Dr. Ricardo Bigni Médico Hematologista INCA Coordenador TMO COI Resp. Técnico TMO H. Clin. Niterói Coordenador Assist. Oncológica HCPM / PMERJ



Documentos relacionados
I. Este protocolo envolve: QUIMIOTERAPIA EM ALTAS DOSES COM RESGATE DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOÉTICAS

Estamos prontos para guiar o tratamento com base no status do HPV?

TRATAMENTO PÓS OPERATÓRIO NO SEMINOMA E NÃO SEMINOMA DE ESTÁGIO I DE ALTO RISCO Daniel Fernandes Saragiotto

Atualização do Congresso Americano de Oncologia Fabio Kater

TEMA: 6 Mercaptopurina e 6 tioguanina para tratamento da Leucemia Linfóide Aguda (LLA)

LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA

I NTERNATIONAL CONFERENCE ON ONCO-HEMATOLOGY CONFERÊNCIA INTERNACIONAL EM ONCO-HEMATOLOGIA

Câncer de Pulmão: Radioterapia Profilática de Crânio Total. Quais as evidências e os benefícios?

Câncer de Testículo Não Seminomatoso

Partes: CÉLIO FERREIRA DA CUNHA MUNICÍPIO DE COROMANDEL-MG

Tema: Tratamento da Doença Leptomeníngea

TEMA: RITUXIMABE PARA A LEUCEMIA LINFOCÍTICA

André Luís Montagnini Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo - HC/FMUSP

Perfusao e Infusao Papel Atual Frente os Novos Tratamentos

Indicações de quimioterapia intra-peritoneal com catéter nas pacientes com câncer de ovário avançado. Aknar Calabrich

Gencitabina em câncer de pulmão: avaliação retrospectiva de resposta clínica, sobrevida livre de progressão e sobrevida global

Transplante de Medula Óssea Antes - Depois Riscos x Benefícios Dra. Yana Novis Centro de Oncologia Hospital Sírio Libanês São Paulo

Transplante em Linfomas Indolentes

TEMA: Octreotida LAR no tratamento de tumor neuroendócrino

17/03/2011. Marcos K. Fleury Laboratório de Hemoglobinas Faculdade de Farmácia - UFRJ mkfleury@ufrj.br

Análise clínica e epidemiológica do transplante de medula óssea em um serviço de oncologia pediátrica

Protocolo. Transplante de células-tronco hematopoiéticas nas hemoglobinopatias

Escrito por Prof. Dr. Sabas Carlos Vieira Sex, 18 de Junho de :48 - Última atualização Qui, 15 de Julho de :30

TMO em Anemia Falciforme O cenário brasileiro

Atuação da Acupuntura na dor articular decorrente do uso do inibidor de aromatase como parte do tratamento do câncer de mama

Tratamento quimioterápico de primeira-linha na doença resistente à castração Fábio A. B. Schütz

Transplante de medula óssea em leucemia mielóide aguda

II Congresso Internacional de Neuro-Oncologia. Tema: Tratamento da doença Leptomeníngea

Módulo Doença avançada

03/07/2012 PNEUMONIA POR INFLUENZA: PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO, ONDE ESTAMOS? Encontro Nacional de Infecções Respiratórias e Tuberculose

Hepa%te C Crônica e Doença Hematológica: Há espaço para o uso inibidores de protease?

Linfoma de Hodgkin. 154 Guia Prático para o Oncologista Clínico

Incorporação, na tabela Unimed-BH de materiais e medicamentos: Gemcitabina (Gemzar ) para tratamento do câncer avançado de bexiga, mama e pâncreas.

LNH Difuso de Grandes Células B

Qual é o papel da ressecção ou da radiocirurgia em pacientes com múltiplas metástases? Janio Nogueira

TMO em Crianças Avanços no Transplante da Leucemia Linfóide Aguda

Como tratar o câncer de mama na paciente com mutação genética? Prof. Dr. Giuliano Duarte

Protocolo de Tratamento do Câncer de Mama Metastático. Versão eletrônica atualizada em Dezembro 2009

NLST: estamos prontos para o rastreamento do câncer de pulmão?

