DOCÊNCIA HÍBRIDA: A PRESENÇA CRESCENTE DOS HOMENS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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Transcrição:

DOCÊNCIA HÍBRIDA: A PRESENÇA CRESCENTE DOS HOMENS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Autor: Fernanda Nubia da Silva(UFAL) fernandanubia_si@hotmail.com Co-Autores: Laura Cristina Vieira Pizzi (UFAL) lauracvpizzi@gmail.com Manuella Souza de Oliveira (UFAL) manuellajr@gmail.com A pesquisa apresentada tem como objetivo analisar a crescente procura de rapazes pela profissão docente nos anos iniciais e pelos cursos de Pedagogia, uma área profissional marcada há décadas pela massiva presença feminina. Nesse sentido, investiga o seguinte problema: que fatores vêm trazendo os homens de volta ao magistério da educação infantil e do ensino fundamental? Para tanto, nossa investigação está sendo feita através de um Estudo de Caso com os alunos homens do curso de Pedagogia da UFAL do regime semestral. Entretanto vêm sendo realizadas leituras a respeito da identidade e o perfil do/a trabalhador/a docente, além da história da profissão docente relacionadas à construção de gênero. É de suma importância compreender o porquê do ingresso desses rapazes no curso, pois sabemos que esse curso é majoritariamente feminino. Buscamos realizar a pesquisa sobre questões de gênero e identidade profissional dos professores homens, analisando de que forma estes afetam direta ou indiretamente o trabalho dos professores em sala de aula e a cultura escolar. Esperamos ainda observar quais implicações esse fenômeno recente pode ter para a identidade profissional docente do ensino fundamental e da educação infantil, considerando sua tradição feminina, construída na história da educação das últimas décadas no Brasil. Palavras-chave: Profissão docente- Gênero Pedagogia

2 Nossa história educacional contemporânea construiu um perfil da profissão docente do ensino fundamental e da educação infantil predominantemente feminino. Até o advento da República, apenas os homens ensinavam e apenas os homens tinham acesso à educação. Homens educavam homens. O processo de feminização do magistério teve início na República e consolidou-se com a universalização do ensino público fundamental brasileiro e da educação infantil, particularmente a partir da segunda metade do século XX. As mulheres vêm assumindo o posto majoritário de educadoras das crianças por quase um século. A partir da última década do século XX, assistimos um retorno dos homens ao magistério do ensino fundamental. Este retorno começa a ser sentido nos cursos de Pedagogia da UFAL. Observamos que vem ocorrendo um crescente aumento do número de homens nas turmas de Pedagogia, antes frequentadas quase que exclusivamente por mulheres. Até bem pouco tempo atrás, não era raro encontrar turmas sem um único aluno homem. Esta pesquisa tem o intuito de analisar como está se dando esse processo de retorno à profissão, ainda que lento, dos homens nos cursos de Pedagogia, que majoritariamente forma educadores para atuar na educação de crianças, bem como os motivos dessa procura. Para tanto, elegemos o Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) para realizar um Estudo de Caso, nos turnos Matutino, Vespertino e Noturno para avaliar como vem se dando sua inserção na área de formação. É importante destacar que nosso interesse com esta investigação não é meramente descrever uma realidade, mas de contribuir para melhor explicá-la e entendê-la. Acreditamos que a mudança do perfil dos alunos dos cursos de Pedagogia pode ter um impacto significativo nas transformações que a profissão vem sofrendo no contexto contemporâneo.

