Maiores dificuldades encontradas pelos bolsistas do PROUNI para concluir o curso superior



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Transcrição:

VIII WORKSHOP DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DO CENTRO PAULA SOUZA São Paulo, 9 e 10 de outubro de 2013 Sistemas produtivos: da inovação à sustentabilidade ISSN: 2175-1897 Maiores dificuldades encontradas pelos bolsistas do PROUNI para concluir o curso superior MARCELO CALASCIBETTA ARROYO Faculdade de Informática e Administração Paulista - SP - Brasil calascibetta@outlook.com MARCELO PIÑEL ALVES Faculdade de Informática e Administração Paulista - SP - Brasil marcelo.pinel2@gmail.com LUIZ TERUO KAWAMOTO JÚNIOR Faculdade de Informática e Administração Paulista - SP - Brasil luizteruo@hotmail.com MARCOS CRIVELARO Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza - SP - Brasil phdcrivelaro@gmail.com Resumo - O presente artigo é parte de um estudo sobre as maiores dificuldades encontradas pelos bolsistas do PROUNI, jovens de camadas empobrecidas e baixo estrato da classe média, a partir de uma pesquisa com os bolsistas, objetivando compreender de que modo o programa e estas dificuldades influenciam na vida dos alunos, sua ascensão profissional, social familiar, além de compreender como se caracteriza a rede de sociabilidades construída entre os alunos de modo geral. A pesquisa partiu de ações afirmativas como medidas de inclusão de sujeitos que historicamente estiveram fora das políticas sociais, realizou-se uma pesquisa exploratória através de questionário anônimo. Palavras-chave: PROUNI, Bolsista, Dificuldades, Tempo. Abstract - This article is part of a study of the major difficulties encountered by fellows PROUNI, youths from impoverished and lower strata of the middle class, from a survey of scholars, aiming to understand how the program and these difficulties influence students' lives, their professional growth, social family, and understand how the network is characterized sociability built between the students generally. The research started affirmative action measures as inclusion of subjects that have historically been out of social policies, held an exploratory research through an anonymous questionnaire. Keywords: PROUNI, Fellow, Bureaucracy, Time. 495

1. Introdução O PROUNI é um programa do Ministério da Educação, criado pelo Governo Federal em 2004, que concede bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em instituições privadas de ensino superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a estudantes brasileiros, sem diploma de nível superior sendo para as bolsas parciais (50%), a renda bruta familiar deve ser de até três salários mínimos por pessoa já a opção de o estudante ter bolsa integral, deve comprovar renda bruta familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio. Os estudantes que podem participar do programa PROUNI são estudantes com deficiência, estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular na condição de bolsistas integrais da própria escola, professores da rede pública de ensino do quadro permanente que concorrerem a cursos de licenciatura realizando o cadastro através da página do PROUNI gratuitamente. O estudo pretendeu-se ir além dos dados estatísticos do PROUNI, compreendendo os efeitos da complexa rede em que os alunos de camadas sociais empobrecidas, de estratos baixos da classe média e aqueles em condições de vulnerabilidade social, se inserem quando ingressam no ensino superior, apontando as principais dificuldades encontradas pelos alunos bolsistas do PROUNI. No inicio do Programa, ao fazer a inscrição, o candidato poderia escolher até cinco opções de cursos e instituições, e em 2013 somente duas são as opções de curso a serem feitas pelo candidato. No sistema do PROUNI, o que se sabe, também, é que o estudante com melhor resultado no Exame Nacional é o primeiro a ser pré-selecionado para obter a bolsa. O que se percebe é que em 2005 quanto às modalidades de bolsas do PROUNI existe uma maior proporção de bolsas integrais, em relação às parciais, no entanto, em 2010 é perceptível nas instituições particulares a diminuição da diferença entre o número de bolsas integrais e de bolsas parciais. A oferta de vagas hoje existente é consideravelmente maior em instituições privadas, quando comparadas às oferecidas pelas instituições públicas. Em 2010, as Instituições de Ensino Superior (IES) privadas foram responsáveis por 74,2% das matrículas realizadas no ensino superior brasileiro. O PROUNI foi criado para fazer uso dessa maior disponibilidade de oferta de vagas. A partir de 2009, a DIPES passou a realizar anualmente os mesmos cruzamentos de dados realizados, em 2008, pela equipe de auditoria do TCU. Ou seja, as informações do SisPROUNI são confrontadas, por meio do número de Cadastro de Pessoa Física (CPF) de todos os bolsistas e, ainda, de seus familiares, com as seguintes bases de dados: a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS); o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), a Plataforma Integrada para Gestão das Instituições Federais de Ensino Superior (Pingifes) e com 14 bases de dados de grandes universidades estaduais. Outra forma utilizada pelo programa para evitar a permanência de beneficiários indevidos no programa decorre do art. 10, inciso IX da Portaria Normativa MEC nº 34/2007, que previu o encerramento de bolsas, de forma ativa pelas próprias IES, ao se depararem com casos de bolsistas que experimentaram substancial e perceptível mudança de nível de renda. De acordo com Faceira (2010), no plano social, a educação pode contribuir para a ascensão social, já que a maioria das famílias dos jovens participantes do 496

