INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL EMATER. Responsável: Diretor Presidente Arnaldo Bandeira

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Transcrição:

INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL EMATER - Telefone: (41) 32-50-21-00 - Endereço: Rua da Bandeira, 500. - CEP: 80.035-270 - Curitiba Pr E-mail: emater@pr.gov.br Responsável: Diretor Presidente Arnaldo Bandeira PROJETO: Projeto de ATER em apoio ao Cooperativismo da Agricultura Familiar do Sudoeste do Paraná Elaboração: Odílio Sepulcri e Luiz Augusto Pfau CURITIBA, AGOSTO DE 2007.

2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 3 1-CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO E DA ATIVIDADE LEITEIRA... 4 1.1 CLIMA E SOLO... 4 1.2 ESTRUTURA FUNDIÁRIA... 5 1.3 VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO... 6 2-AS COOPERATIVAS DE LEITE DA AGRICULTURA FAMILIAR... 12 3- OBJETIVOS... 14 3.1 GERAIS... 14 3.2 ESPECÍFICOS... 14 4-BENEFICIÁRIOS... 14 5-AÇÕES PREVISTAS... 14 6-METAS... 15 7-ESTRATÉGIA OPERACIONAL... 16 8-AVALIAÇÃO... 17

3 INTRODUÇÃO A pecuária leiteira nas pequenas propriedades rurais do Sudoeste do Paraná desempenha um importante papel socioeconômico, possibilitando a utilização de mão-de-obra familiar, remunerando-a a nível de mercado, além de proporcionar entrada mensal de dinheiro no caixa da propriedade. Permite, ainda, que a família rural tenha uma reserva de valor (poupança) de elevada liquidez, através de seus animais. Apesar de a exploração leiteira ser uma atividade complexa, uma das mais difíceis do setor agrícola, as características acima amenizam as dificuldades financeiras dos agricultores familiares ou, até mesmo, viabilizam a sua permanência no meio rural. Ao longo da década de noventa, aconteceu uma verdadeira revolução no setor lácteo brasileiro, com o fim do controle estatal de preços, abertura comercial e a estabilização da economia. A mudança no sistema de armazenamento e de coleta a granel do leite passaram a afetar os custos e a qualidade da matéria prima e o relacionamento dos agentes na cadeia produtiva. Tais mudanças impõem ao produtor de leite desafio de encontrar novos mecanismos de permanecer na atividade de forma competitiva e sustentável. Em diagnóstico realizado no Sudoeste do Estado pelo Projeto Rede de Referências para a Agricultura Familiar 1, foram identificados como principais problemas na pecuária leiteira: a falta de critérios no desmame das bezerras, bem como na sua alimentação correta; baixos níveis e aplicação em época inadequada de adubação nas pastagens, especialmente a nitrogenada; plantio tardio das forrageiras anuais de inverno; falta de água e sombra nos piquetes; permanência dos animais nas pastagens menos tempo que o necessário; os piquetes, quando existentes, não são utilizados considerando as necessidades por unidade animal. Apesar desse diagnóstico preliminar, há um consenso entre o corpo técnico regional de que existe um desconhecimento, de maneira geral, dos indicadores zootécnicos, sanitários, econômicos, ambientais e de qualidade do leite, havendo, porém a necessidade de aprofundamento deste diagnostico. 1 Uma rede de referência é um conjunto de propriedades representativas de determinado sistema de produção familiar, que após processo de otimização visando ampliação de sua eficiência e sustentabilidade, conduzido por agricultores e técnicos, servem como referência técnica e econômica para outras unidades por ela representadas (MIRANDA e DOLIVEIRA, 2005).