3 A metodologia utilizada está sendo feita através do estudo de caso, numa perspectiva qualitativa, envolvendo o curso semestral de Pedagogia da UFAL de Maceió/AL. André (2005), afirma que na educação, o estudo de caso aparece em manuais de metodologia de pesquisa apenas nas décadas de 60 e 70, porém com um sentido muito estrito, predominando estudos de caráter mais descritivo de uma unidade, seja ela uma escola, um grupo ou uma sala de aula. Em geral os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo como e por que, Yin (2001). Para coletar dados, primeiramente tivemos um contato inicial com alunos que se propuseram a participar da pesquisa, através de um questionário de levantamento de todos os alunos do curso de pedagogia da UFAL que estão distribuídos nos três turnos existentes, do regime semestral, com turmas que iniciaram desde 2006. Encontramos um total de 29 alunos do sexo masculino, distribuídos nos seguintes turnos: matutino com 7 alunos, no vespertino 7, e no noturno 15, onde verificou-se a maior presença dos mesmos. Todos preencheram uma ficha de identificação. Na segunda etapa, entregamos um questionário para todos os rapazes do referido curso, no total foram entregues 23: 6 pela manhã, 5 pela tarde e 13 pela noite. Porém só foram devolvidos e respondidos 17, assim distribuídos: 5 da manhã, 2 da tarde e 10 da noite. Já na terceira etapa foram realizadas 5 entrevistas com rapazes do curso de pedagogia que já atuam ou atuaram na sala de aula nas séries iniciais do ensino fundamental. Nesse sentido, para nós, a questão central investigada é entender que fatores vêm trazendo os homens ao magistério da educação infantil e do ensino fundamental, aumentando a procura pelo curso de Pedagogia? O objetivo geral da pesquisa é analisar o que vem motivando os homens a ingressarem na carreira do magistério do ensino fundamental e da educação infantil no curso de Pedagogia da UFAL. Os objetivos específicos são levantar o perfil social, econômico, educacional e cultural dos sujeitos da pesquisa e analisar o papel do mercado de trabalho e das novas competências nesse processo. Como uma das implicações desse retorno masculino à profissão, desejamos analisar as dificuldades que os homens encontram para se inserir nela e as implicações que possam advir, entre elas a sua possível valorização e alterações na identidade docente. Feminização e proletarização do trabalho docente

4 Estudos e pesquisas sobre o trabalho docente tiveram um importante impulso a partir dos anos 90, iniciando um movimento mais sistemático de análise sobre essa temática no campo da pesquisa educacional brasileira. Com a reestruturação educacional desencadeada pelas políticas educacionais neoliberais, intensificadas a partir de meados dos anos 90, os professores passaram a ser um dos focos centrais das políticas públicas da educação brasileira. O discurso oficial do governo transformou os/as professores/as em um/a dos/as responsáveis diretos/as pelos baixos desempenhos da educação nacional. Seus saberes pedagógicos foram profundamente questionados, sob a alegação de que não mais atendiam às novas demandas da modernização social e produtiva que se instalava no Brasil naquele período. Em decorrência, foi articulado um conjunto de estratégias para melhorar o desempenho docente. A mais utilizada foi a educação continuada, oferecida principalmente através de cursos de curta duração, para os/as professores/as que já atuam em sala de aula. Esse conjunto de fatores desencadeou um movimento importante na academia, que foi o aumento das pesquisas envolvendo o trabalho docente. Uma temática de destaque nos estudos da profissão docente no ensino fundamental tem sido a da feminização do magistério e os impactos que este fator tem provocado na carreira docente e na educação. As implicações desse processo para a categoria docente são muitas, uma vez que vêm acompanhadas de um processo de precarização das condições de trabalho e de rebaixamento salarial, conforme aumenta o número de mulheres na profissão. O fato de ser um trabalho que implica cuidar do outro, não apenas ensinar, faz com que este tipo de atividade seja suscetível a um tipo de discurso conservador que associa a vocação e as habilidades naturais da mulher ao ato de ensinar e educar. Assim, o magistério seria inquestionavelmente uma profissão feminina, uma vez que é da natureza feminina a atenção e o cuidado de outros (enfermeiras, assistentes sociais e professores são exemplos emblemáticos). As pesquisas vêm mostrando que na Idade Média a educação se dava por meio da Igreja e nos espaços eclesiásticos (mosteiros, igreja, convento, catedrais). Os professores eram membros do próprio clero. A profissão docente, nessa época, era vista como uma vocação, como um chamado divino, dispensando remuneração terrena.