programa possuem baixo grau de escolaridade, trabalham no setor informal ou em atividades com baixo rendimento. Ainda segundo Faceira (2010), no plano individual, a educação significa a realização de um sonho pessoal e familiar, já que, na maioria das vezes, eles são os primeiros da família a alcançar nível escolar superior, com diploma de bacharel. Segundo Faceira (2010), os fundamentos do PROUNI estão baseados em políticas afirmativas. Segundo Gomes (2001, p.40) as ações afirmativas: são um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou voluntário, concebidas com vistas ao combate à discriminação racial, de gênero e de origem nacional. De acordo com Faceira (2010), essas políticas teriam como o principal objetivo corrigir as consequências da discriminação ocorrida no passado e assim ocorra a efetividade dos direitos a igualdade de acesso a bens fundamentais. Ainda conforme Faceira (2010), pode-se afirmar que os alunos PROUNI têm diversas limitações para se manter no curso, mas suas estratégias de superação estão inseridas no plano do empreendedorismo social ; As atuações em estágios remunerados significam importante rendimento para si e para a família; os alunos PROUNI participantes do estudo afirmaram não sofrer discriminação na Faculdade, contudo foi mencionado sentir dificuldade de colocação em estágios quando o critério utilizado foi indicação; percebe-se isso quando levada em consideração às vantagens que os alunos, que possuem familiares com empresas ou escritórios de advocacia; nos entrevistados há grande sentimento de compensação pessoal, em que se destacar academicamente é mecanismo para se destacar no grupo. Dos sonhos mais relatados pelos participantes do estudo, foram: concluir os estudos, mudar de vida, ajudar a família, crescer profissionalmente. 2. Referencial Teórico De acordo com o site de notícias InfoEscola (2011), o MEC analisou a média de evasão dos bolsistas do PROUNI, tendo como referência os anos de 2009 e 2010, observou-se que o percentual de alunos que deixaram o ensino superior antes da conclusão de seus cursos em instituições privadas foi de 15,6%. Já as pesquisas de 2011, conforme o Jornal on-line A Gazeta do Povo, feita também pelo MEC informaram que um em cada quatro estudantes bolsistas do PROUNI abandona o programa. Segundo o site InfoEscola (2011), os estudantes de baixa renda que têm no PROUNI uma oportunidade de se formar em uma faculdade particular e pósformado mudar sua classe social, veem suas chances fugindo de suas mãos. Existe uma parcela que abandona a graduação por deficiência na educação básica. São alunos que têm dificuldade de acompanhar as aulas por apresentarem déficits elementares, que deveriam ser sanados nos ensinos fundamental e médio. Assim, os números de evasão do PROUNI devem ser melhores analisados, com uma metodologia precisa, para que sirva como mais um instrumento de diagnóstico do Ensino Médio Público Municipal e/ou Estadual, intervindo para que o objetivo do Programa, que é dar possibilidade aos alunos de baixa renda ter acesso ao Ensino Superior, cumpra-se com real eficácia e eficiência. 497

