Discentes: Camila Yukari Kawamura e Natália Gomes dos Santos. Helena Antipoff: Pioneira em Educação Especial no Campo no Brasil.

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Transcrição:

Orientadora: Profª Drª Kátia Regina Moreno Caiado Discentes: Camila Yukari Kawamura e Natália Gomes dos Santos Helena Antipoff: Pioneira em Educação Especial no Campo no Brasil. Introdução Considerando o histórico de desatenção com a educação especial e a educação no campo, entendemos a importância de estudar Helena Antipoff, a pioneira da soma destas áreas tão relevantes e, simultaneamente, carentes em nosso país. Helena Antipoff, ao longo de sua carreira, exerceu funções de psicóloga e educadora, com formação universitária na França atuando de forma bastante significativa inicialmente em Ibirité, interior de Minas Gerais, nas áreas da educação fundamental, especial, rural ou comunitária, disseminando conhecimentos científicos nos campos da psicologia experimental e psicologia da educação. Pois, compreendia o direito dos indivíduos constituírem-se como tal em seu ambiente natural e preocupava-se em oferecer uma educação de qualidade, assim oferecendo acesso, permanência e aprendizagem. Posteriormente, em conseqüência destas ações, foi fundadora da Sociedade Pestalozzi e trouxe consigo o termo excepcional para o Brasil disseminando-o mundo afora, por ter atentado-se às crianças ainda mais marginalizadas devido ao desenvolvimento aquém do esperado e à dedicação aos estudos inéditos sobre crianças superdotadas no campo.

Desta forma, o presente trabalho nos apresentará a trajetória de Helena Antipoff, seus principais trabalhos e metodologias. Objetivo Compreender a educação especial no campo dentro da perspectiva de Helena Antipoff, pioneira desta temática no Brasil. Resultados Nascera em 1892 em Grodno, na Rússia. Filha de mãe professora e pai militar, sendo a mais velha das três irmãs, teve seus estudos primários em casa até os 10 anos. Viveu até 1908 em São Petesburgo e por conta das guerras e transformações familiares e fixou residência com mãe e irmãs em Paris, onde mergulhou nas novidades da área científica. No período de 1909 a 1912 estagiou no Laboratório de Psicologia da Universidade de Paris, participando dos ensaios de padronização dos testes de nível mental de crianças elaborados por Alfred Binet e Theódule Simon. Posteriormente, entre 1912 e 1916 ganhou o título de psicóloga com especialização em psicologia da educação no Institut dês Sciences de l Education Jean- Jacques Rousseau e, sob a orientação de Édouard Claperéde fez parte do primeiro grupo de professoras da escola experimental Maison dês Petits, onde novos métodos educativos preconizados pela equipe do Instituto seriam elaborados e testados, resultando na proposta da Escola Ativa, segundo a qual as atividades educativas deveriam acompanhar o movimento dos interesses do educando (Hameline, 1996 apud Campos, 2003, p. 211). Em 1916, Helena Antipoff volta à Rússia, em busca do pai ferido na Primeira Grande Guerra. Em 1917, presencia a Revolução Russa e trabalha em estações médico-pedagógicas em Viatka e, entre 1919 e 1924, atua como psicóloga-observadora em São Petesburgo. A partir de então, elege o método de experimentação natural, elaborado por Lazursk, como o mais apropriado para desenvolver seu trabalho. A experimentação natural [...] consistia em observar e escolher comportamentos do indivíduo, a partir de atividades reais e, a cada reação típica, atribuir uma significação caracterológica que, segundo a intensidade da manifestação, avaliava o grau da reação psicológica. [...] outra vantagem do método seria a possibilidade de ser aplicado em qualquer ambiente, impondo-se, principalmente, onde fosse necessário conhecer o comportamento de um grupo de indivíduos. (RAFANTE, LOPES, 2009, p. 237)

Em 1925, retorna a Genebra atuando como assistente de Claperéde no Laboratório de Psicologia da Universidade de Genebra e como professora de Psicologia da Criança na Escola de Ciências da Educação. No ano de 1929 é convidada pelo governo de Minas Gerais a vir para o Brasil, chegando ao país em 6 de agosto do mesmo ano, com o fim de lecionar na Escola de Aperfeiçoamento de Professores, que visava a formação de normalistas selecionadas por mérito, no contexto da Reforma Francisco Campos Mário Casassanta somado à incorporação do movimento da Escola Nova. Mais tarde, a instituição tornou-se referência na formação de educadores no país. Helena Antipoff passou a reproduzir, na Escola de Aperfeiçoamento, suas experiências que entrelaçavam teoria e prática experimentadas, anteriormente, em Paris e Genebra, que Valorizavam vertentes psicológicas por meio de demonstrações práticas em laboratório, pesquisas e trabalhos práticos no âmbito escolar. Estes, por sua vez, resultaram num programa de pesquisa sobre o desenvolvimento mental, ideais e interesses das crianças mineiras, introduzindo testes de inteligência nas escolas primárias. Em seguida, com base nos resultados, formadas as classes homogêneas. Nesta mesma época, Helena Antipoff substitui o termo retardado por excepcional para classificar as crianças que apresentaram baixo desempenho nos testes e ficaram distantes da média considerada normal, pois considerou que o primeiro termo poderia trazer, ao longo do tempo, estigmas negativos para o indivíduo que o carregasse. Durante a década de 1930, a proposta de classes homogêneas passaram a prejudicar crianças a quem pretendia se ajudar, devido à falta de investimento no ensino fundamental e a burocratização do sistema educacional. Assim, as classes especiais que objetivavam a melhora no desempenho das crianças, estava recebendo elevado número de alunos e as profissionais não recebiam o devido reconhecimento. A educação será uma tentativa de oferecer aos excepcionais, indivíduos tachados de débeis, nervosos, impulsivos, com tendência à delinquência, um ambiente, um regime de vida, um trabalho que torne sua anormalidade inoperante (Campos, 2010, p. 110). Assim, a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte é fundada por Helena Antipoff, em 1932, para atender de forma adequada as crianças excepcionais e assessorar professoras de classes