4 1. CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO E DA ATIVIDADE LEITEIRA O sudoeste do Paraná situa-se na Região Sul do Brasil, entre os paralelos - 25º e -27º de latitude sul e -51º e -54º longitude Oeste, à margem esquerda do Rio Iguaçu, a partir do município de Palmas, a Leste, até os municípios da fronteira com a Argentina, no extremo Oeste, e ao Sul com os municípios do Oeste do estado de Santa Catarina. Possui uma área total de 16.975,5 km2, sendo que 7.761,7 km2 distribuídos entre os 27 municípios da região administrativa de Francisco Beltrão e 9.213,8 km2 distribuídos entre os 15 municípios de Pato Branco. FIGURA 1 REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE EM 1000 LITROS ANUAIS Leite produzido na Região Sudoeste (1.000 litros) Nova Prata do Iguaçu Cruzeiro do Iguaçu Capanema Boa Esperança do Iguaçu Realeza São Jorge D'Oeste Sulina Saudade do Iguaçu Planalto Dois Vizinhos São João Santa Izabel Salto do Oeste do Lontra Chopinzinho Pérola D'Oeste Verê Bela Vista da Caroba Nova Esperança Enéas do Marques Sudoeste Ampére Pranchita Itapejara D'Oeste Coronel Vivida Pinhal de São Bento Mangueirinha Santo Antônio do Sudoeste Francisco Beltrão Bom Sucesso do Sul Manfrinópolis Salgado Filho Bom Jesus do Sul Pato Branco Honório Serpa Coronel Domingos Soares Renascença Barracão Flor da Serra do Marmeleiro Sul Vitorino Mariópolis Clevelândia Leite sudoeste 1479-8000 8001-16000 16001-32203 Palmas 1.1 CLIMA E SOLO 2 Fonte: IBGE (2005) A Região Sudoeste do Paraná apresenta uma diversidade de climas, em função de variações do regime de chuvas e de temperatura, segundo o gradiente de altitude. Entretanto, o clima básico da região é do tipo Cfa (Kóppen), ou seja, subtropical com temperatura média do mês mais frio inferior a 18ºC e temperatura do mês mais quente acima de 22ºC, com verões quentes, geadas pouco freqüentes 2 Texto elaborado pelo extensionista, Engenheiro Agrônomo, Dr. Oromar João Bertol.

5 e tendência de concentração das chuvas nos meses de primavera e verão. Este tipo de clima ocorre na porção oeste do território, em aproximadamente 63% da área, sendo que no restante do território, na porção mais a leste, ocorre o clima Cfb, que se caracteriza por ser subtropical, com verões frescos e geadas severas e demasiadamente freqüentes, sem estação seca, com a temperatura média do mês mais quente inferior a 22 C. As chuvas na região apresentam boa distribuição. Os dados históricos disponíveis apresentam na primavera 500 a 550 mm, no verão 450 a 500, no outono 400 a 450 e no inverno 350 a 400, dando uma média anual de 1800 a 1900 mm. Em 2002, a região apresentou um índice de 2.420,8 mm para a microrregião de Francisco Beltrão e de 2.355,9 mm para a de Pato Branco. Dados recentes não indicam mudanças significativas que aumentem o risco da atividade para orientar um planejamento diferenciado, tomando-se por base os dados históricos disponíveis. Os solos da região, pela sua fertilidade natural, constituem-se como principal potencial para o uso em atividades agropecuárias. Levantamentos realizados pelo Ministério da Agricultura (1981) mostram que, em torno de 57% do território do Sudoeste paranaense, possui exigências moderadas a mínimas de fertilizantes e corretivos para a manutenção do seu estado nutricional. No entanto, as principais limitações dos solos da região para as atividades agropecuárias estão relacionadas à profundidade efetiva, ao relevo e à pedregosidade. Assim, em torno de 60% das áreas apresentam solos rasos a pouco profundos, com presença de pedras, 38% das áreas apresentam relevo de forte ondulado a montanhoso e 37% relevo ondulado. Em razão destas limitações, aproximadamente 40% do território do Sudoeste do Paraná possui suscetibilidade alta a muito alta à erosão hídrica e em torno de 30% possui suscetibilidade média à erosão. As limitações dos solos determinam, ainda, que apenas 15% das terras do território se apresentam praticamente sem restrições para o uso de máquinas e implementos agrícolas. 1.2 ESTRUTURA FUNDIÁRIA A estrutura fundiária da região, na sua grande maioria (tabela 1), é composta de pequenas propriedades tendo 72,56% de estabelecimentos rurais inferiores a 20