Ainda segundo o site InfoEscola (2011), para que a desistência diminua é preciso à adoção de uma política estudantil que contemple as muitas outras necessidades dos estudantes e não somente os seus níveis econômicos mais baixos. Esses alunos, ainda, têm suas frustações potencializadas quando ao longo de suas vidas estudantis sofrem algum tipo de discriminação ou preconceito como:religioso, homofóbico e bullying. Segundo o portal Terra (2013), bancar material didático, transporte e alimentação está entre as principais preocupações de quem passa a receber o benefício depois de alcançar a nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pontuação que passou a ser requerida em 2012. Os bolsistas precisam ser membros de famílias com renda bruta mensal por pessoa de até 1,5 salário mínimo (R$ 1.017) desde o início de janeiro. Ainda, de acordo com o portal Terra (2013), o PIEA (Programa de Inclusão Educacional e Acadêmica) que permitiu a Eduardo assistir às aulas nas noites de segunda à sexta-feira. O jovem de 19 anos prefere não ser identificado, alegando que muitos de seus colegas não sabem de seu benefício. "Tenho medo de ser considerado diferente dos outros, já que a grande maioria dos meus colegas paga para estudar, comer e ir até a universidade", diz. Reconhece, no entanto, que o programa é responsável pelo equilíbrio das contas no final do mês. Segundo UNE (2012), uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos estudantes beneficiados do programa é permanecer na universidade e finalizar o curso. Gastos com transporte, alimentação, custo de material (xerox e livros), por exemplo, são dificuldades diárias que se colocam na vida desses estudantes. Atualmente, existe um debate muito forte levantado pela UNE em relação ao passe livre para estudantes do PROUNI. A União Estadual dos Estudantes de São Paulo, por exemplo, tem uma campanha específica para essa reivindicação. Segundo Faceira (2010), tanto os alunos bolsistas PROUNI da PUC Rio como da UCB apontam como maior dificuldade as questões econômicas. Abaixo destacamos algumas falas dos alunos bolsistas PROUNI da PUC-Rio, dentre os quais 58% consideram os aspectos financeiros como sua maior dificuldade. Segundo o site de notícias GLOBO (2013), outro número destacado por ela tem a ver com a utilidade do diploma conquistado por meio das bolsas de estudo integrais ou parciais. De acordo com a pequisa, 72,6% dos 150 bolsistas entrevistados afirmaram que, atualmente, estão trabalhando na área em que se formaram no ensino superior. O número de estudantes no mercado de trabalho antes e depois de receberem a bolsa se manteve em 85%. Desses, 64% dos egressos tinham carteira assinada e renda de um a cinco salários mínimos. Conforme Faceira (2010), ainda que 14% dos alunos destacam as dificuldades pedagógicas e acadêmicas; 14%, a distância geográfica entre seu local de moradia e a universidade, o que resulta em um maior desgaste físico e também maior gasto financeiro. Segundo Faceira (2010), sete por cento dos alunos bolsistas PROUNI também destacam a dificuldade de adaptação à universidade em função de a PUC-Rio ser frequentada por alunos de classes sociais mais privilegiadas; 5% relatam a dificuldade de conciliar os horários de estudo e das aulas com a inserção no mundo do trabalho; e 2% não responderam a essa questão. Conforme Faceira (2010), as transformações do processo produtivo desencadearam mudanças na relação capital e trabalho, caracterizadas, no final da década de 90, pelo aumento no número de desempregados, subempregados e 498