TEMA: Uso de filgrastim (Granulokine ) em oncologia: indicações e riscos

O que é câncer de estômago?

PROGRAMA PRELIMINAR SALA PEDIATRIA 29 DE AGOSTO DE 2013 (QUINTA-FEIRA)

Actualizado em * Definição de caso, de contacto próximo e de grupos de risco para complicações

RADIOTERAPIA HIPOFRACIONADA EM MAMA: INDICAÇÕES E RESULTADOS

REAÇÕES DE PELE Enfermeiro Ricardo Isaias Testoni

04/06/2012. Pneumonias Eosinofílicas. Definição de PE. Abordagem geral para o Pneumologista

Câncer gástrico localmente avançado: Anelisa K. Coutinho

O acesso a um tratamento integral e seu custo: A Experiência do ICESP. Prof. Dr. Paulo M. Hoff Diretor Clínico ICESP Faculdade de Medicina da USP

Devemos fazer a triagem de Câncer de Próstata em pacientes com menos de 70 anos? Wilson Busato Jr

Metástase Cutânea de Carcinoma de Células Claras Renais: Relato de Caso Aichinger, L.A. 1, Kool, R. 1, Mauro, F.H.O. 1, Preti, V.

WDS, masculino, 57 anos

I. Este protocolo envolve: QUIMIOTERAPIA MIELOABLATIVA COM RESGATE DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOÉTICAS DE DOADOR APARENTADO HAPLOIDÊNTICO

Processo número: TEMA: IRESSA (GEFITININIBE) OU TARCEVA (ERLOTINIBE) NO TRATAMENTO DO ADENOCARCINOMA DE PULMÃO

Carcinoma de tireóide ide na infância

SINAIS DE ALERTA DO CÂNCER INFANTIL

TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA

Critérios de ressecabilidade

Transplante de células-tronco hematopoéticas e leucemia mieloide aguda: diretrizes brasileiras

COAGULOPATIAS NO PACIENTE ONCOLÓGICO. Dra Carmen Helena Vasconcellos Hospital Veterinário Botafogo - RJ

Um estudo da Universidade Stanford reforça o papel da finasterida, comumente usada contra a calvície, na prevenção ao câncer de próstata


II ENCONTRO DE UROLOGIA DO SUDESTE CÂNCER DE BEXIGA QUANDO INDICAR UMA TERAPIA MAIS AGRESSIVA NO T1 DE ALTO GRAU? CARLOS CORRADI

Controle loco-regional na doença metastática

Declaro não haver nenhum conflito de interesse.

Trabalho de farmaco economia em Drogas Biológicas

Transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas no Vale do Paraíba-SP: aspectos demográficos, clínicos e curvas de sobrevida

MELANOMA EM CABEÇA E PESCOÇO

TEP incidental em neoplasias


ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA. Renata Loretti Ribeiro Enfermeira COREn/SP

16/04/2015 CÂNCER DE PULMÃO. Rastreamento do Câncer de Pulmão: Solução ou Complicação?

Diretrizes Assistenciais

Doença Residual Mínima (DRM) e Transplante de Células Tronco Hematopoéticas (TCTH)

Alterações citogenéticas na leucemia linfocítica crônica

Imagem da Semana: Radiografia de Tórax

ATUALIZAÇÃO NO TRATAMENTO DO CARCINOMA INFLAMATÓRIO

Apresentador: Dr. Saul Oliveira e Costa Coordenador: Dr. Gustavo Caldas

TEMA: Temozolomida para tratamento de glioblastoma multiforme

Lesões císticas do pâncreas: abordagem diagnóstica e terapêutica

NOVEMBRO DOURADO VIVA ESTA IDEIA! VENHA PARTICIPAR!

RADIOTERAPIA. (Tumores de Pulmão) Mauro Cabral de Rosalmeida

TEMA: Abiraterona (Zytiga ) para tratamento de câncer de próstata avançado sem quimioterapia prévia.