6 hectares e 93,64% com áreas menores que 50 hectares, quase que exclusivamente representados por agricultores familiares 3. No Paraná, os agricultores familiares representam 86,9% dos estabelecimentos rurais. Destes, cerca de 50% praticamente não possuem renda, apenas subsistem e detêm, no seu conjunto, menos de 15% da área (IPARDES, 2003). TABELA 1- ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO SUDOESTE DO PARANÁ 1995/96 ESTRUTURA N.ºESTAB. ÁREA ha ÁREA % ESTAB. % há PART. % FUNDIÁRIA MÉDIA 0 a 5 10.530 31.834 3,03 20,10% 2,23% 20,10% 5 a10 11.749 89.034 7,58 24,43% 6,22% 42,53% 10 a 20 14.688 211.170 14,38 28,03% 14,76% 70,56% 20 a 50 11.034 329.428 28,86 21,06% 20,03% 91,62% 50 a 100 2.479 170.693 68,86 4,73% 11,93% 96,35% 100 a 200 1.032 142.089 137,68 1,97% 9,93% 98,32% 200 a 500 626 195.950 313,02 1,19% 13,70% 99,52% 500 a 1000 118 126.061 670,54 0,36% 8,81% 99,88% 1000 a 2000 55 69.789 1.268,89 0,10% 4,88% 99,98% 2000 a 5000 10 64.202 6.420,20 0,02% 4,49% 100,00% Total 52.398 1.430.300 27,30 100,00% 100,00% 100,00% FONTE: Censo Agropecuário IBGE 1995/96 1.3 VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) O valor bruto da produção agropecuária do Paraná (VBP), que inclui 492 produtos/itens, agregados em grupos (principais culturas, pecuária, produtos florestais, fruticultura, floricultura, hortaliças e especiarias), totalizou 28,03 bilhões de reais em 2003 (gráfico 1), com incremento de 47,2% em relação a 2002. Considerando o valor real (preços constantes da safra 2002/03), este crescimento foi de 14,1%. O bom desempenho deve-se ao expressivo aumento de faturamento dos produtos soja, milho e frango, os quais participaram com 47,2% no VBP desta safra, apresentando um crescimento de 63,5%, 63,4% e 54,2%, respectivamente, favorecidos pelo aumento da quantidade produzida de grande parte da diversificada base de produção. 3 Art. 3 o da Lei 11.326, de 24 de julho de 2006, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

7 GRÁFICO 1 - PARTICIPAÇÃO DAS REGIÕES DO PARANÁ NO VBP 2002/03 A produção de leite do Sudoeste representava 5,29% deste em 2001, atualmente corresponde a 9,09% num valor de 279,8 bilhões de reais (DERAL, 2004). A produção cresceu 106,4% no período 1990-2004 (gráfico 2), saindo de 1.116 milhão de litros para 2.394 milhões. Nesse período, o estado apresentou uma taxa de crescimento médio, na produção de 6% ao ano, superior aos principais estados produtores (SEAB/DERAL, 2003). O Paraná participa com 10,7% da produção nacional, sendo o terceiro produtor de leite do país. O rebanho leiteiro é constituído por cerca de 2,0 milhões de cabeças. O número de vacas ordenhadas situa-se em 1,4 milhão de cabeças, alcançando uma produtividade média de 1.660 litros/vacas/ano. Por outro lado, existem produtores e bacias leiteiras no estado com alto grau de especialidade, atingindo índices de produtividade semelhantes aos dos países desenvolvidos (SEAB/DERAL/CCA, 2003). O rebanho leiteiro da região sudoeste é composto, predominantemente, das raças Holandesa com 49% do rebanho, Mestiço com 39% e Jersey com 10,5% (SEAB/ DERAL, 2003). A inseminação artificial é adotada pela maioria dos produtores da região, promovida pelas secretarias de agricultura das prefeituras municipais, associações de produtores, cooperativas e iniciativa privada. Em levantamento feito pelo Instituto Emater em 2003 existiam 46 grupos comunitários que realizavam este trabalho de

