Design de Superfícies 3D para Cultivo de Microalgas em Sistemas Algal Turf Scrubber

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Design de Superfícies 3D para Cultivo de Microalgas em Sistemas Algal Turf Scrubber HENKER, E. a*, SCHNEIDER, R. C. S. a, MORAES, J. A. R. a, GRESSLER, P. D. b a. Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, Santa Cruz do Sul b. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, Florianópolis *Corresponding author, ehenker@gmail.com Resumo Várias pesquisas demonstram que o relevo superficial da área de cultivo de microalgas em sistemas Algal Turf Scrubber - ATS influencia diretamente na produtividade. Sistemas ATS em grande escala estão sendo empregados para sequestrar Nitrogênio e Fósforo de lagos e ambientes eutrofizados. A adoção desta tecnologia apresenta uma nova visão em sistemas de tratamento e recuperação de mananciais hídricos, principalmente para aqueles que servem de abastecimento de água para suas populações. Este artigo aborda a fase preliminar da pesquisa que tem por objetivo desenvolver superfícies 3D para cultivo de microalgas em sistemas ATS em escala laboratorial, incorporando tecnologia e avaliando o desempenho ambiental do sistema para orientar pesquisas com aplicação em grande escala. A definição de superfícies empregadas foi baseada em rochas, fibras naturais e modelos matemáticos que ampliam a superfície efetiva do modelo 3D em relação a uma superfície projetada. Foi considerado a facilidade de obtenção das matérias primas para elaboração de moldes e modelos e a complexidade das superfícies a serem criadas, a fim de facilitar a limpeza da superfície e a colheita das algas em períodos determinados. O projeto do produto visa também facilitar o processo de fabricação em grande escala por isso foi empregado várias técnicas para elaboração das superfícies tais como: modelamento 3D, impressão 3D, Scanner 3D, Moldagem em resina e colagem. Os resultados atuais demonstraram que é possível desenvolver superfícies 3D de média complexidade a baixo custo e de fácil fabricação, atendendo assim a ampliação da área superficial disponível que pode impactar diretamente da produtividade da microalga. Palavras-chave: Algal Turf Scrubber, Microalgas, Eutrofização, Design de Produto, Superfície 3D. 1. Introdução A gestão de recursos hídricos em centros populacionais é um grande desafio aos órgãos gestores e companhias de saneamento, por vezes, há escassez de recursos que submetem as populações a situações difíceis que impactam na qualidade de vida e saúde, bem como, necessita de grande aporte de recursos financeiros a fim de contornar o problema e disponibilizar água as comunidades. Os componentes fósforo - P e nitrogênio N em excesso nos recursos hídricos tais como rios e lagos pode acarretar em sérios problemas para o ecossistema e para as comunidades. A grande disponibilidade destes nutrientes que são fundamentais para o crescimento de plantas pode intensificar o surgimento de algas e plantas nos corpos hídricos. (Whiters et al., 2008)

