O PROCESSO DE SAÚDE - DOENÇA E O TRABALHO DO PSICÓLOGO NA ONCOLOGIA PEDIÁTRICA

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Transcrição:

O PROCESSO DE SAÚDE - DOENÇA E O TRABALHO DO PSICÓLOGO NA ONCOLOGIA PEDIÁTRICA Bárbara Gabrielly da Costa Almeida Acadêmica do Centro Universitário Tiradentes - UNIT e-mail :barbaragabrielly@hotmail.com Alexandre Marlon do Nascimento Ramos Acadêmico do Centro Universitário Tiradentes - UNIT e-mail: alexandremarlon.r@gmail.com Aryele Tayná Silva Vilar Acadêmica do Centro Universitário Tiradentes - UNIT e-mail: aryele.tayna@gmail.com Cleiza Cornelio Nutels Acadêmica do Centro Universitário Tiradentes - UNIT e-mail: cleiza_nutels@hotmail.com Profº Dr. José Rodrigues Rocha Júnior Docente do Centro Universitário Tiradentes - UNIT e-mail: psicologorochajr@gmail.com Tipo de Apresentação: Pôster Resumo: Diferentes conceitos e percepções surgem diariamente sobre o processo de saúde doença, e seu entendimento, variando de cultura para cultura. O presente trabalho é fruto de uma revisão bibliográfica constituída de artigos científicos, realizada nas plataformas SciELO, CAPES e PePSI, bem como através de livros no acervo da biblioteca do Centro Universitário Tiradentes Unit, tendo por objetivo expor alguns dos conceitos que englobam o processo de o indivíduo adoecer e estar saudável, apresentando o trabalho do psicólogo e suas formas de intervenção na área da oncologia, com foco na pediatria oncológica. Observase que esta area também necessita de um olhar atencioso e o psicólogo deve auxilia-lo para que o mesmo não encare de forma traumática e saiba lidar com as situações difíceis enfrentadas ao longo do tratamento medicamentoso e psicoterápico. É fundamental que o 185

psicólogo esteja preparado para attender esses casos e possua o manejo de utilizer estratégias para atingir o público infantil através de atividades lúdicas e fazendo com que os mesmos possam aceitar o tratamento com mais facilidade, além de ter uma visão biopsicossocial compreendendo o processo de adoecimento a partir da subjetividade do paciente, levando em consideração o sujeito como ser holístico. Palavras-chave: Psicologia; Saúde; Oncologia; Pediatria; Saúde da Criança. 1. Introdução O câncer tem sido uma das maiores causas de morte no mundo. Pode ser definido como uma doença que é gerada com o crescimento desordenado de células corporais que crescem incontrolavelmente, não morrem e formam assim outras células anormais. No caso de crianças, entreos tipos de câncer mais comum estãoas leucemias, linfomas, tumores do sistema nervoso central e do sistema simpático, etc. Apesar de novas tecnologias para o tratamento do câncer surgirem diariamente, esta patologia ainda é encarada como sinônimo de morte e sofrimento profundo. Para muitas pessoas, receber um diagnóstico de câncer é algo considerado devastador, onde sentimentos de incertezas, perdas, medos e angústias começam a fazer parte do dia-a-dia do indivíduo acometido pela doença e também das pessoas próximas a ele, como é o caso de amigos e família. A psicologia da saúde engloba as diversas possibilidades de entender e ter um enfrentamento no processo de saúde e doença, fazendo com que seja visto não somente a doença, mas a percepção do indivíduo sobre o processo de adoecimento. A psicooncologia é uma especialidade da psicologia da saúde que interliga os saberes da psicologia com a oncologia. Além do tratamento com medicamentos, quimioterapia, radioterapia, cirurgias e outros procedimentos médicos, é de fundamental importância que haja o acompanhamento do psicólogo desde a entrada do paciente no hospital e para que sejam entendidas as necessidades das crianças e estas aprendam a enfrentar o processo de adoecimento. Ao trabalhar com este público, o psicólogo utilize de estratégias e brincadeiras lúdicas adequadas a idade das crianças, assim como, o ambiente possua boas condições terapêuticas. 186

Este trabalho tem por objetivo analisar o papel do psicólogo no âmbito hospitalar, com ênfase no setor da oncologia pediátrica esuas formas de atuação. Pretende-se destacar ainda, como este profissional pode intervir com os pacientes hospitalizados, bem como trabalhar com a família e a contribuição que o mesmo pode trazer para o tratamento de pacientes acometidos por esta enfermidade. Tendo em vista a importância de se discutir sobre o tema, serão abordados ainda alguns pontos, como a relação da psicologia da saúde e psicologia hospitalar com o câncer e o processo de adoecimento. 2. Referencial Teórico Para dialogarmos sobre a psicologia da saúde, se faz necessário abordar o conceito de saúde que permeia essa área de atuação psicológica. O conceito social de saúde que rege a sociedade contemporânea ocidental ainda gira em torno da ausência da doença, Yépez (2001). Na definição do conceito de saúde, percebemos que a compreensão sobre o que é normal e patológico está intimamente relacionada com a construção social dessa concepção. Para Canguilhem (1995), a normalidade relaciona-se com aquilo que é normativo, viver de acordo e ser capaz de adaptar-se às normas do meio ao qual está inserido. Compreendendo o ser normal através desse viés, é possibilitada a análise da condição do ser saudável levando em consideração a subjetividade do sujeito. O câncer configura-se como uma doença é ameaçadora segundo a percepção do indivíduo, desencadeando diversos sentimentos como impotência, desesperança, temor e apreensão, o qual poderá vir acompanhado com depressão, como consequência da não aceitação do paciente a essa doença, se tornando fundamental uma atenção especial para essas reações (FREIRE, 2003 apud SILVA, AQUINO & SANTOS, 2008). O diagnóstico do câncer gera sofrimento, uma vez que está associado à impotência, dor, perda e morte. Este sofrimento influencia de forma negativa a vida pessoal, familiar e profissional dos pacientes através de suas percepções, crenças e julgamentos sobre a doença (DECAT e ARAUJO, 2010). Conforme Scannavino (2013) a área de psico-oncologia pediátrica é a pratica psicológica junto às crianças diagnosticadas com câncer, ela buscar compreender os 187