8 inseminação (EMATER, 2003). Alguns municípios utilizam, também, o acasalamento genético dirigido e a introdução de matrizes de outras regiões. Tais aquisições nem sempre seguem uma tecnologia adequada de alimentação e manejo do rebanho ao chegarem à propriedade. GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO PARANÁ 1990-2004 FONTE: IBGE/EMBRAPA - Gado de Leite Ao analisar-se o ranking da produção regional de leite no gráfico 2, a região Oeste lidera com 26,0 % da produção total do Estado, seguida pela região Sudoeste com 19,0%, Centro Oriental 15,0%, Noroeste e Norte ambas com 10,0% e as demais com menor expressão. A região Sudoeste foi a que apresentou maior crescimento, tendo aumentado sua participação em 13,52%. (DERAL, 2004). O Sudoeste produz anualmente 532,33 milhões de litros de leite, sendo que os 27 municípios do núcleo de Francisco Beltrão, apresentados no gráfico 4, são responsáveis por 65,07%, enquanto que os 15 municípios de Pato Branco (gráfico 5) pelos restantes 34,93%. Esse volume de leite representa um VBP de 279,87 milhões de reais, representando 9,09% do VBP regional. No período 1995-2004 houve um acréscimo de 135,68% no volume produzido na região (SEAB/DERAL, 2004).

9 GRÁFICO 3 - PRODUÇÃO DE LEITE NO PARANÁ POR MESORREGIÃO, 2004 Representação da Produção Por Mesorregião - 2004 7% 3% 2% 10% 3% 19% 15% 10% 5% Noroeste Centro Oc Norte Cen Norte Pion Centro Or Oeste Sudoeste Centro Sul Sudeste RMC 26% FONTE: IBGE/BANDEIRA FONTE :SEAB/DERAL, 2004 Os municípios de Francisco Beltrão, Capanema, Dois Vizinhos, Nova Prata do Iguaçú, Realeza, Pato Branco e Coronel Vivida produzem, individualmente, acima de 17,0 milhões de litros anuais e juntos respondem por 28,77% da produção regional e 27 municípios produzem acima de 10 milhões de litros anuais. GRÁFICO 4 PRODUÇÃO ANUAL DE LEITE EM LITROS POR MUNICÍPIO DA REGIÃO DE FRANCISCO BELTRÃO 2003 35.000.000 Produção de Leite (litros) - Francisco Beltrão 30.000.000 25.000.000 Produção (l) 20.000.000 15.000.000 10.000.000 5.000.000 - Município FONTE: SEAB/DERAL, 2003 O destino do leite produzido na região é, em parte, consumido pelas famílias dos agricultores, o restante é comercializado junto à indústria cooperativa e laticínios. O número de produtores que entregam leite para a indústria na região em