uma precarização das condições de trabalho, aumentando consideravelmente as desigualdades sociais. Nesse contexto de agravamento dos problemas sociais, a maioria dos alunos bolsistas da UCB, 42%, também consideram que a maior dificuldade relacionada à permanência na universidade é de natureza financeira. Segundo Faceira (2010), ainda, que 35% dos alunos relatam não possuírem nenhuma dificuldade; 6% descrevem como principal dificuldade a distância entre a universidade e o seu local de residência; 6% apontam como dificuldade as metodologias de avaliação e o nível de exigência acadêmica; 3% relataram a dificuldade de conciliar o tempo de estudar e trabalhar; 3% não responderam a essa questão; 2% apontaram o fato de não conseguirem se inserir no curso de seu interesse; 2% relataram como dificuldade a falta de informações sobre o Programa PROUNI e a própria universidade; 1% destacam a dificuldade de adaptação à vida acadêmica; 1% pontuaram o fato de sofrerem discriminações por parte dos outros alunos. Segundo Maciel (2010), problemas gerados pela falta de qualidade na educação básica de um aluno que vai ingressar na faculdade podem gerar um distanciamento que nem todos os alunos conseguem superar. Patrícia acredita de chega a ser desleal comparar um aluno PROUNI sta com algum outro aluno que já teve uma preparação mais consistente durante sua vida. Conforme Almeida (2010), o grande desafio que está posto para a sociedade brasileira, é compreender que se de um lado os defensores das políticas universais temem que a implementação de sistemas de cotas para negros possam provocar transtornos para a sociedade brasileira e, até mesmo, representarem uma utopia para as classes menos favorecidas, de outro lado, jovens negros com trajetórias de vidas marcadas por injustiças e desigualdades, ingressam na educação superior e veem possibilidades de mudar essa realidade. Segundo Almeida (2010), o PROUNI apresenta-se como uma alternativa devido a dois fatores intimamente ligados: restrição financeira, pois, mesmo trabalhando, não conseguiriam pagar pelo curso escolhido e dar conta das obrigações de sustento familiar. Por outro lado, oriundos da escola pública regular brasileira, no processo de socialização escolar que tiveram foram afastados dos conteúdos mínimos que pudessem prepará-los para disputar as vagas das universidades públicas, ou seja, possuem também aquilo que denomino como restrição acadêmica. Conforme o site de notícias GLOBO (2013), a pesquisa foi tema de sua tese de doutorado, defendida em novembro do ano passado, e apresentada no último fim de semana no 14º Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Recife (PE). Na pesquisa, 73,4% afirmaram que, depois de se formarem, conseguiram aumentar sua renda em relação à época em que ingressaram no ensino superior. Dentro deste grupo, 10,5% tiveram o salário incrementado entre 71% e 100%, e 27,9% mais do que dobraram a renda (em relação ao total de participantes, Fabiana afirmou que 18,6% aumentou a renda em mais do que 100%). Na visão de Juliana, em entrevista para Carta Capital (2013) à respeito do PROUNI está em conformidade com grande parte dos beneficiários do programa. A maioria vê a iniciativa como uma chance de acessar ao ensino superior e melhorar a renda. Segundo o site de notícias GLOBO (2013), uma pesquisa com ex-bolsistas do Programa Universidade para Todos (PROUNI) em São Paulo mostrou que quase três quartos deles conseguiram aumentar sua renda após concluir o curso 499

de graduação. De acordo com Fabiana Costa, doutora em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), foram entrevistados 150 jovens que se formaram no ensino superior entre 2010 e 2011, para identificar o impacto que a bolsa de estudo teve na inserção dos egressos no mercado de trabalho e na melhoria de sua condição socioeconômica. 3. Metodologia Neste estudo se analisa a efetividade de programas sociais de acesso à educação superior a partir da ótica de seus beneficiários, o que foi feito pela observação do caso do PROUNI, programa social governamental. A abordagem adotada nesta pesquisa foi quantitativa, baseada em questionários individuais. Na pesquisa, do tipo descritiva, dadas as impossibilidades objetivas de abordar todos os milhares de beneficiados do programa no país, optou-se por delimitar os sujeitos de pesquisa vinculados como estudantes regulares de instituições de ensino superior, situadas na cidade de São Paulo. No primeiro semestre de 2013, período em que os dados foram coletados. Participaram 360 estudantes, de cursos aleatórios, escolhidos em função de serem bolsistas, independente do ano ou semestre cursado. Este critério foi considerado adequado para captar as visões dos bolsistas do programa. A pesquisa de campo foi realizada nas instalações de quatro diferentes instituições de ensino superior. O protocolo de pesquisa inicialmente se dava por meio de uma explanação dos objetivos do estudo, de modo que os entrevistados pudessem conhecer seus propósitos e contribuir da forma que julgassem conveniente. Em seguida, os entrevistados eram encorajados a responder um questionário com doze perguntas, sem a necessidade de se identificar com o objetivo de coletar os dados necessários para análise das dificuldades enfrentadas pelos bolsistas, estimulando respostas verdadeiras. Os dados foram examinados com base nas respostas da pesquisa, já que os resultados são apresentados em forma de gráficos. 4. Resultados e Discussão Abaixo serão apresentados os resultados da pesquisa em formato gráfico. O gráfico abaixo visa identificar se o curso escolhido pelo participante da pesquisa era o curso desejado. Gráfico 1. Curso Escolhido pelos Participantes da Pesquisa 500

