Sintomas do trato urinário inferior em homens Resumo de diretriz NHG M42 (Março 2013)



Documentos relacionados
Infecção do trato urinário Resumo de diretriz NHG M05 (terceira revisão, junho 2013)

Otite externa Resumo de diretriz NHG M49 (primeira revisão, dezembro 2005)

Constipação Resumo de diretriz NHG M94 (setembro 2010)

DOENÇAS DA PRÓSTATA. P/ Edison Flávio Martins

Diagnóstico do câncer de mama Resumo de diretriz NHG M07 (segunda revisão, novembro 2008)

Otite média aguda em crianças Resumo de diretriz NHG M09 (segunda revisão, fevereiro 2013)

Síndrome do intestino irritável Resumo de diretriz NHG M71 (maio 2012)

Ansiedade Resumo de diretriz NHG M62 (fevereiro 2012)

Paralisia facial periférica Resumo de diretriz NHG M93 (agosto 2010)

Subfertilidade Resumo de diretriz NHG M25 (segunda revisão, abril 2010)

Depressão Resumo de diretriz NHG M44 (junho 2012)

Distúrbios da glândula tireóide Resumo de diretriz NHG M31 (julho 2013)

Polimialgia reumática e arterite temporal Resumo de diretriz NHG M92 (fevereirio 2010)

Síndrome radicular lombossacral Resumo de diretriz NHG M55 (primeira revisão, abril 2005)

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Corrimento vaginal Resumo de diretriz NHG M38 (primeira revisão, agosto 2005)

Lesões ligamentares do tornozelo Resumo de diretriz NHG M04 (segunda revisão,agosto 2012)

DOENÇAS DA PRÓSTATA. Prof. João Batista de Cerqueira Adjunto DSAU - UEFS

Dor de cabeça Resumo de diretriz NHG M19 (terceira revisão, janeiro 2014)

Distúrbios do sono e uso de soníferos Resumo de diretriz NHG M23 (julho 2014)

Trombose venosa profunda Resumo de diretriz NHG M86 (janeiro 2008)

Sangramento retal Resumo de diretriz NHG M89 (setembro 2012)

Parar de fumar Resumo de diretriz NHG M85 (maio 2011)

Porque se cuidar é coisa de homem. Saúde do homem

Úlcera venosa da perna Resumo de diretriz NHG M16 (agosto 2010)

Disfunção erétil Resumo de diretriz NHG M87 (julho 2008)

Artrite Resumo de diretriz NHG M90 (agosto 2009)

O Câncer de Próstata. O que é a Próstata

Azul. Novembro. cosbem. Mergulhe nessa onda! A cor da coragem é azul. Mês de Conscientização, Preveção e Combate ao Câncer De Próstata.

Incontinência urinária Resumo de diretriz NHG M46 (setembro 2006)

PATOLOGIAS DA PRÓSTATA. Prostata

Doença de Parkinson Resumo de diretriz NHG M98 (julho 2011)

Contracepção Resumo de diretriz NHG M02 (dezembro 2011)

Climatério Resumo de diretriz NHG M73 (primeira revisão, abril 2012)

Doença arterial periférica Resumo de diretriz NHG M13 (segunda revisão, fevereiro 2014)

Delirium Resumo de diretriz NHG M77 (abril 2014)

Anemia: Conteúdo. Definições

Qual o tamanho da próstata?

Sessão Televoter Urologia

Arquivo criado por RH VIDA. Entendendo ser importante, solicitamos e conseguimos autorização para sua divulgação.

Saúde da Próstata. XXX Ciclo de Debate Município Saudável Envelhecimento Ativo. Claudio B. Murta

Fibrilação atrial Resumo de diretriz NHG M79 (segunda revisão parcial, agosto 2013)

Consumo problemático de álcool Resumo de diretriz NHG M10 (maio 2005)

Rinite alérgica e não-alérgica Resumo de diretriz NHG M48 (primeira revisão, abril 2006)

III EGEPUB/COPPE/UFRJ

SCIH PREVENÇÃO DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO - ITU

CONSULTA EM UROLOGIA - GERAL CÓDIGO SIA/SUS: Motivos para encaminhamento:

Copyright RHVIDA S/C Ltda.