10 estudo é de 11.740 individuais (DERAL, 2004). Cerca de 3.522 produtores entregam o leite em grupo, correspondendo a aproximadamente 420 grupos. Existem também as mini-usinas municipais que captam certa quantidade de leite e os produtores informais que entregam leite nas periferias urbanas, onde não há controle (EMATER-PR, 2004). GRÁFICO 5 PRODUÇÃO ANUAL DE LEITE EM LITROS POR MUNICÍPIO DA REGIÃO DE PATO BRANCO 2003. 25.000.000 Produção de Leite (litros) - Pato Branco 20.000.000 Produção (l) 15.000.000 10.000.000 5.000.000 - Município FONTE: SEAB/DERAL, 2003 Observa-se, na tabela 2, que do leite recebido pela indústria de laticínios, a maior parte provém de produtores que entregam um volume abaixo de 50 litros diários, sendo 80% e 59% na região de Francisco Beltrão e 59% e 74,7% em Pato Branco respectivamente, tanto para cooperativas como para laticínios privados. Constata-se, também, que, para todas as situações, mais de 90% dos produtores entregam abaixo de 200 litros diários e que os laticínios privados absorvem o maior percentual de produtores nas faixas acima de 50 litros diários (MATOS, 2003). TABELA 2 - EXTRATIFICAÇÃO POR VOLUME DE LITROS/DIA E % DE LEITE ENTREGUE PELOS PRODUTORES À INDÚSTRIA 2002 VOLUME DIA (L) REGIÃO DE FCO BELTRAO REGIÃO DE PATO BRANCO COOPERATIVAS (%) LATICÍNIOS PRIVADOS (%) COOPERATIVAS (%) LATICÍNIOS PRIVADOS (%) 0 a 50 L 80,0 59,3 59,0 74,7 50 a 100 L 12,0 20,3 21,2 17,5 100 a 200 L 5,0 13,5 11,8 4,6 200 a 500 L 2,0 5,4 5,2 2,3 500 a 1000L 1,0 0,9 0,5 0,6 Acima de 1000 l 0,0 0,6 1,4 0,2 FONTE: MATOS, 2003

11 A ordenha é realizada manualmente por 59,5% dos produtores e 40,5% a utilizam mecanicamente (MATOS, 2003). A tabela 3, mostra que o sistema de resfriamento e conservação de leite na propriedade em Francisco Beltrão é o freezer em 64,8%, o resfriamento tipo imersão em 22,4% e o tipo expansão em 12,7%. Em Pato Branco o freezer é utilizado em 49,0% e os outros tipos correspondem a 37,0% e 14%, respectivamente (MATOS, 2003). Os produtores se organizam em grupo de até 60 propriedades e reúnem o leite em tanques de resfriamento para ser recolhido pela indústria a cada 48 horas. Os transportadores nem sempre estão preparados para alguma tarefa como a coleta de amostra do leite. TABELA 3 TIPO DE RESFRIADOR UTILIZADO PELOS PRODUTORES DE LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ 2002 RESFRIADOR/REGIÃO FRANCISCO BELTRÃO (%) PATO BRANCO (%) Expansão 12,70 14,00 Imersão 22,45 37,00 Freezer/outros 64,80 49,00 Total 100,00 100,00 FONTE: MATOS,2003 O transporte do leite da propriedade à indústria de beneficiamento, seja ela cooperativa ou laticínio privado, é feita a granel, em quase sua totalidade, utilizandose caminhões tanques isotérmicos em ambas as regiões, atingindo índices acima de 96,5% da produção, como pode ser visto na tabela 4 (MATOS, 2003). TABELA 4 TIPO DE TRANSPORTE UTILIZADO PELA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ REGIÃO/TRANSPORTE FCO. BELTRÃO (%) PATO BCO. (%) GRANEL 98,20 96,50 TARROS 1,80 3,50 Total 100,00 100,00 FONTE: MATOS, 2003 Uma pesquisa de campo realizada pelo Instituto Emater (2006), mostra que do leite produzido na região 41,8 e 57,3% é processado respectivamente na região e o restante é transferido para outras regiões, conforme se observa na tabela 5. TABELA 5 DESTINO DO LEITE PRODUZIDOS NAS MICRO-REGIÕES MICRO-REGIÃO INDÚSTRIA PARA OUTRAS PROCESSADO % (N ) REGIÕES (L) NA REGIÃO (L) PATO BRANCO 24 77.684.860 56.705.520 41,80 F. BELTRÃO 39 113.280.000 152.280.000 57,30 FONTE: ABCRH, 2006.