2 Mesmo quando há a disponibilidade do recurso hídrico, ainda assim, outros elementos impactantes podem interferir no processo de tratamento e disposição do recurso à população. A situação do assoreamento dos rios, a diminuição da profundidade na captação e a proliferação de macrófitas e algas devido à grande concentração de nitrogênio, fósforo e outros componentes ocasionado pela falta de tratamento de efluente nas cidades é um dos fatores relevantes para a pesquisa. Em se tratando da cidade de Santa Cruz do Sul, a captação de grande parte água consumida pela população advém do Lago Dourado com uma área de aproximadamente 119 há de área alagada e volume de armazenamento de 3,7 x10 6 m³; um lago artificial capaz de armazenar grande quantidade de água que assegura em momentos de escassez fonte do recurso em uma situação de stress hídrico. É de conhecimento da companhia de saneamento, CORSAN os altos índices de nutrientes dispostos nas águas do Lago Dourado, cujo número, deve ser monitorado periodicamente, pois estes índices interferem no crescimento da biota daquele corpo d água e que no período de temperaturas elevadas, tais como o verão, há crescimento desordenado de macrófitas, algas, bactérias e fungos ocasionando ônus no tratamento e disposição do recurso hídrico a população, podendo ainda ocasionar impactos ambientais desastrosos para o ecossistema. Estudos apontaram excesso de fósforo já na fonte de abastecimento do lago indicando que o mesmo foge da classificação CONAMA nº357/2005, pois possui índices superiores a CLASSE III da resolução. O rio que abastece o lago já está enriquecido de nutrientes. Neste contexto o lago apresenta ambiente favorável a proliferação de algas tendo como base a velocidade de agitação reduzida do reservatório e a redução concomitante de sua profundidade devido a disposição de sedimentos. Neste caso é de suma importância a gestão do recurso hídrico e das tecnologias disponíveis para controlar tais fatores de risco. A pesquisa aborda elementos de produção de microalgas já estudadas em outras pesquisas de outros países que tem por objetivo retirar do meio aquoso os nutrientes da água que são fatores da eutrofização (Kardel et al., 2015). A retirada das algas do meio aquoso, neste caso com os nutrientes fixados a ela, tem a possibilidade de tornar-se após o devido tratamento, fertilizante ou biocomposto útil à recuperação de solos na agricultura. Como elemento de inovação, a determinação de placas com micro relevos baseados em diferentes texturas através do modelamento virtual, impressão 3D e escaneamento de imagem 3D, procurar-se-á investigar a melhor estrutura para o crescimento das microalgas. A busca de tais estruturas ótimas levará em consideração uma solução de baixo impacto ambiental na aplicação e disposição da biomassa após a coleta in loco. Além disso, a utilização de superfícies 3D como suportes para as microalgas que utilizam o modelo de fibras naturais e rocha é inovador em relação as superfícies 3D utilizadas até o momento. Conhecer a tecnologia ATS - Algal Turf Scrubber e adaptá-la para obtenção de melhores resultados para sua aplicação no Lago Dourado determinam o foco da pesquisa e sua importância para a população local. Destaca-se que este método de sequestro de N e P de corpos d água é uma forma de tratamento de águas, uma tecnologia inovadora de baixo custo pode melhorar a qualidade da água de abastecimento da cidade de Santa Cruz do Sul. A eutrofização pode ser considerada um dos maiores problemas ambientais que envolve corpos d água destinados ao abastecimento humano. Órgãos de controle e gestão destes recursos tem dado atenção especial a este monitoramento, em todo planeta, gerando diversas pesquisas e motivando a minimizar dos impactos e o desenvolvimento de tecnologias para o controle deste desequilíbrio. O excesso de nutrientes propicia o desenvolvimento de microalgas e cianobactérias que podem conferir a água sabor e odor desagradáveis podendo até liberar cianotoxinas. O controle deste desequilíbrio se faz com utilização de produtos químicos onerando o processo de tratamento de água potável.