CPMG- SGT NADER ALVES DOS SANTOS CÂNCER DE PRÓSTATA PROF.WEBER

azul NOVEMBRO azul Saúde também é coisa de homem. Doenças Cardiovasculares (DCV)

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

Demência Resumo de diretriz NHG M21 (julho 2012)

2. HIPERTENSÃO ARTERIAL

Oi, pai! Nós, da RHVIDA, queremos congratular você pelo seu dia. Copyright RHVIDA S/C Ltda.

Diagnóstico das doenças da próstata

P R O S T AT E C T O M I A R A D I C A L L A P A R O S C Ó P I C A

PREVENÇÃO DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ASSOCIADA ÀSONDA VESICAL: UMA ABORDAGEM PRÁTICA

MEDICINA PREVENTIVA SAÚDE DO HOMEM

Mal formações do trato urinário. Luciana Cabral Matulevic

8:00 Horas Sessão de Temas Livres concorrendo a Premiação. 8:30 8:45 INTERVALO VISITA AOS EXPOSITORES E PATROCINADORES.

PROTOCOLO MÉDICO. Assunto: Infecção do Trato Urinário. Especialidade: Infectologia. Autor: Cláudio C Cotrim Neto-Médico Residente e Equipe Gipea

II ENCONTRO DE UROLOGIA DO SUDESTE CÂNCER DE BEXIGA QUANDO INDICAR UMA TERAPIA MAIS AGRESSIVA NO T1 DE ALTO GRAU? CARLOS CORRADI

FINASTEC. (finasterida)

Cálculo urinário Resumo de diretriz NHG M63 (april 2007)

Entenda o que é o câncer de mama e os métodos de prevenção. Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)

INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

NOVEMBRO DOURADO VIVA ESTA IDEIA! VENHA PARTICIPAR!

RELATÓRIO PARA A. SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

Derrame cerebral Resumo de diretriz NHG M103 (dezembro 2013)

Dispepsia Resumo de diretriz NHG M36 (terceira revisão, janeiro 2013)

Nefrolitotripsia Percutânea

14/4/2015. Quando as bactérias entram nos rins ou na bexiga urinária, se multiplicam na urina e causam ITU. As ITU inferiores incluem:

FLAXIN finasterida Merck S/A comprimidos revestidos 5 mg

CANCER DE MAMA FERNANDO CAMILO MAGIONI ENFERMEIRO DO TRABALHO

O olho vermelho Resumo de diretriz NHG M57 (fevereiro 2006)

DIAGNÓSTICO MÉDICO DADOS EPIDEMIOLÓGICOS FATORES DE RISCO FATORES DE RISCO 01/05/2015

Incontinência urinaria. Claudia witzel

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL PARA O TRABALHO EM SAÚDE PET / SVS MS NOVEMBRO AZUL

CARTILHA BEM-ESTAR PATROCÍNIO EXECUÇÃO

Administração dos riscos cardiovasculares Resumo de diretriz NHG M84 (segunda revisão, janeiro 2012)

PREVENÇÃO DA INFEÇÃO URINÁRIA

Câncer de Próstata. Estimativa de novos casos: (2010) Número de mortes: (2008)

FINASTIL (finasterida)

FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ. N 0 Recomendação REC - 003

INFECÇÃO URINÁRIA NO ADULTO

PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS MÉDICO UROLOGISTA. Cerca de 90% dos cânceres da bexiga são classificados como:

TEMA: Temozolomida para tratamento de glioblastoma multiforme

NOVEMBRO. NAO SE ESCONDA ATRaS DOS SEUS PRECONCEITOS CUIDAR DA SAUDE TAMBEM e COISA DE HOMEM

Diabetes mellitus tipo 2 Resumo de diretriz NHG M01 (terceira revisão, outubro 2013)

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO PARECER COREN-SP CAT Nº 040 / 2010

FAZENDO SEXO APÓS O CÂNCER DE PRÓSTATA. Alícia Flores Jardim

COMPONENTE CURRICULAR - UROLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES PERÍODO: 8º DIA ATIVIDADE/AULA PROFESSOR

INFECCAO URINARIA. DR Fernando Vaz

Palácio dos Bandeirantes Av. Morumbi, Morumbi - CEP Fone: Nº 223 DOE de 28/11/07. Saúde GABINETE DO SECRETÁRIO

PREVINA O CÂNCER DE PRÓSTATA

Transcrição:

Sintomas do trato urinário inferior em homens Resumo de diretriz NHG M42 (Março 2013) Blanker MH, Breed SA, van der Heide WK, Norg RJC, de Vries A, Wolters RJ, van den Donk M, Burgers JS, Opstelten W, Klomp MA traduzido do original em holandês por Luiz F.G. Comazzetto 2014 autorização para uso e divulgação sem fins lucrativos à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade Conteúdo Diagnóstico Anamnese Exame físico e exames complementares Avaliação Conduta Orientação Terapia não medicamentosa Medicação Controles e encaminhamento O programa de diretrizes da Associação Holandesa de Clínica Geral (NHG) foi desenvolvido para médicos de clínica geral no contexto do sistema de saúde holandês. A Associação não garante a eficácia das diretrizes para utilização em outros países. A informação é apenas para uso educacional e/ou profissional e é fornecida de boa fé, sem qualquer garantia expressa ou implícita. A Associação não se responsabiliza por qualquer perda ou dano resultante do uso das informações contidas nas diretrizes. Todo o acesso e utilização é de responsabilidade do usuário final. Retenção urinária aguda Carcinoma de próstata Diagnóstico Anamnese Perguntar:

dificuldades no início da micção, jato fraco ou com interrupções, desejo de urinar difícil de controlar, dificuldade de esvaziar totalmente a bexiga, gotejamento após o término da micção, aumento da frequência urinária durante o dia e incontinência noturna; micção dolorosa, dor no períneo, sensação de ardência ou descarga uretral, hematúria, mal-estar, febre, calafrios, dor no flanco, infecções anteriores do trato urinário ; velocidade de aparecimento ou agravamento dos sintomas; prisão de ventre. Estar atento a: recente exame urológico invasivo, procedimento urológico ou cateter de permanência; comorbidades relevantes: diabetes, distúrbios neurológicos, DST (uretrite); medicamentos que afetam a micção: antipsicóticos, antidepressivos, lítio, medicamentos anti-parkinson, anti-histamínicos (clássicos), opiáceos, diuréticos de alça e bloqueadores dos canais de cálcio. Exame físico e exames complementares Inspeção: cicatrizes abdominais, fimose, hipospadia, corrimento uretral. Palpação e percussão da região da bexiga. Exame de toque retal (TR): patologia anal ou retal, forma, consistência e dor à pressão na próstata e impactação fecal. Examine a urina para detectar sinais de infecção (ver diretriz ITU). Avaliação Queixas miccionais não específicas: sintomas como dificuldade de início da micção, jato fraco, dificuldade de controlar a necessidade de urinar, dificuldade de esvaziamento completo da bexiga, gotejamento após urinar, aumento da frequência urinária durante dia e noite, que não podem ser explicados diretamente por distúrbios específicos. Distúrbios específicos:

prostatite aguda: queixas com progresso rápido, dor perineal, febre e/ou calafrios; infecção do trato urinário: queixas miccionais, teste de nitrito, dipslide, cultura positiva ou alterações no sedimento; estreitamento (ou estenose) da uretra: em trauma local, procedimento urológico ou uretrite na história; retenção urinária aguda: incapacidade de urinar espontaneamente apesar da vontade de urinar e de várias tentativas em algumas horas, com uma (dolorosa) bexiga cheia e (sub)macicês na percussão da bexiga; câncer de próstata: próstata com forma assimétrica, consistência irregular ou nódulo/nódulos duros Conduta Orientação Explique que as queixas miccionais não-especificas são comuns e a causa desconhecida, mas geralmente inofensiva. Enfatize que o aumento do volume da próstata geralmente não é a causa das queixas de micção. Explique que o câncer de próstata é raramente a causa de queixas miccionais. Discutir o curso das queixas miccionais: cerca de um terço dos homens tem melhora espontânea, um terço não percebe nenhuma mudança e um terço nota uma piora nos sintomas. Terapia não medicamentosa Em queixas miccionais não especificas: o recomendar o exercício físico regular e em constipação ingestão adequada de líquidos e de fibras alimentares; o recomendar redução da ingestão de líquidos em micção frequente e grande ingestão de líquidos (de acordo com um diário miccional); o considerar exercícios do assoalho pélvico e treinamento de bexiga em micção frequente (para explicação ver diretriz incontinência urinária) ;