Sobrevida Mediana Classe I: 7,1 meses Classe II: 4,2 meses Classe III: 2,3 meses

MEDULA ÓSSEA 1 RESUMO. Trabalho realizado no Hospital Ofir Loyola (HOL) e no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Pará (HEMOPA).

Junho/2011: durante investigação de quadro gripal observado nodulo em LID

Diretrizes Assistenciais. Protocolo de Conduta da Assistência Médico- Hospitalar - Pulmão

Lapatinibe para câncer de mama

Journal of Thoracic Oncology Volume 3, Number 12, December 2008

Artigo / Article. Introdução


Forum de Debates INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM. Rui Toledo Barros Nefrologia - HCFMUSP rbarros@usp.br

TRATAMENTO SISÊMICO NEOADJUVANTE SEGUIDO DE CITORREDUÇÃO DE INTERVALO. Eduardo Vieira da Motta

04/06/2012. Curso Nacional de Atualização em Pneumologia SBPT Tratamento da dor oncológica. Definição. Dr Guilherme Costa

Analisar a sobrevida em cinco anos de mulheres. que foram submetidas a tratamento cirúrgico, rgico, seguida de quimioterapia adjuvante.

V Encontro Pós ASCO Tratamento: mama metastático. Leandro Alves Gomes Ramos 02/07/2011

doença Sem especificação de fase da doença Sem especificação de fase da doença Estágios avançados Linfomas Mama Micose Fungóide

Ensaios Clínicos - Estudos de Fase I -

Transcrição:

Dr. Ricardo Bigni Médico Hematologista INCA Coordenador TMO COI Resp. Técnico TMO H. Clin. Niterói Coordenador Assist. Oncológica HCPM / PMERJ

Resposta Curva Dose-Resposta Dose Odaimi et al. Am J Clin Oncol 1987

Esquema de condicionamento ideal Efeito dose resposta Independente do ciclo celular Toxicidade hematológica como maior limitante Distância de dose entre a toxicidade hematológica e sistêmica

* Dose em mg/kg Drogas utilizadas no condicionamento

Drogas utilizadas no condicionamento Droga Dose convencional mg/m² Alta dose mg/m² Toxicidade dose limitante Carmustine 150 450 Fibrose pulmonar; nefrotoxicidade; VOD; neurológica Cisplatina 60 165 Nefrotoxicidade; neuropatia periférica Carboplastina 400 1200 Neuropatia periférica; ototoxicidade Etoposídeo 300 2400 Mucosite

Transplants, % 100 80 Bone Marrow (BM) Peripheral Blood (PB) BM + PB 60 40 20 0 1997-2000 2001-2004 1997-2000 2001-2004 Age 20 yrs Age >20 yrs

Transplants 4.500 4.000 3.500 Allogeneic (Total N=7,300) Autologous (Total N=9,600) 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 Myeloma NHL AML Hodgkin ALL CML MDS/Other Leuk CLL Neuroblastoma Non-Malig Dis Other Cancer

A Prospective, Randomized Trial of Autologous Bone Marrow Transplantation and Chemotherapy in Multiple Myeloma Michel Attal, M.D., Jean-Luc Harousseau, M.D., Anne-Marie Stoppa, M.D., Jean- Jacques Sotto, M.D., Jean-Gabriel Fuzibet, M.D., Jean-François Rossi, M.D., Philippe Casassus, M.D., Hervé Maisonneuve, M.D., Thierry Facon, M.D., Norbert Ifrah, M.D., Catherine Payen, M.D., Régis Bataille, M.D., for The Intergroupe Français du Myélome NEJM 1996; 335: 91-97

Sobrevida Livre de Eventos Sobrevida Global Attal et al. NEJM 1996

Auto-TMO x terapia de resgate em NHL agressivo quimiosensível recaído N= 215 Recaída 2 DHAP Não Quimiossensibilidade Sim BEAC + Auto-TMO OR: 84% DHAPx4 OR: 44% Philip et al, NEJM, 1995