3 A avaliação do estado trófico de um lago pode ser classificada em oligotrófico, mesotrófico, eutrófico, supereutrófico e hipereutrófico; esta classificação leva em consideração o aumento dos nutrientes no corpo hídrico e o seu efeito no crescimento de algas e macrófitas aquáticas. A pesquisa tem natureza aplicada de caráter exploratório experimental com características qualitativa e quantitativa (Gerhardt, et al., 2009). Demonstra os resultados parciais encontrados nas fases inicial e intermediária da pesquisa realizada pelo autor na obtenção do título de Doutor em Tecnologia Ambiental na Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC que ocorre no período de 2016 a 2019. O sistema ATS foi projetado inicialmente na instituição Smithsonian EUA em 1980; trata se de um sistema para crescimento de algas fotossintetizantes com a possibilidade de controlar vários parâmetros da qualidade da água. Desenvolvido inicialmente para o estudo biomimético do microcosmo e mesocosmo de recife de corais o sistema funcionou para controlar os parâmetros necessários na gestão de ecossistemas selvagens tais como: nutrientes, níveis de oxigênio, carbonatação, calcificação e minimizar os compostos tóxicos humanos. O sistema permitiu criar comunidades planctônicas modelos que mais tarde foram empregadas na remoção de nutrientes de recursos hídricos. A partir de 1990 o sistema ATS foi empregado com sucesso no tratamento terciário de águas utilizadas na agricultura e a partir daí várias aplicações na região sul dos EUA tiveram êxito (Adey, et al., 2011). Modelos empregando tela básica HDPE Polietileno de Alta Densidade foram testados, são consideradas como tela 2D devido a sua forma geométrica simples, esta tela apresentou fragilidade na fixação das algas principalmente quando há variação abrupta do regime de fornecimento de água para as calhas, (Adey et al., 2011). Empregando telas 3D semelhante a carpetes com filamentos trançados de 1 a 2 cm de comprimento e em diferentes espaçamentos diminui a fragilidade na fixação das algas o que possibilitou o aumentando da sua produtividade. Adotando telas 3D com filamentos finos e largos obteve-se maior produtividade tendo em vista que eles não dificultam a passagem de luz solar para realização da fotossíntese em comparação aos filamentos mais grossos. Entretanto, a sobreposição de telas trouxe como resultados a fixação de invertebrados e deposição de solo dificultando a colheita das algas. O estudo também apontou a necessidade das fibras serem resistentes a raio UV para maior durabilidade da estrutura de fixação das microalgas (Adey et al., 2011).. O Emprego de impressão 3D em superfícies para cultivo de algas obteve diferentes graus de sucesso entre elas comprovando que a tecnologia é adequada para cultivo de algas e sugere superfícies complexas que aumentam a área superficial em tamanho compacto para obter maior produtividade (Kardel, et al. 2015). Foram propostos experimentos de placas de 90x100mm com 4 canaletas de 5 mm de altura; No mesmo experimento foi possível testar o emprego de outra concepção de placas, na forma circular de 100 mm de diâmetro dividida em 4 quadrantes e com textura diversas para cada quadrante. Este experimento apresentou resultados favoráveis que indicam que a textura da superfície é elemento capaz de influenciar a produtividade de desenvolvimento de algas nestas superfícies Um segundo experimento empregando, placas de cerâmicas com baixa rugosidade foram dispostas ao lado de placas impressas 3D de 48x48mm com diferentes texturas. As placas forma dispostas em ambiente natural por 30 dias e monitoradas semanalmente. Entretanto um terceiro experimento aplicou para o cultivo de algas um cubo impresso na tecnologia 3D que maximiza a superfície da estrutura. O cubo na forma de giroide de 20mm de lado, tem como área superficial calculada 8127mm². Os cubos forma mergulhados em um recipiente contendo uma mistura inoculada de algas obtidas a partir de rochas de um rio local. Condições laboratoriais favoráveis e controladas para cultivo de microalgas foram empregadas e as observações foram registradas em 15 dias e em 45 dias. A disposição de superfícies 3D para crescimentos de algas pode aumentar em até 3,5 vezes a produtividade de biomassa se comparada com estrutura plana. Conforme Adey (2013) a produção de

4 biomassa melhora a qualidade da água e permite que o substrato possa ser utilizado como fertilizante, produtos de ômega-3 e na geração de energia através da fermentação. Meios de suporte para fixação de biofilme devem ter superfície elevada de área por unidade de volume e já são empregados em biorreatores para tratamento de águas residuárias (Ødegaard et al. 2000). A relação existente nestes meios de suporte pode ser definida como uma relação de área específica que é obtida através da razão entre a área superficial e o volume a granel das estruturas (Guerdat et al. 2010). Da mesma forma é apontado como fatores que influenciam o meio de fixação do biofilme: o material, superfície e textura, (Felfoldi et al. 2015), poros e geometria (Herrling et al. 2015); (Li et al. 2015). A área superficial disponibilizada pode orientar a taxa de carregamento do sistema (Pfeiffer e Wills, 2011). 2. Materiais e Métodos O desenvolvimento de superfícies 3D baseados em formas naturais pode ser complexo se não estão dispostos em forma organizada. A fibra têxtil de juta industrializada possui na sua estrutura formato de malha quadriculada mostrando uma construção simples, mas que possui micros filamentos junto as fibras que a tornam complexa para reproduzir tal efeito através do modelamento tridimensional, Fig. 1a, o que ocorre igualmente com a fibra têxtil de algodão, Fig. 1b. b) Fig. 1. Fibras têxtil:, Juta com diferentes tramas. b) Algodão. Superfícies formadas por rochas mantém seu padrão de forma aleatória podendo variar sua rugosidade conforme a granulometria, Fig. 2. A facilidade de obtenção em granulometrias diversas da rocha dolomita branca foi o fator decisivo na seleção de rocha empregada no experimento. A rocha dolomita branca é amplamente empregada em paisagismos, aquarismo e em alguns modelos de wetlands. Fig.2. Rocha dolomita branca em diferentes granulometrias empregadas em paisagismo, aquarismo e wetlands.