5 Segundo Hypolito (1997) quando se perde a noção história da construção da identidade docente, imagina-se equivocadamente que o magistério sempre foi por essência uma profissão feminina, marcada pela vocação/sacerdócio. A visão do magistério como vocação foi construída pela Igreja por razões político-religiosas conservadoras e autoritárias, bem como para conter o avanço do ideário liberal e republicano. Assim a concepção de professor que a Igreja estimulava era contrária à concepção moderna, baseada no profissionalismo, na laicaidade, no espírito democrático e público da educação. (Hypolito, 1997, p. 21) Historicamente, o papel social reservado a mulher brasileira, é discutido e legitimado na relação de educação e gênero 1, pois, nas escolas, assim como na sociedade, a menina restringia-se a adquirir conhecimentos superficiais de algumas habilidades que as preparavam para ser esposa e mãe. Já a base da educação dos meninos se dava por meio das buscas de conhecimento, nas fontes de cultura européia. A educação feminina, mesmo quando realizada desta forma, era de privilegio das filhas da elite brasileira. As mulheres têm sido conduzidas e ensinadas a se conformarem com a sua subordinação ao poder masculino e a internalizarem essa resignação na formação de suas identidades pessoais. E isso tem feito delas figuras passíveis de manipulação, segundo as conveniências da situação. Com isso ficaram de fora da participação de momentos históricos decisórios para a humanidade. A mulher também não tinha o direito de frequentar a escola e a sua educação restringia-se ao desenvolvimento de boas maneiras e prendas domésticas. (CHAMON 2005, p.29) O magistério tornou-se feminino, em parte, porque os homens abandonaram essa atividade que não era mais vantajosa, tanto financeiramente quanto pelo pouco status e excessivo controle burocrático que a profissão passou a ter, na medida em que foi sendo assumida pelo Estado. Eles foram à busca de outros empregos com melhor remuneração, deixando que seus lugares no magistério fossem ocupados pelas mulheres. Com o abandono da profissão pelo sexo masculino, as mulheres foram atraídas para ocuparem esse espaço, através dos discursos dominantes que reafirmavam que a mulher seria a profissional mais adequada para se ocupar da educação de crianças baseando-se no argumento de que essa atividade seria um prolongamento do papel de 1 Gênero está ligado à construção social da identidade sexual dos sujeitos.

6 mãe, e de guardiã dos valores sociais conservadores vigentes. A mulher era vista como vocacionada dentro da sociedade para assumir a educação de crianças, por ser totalmente dócil gentil e domesticada e ainda por não ter poder para questionar o poder político dominante. Para Hypolito (1997) as mulheres, ao ocuparem o magistério, ocuparam também espaços importantes na vida pública, pois começam a deixar o espaço privado do lar, possibilitando certas conquistas e novos horizontes para as mulheres. Seu ingresso na profissão permitiu uma maior participação econômica, social e política. Assim, a entrada das mulheres no magistério tem aspectos de conformismo e ao mesmo tempo de resistência. Essa concepção que considera o magistério como profissão adequada unicamente para as mulheres revela a desigualdade de gênero e a segregação sexual que perpassa a sociedade brasileira, buscando relacionar o exercício da profissão como característica feminina, como forma de naturalizar a desvalorização salarial, ao sugerir que não requer grandes esforços para exercê-la. Almeida (2000, p.242) destaca que A relação entre feminino e masculino não é como as duas faces de uma mesma moeda, mas sim assimétrica e desigual. Legitima uma forma de dominação, em que o gênero da pessoa marca ascendência ou submissão social, à semelhança da classe social, da idade, do status. Mas é uma forma de ascendência social que se reproduz na base de um processo de naturalização: a desigualdade entre homens e mulheres não é vista como um processo social, mas como uma realidade ontológica. Os dominadores não têm complexo de culpa, as (os) dominadas (os) resignam-se. Embora a família como agente socializador seja crucial neste processo de aprendizagem social, entende-se que a escola tem igualmente muita influência, condicionando e, ao mesmo tempo, promovendo a discriminação entre os gêneros. Os homens na docência do ensino fundamental Uma importante visão que temos entre esta divisão de gênero na escola encontra-se em uma pesquisa realizada por Willis (1991). Para o autor, existe uma reprodução cultural na escola através da prática de uma cultura contra-escolar masculina, evidenciada através de estudos realizados com alunos homens de uma escola. O autor buscou mostrar que alguns aspectos importantes da cultura masculina dos jovens da classe operária seriam incompatíveis com a cultura escolar Analisando a situação, o autor verificou que as penetrações culturais da natureza especial do trabalho no capitalismo moderno convertem-se numa celebração

