidade pela omissão de informação, erro ou reclamação feita, assim como qualquer dano económico ou prejuízo resultante do uso ou da interpretação da informação constante nesta publicação. 18 19

Sobre a APREN A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) é uma associação sem fins lucrativos, constituída em outubro de 1988, com a missão de coordenação, representação e defesa dos interesses comuns dos seus Associados. A APREN desenvolve trabalho em conjunto com organismos oficiais e outras entidades congéneres, a nível nacional e internacional, constituindo um instrumento de participação na elaboração das políticas energéticas para Portugal, promovendo o aproveitamento e valorização dos recursos renováveis nacionais para produção de eletricidade. APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis Av. Sidónio Pais, nº 18 R/C Esq. 15-215 Lisboa, Portugal (+351) 213 151 621. apren@apren.pt www.apren.pt 2