5 A separação da granulometria observa ensaios da NBR NM 248, utilizou se o agitador de peneiras eletromagnético da marca Bertel. Para o ensaio foi empregado diversas peneiras com diversas aberturas de malha, Fig. 3. Fig.3. Separação granulométrica da rocha dolomita branca empregando o agitador de peneiras eletromagnético. Tabela 1: Dimensões de peneiras utilizadas no experimento das amostras consideradas. Abertura das peneiras (mm) 9,5 5,6 4,0 2,00 Após a separação, as amostras foram coladas individualmente em chapas de 100mm x 100mm de acrílico de 3mm de espessura. As amostras consideradas foram as de tamanho 2mm, 4mm e 5,6mm. Devido esta complexidade superficial, propôs-se empregar o scanner 3D modelo Sense da marca 3D System para obtenção das superfícies e assim, através de software de modelamento tridimensional obter a variação de área respectivamente. Superfícies, baseada na equação matemática abaixo (1) foi proposta a fim de variar a disponibilidade de área efetiva em relação a área projetada: (1) Z = cos(x). cos(y) A fim de variar a relação entre a área efetiva e a área projetada fez-se 4 variações da equação para atender este requisito: (2) Z = 0,5 cos(x). 0,5 cos(y) (3) Z = 1,5 cos(x). 1,5 cos(y) (4) Z = 2 cos(x). 2 cos(y) O software Winplot foi empregado para visualizar a parametrizar as superfícies geradas através das equações. Conforme a Fig. 4a, é possível visualizar o perfil da superfície que emprega a equação (3), no intervalo de plotagem entre x=0 a x=2pi e y=0 a y=2pi. Definida e parametrizada a superfície graficamente passa-se a empregar o software SolidWorks para o modelamento do sólido que servirá de base para a impressão 3D, Fig. 4b.

6 b) Fig.4. Superfície gerada com o software Winplot através da Equação 3. b) Sólidos gerados com software SolidWorks. Para estudos posteriores, uma superfície plana e lisa, será o elemento de controle onde a produtividade do cultivo de microalgas, conforme a literatura, provavelmente será mínimo. A manipulação do arquivo 3D gerado através do escaneamento das superfícies serviu de base para definir e produzir as superfícies empregadas no estudo, Fig. 5. Fig.5. Superfície escaneada derivada de superfície com deposição de rocha sobre placa de acrílico. A seleção das superfícies a serem escaneadas ocorreu da seguinte forma: Fibra têxtil de juta: Seleção de 3 amostras com diferente espaçamento entre fibras; escaneamento em triplicata de cada amostra no tamanho de 2,5x10³mm²; b) Fibra têxtil de algodão: Seleção de 1 amostra de 0,5m²; escaneamento em triplicata de partes da amostra no tamanho de 2,5x10³mm²; c) Rocha : Seleção de 3 amostras de rocha de dolomita; escaneamento em triplicata de 3 áreas de 2,5x10³mm² de cada amostra.