7 surda e abafada da masculinidade da força de trabalho, sendo elas reprimidas, desorganizadas e impedidas, por profundas, básicas e desorientadoras divisões, que procura alcançar seu pleno potencial ou uma articulação política na divisão de gênero (WILLIS, 1991). Essa divisão de gênero, em parte uma divisão internamente produzida, identifica-se com uma cultura contra-escolar masculina, ressaltando características individualistas, promovendo seu próprio sexismo, chegando a celebrá-lo, como parte de sua confiança geral, provocando a desqualificação dos homens que demonstram um certo gosto por estudar, associando-os com características femininas. O autor aponta que o sexismo torna-se, para os rapazes, parte do sentimento de conhecimento do mundo e do estilo superior de toda aquela cultura de classe operária do chão de fábrica, que eles admiram e estão diligentemente reconstruindo em oposições aos determinantes particulares da escola, principalmente os engajados com o ato de estudar (WILLIS, 1991, p.182). Sendo assim, esse sexismo, mesmo que involuntário, exerce um papel vital na reprodução de uma sociedade de classes, uma vez que o repúdio às atividades escolares acaba colocando os homens em posição desvantajosa no mercado de trabalho, fazendo-os permanecer numa condição subalterna. Contudo, como vemos recentemente, o papel social masculino encontra-se em profunda alteração na medida em que se verifica uma diluição da hegemonia masculina em relação ao tecido social, principalmente conduzida pelos valores de paridade a serem desenvolvidos em relação às mulheres, sobretudo na esfera pública. Os homens apresentam uma fragilidade nas suas identidades, pois os conceitos de instrumentalidade e dominância têm sido postos em causa. Essa mudança de papéis reflete-se em certa medida na profissão docente. Segundo Batista e Codo (2002), tem havido um aumento gradual e significativo dos homens na profissão, até então majoritariamente feminina. Mesmo que o número de homens na profissão ainda seja bem menor em relação às mulheres, é possível observar que a quantidade de homens tende a crescer também em outras partes do país, revelando que alguns condicionantes sócio-econômicos têm contribuído para esse processo. Isso pode desencadear uma nova configuração da profissão. Ao trazer à tona a relação entre identidade de gênero e trabalho e ao mostrar que profissão não tem sexo predefinido, porque ele é produzido socialmente e datado historicamente, instala a perspectiva de que processos de feminização e masculinização das profissões podem suceder-se ao longo da história, exigindo dos pesquisadores a descoberta e a reconstrução, em cada caso particular, de relações entre identidade e gênero e exercício das profissões,

8 tanto como a articulação desses processos com mudanças de índole estrutural na sociedade. (BATISTA E CODO, 2002, p. 61) Os autores afirmam que ainda existe certo descompasso entre as mudanças de identidade de gênero que se anunciam, com o ingresso crescente de homens, e as demandas e características presentes na atividade docente, ainda impregnada por uma tradição de gênero, ou melhor, do gênero feminino. O caminho vislumbrado pelos autores é de uma categoria híbrida, em termos de gênero, na profissão docente. Com relação aos dados obtidos nos questionários, referentes ao perfil dos 17 alunos que participaram da pesquisa, nossos dados mostraram o seguinte: quanto à idade percebeu-se que são 5 rapazes que tem de 17 a 20 anos, 6 rapazes de 21 a 25 anos, 5 rapazes de 26 a 30 anos e 1 rapaz de 34 anos. Sendo assim, a faixa etária nos indica que o curso de Pedagogia da UFAL tem estudantes rapazes predominantemente jovens, com 25 anos ou menos totalizando 11, ou seja, mais da metade dos participantes. Quanto ao estado civil identificou-se que 15 rapazes são solteiros e 2 vivem com uma companheira (1 deles com 1 filho). Também predominam os rapazes solteiros, talvez pela juventude. Quanto à identificação sexual, 13 são heterossexuais, 2 homossexuais e 2 não informaram; predominam também os heterossexuais. É interessante notar que dois deles desejaram revelar espontaneamente sua homossexualidade. Com relação à renda mensal da família 7 alunos disseram possuir de 1 a 2 salários mínimos; 4 recebem de 2 a 3 salários mínimos; 1 recebe de 3 a 4 salários mínimos; 1 recebe de 4 a 5 salários mínimos e 4 possuem a renda acima de 5 salários mínimos. A renda predominante desses rapazes é de 1 a 3 salários mínimos considerando a família toda, o que pode ser considerada uma renda baixa. A partir de nossos dados, nota-se que possivelmente os rapazes do curso de pedagogia do regime semestral da UFAL, vêm buscando a profissão docente, em decorrência das mudanças ocorridas a partir dos anos 90 no mercado de trabalho brasileiro e mundial. Essas mudanças têm provocado uma redução dos postos de trabalho no mercado formal em particular. Apesar de a profissão docente ser desvalorizada e proletarizada, há um certo consenso de que a busca pela mesma deve-se ao fato de que ainda é um campo de trabalho amplo e que oferece estabilidade e que mesmo estando numa área desqualificada, não faltará ocupação.

