Lilian Araujo. o crescimento de participação das outras parcelas do mercado de bebidas nãoalcóolicas.



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SUCOS E REFRIGERANTES Um mercado em ebulição Para atender às modificações do hábitos alimentares, a indústria brasileira de bebidas está alterando as formas de atuação no mercado e seguindo uma tendência mundial: a de produtos mais saudáveis, saborosos e que ainda possam proporcionar benefícios à saúde. Com esta visão, surgem a cada momento novas empresas ou outras já tradicionais, que estão ingressando no mercado de bebidas prontas para beber, nas quais se incluem sucos de frutas, refrescos, chás, água mineral e água de coco. Na via contrária, ao mesmo tempo em que as opções de bebidas se proliferam, estão os vovôs refrigerantes, cuja indústria é dona da maior parcela do segmento e que ainda está despreocupada com Lilian Araujo o crescimento de participação das outras parcelas do mercado de bebidas nãoalcóolicas. O mercado de bebidas, no Brasil, movimenta 14 bilhões de litros ao ano, com crescimento médio de 15%. Deste total, 3 bilhões são de sucos. A pouca apreensão da indústria de refrigerantes é justificada pelo volume produtivo desta linha, o qual está muito distante de outros setores. No ano passado, a indústria de refrigerantes brasileira produziu 11,97 bilhões de litros da bebida, o que significou um aumento de 3,3% em relação a 2001. Um ligeiro aumento se comparado ao do mercado de sucos prontos para beber, que deve registrar crescimento médio de 50% em 2002, segundo dados prévios das indústrias do setor. Mas o rival da indústria de refrigerantes não é a de sucos prontos, que está bem longe de chegar aos patamares em volume das fábricas de bebidas gaseificadas. Anualmente, as empresas de sucos prontos movimentam cerca de 165 milhões de litros no País, o que representa R$ 450 milhões. O valor está bem abaixo dos mais de R$ 15 bilhões movimentados pela indústria de refrigerantes. Para 2003, a expectativa é de que o setor de sucos prontos atinja a casa dos 200 milhões de litros. Por enquanto, a única disputa acirrada no setor de refrigerantes está entre as marcas regionais, que têm diferenças éticas na forma de trabalharem. De acor- 18 BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003

Fanta Morango: último lançamento da Coca-Cola do com a Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes (Abir), após a entrada da garrafa PET de dois litros, no início da década de noventa, muitas marcas regionais de refrigerantes passaram a ter outra imagem nas gôndolas dos supermercados, saindo de 8% de participação do segmento para 16%. Com o crescimento do segmento, o número de marcas regionais aumentou e muitas passaram a ser vendidas a preços excessivamente baixos. Isto levou a ABIR a organizar estudos que provassem má conduta de determinadas empresas. A pesquisa identificou que muitas destas companhias ignoravam a carga tributária, que chega a 40% do valor final do refrigerante. Os documentos foram encaminhados às Secretarias da Fazenda estaduais e à Receita Federal. Isto era uma competição antiética, que prejudicava as outras empresas regionais. Com os estudos, os órgãos responsáveis fizeram uma fiscalização bastante eficiente e hoje os refrigerantes regionais têm 33% do mercado, conta Carlos Cabral de Menezes, diretor executivo da ABIR. Atualmente são mais de 700 marcas de refrigerantes regionais no Brasil, que competem com as grandes Coca-Cola e Ambev, detentora das marcas Guaraná Antarctica, Brahma e Pepsi. Líder de mercado, a Coca-Cola é dona de 50% das vendas nacionais de refrigerantes, sendo 17% a participação da Ambev. A Coca-Cola obteve crescimento de 2,6% nas vendas em 2002, com destaque para a marca Fanta, com aumento de 14% no ano passado. Depois de lançar os sabores Citrus e Maçã, a Coca-Cola inicia o ano com mais um item para a marca Fanta: o sabor Morango. De acordo com a empresa, o Brasil já é o maior mercado de Fanta no mundo. Por sua vez, a marca Coca-Cola cresceu 3,2% no período e se mantém líder no segmento, com uma participação de 32,2%. Segundo o diretor da ABIR, o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial de refrigerantes, ficando atrás somente dos Estados Unidos e México. A ABIR está ampliando sua atuação no segmento de bebidas e mudando a denominação para Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas Nãoalcóolicas, sob a mesma sigla. Bom para o setor de sucos prontos, que