7 3. Resultados O design da superfície destinado ao cultivo da microalga interfere diretamente nas taxas de desenvolvimento de microalgas. Superfícies complexas aumentam a área superficial permitindo assim compactar as estruturas que a formam. Estudos apontam que as telas empregadas em sistemas ATS para auxiliar a fixação das microalgas necessitam de tratamento UV para ter vida útil prologada. Empregando fibras naturais como suporte para o cultivo de microalgas podemos esperar que sua degradação pode acrescentar substrato no período de colheita reduzindo assim o impacto ambiental em relação a telas poliméricas. Por outro lado, podemos empregar a superfície gerada por estas fibras e moldá-las em resinas diversas e assim acrescentar aditivos Anti-UV que auxiliarão no prolongamento da sua vida útil, Fig. 6. b1) b2) b3) Fig. 6. Fibras têxtil in natura (abaixo) e superfícies moldadas em silicone (acim: Fibra têxtil de algodão, b)1,2,3 Fibra têxtil de juta. A fabricação em grande escala de superfícies suportes ao desenvolvimento de microalgas pode ainda agregar em sua formulação componentes que poderiam disponibilizar ou sequestrar nutrientes do meio aquoso. O escaneamento 3D demonstrou ser ineficiente na replicação de superfícies, isso devido ao modelo disponível ter baixa resolução. Na construção da superfície por engenharia reversa ocorre o filtro na geração do arquivo, descaracterizando a função inicial da pesquisa para ampliar a disponibilidade de área superficial em uma menor área projetada. Uma nova amostragem de imagens 3D escaneadas empregando as mesmas superfícies de rocha selecionadas estão sendo enviadas para serem lidas por Scanners com melhor resolução. O modelo matemático proposto, tem a facilidade de alteração da relação entre a superfícies efetiva e a área projetada, Tabela 2. A superfície demostra ser de média complexidade e não deriva em sombreamentos e dutos que podem dificultar a realização da fotossíntese e interferir na produção de microalgas. Tabela 2: Área efetiva de superfícies propostas pelo modelo matemático Relação entre área efetiva e área projetada de 39,48mm² Modelos Área efetiva (mm²) Relação Sup1 Equação 2 40,92 1,03 Sup2 Equação 1 44,83 1,13 Sup3 Equação 3 70,05 1,77 Sup4 Equação 4 86,33 2,18 A superfícies impressas 3D, Fig. 7, serviram de molde para a replicação das superfícies em resina de silicone facilitando o processo experimental, Fig. 8.

8 d) b) c) Fig. 7. Superfícies 3D impressas: Sup2-Eq1, b) Sup1-Eq2, c) Sup3-Eq3, d) Sup4-Eq4. O método empregando o modelo impresso da superfície 3D como molde para replicação das superfícies mostrou-se eficiente, prático e com custo reduzido para emprego em escala laboratorial. Fig. 8. Superfícies 3D replicadas empregando o modelo 3D impresso Referências ADEY, Walter H.; LOVELAND, Karen. Dynamic aquaria: building living ecosystems. Elsevier, 2011 ADEY, Walter H.; KANGAS, Patrick C.; MULBRY, Walter. Algal turf scrubbing: cleaning surface waters with solar energy while producing a biofuel. Bioscience, v. 61, n. 6, p. 434-441, 2011. ADEY, Walter H. et al. Algal turf scrubber (ATS) floways on the Great Wicomico River, Chesapeake Bay: productivity, algal community structure, substrate and chemistry 1. Journal Of Phycology, [s.l.], v. 49, n. 3, p.489-501, 25 mar. 2013. CONAMA, Resolução. 357, de 17 de março de 2005. Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, v. 357, 2005 El Soudani, S. M. (1978). Profilometric analysis of fractures. Metallography, 11, 247-336. Felföldi, T., L. Jurecska, B. Vajna, K. Barkács, J. Makk, G. Cebe, A. Szabó, G. Záray, and K. Márialigeti. 2015. Texture and type of polymer fiber carrier determine bacterial colonization and biofilm properties in wastewater treatment. Chemical Engineering Journal 264: 824-834. GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Plageder, 2009. Guerdat, T.C., T.M. Losordo, J.J. Classen, J.A. Osborne, and D.P. DeLong. 2010. An evaluation of commercially available biological filters for recirculating aquaculture systems. Aquacultural Engineering 42: 38-49.

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