aspectos que possam servir de subsídios na adaptação as mudanças psicossociais que o processo do adoecimento causa ao paciente, o diagnostico do câncer infantil provoca um grande impacto emocional em seus familiares e cuidadores, por isso a assistência integral é de fundamental importância ao paciente e á família em toda a etapa do tratamento, prestando o acolhimento para pacientes em circunstâncias de procedimentos pré e póscirúrgicos, quimioterapia, reabilitação, cuidados paliativos, entre outros. 3. Metodologia Para a construção do presente trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica, que, de acordo com Gil (2002) é constituída de materiais já elaborados como livros e artigos científicos. Foram realizadas pesquisas sobre temas como a psico-oncologia, a pediatria e a psicologia nas bases SciELO, CAPES e PePSI, como também em livros da biblioteca física do Centro Universitário Tiradentes Unit e livros disponibilizados em meio virtual. Entre os descritores utilizados nas pesquisas, estão: psico-oncologia, pediatria, oncologia, psicologia, saúde e doença, câncer, infância, tratamento, hospitalar, psicólogo hospitalar. 4. Resultados e Discussões É possível identificar na literatura um alto número de materiais publicados relacionados à atuação do psicólogo na área da psico-oncologia, mesmo representando um tema atual, muitos psicólogos e pesquisadores têm demonstrado interesse em pesquisar e publicar conteúdo sobre sua experiência, possibilitando aos futuros profissionais o aprofundamento dessa área de atuação e o maior entendimento quanto o acolhimento do paciente, família e equipe de saúde que estão envolvidos, contribuindo para uma atuação mais efetiva. Diante desses dados é notório o aumento de pesquisas por psicólogos que atuam no ambiento da psico-oncologia, sendo encontrado maior número de artigos entre os anos de 2009 a 2013. Os quais são escritos por acadêmicos em psicologia e psicólogos que atuam na área de psicologia da saúde, onde descrevem a importância do acompanhamento psicológico 188

antes, durante e depois do tratamento do câncer, uma vez que os aspectos psicológicos refletem de maneira significativa no processo de cura. 5. Considerações finais Percebe-se que o psicólogo é peça fundamental na equipe multiprofissional que atua na área de oncologia, uma vez que poderá trabalhar aspectos emocionais que estão associados à doença tanto do paciente, como da família e dos profissionais da saúde, desconstruindo e reformulando as representações relacionadas ao câncer, as quais foram construídas há muito tempo, para que este juntamente com sua família se tornem pessoas ativas no processo de enfrentamento a doença. Os familiares, cuidadores e profissionais da área da saúde precisam estar envolvidos para juntos construir meios que ofereçam uma melhor qualidade de vida diante do processo saúde-doença da oncologia pediátrica. Sendo assim, ressalta-se a importância de tratar não apenas o físico, mas o emocional dos pacientes e dos que se encontram ao seu redor, já que os aspectos psicológicos influenciam muito na adesão ao tratamento, enfrentamento e cura da doença. É importante ressaltar ainda a necessidade dos conceitos e modelos referentes ao processo saúde/doença que são utilizados na base da atuação do profissional da saúde e seu modo de intervenção frente ao paciente, em especial o psicólogo. A visão por meio do modelo biopsicossocial possibilita compreender este processo de adoecimento a partir da subjetividade do paciente, apresentando possibilidades de intervenção levando em consideração o sujeito como ser holístico. Referências CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Trad. Maria Thereza Redig de C. Barrocas & Luiz Octávio Ferreira Barreto Leite. 4º Ed. Forense Universitária: Rio de Janeiro, 1995. DECAT, C. S.; ARAÚJO, T. C. C. F. de. Psico-oncologia: Apontamentos sobre a evolução histórica de um campo interdisciplinar. Brasília méd, v. 47, n. 1, 2010. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?isisscript=iah/iah.xis&src=google&base=lilacs&lang=p&n extaction=lnk&exprsearch=545703&indexsearch=id>acesso em: 13 Mai 2017. 189

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, p. 03, 2002. SCANNAVINO, C.S. S.et al.psico-oncologia: atuação do psicólogo no Hospital de Câncer de Barretos. Psicol. USP, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 35-53, Apr. 2013. Availablefrom<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642013000100003&lng=en&nrm=iso>. accesson 22 May 2017. http://dx.doi.org/10.1590/s0103-65642013000100003. SILVA, S. de S.; AQUINO, T. A. A. de & SANTOS, R. M. dos. O paciente com câncer: cognições e emoções a partir do diagnóstico. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 4, n. 2, p. 73-89, 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1808-56872008000200006> Acesso em: 13 Mai 2017. YÉPEZ, M. T. A interface Psicologia social e saúde: perspectivas e desafios. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 6, n. 2, p. 49-56, jul./dez. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v6n2/v6n2a07.pdf>. Acesso em: 15 de Mai 2017. 190