até então não dispunha de algum órgão que o representasse. Além deste grupo de produtores não ter uma associação que os representasse, a maioria dos nossos associados já estavam ingressando no mercado de sucos, energéticos e água mineral, justifica Menezes. Potencial dos Sucos Assim como a indústria de refrigerantes tem outras questões a se preocupar e não aquelas relacionadas com as de sucos prontos, a indústria de sucos também tem outras metas a seguir. Com o expressivo crescimento, o potencial do segmento de sucos de frutas está sendo acompanhado nos últimos anos, instigando diversas empresas a entrar no segmento. Ideal para o consumidor, que tem mais opções de escolha e maior concorrência para as BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003 19

Vitor Purri, superintendente da Sucos Mais Sucos Mais quer faturar R$ 52 milhões com mix de sucos naturais tradicionais no ramo. São novas empresas que decidiram investir no segmento, outras que querem ampliar a participação no mercado e algumas já tradicionais do setor de bebidas que estão apostando na linha de sucos prontos para beber. Mercado para todas é o que não falta. Apesar do considerável aumento na produção, este setor da indústria alimentícia ainda tem muito a explorar. Segundo pesquisas, o consumo per capita de sucos prontos, no Brasil, varia entre 0,6 ml e 0,8 ml, o que é muito baixo comparado a outros países. Na Alemanha, o consumo per capita chega a 30 litros, nos Estado Unidos a 37 l, no Canadá a 30 l, na Argentina a 10 l e no Chile a 4 l por habitante. Um dos casos mais recentes de empresa que ingressou no segmento de sucos prontos para beber é o da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, do Paraná. A cooperativa acaba de lançar a marca de suco Purity, com seis sabores convencionais de néctares de frutas (pêssego, manga, laranja, goiaba, morango e uva) e quatro versões light do produto (morango, manga, goiaba e pêssego). Para isso, a Cocamar investiu R$ 9 milhões na fábrica de sucos. A unidade de Maringá entrou em operação em janeiro, com capacidade para produzir 40 milhões de litros. A meta da empresa é alcançar 4% de participação de mercado em 2003, 9% no próximo ano e 15% em 2005. Outra empresa a se lançar no mercado de sucos prontos é a Mais Indústria de Alimentos, de Linhares (ES). Formada pelos grupos WRV e MonteSanto Tavares, a indústria entrou em operação em agosto passado, após receber investimento de R$ 28 milhões. Instalada numa área de 75 mil m², sendo 12 mil m² de área construída, a fábrica conta com capacidade para processar 6 milhões de l/mês e quatro linhas de embalagem. Na unidade são processados os sabores manga, manga light, pêssego, pêssego light, goiaba, goiaba light, uva, uva light e ainda maracujá, caju, laranja e maçã, os quais são embalados em frascos de vidro de 250 ml, lata de 335 ml e em cartonadas de 200 ml e 1 litro. A unidade foi projetada para processar 24 milhões de litros de sucos e chegar a um faturamento de R$ 52 milhões no primeiro ano de atuação. Nós queremos estar, em três anos, entre as três ou quatro principais marcas do Brasil, acredita Vitor Purri, superintendente da Sucos Mais. Para isso, a empresa quer se destacar pela diferenciação das categorias de bebidas, nas quais estão os sucos naturais sem conservantes e os refrescos prontos. É importante que as marcas trabalhem no sentido de criar sua própria categoria e se diferenciar com produtos de qualidade, destaca Purri, ao ressaltar que o objetivo da nova empresa é tornar o consumidor fiel à fruta, com produtos saudáveis e de qualidade, complementa. A principal estratégia da Sucos Mais para tornar o público fiel à marca é uma campanha de degustação por etapas. A primeira delas, promovida no último semestre de 2002, aconteceu no Espírito Santo e Minas Gerais, estados de atuação dos controladores da empresa, que são de origem supermercadista e da indústria do café. A meta é nos tornarmos líderes nesses dois estados, diz o superintendente da empresa. A segunda campanha entrou em ação no primeiro trimestre de 2003, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, devendo ser expandida para os outros Estados ao longo do ano. Apesar do potencial interno do mercado de sucos, a Sucos Mais quer ir muito além. A empresa já conquistou o exterior com seus produtos, devendo ter 10% do seu faturamento representado pelas vendas internacionais. Já estamos embarcando para China e Portugal, diz o superintendente da empresa. Com isso, as metas de crescimento para 2003 estão sendo revistas, pois, pelo andar da carruagem, serão superadas antes mesmo de completar 12 meses de atuação. Originalmente, as atividades de exportação não estavam previstas para o primeiro ano de operação, acrescenta Purri. 20 BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003