12 A qualidade do leite melhorou com a introdução da ordenha mecânica, tanques de expansão para resfriamento e transporte em tanque isotérmicos, porém ainda é preocupante, tendo em vista que as análises de contagem de células somáticas (CCS) apresentaram cerca de 20% dos produtores com CCS acima de 750.000 e 60% com contagem bacteriana total (CBT) acima de 750.000 (ABCRH,2006). A assistência técnica aos produtores da região é dada por diversas entidades, entre elas citam-se a Emater, prefeituras municipais, sindicatos, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Confepar, Embrapa, cooperativas e empresas privadas. Mesmo com essa gama de entidades, a assistência técnica é deficiente, ocorrendo em segmentos pontuais, sem enfocar o sistema de produção e a cadeia produtiva no seu conjunto. No entanto, os produtores rurais, quando bem assistidos, respondem muito bem, com um melhor desempenho técnico e econômico. Na comercialização do leite, verifica-se que o preço médio em dólar/litro, no período 1983-2003, atingiu o preço máximo de U$ 0,26 o litro em 1990 e 1995 e a partir de 1995 o preço caiu linearmente, chegando a U$ 0,10 o litro em 2002 (SEAB/DERAL, 2003). Atualmente, há uma recuperação dos preços, com o leite sendo comercializado na região, em média, a U$ 0,30. GRÁFICO 6 PREÇOS MÉDIOS ANUAIS EM DÓLAR, DO LITRO DE LEITE, RECEBIDO PELOS PRODUTORES NO ESTADO DO PARANÁ 1993 a 2002 (US$) 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,15 0,14 0,13 0,20 0,15 0,19 0,22 0,26 0,20 0,18 0,21 0,22 0,26 0,24 0,22 0,20 0,14 0,17 0,12 0,10-1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 ANOS DOLAR FONTE: SEAB/DERAL, 2003 2. AS COOPERATIVAS DE LEITE DA AGRICULTURA FAMILIAR DO SUDOESTE DO PARANÁ Neste contexto do crescimento da produção e da produtividade do leite no Sudoeste do Paraná, este se apresenta como uma excelente atividade para a

13 agricultura familiar, pois permite viabilizar economicamente unidades produtivas baseadas em pequenas extensões de terra. Além disso, a bovinocultura de leite caracteriza-se como uma das principais explorações presentes na maioria das propriedades da agricultura familiar na região. A partir do final da década de 90, os agricultores familiares produtores de leite da referida região, iniciaram a organização em cooperativas singulares denominadas Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar (CLAF). Tendo como objetivos melhorar o poder de barganha na cadeia produtiva do leite, aumentar a renda das propriedades, melhorar a eficiência da produção (produtividade e custos) e agregar valor ao produto através da agroindustrialização. O conjunto de CLAFs integram a Cooperativa Central de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária (SISCLAF), composta por vinte e quatro cooperativas singulares, as CLAFs abrange vinte e três municípios do Sudoeste. A SISCLAF, é formada por mais de 4.868 famílias, produzindo cerca de 4,5 milhões de litros de leite ao mês. A Figura 2 mostra o percentual de leite entregue pelos sócios da SISCLAF. FIGURA 2. Percentual da Produção de Leite entregue pelos Sócios Fonte: CLAF (2007)

14 O Sistema foi criado no ano de 2003, porém sua história inicia antes, com a criação das CLAFs, já no ano de 1998, quando foram constituídas cooperativas nos municípios de Renascença, Marmeleiro, Dois Vizinhos e Nova Prata do Iguaçu. A evolução do número de associados do SISCLAF, de 1998 a 2006, pode ser observada no gráfico 7, a seguir. GRÁFICO 7 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE ASSOCIADOS DO SISCLAF (1998-2005) Outro trabalho desenvolvido pelas CLAFs foi na área da comercialização, como a compra coletiva de insumos, obtendo menores preços. Além disso, passouse a negociar o preço do leite entre cooperativas e compradores, chamando os industriais para uma negociação coletiva, sempre conseguindo preços melhores do leite para seus associados segundo os atores locais/regionais. O presente Projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) tem a finalidade de apoiar o Sistema de Cooperativismo da Agricultura Familiar (SISCLAF), dentro dos objetivos e ações descritas a seguir: 3. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVOS GERAIS Melhorar a renda, fomentar a produção e aumentar o poder de barganha dos agricultores familiares através do fortalecimento das Cooperativas Familiares de leite (CLAFs).