9 Citaremos aqui 3 rapazes que participaram da pesquisa e atuam e/ou atuaram como professores do ensino fundamental no 4º e 5º ano em sala de aula, sendo dois concursados da rede pública de Maceió: municipal e estadual, e o outro é estagiário. Os pesquisados relatam que houve incentivo da família na escolha do curso de Pedagogia. Eles acrescentaram que se pudesse mudar de curso mudaria, com exceção do A1V, pois permaneceria no curso de pedagogia, já o A1N preferia fazer o curso de Farmácia ou Ciências da Computação e por fim o A1M faria CFO (Curso de Formação de Oficiais). Perguntamos você acha que a profissão docente é valorizada?, as respostas estão abaixo. O A1N respondeu o seguinte: Não. Professor, além de ser bombril, é desvalorizada profissionalmente e, pessimamente, mal remunerado. Entendemos que essa expressão bombril está relacionada às inúmeras funções que o professor assume, como enfermeiro, psicólogo, etc. Em relação ao A1V, Não. Não vejo tanta valorização na medida em que não respeitam, não tratam o professor digno da função que exerce e se dedica. Já o A1M, diz que sim, a profissão docente é valorizada e ainda ressalta ao longo dos últimos 20 ou 30 anos, ser professor tem sido uma atividade que obteve um bom crescimento e desenvolvimento, mesmo estando, ainda muito longe do ideal. Atualmente os docentes vêm sofrendo quanto à identidade profissional, por intensas transformações ocorridas no mercado de trabalho. Com relação ao remuneração dos professores/as, é sempre chocante a comparação da nossa situação com o que ocorre em outros países, onde, além de mais dignos, os salários não apresentam a disparidade entre os níveis de ensino e as regiões do país, como acontece aqui. (LÜDKE e BOING, 2004, p. 1168). A natureza do trabalho docente e o status profissional e social do/a professor/a são evidentemente afetados por diversas das transformações sociais e culturais que caracterizam este nosso tempo (SILVA, 2002, p.259). A formação de professores não capacita para lidar com as dificuldades dos alunos/as. Entretanto, esta gênese está distante da realidade enfrentada pelos professores, isto é, a quantidade de alunos em sala de aula, a carga horária exaustiva, o baixo salário, contribuindo assim para desvalorização do trabalho docente. Há alguns anos, algumas análises sociológicas mais críticas vêm apontando precisamente para um processo gradual de proletarização da profissão docente, caracterizado não apenas por uma degradação dos níveis salariais, mas também por um crescente controle, desqualificação e intensificação de