Assim que a expectativa for confirmada, a Mais Indústria de Alimentos dará início à segunda fase do projeto da fábrica, a qual foi projetada para atender rapidamente expansões. Na segunda fase a unidade praticamente dobra de capacidade, detalha Vitor Purri. Para fortalecer sua participação neste mercado, a Mais Indústria de Alimentos estará, durante o ano de 2003, participando de feiras no exterior em parceria com a Associação das Indústrias Processadoras de Frutos Tropicais (ASTN). Além disso, Purri explica que o projeto da fábrica foi desenhado para atender a todas as legislações ambientais vigentes, incluindo as futuras ampliações. O projeto inclui uma central de reciclagem e uma estação de tratamento de efluente. A estação está apta para realizar o tratamento aeróbico, com capacidade para tratar até 500 mil litros de efluentes. O sistema é totalmente aprovado pela secretaria de meio ambiente e demais órgãos ambientais, afirma o superintendente da Sucos Mais, ao declarar que o próximo passo da empresa com relação ao meio ambiente é buscar a certificação ISO 14000. O projeto já está todo rastreado e controlado para isso, finaliza. De olho no desempenho do mercado de sucos prontos, a baiana Doce Mel, tradicional empresa do ramo de polpas de frutas, resolveu ingressar no ramo e inaugurou, no final de 2001, uma linha de sucos dentro da sua unidade de polpas. Hoje, a empresa conta com duas máquinas para sucos prontos, com capacidade de 8 mil l/h cada uma. Instalada em Ipiaú, a Doce Mel está utilizando 30% da capacidade da fábrica para processamento de sucos prontos, nos sabores abacaxi, manga, caju, laranja, maracujá, morango, uva e pêssego. Para produção de polpas, a companhia dispõe de dez máquinas com capacidade para 1.500 polpas de 100g por hora cada equipamento. A WOW! Indústria e Comércio é outra a empresa a investir no segmento de sucos Kraft entra na dispura do mercado de sucos prontos com marca tradicional prontos para beber. A companhia, instalada em Caçapava, interior de São Paulo, está investindo, no primeiro trimestre do ano, R$ 750 mil em marketing. A meta da empresa é expandir em 40% suas vendas da linha de sucos naturais Sufresh, que é composta pelos sabores goiaba, uva, manga, pêssego, maracujá, laranja, maçã, laranja com acerola e caju. O investimento inclui campanhas publicitárias no litoral de São Paulo e capital, Campinas e São José dos Campos, no interior de São Paulo, Cabo Frio (RJ), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), onde estarão expostas mídias externas, infláveis, painéis front light e busdoors. A campanha inclui, ainda, veiculação na TV, com comercial de 30 segundos, desenvolvido pela DMA Mídia e Produção. A divulgação do produto inclui também degustação em supermercados. O número de empresas a ingressar no ramo de sucos prontos não deve parar tão cedo. Em outubro próximo está prevista a inauguração de mais uma unidade no País para a fabricação de sucos prontos para beber, no município de Campos (RJ). Trata-se da fábrica da Bela Joana, empresa criada numa associação entre o grupo MPE, do Rio de Janeiro, e a portuguesa Refrigor. As sócias lançaram, em fevereiro, a pedra fundamental da nova fábrica, que receberá investimento de R$ 35 milhões, dos quais 25% do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A unidade terá capacidade para processar 30 milhões de l/ano de sucos, nos sabores manga, maracujá, goiaba e abacaxi. A meta é de produzir, inicialmente, 15 milhões de litros e faturar R$ 30 milhões nos primeiros doze meses de operação. As grandes na disputa pelo mercado Enquanto novas empresas investem para disputar o crescente mercado de sucos de frutas naturais e prontos para beber, Del Valle, Parmalat e Kraft Foods criam estratégias para se destacar frente às novas marcas do setor neste ano. A mais nova entre elas no segmento, a Kraft Foods, conta com uma marca de peso, a do tradicional suco concentrado Maguary. Por outro lado, a Del Valle foi a primeira a acreditar no segmento no Brasil, é líder de mercado e aposta na fidelização dos consumidores. E ainda a Parmalat, que também disputa o