Sobrevida livre de evento Philip et al, NEJM, 1995

Sobrevida Global Philip et al, NEJM, 1995

Auto-TMO em DH: Dexa-BEAM v High-dose BEAM Schmitz et al. Lancet 2002; 359: 2065-2071

Sobrevida Global Sobrevida livre de evento Gisselbrecht, 2002

Auto-TMO em LMA QT Auto-TMO Alo-TMO Zittoun et al. NEJM 1995; 332: 217-223

Auto-TMO em LMA como consolidação pós 1RC Revisão de 344 estudos clínicos em pacientes <65 anos QT x Auto-TMO: Sem benefícios demonstráveis em OS Atualmente TRM baixa no grupo TMO Auto-TMO x Alo: Vies : randomização biológica, viés de seleção (não intention to treat, para LMA- alto risco mais alo como primeira escolha) Não foi demonstrado benefício em relação ao Alo Visani et al. Leuk Lymphoma 2006

Conclusões: Auto-TMO em LMA como consolidação pós 1a. RC Poucos estudos randomizados Sem dados favorecendo qualquer grupo para OS Visani et al. Leuk Lymphoma 2006

Tumor de células germinativas Tumor sólido mais frequente em homens jovens O Auto-TMO se reserva para casos refratários ou em recaída pós terapia inicial, pela alta taxa de remissão após QT com cisplatina Auto-TMO: benefício em sobrevida para 15-40% dos metastáticos

Tumor de células germinativas 184 pacientes metastáticos pós QT com cisplatina Duplo Auto-TMO (Carbo + VP) 63% obtiveram RC (follow-up 48 m) 40 pacientes com refratariedade: 18 obtiveram EFS. 3 casos de TRM e 3 LMA pós Auto-TMO Einhorn et al. NEJM 2007

Tumor de células germinativas Sobrevida Global 1.0 0.8 0.6 OS (IC95%) 0.4 0.2 0.0 Meses Einhorn et al. NEJM 2007

Registro Europeu 2006

Resultados: Esclerose Múltipla Tyndall and Scaardi. Clinical and Experimental Immunology. 2005

Princípios Quem certamente se beneficia? Quem pode se beneficiar? Quem pode se beneficiar no futuro? Quais são os riscos potenciais do TMO?

Mortality, % 100 80 CIBMTR Mortalidade no D+100 no Auto-TMO 2002-2003 In Remission Not in Remission Sensitive Resistant 60 40 20 0 Acute Leukemia Non-Hodgkin Lymphoma Hodgkin Disease Multiple Myeloma

Causas de Óbito em Auto-TMO: Dados do CIBMTR 1998-2002

Complicações Agudas pós Auto-TMO Mortalidade até D+100: 7%

Complicações Agudas pós Auto-TMO Complicações Pulmonares: Hemorragia alveolar difusa Mais frequente em Auto-TMO (52%) Mortalidade em Auto-TMO 28% x 70% Alo Sintomas: Dispnéia Febre Tosse Hemoptise Mais freqüente até o D+30 Afessa et al. Am J Resp Crit Care Med 2002

Complicações Agudas pós Auto-TMO Síndrome da pega Complicação freqüente Prevalência de 20% Definição: Febre não infecciosa + rash cutâneo ou infiltrado pulmonar ou diarréia no peri-pega Associação principalmente com DH

Complicações Agudas pós Auto-TMO Síndrome da pega

Síndrome mielodisplásica e LMA secundária pós Auto-TMO Importante causa de óbito em pacientes não-recidivados Incidência de segunda neoplasia: 11% Mediana para a evidência clínica: 68 meses (1,5 177 meses) Forrest et al. BMT 2003 Krishnan et al. Blood 2000

Conclusões Benefícios claros em indicações precisas Melhoria dos resultados reduzindo: taxa de recaída toxicidade aguda mielodisplasia/ lma secundária

Obrigado! Ricardo Bigni ricardobigni@coinet.com.br