10 seu trabalho, sobretudo por intermédio da introdução de currículos e metodologias de orientação tecnicista. (SILVA, 2002, p. 259) Perguntamos também aos alunos você acha que a profissão docente está proletarizada? Por quê? o A1N e o A1V responderam que sim, já o A1M disse que não. O A1N acrescentou professor não tem mais autonomia, autoridade e prestígio social, possuindo apenas doenças, dívidas, além de ser empregado dos alunos e pais. Isso nos faz lembrar a síndrome do burnout: É uma síndrome através da qual o trabalhador perde o sentido da usa relação com o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que as coisas já não o importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil. (Codo e Menezes, 2002, p. 238) Por conseguinte o A1V relatou que os professores oferece sua mão de obra em troca do salário, porém não faz sua obrigação que é educar. E o A1M diz que os pedagogos em formação têm que cada vez valorizar sua profissão e para dizer que o curso não é importante. Entendi que o A3 direcionou sua resposta aos alunos do curso de pedagogia que está em processo de formação e não a profissão docente. Com estas questões postas sobre a temática: identidade na profissão docente além de tratar gênero na educação, nos leva a ter um olhar cuidadoso, ao ingresso dos homens nos cursos de pedagogia e na profissão docente. Vale ressaltar que os próximos passos da pesquisa envolverão a análise de todas as entrevistas gravadas, realizadas com os alunos do curso que já atuam na área, através de transcrição e análise das mesmas Finalizando Entendemos que as mudanças que vem ocorrendo atualmente nos cursos de pedagogia e na profissão docente, merecem um olhar mais cuidadoso, pois trazem consigo questões de diferentes abrangências, que podem vir a fazer longos questionamentos a cerca do ser professor, e do papel que ele exerce a partir das novas singularidades apresentadas, através da presença masculina numa profissão comprovadamente feminina. A partir das respostas, constatamos que eles já estão atuando na área, porque se identificam e querem atuar na educação não só porque o mercado de trabalho está propício (apesar de desvalorizado). Também porque gostam do que fazem e sentem-se gratificados ao verem o reconhecimento e a valorização, através do desempenho escolar de seus alunos, mas também pela sociedade, ainda que de uma forma mais tímida, mas mesmo assim significativa. O próximo passo da

11 pesquisa, ainda em andamento, será aprofundar o referencial teórico para podermos analisar com maior propriedade todos os dados coletados. Percebemos que há um aspecto que atravessa fortemente o discurso dos/as educadores, independente do gênero, que é a visão docente como uma profissão de alto valor social na formação de cidadãos. Este aspecto em comum como substituto da visão maternal da profissão, pode dar um novo impulso à sua valorização profissional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Miguel V. (2000) Senhores de si: uma interpretação Antropológica da Masculinidade. 2 ed. Lisboa, Fim de Século. ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso. Estudo de caso em pesquisa e avaliação educacional. Série pesquisa. Volume 13. Brasília: Líber Livro, 2005. APPLE, M. W. (1987) Relações de classe e de gênero e modificações no processo de trabalho docente. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 60, p. 3-14, fev... (1988) Ensino e trabalho feminino: uma análise comparativa da história e ideologia. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 64, p. 14-23, fev.. BATISTA, A. S. e CODO, W. (2002) Crise de Identidade e sofrimento. In: CODO, W. (Org.) Educação: carinho e trabalho. Petrópolis, RJ, Vozes. CHAMON, Magda. (2005) Trajetória de feminização do Magistério: ambigüidade e conflitos. Belo Horizonte, Autêntica. CODO, Wanderley e MENEZES, Ione Vasques. O que é Burnout?. In: CODO, W. (Org.) Educação: carinho e trabalho. 3ª edição, Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. HYPOLITO, Álvaro Moreira. (1997) Trabalho docente, classe social e relações de gênero. Campinas: Papirus, HYPOLITO, Álvaro M. e VIEIRA, Jarbas S. (2002) Reestruturação educativa e trabalho docente. In HYPOLITO, A. M; VIEIRA, J. S. e GARCIA, M.M.A. Trabalho Docente: Formação e Identidades. Pelotas, Seiva. LÜDKE, Menga e BOING, Luiz Alberto. Caminhos da profissão e da profissionalização docentes. Educação Sociedade, Campinas, vol.25, n. 89, p. 1159-1180, Set./Dez. 2004. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acessado em: 04 de maio de 2009.

12 SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais /Tomaz Tadeu da Silva (Org.). Stuart Hall, Kathryn Woodward. Petrópolis, Rj: Vozes, 2000. WILLIS, Paul. (1991) Aprendendo a ser trabalhador: escola, resistência e reprodução social. Porto Alegre: Artes Médicas. YIN, Robert. K. Estudo de caso. Planejamento e métodos. 2 ed.porto Alegre: Bookman, 2001.