o considerar em gotejamento após o término da micção o esvaziamento da uretra com pressão manual (pressionando o pênis de proximal até distal) após cada micção e/ou exercícios. Em particularmente incontinência: considerar fisioterapia da musculatura do assoalho pélvico e recomendar o uso de materiais de contenção/absorção da urina. Em incômoda noctúria: considerar a limitação da ingestão de líquidos à noite. Medicação Explique que a influência dos medicamentos sobre os sintomas é limitada. Limitar tratamento medicinal aos pacientes com sintomas incômodos que beneficiam-se insuficientemente do aconselhamento e/ou recusam (ou não podem submeter-se a)o procedimento cirúrgico. Escolher em queixas miccionais não específicas incômodas: alfuzosina 10 mg uma vez por dia à noite ou tansulosina 0,4 mg uma vez por dia 1 de manhã. Considere em incômoda incontinência por urgência um anticolinérgico, como a tolterodina 4 mg de liberação prolongada uma vez por dia, ou adesivo transdérmico de oxibutinine a cada 3 a 4 dias; de preferência não prescrever medicamento anticolinérgico para homens com mais de 65 anos. Controles e encaminhamentos Controle: em alteração ou aumento dos sintomas. em pacientes com medicação: o verificar após 2 semanas (possivelmente por telefone) os efeitos adversos; o avaliar após 6 semanas o efeito da medicação e descontinuar se não houver melhoria; o recomendar a interrupção da medicação após 3 a 6 meses para avaliar a ocorrência de piora dos sintomas; o utilizar para a avaliação eventualmente um diário miccional. Encaminhamento para possível tratamento invasivo em: desejo do paciente, devido ao desconforto ou pouco efeito da medicação;

retenção urinária aguda recorrente; (suspeita de) estenose da uretra. Retenção urinária aguda Cateterismo vesical (transuretral), seguido de exame de urina para verificar a presença de infecção do trato urinário. Use um fechamento do cateter (flip-flow) e instruir o paciente a esvaziar a bexiga abrindo a torneirinha em caso de desejo de urinar ou em horários fixos. Considere a interrupção da medicação que pode causar retenção. Iniciar a alfuzosina (10 mg 1 vez por dia à noite) ou tamsulosina (0,4 mg uma vez por dia 1 pela manhã). Remover cateter após 48 a 72 horas, de preferência no início da manhã. Em retenção recorrente: inserir novo cateter e encaminhar ao urologista. Carcinoma de próstata Em pedido do paciente para o diagnóstico precoce (teste de PSA) atenção: teste de PSA pode detectar um câncer clinicamente relevante com um possível tratamento precoce, mas as chances de detectar um tumor que nunca seria clinicamente relevante é três a quatro vezes maior; sintomas do trato urinário inferior não são sinais de câncer de próstata; em homens com expectativa de vida <10 anos, o tratamento do câncer de próstata não influencia a sobrevivência ou qualidade de vida, razão adicional para evitar diagnóstico precoce. Para a auxílio na escolha indicar o site: www.thuisarts.nl (site contendo informações médicas destinadas a pacientes) Exame diagnóstico precoce após explicação Realizar TR e encaminhar em suspeita de câncer de próstata. Determinar PSA; levar em conta os aumentos de PSA por prostatite e redução Avaliação nos pacientes que utilizam inibidores da 5-alfarredutase PSA <1 e idade >60 anos: chance extremamente baixa da ocorrência de câncer de próstata clinicamente relevante. PSA <4: valor normal, outros exames ou monitoramento não são necessários.

PSA >4: encaminhar ao urologista na ausência de sinais de prostatite recente. Risco de câncer aumentado, mas entre cada 5 pacientes 1 tem resultado falsopositivo. Em caso de suspeita de câncer de próstata após TR Determinar PSA não é recomendado. Encaminhar pacientes com expectativa de vida >10 anos, ou sinais de metástase. Considere a conduta expectante na expectativa de vida <10 anos, e ausência de sinais de metástase. Em (suspeita de) metástases ósseas Realizar exame de toque retal: em sinais de câncer de próstata: encaminhamento a um urologista; ausência de sinais de câncer de próstata: determinar PSA para diferenciar câncer de próstata (encaminhar ao urologista) de outras causas (oncologista).