15 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Orientar na organização da produção de leite das cooperativas; - Prestar assistência técnica aos cooperados para melhorar o processo de produção e a qualidade do leite nas unidades familiares; - Fomentar a produção e capacitar os produtores cooperados para melhorar o processo de produção e de gestão das propriedades; - Assessorar na comercialização da produção de forma integrada entre as cooperativas. 4. BENEFICIÁRIOS Serão beneficiários do presente projeto todos os associados das 23 Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar (CLAF), com aproximadamente 4.868 associados, todas pertencentes ao sistema SISCLAF. 5. AÇÕES PREVISTAS a) Organizar a produção de leite das cooperativas - Fazer uma análise das linhas de leite com relação a custos e racionalidade visando o seu melhor funcionamento e eficiência; b) Prestar assistência técnica aos cooperados - Melhorar a produção através de assistência técnica qualificada e acompanhamento técnico e econômico de associados referenciais; - Orientar no uso adequando do crédito rural; - Melhorar a eficiência da produção de leite (produtividade e custos), dos cooperados; - Difundir tecnologias apropriadas à agricultura familiar; - Reduzir o passivo ambiental e social da produção leiteira; c) Capacitar os produtores cooperados em: - Produção sustentável de leite (econômica, ambiental e social); - Comercialização e mercado do leite; - Orientar a conservação e a melhoria da qualidade do leite.

16 d) Assessorar na comercialização da produção de forma integrada entre as cooperativas. 6. METAS O Projeto abrangerá as Regiões de Francisco Beltrão e Pato Branco e terá com meta para o período do Projeto atender as Cooperativas do sistema SISCLAF e seus associados, conforme está demonstrado no quadro 1. QUADRO 1 - MUNICÍPIOS, NÚMERO DE SÓCIOS E PRODUÇÃO MENSAL DE LEITE EM LITROS Regiões Município sede da cooperativa Numero de sócios Produção mensal de litros de leite - 2007 Francisco Beltrão e Pato Branco Ampere 218 185.254 Barracão 230 130.000 Bela Vista da Caroba 190 135.000 Capanema 320 276.000 Chopinzinho 340 340.000 Coronel Vivida 132 90.000 Dois Vizinhos 230 205.000 Francisco Beltrão 280 250.000 Itapejara do Oeste 242 230.000 Manfrinópolis 20 Marmeleiro 120 240.000 Nova Esperança do Sudoeste 186 113.000 Nova Prata do Iguaçú 20 Pérola do Oeste 251 240.000 Planalto 441 316.000 Pranchita 70 45.000 Realeza 150 129.000 Renascença 154 150.000 Salgado Filho 210 240.000 Salto do Lontra 353 630.000 Santo Antônio do Sudoeste 276 176.000 São João 285 244.000 São Jorge D Oeste 150 220.000 TOTAL - 4.868 4.584.254 FONTE:SISCLAF, 2007 7. ESTRATÉGIA OPERACIONAL A execução do trabalho da ATER será organizada seguindo os passos da estratégia operacional, conforme a segue: a) Organização dos produtores Para o desenvolvimento do trabalho será utilizada metodologia participativa e a estratégia de Grupos de Referência. A organização dos produtores será feita em