O gráfico abaixo visa identificar a satisfação do participante da pesquisa com relação a graduação cursada. Gráfico 2. Satisfação dos participantes da pesquisa com relação ao curso. O gráfico abaixo visa identificar as dificuldades encontradas pelos participantes da pesquisa com relação a obtenção de informações a respeito do PROUNI. Gráfico 3. Dificuldades encontrar informações sobre o PROUNI. O gráfico abaixo apresenta o sentimento de exclusão do participante do meio acadêmico por sua condição financeira. Gráfico 4. Sentimento de exclusão do meio acadêmico. 501

O gráfico abaixo visa demonstrar se os participantes da pesquisa já sofreu algum tipo de preconceito por ser um bolsista PROUNI. Gráfico 5. Já sofreram algum tipo de preconceito por ser bolsista PROUNI. O gráfico abaixo visa demonstrar se os participantes da pesquisa sentem ou sentiu dificuldades em acompanhar o curso acadêmico por ter deficiências na sua formação. Gráfico 6. Deficiências na formação acadêmica dos participantes da pesquisa. O gráfico abaixo visa demonstrar se os participantes da pesquisa acham que o curso superior proporciona oportunidades de experiências culturais e profissionais. Gráfico 7. Curso superior proporciona oportunidades de experiências culturais e profissionais aos participantes da pesquisa. O gráfico abaixo visa demonstrar as principais dificuldades relatadas pelos participantes da pesquisa. 502

Gráfico 8. Principais dificuldades relatadas pelos participantes da pesquisa. 5. Conclusão Foram buscadas informações referentes aos alunos que possuem bolsas de estudo do PROUNI, em instituições privadas de educação superior. Deste modo, foi proposto investigar as maiores dificuldades encontradas pelos bolsistas do PROUNI para conclusão do curso superior, identificando os principais desafios e necessidades para realização do curso superior e de que forma essas dificuldades afetam o desempenho social, profissional, universitário e familiar. Os resultados apresentados pela amostragem realizada indicam as questões relacionadas a discriminação e exclusão socioeconômica é indicada por 6% dos participantes da pesquisa. Também ficou evidente que informações relativas ao PROUNI encontramse disponíveis e de fácil acesso, uma vez que 94% dos participantes relataram não encontrar dificuldades em obter estas informações.com relação a graduação, também é possível perceber que o fato de ser um bolsista PROUNI não interfere na escolha do curso, já que 81% dos participantes afirmam estar cursando a graduação escolhida e 19% dos participantes afirmaram não estar satisfeito com o curso. Esta amostragem demonstrou que as maiores dificuldades encontrada pelos alunos do PROUNI em concluir o curso superior estão relacionados a falta de tempo, sendo a falta de tempo para estudar e a dificuldade de conciliar os horários de estudo com o horário de trabalho como as maiores dificuldades para conclusão do curso, no entanto, é preciso levar em consideração que 36% dos participantes afirmaram sentir dificuldade de acompanhar o curso em função das deficiências em sua formação, o que pode desmotivar o estudante, fazendo com que o mesmo desista de concluir o curso, outra dificuldade apontada por 28% dos participantes está relacionada ao fator financeiro, ou seja, despesas extras, tais como: compra de livros, cadernos, materiais e transporte. Outras dificuldades relatadas são falta de apoio familiar, sendo apontada por 11% dos participantes, enquanto que 14% afirma não conseguir vaga nos cursos ou instituições desejadas. Como sugestão de futuras pesquisas, recomendamos o aumento da abrangência geográfica da pesquisa para se obter uma avaliação nacional das maiores dificuldades dos alunos em outros estados. 503

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