especiais, além disso, a educadora visava atrair olhares de políticos para aqueles que se encontravam à margem da sociedade. A partir de 1934, passa a atender crianças-problema e torna-se uma instituição pública, o então, Instituto Pestalozzi de Minas Gerais. Criada pela Sociedade Pestalozzi, a Fazenda do Rosário iniciou suas atividades em janeiro de 1940 na cidade de Ibirité - MG. Seu objetivo principal era realizar um trabalho assistencial e pedagógico no meio rural e seus alunos eram crianças excepcionais e menores abandonados. A fazenda do Rosário era um sítio simples comprado em dezembro de 1939 com ajuda de doações que a Sociedade Pestalozzi arrecadou, assim em janeiro de 1940 a fazenda recebeu seus primeiros alunos, sendo seis meninos vindos do Abrigo de Menores de Belo Horizonte acompanhados de duas professoras do Instituto Pestalozzi (Antipoff, 1992, p.147). Posteriormente, expandiu-se tendo consigo novas iniciativas para a integração de seus alunos na comunidade rural. Desta forma foram criadas outras instituições que fazia parte do Complexo do Rosário, sendo estas, a Escolas Reunidas Dom Silvério (ensino primário), Clube Agrícola João Pinheiro (onde tinha trabalhos de estudo e experimentação), Ginásio Rural Sandoval de Azevedo (com internato para moças), Ginásio Rural Caio Martins (com internato para moços), Iser (Instituto Superior de Educação Rural), onde também oferecia práticas agrícolas e economia domestica. Obteve também integração com a Campanha Nacional De Educação Rural, fundada pelo governo federal em 1952, conseguindo, assim, apoio do governo estadual. Diferentes das escolas regulares a pedagogia rosariana priorizava a cooperação, desta forma o aprendizado deveria ocorrer em um ambiente com liberdade de expressar e de experimentar (Campos, 2003, p. 224). Antipoff trabalhou, em 1947, na Divisão de Proteção à Infância do Departamento Nacional da Criança, no Rio de Janeiro, fato este muito importante para as implementações realizadas na educação rural da Fazenda do Rosário. Com as experiências vivenciadas no Rosário, Antipoff se preocupa com os bem-dotados em seus últimos anos de vida. Desta forma, em 1972, foi criada a Associação Milton Campos para o Desenvolvimento de Vocações (ADAV), especializada em altas habilidades tem como princípio oferecer condições para o desenvolvimento integral do bem-dotado, atendendo crianças e adolescentes em tempo integral e no período das férias em regime de internato. Helena Antipoff nos deixa em 9 de Agosto de 1974 com uma linda lição de vida, uma mulher batalhadora que não mediu esforços para ensinar crianças do campo, e efetivar o

aprendizado de meninos excepcionais como ela costumava pronunciar. Como dizia Carlos Drummond de Andrade, Helena era uma mineira universal, pois nela havia amor e sensibilidade. Em 1980 foi criado o Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff (CDPHA), localizado na Universidade Federal de Minas Gerais, e possui como objetivo preservar a memória e o trabalho de Helena Antipoff. O CDPHA assiste dois acervos que guardam as obras de Antipoff, um se encontra na biblioteca da Fundação Helena Antipoff e o outro acervo se localiza na biblioteca comunitária da Universidade Federal de minas Gerais (UFMG). Também é responsável pelos Encontros Anuais Helena Antipoff, onde pesquisadores se encontram para discutir as seguintes áreas: Psicologia Experimental, Psicologia da Educação, Psicologia do Excepcional, Educação Rural e Educação Especial. Outro grande trabalho que Helena Antipoff deixou foi a Fundação Helena Antipoff (FHA), criada em 1955 com o Instituto de Educação Rural (Iser), ela foi se incorporando e hoje oferece serviços como: Educação Básica (Ensino fundamental e Médio), o Ensino Superior oferecendo cinco cursos de Licenciaturas (educação física, ciências biológicas, letras, matemática e pedagogia), a biblioteca comunitária (onde se encontra um dos acervos de Antipoff), cursos de capacitação presenciais e à distância, oficinas pedagógicas para crianças e adolescentes e atendimento psicológico a crianças e adolescentes em Ibirité. Assim, é possível perceber as importantes contribuições de Helena Antipoff para a educação mineira e brasileira, deixando-nos valores como a solidariedade, respeito e tantos outros vivenciados ao longo de sua carreira.

Referências ANTIPOFF, Daniel. Helena Antipoff: Sua Vida/Sua Obra. Rio de Janeiro. Livraria José Olympio, 1975. CAMPOS, H.F.C. Helena Antipoff: Textos Escolhidos. Vol. 1., São Paulo. Casa do Psicólogo, 2002. CAMPOS, H.F.C. Helena Antipoff: razão e sensibilidade na psicologia e na educação. Estudos avançados. 2003, vol.17, n.49, pp. 209-231. Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff. Coletânea das obras escritas por Helena Antipoff: Fundamentos da Educação. Vol. 2., Belo Horizonte. Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1992. RAFANTE, Heulalia Charalo. Helena Antipoff e o ensino na capital mineira: A fazenda do rosário e a educação pelo trabalho dos meninos excepcionais. São Carlos, 2006. CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA LABORATÓRIO DE ESTUDO E PESQUISA EM DIREITO À EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO ESPECIAL