17 grupos por linha de leite e/ou comunidade, respeitando-se a maior facilidade para os produtores. Cada Grupo de Referência deve ter em torno de 12 (doze) participantes, que farão uma reunião prática mensal de troca de experiências e de conhecimentos, na propriedade de um deles, em forma de rodízio, com tema previamente escolhido, de forma que no final do ano todas as propriedades tenham sido contempladas. Cada grupo elege um produtor, Articulador com a função de coordenar o grupo por um ano. Os Articuladores dos diferentes grupos formarão o grupo básico de acompanhamento, que são os responsáveis pelas reuniões mensais nas propriedades, bem como avaliação do andamento do grupo. O grupo de produtores elaborará uma agenda de conteúdos com programação mínima para ser executada no período de um ano. Esta agenda mínima formará o plano de atuação anual por grupo. O técnico do Instituto EMATER, conveniado, tem como função principal, a condução dos grupos de produtores, providenciar conteúdos técnicos, orientar e coordenar o grupo básico dos articuladores e dos demais objetivos do presente projeto. b) Melhoria da produção Cada grupo fará um diagnóstico de suas propriedades, estabelecendo-se um marco inicial (marco zero). Os três primeiros meses serão para organizar a propriedade, fortalecer o aprendizado para o trabalho em grupo através de técnicas de dinâmica de grupo, organizar o sistema de produção e fazer os ajustes dos controles zootécnicos e econômicos. De posse das informações confiáveis serão organizadas as metas de produção do grupo, para cada propriedade. Cada grupo de produtores terá uma propriedade que será unidade de referencia que terá um plano de acompanhamento técnico econômico. Esta propriedade servirá de comparação entre as propriedades (testemunha). As demais propriedades farão o acompanhamento técnico econômico de acordo com a decisão de cada produtor. A orientação técnica será em tecnologias que levarão à melhoria da eficiência das propriedades (redução de custo e aumento de produtividade). A qualidade do leite será controlada através de análises de qualidade, elaborado pela APCBRH, principalmente, as indústrias que fornecem leite para o programa leite das crianças. c) Comercialização

18 Será utilizado o preço básico do CONSELEITE, como referência, para comparar o preço recebido pelos produtores. Cada cooperativa indicará um produtor para acompanhar o mercado do leite regional e discutir estratégias de melhoria na comercialização. No final do ano o técnico responsável pela assistência técnica fará um estudo do mercado regional para servir de base para avaliação do processo. e) Capacitação dos técnicos Todos os técnicos terão um treinamento básico do sistema de produção utilizados pelos cooperados e nas estratégias do referido projeto, na unidade didática da UNICENTRO, nas Redes de Referência ou em outras unidades. Os treinamentos para atualização da metodologia de extensão serão realizados sempre que necessário, ou a critério do Instituto EMATER. f) Capacitação técnica dos produtores articuladores Esses produtores devem ser preparados para auxiliar o técnico na execução do plano de trabalho do grupo. Receberão capacitação no sistema de produção utilizado, na área de relacionamento em grupo, planejamento estratégico, metodologia, noções de administração rural, doutrina cooperativista, bem como que método é mais adequado. Será realizada uma análise das agendas mínimas dos grupos de produtores e traçado o plano de capacitação anual. A cada três meses será feita reunião de uniformização de conteúdo técnico para o próximo trimestre. Nesta reunião será apresentado o conteúdo que será levado para os produtores e a discussão do método que melhor se adequa para a transferência aos produtores. Todas as ações da ATER receberão suporte técnico e gerencial das estruturas regionais e estadual. 8. AVALIAÇÃO DO TRABALHO A avaliação do trabalho técnico será feita nas reuniões de uniformização do conteúdo realizada a cada três meses, a qual constará da agenda das reuniões trimestrais.

19 A avaliação do trabalho junto aos produtores será feita a partir da agenda mínima do grupo onde é programada ações que deverão ser realizadas nas propriedade de cada produtor, nas reuniões mensais do grupo. O grupo todo avalia como a ação programada foi executada. Caso não tenha sido realizada a prática será negociada pelo articulador nova data. A avaliação da execução do convênio será realizada, de seis em seis meses, em uma reunião específica para tal, com as presenças das partes envolvidas (INSTITUTO EMATER e SISCLAF).