mercado de concentrados e quer ganhar mercado em 2003 com a linha Santàl de sucos prontos. Dona de 43% do segmento de concentrados com a marca Maguary, a Kraft Foods Brasil aproveitou-se do peso da marca no País e lançou, no início de 2003, o suco pronto para beber, sob a mesma marca. Com isso, a companhia ingressa numa nova categoria com públicos distintos, mas com uma marca de 50 nos de tradição na linha de concentrados, setor este que movimenta 630 milhões de litros anuais e fatura R$ 300 milhões, segundo dados ACNielsen 2002. Tanto os consumidores de um quanto os do outro buscam produtos à base de fruta natural. Só que o consumidor do pronto para beber valoriza mais o aspecto da praticidade e conveniência e o concentrado prefere ele próprio preparar o suco em sua casa, seguindo a sua receita, mais forte ou mais fraco, com pouco ou muito açúcar, enfim, ele segue um ritual próprio de preparação, detalha o gerente geral da categoria bebidas da Kraft, André Vercelli. A nova linha Maguary chega, inicialmente, à região Sudeste nos sabores maracujá, manga, pêssego, uva e laranja. De acordo com Vercelli, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo representam 70% do mercado nacional de bebidas prontas para beber, o que não significa que as outras regiões dei- BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003 21

xarão de conhecer o novo produto. Vamos ampliar a oferta do produto gradualmente ao longo do ano, afirma o gerente de bebidas. O novo Maguary pronto para beber pode ser encontrado em duas versões de embalagens cartonadas: de um litro, com tampa abre e fecha, e 200 ml, com canudo. A Kraft entra na disputa do setor de prontos para beber para consolidar sua liderança no mercado de bebidas à base de frutas. Além das duas versões da marca Maguary, a empresa é dona das principais marcas de refrescos em pó no Brasil. O lançamento do Maguary pronto para beber acontece, segundo a companhia, num momento estratégico: após a consolidação das marcas de sucos concentrados e refrescos em pó. Nos últimos anos, a Kraft manteve seu foco no crescimento destas marcas, mas acompanhou atentamente o forte crescimento da categoria de sucos prontos, revela Vercelli. Dois anos depois de iniciar o projeto para a linha de sucos prontos, a companhia entra no segmento para tornar-se um importante player em pouco tempo. Sem revelar qual a porcentagem de mercado que a empresa pretende conquistar e em quanto tempo, o gerente de bebidas declara que a meta é atingir diferentes categorias, com a garantia de qualidade e sabor das bebidas da Kraft Foods. A entrada da Kraft Foods no segmento de sucos prontos já era prevista pela Parmalat. A empresa, que remodelou a marca de sucos e concentrados Santàl no início do verão, considerava como provável a entrada da marca Maguary no segmento, considerado pela companhia um dos mais atrativos dentro do setor de alimentos. Para a Parmalat, a entrada da Kraft na disputa não atrasa em nada os planos da empresa para a marca Santàl. Visando renovar a marca Santàl, a Parmalat lançou em dezembro a campanha da segunda geração de sucos Santàl. Com novo visual na embalagem, o qual foi desenvolvido pela 100% Design, o Lançada em setembro, linha Mix da Del Valle já representa 6% do faturamento suco passa a contar com uma solução gráfica, que explora todas as sensações da fruta. Mesclamos o visual das frutas com o próprio líquido em movimento, que transmitem leveza, sabor e refrescância. As frutas complementam estes valores, como se recém-saídas da natureza, passando a idéia de uma marca que se preocupa em manter os valores naturais de seus ingredientes, explica Renata Melman, diretora da agência. A campanha da Parmalat vai além da publicidade. A companhia trabalhou em todo processo, que envolveu pesquisa e desenvolvimento, fornecedores, equipamentos, novas embalagens, melhora na Suco enriquecido com vitaminas da Gerber estrutura de vendas e distribuição e consumidor final. Ao todo, foram quatro meses investidos em pesquisas com consumidores, que tinham como meta verificar as principais características desejadas nas linhas de sucos prontos, concentrados e chás. O passo seguinte foi a incorporação dos resultados aos produtos. Entre eles está o lançamento do sabor morango, que segundo a empresa vai de encontro aos desejos dos consumidores. O novo sabor se soma à linha de outros onze sabores de sucos e néctares, que inclui laranja (normal e light), uva, abacaxi, maçã, maracujá, pêssego (normal e light), caju e manga. A Parmalat aprimorou a linha Santàl com controle de matéria-prima, melhoria do processo produtivo e uma embalagem revolucionária. Estamos inaugurando um novo patamar de qualidade no segmento de sucos e chás, comemora Andrea Martini, diretor executivo da unidade de negócio mercearia da Parmalat. Outra preocupação da Parmalat no processo do lançamento da segunda geração de Santàl foi com relação à matéria-prima. A empresa, preocupada em garantir a excelência na qualidade da matéria-prima, criou um Programa de Qualidade Monitorado. A função do programa é acompanhar todo o processo envolvendo fornecedores, o que significa análises desde a colheita até a chegada à fábrica. O foco inicial do lançamento da linha foi São Paulo e Rio de Janeiro. No início do verão, a companhia fechou contratos exclusivos com quiosques dos litorais destes dois estados. No entanto, a meta da Parmalat é atingir todo o território nacional com a campanha Santàl. As ações de marketing, iniciadas no primeiro semestre de 2003, envolvem suporte de materiais promocionais, veiculação em TV, rádio, mídia impressa, outdoor e busdoor. Com as ações voltadas para o segmento de bebidas, que envolve sucos pron- 22 BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003

tos, concentrados e chás, a Parmalat pretende não só ampliar sua participação de mercado, que está em torno de 7%, como da categoria dentro da empresa. Com atividades voltadas para a industrialização e comercialização de lácteos, sucos e chás, refrigerados, vegetais e conservas e biscoitos, a Parmalat pretende que a linha de sucos ganhe maior destaque no faturamento da empresa em 2003. Somente em 2002, a categoria cresceu cerca de 25% no faturamento da companhia em comparação ao ano anterior. A mesma porcentagem foi registrada no faturamento total da companhia em 2002 em relação a 2001, ano em que a empresa faturou R$ 1,4 bilhão. Segundo a empresa, a expectativa para 2003 é de que haja um crescimento pelo menos duas vezes superior. Atualmente, o market share total da Parmalat no mercado de sucos gira em torno de 5,9%, de acordo com a última leitura Nielsen de outubro/novembro de 2002. Apesar disso, a participação de mercado da companhia no último ano móvel sofreu uma queda de 0,6% com relação ao ano móvel anterior, ficando com 7%. A Parmalat associa o resultado ao crescimento do segmento num ritmo maior que o da empresa. Sem revelar qual a porcentagem de mercado que pretende atingir, a meta da companhia é reverter os resultados ainda em 2003. No segmento de sucos concentrados, a Parmalat é dona de 7,2% de market share. O resultado representa um ganho de cerca de 3 pontos percentuais nos dois últimos anos móveis da empresa. Para este ano, a Parmalat espera que a categoria se beneficie com os investimentos na linha de sucos prontos, que adota a mesma marca. Enquanto Parmalat e Kraft Foods investem para ganhar mercado, a Sucos Del Valle trabalha para manter o que já conquistou desde que se instalou no País, há seis anos. Dona da maior parcela de mer- Parmalat quer 7% do mercado de sucos prontos com a marca Santàl BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003 cado, com 33%, a Del Valle até há pouco tempo tinha como concorrentes poucas marcas, entre elas até mesmo a Coca-Cola. No entanto, o mercado tem se tornado mais atrativo a cada dia, principalmente com um crescimento médio de 40% ao ano. Agora, a subsidiária da mexicana Jugos Del Valle terá pela frente uma disputa muito mais intensa com as diversas concorrentes que estão surgindo. Para garantir sua liderança nas vendas de sucos de frutas prontos para beber, a Del Valle, assim como a Parmalat, acredita que uma das ferramentas estratégicas nesta disputa será a realização de ações em marketing permanentes e consistentes. O marketing sem dúvida nenhuma será uma das ferramentas para a manutenção de nossa participação, posto que a marca é de qualidade e os produtos são de procedência, garante Marcelo Passafaro, gerente de marketing da Sucos Del Valle. Entre as últimas ações da companhia nesta área está a realização de investimentos em toda a região litorânea do País. Estiveram envolvidos principalmente a região Nordeste e os Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Para 2003, Passafaro informa que as ações ainda estão sendo definidas. O forte crescimento do mercado de sucos prontos fez com a Del Valle perdesse 1% de participação no segmento em 2002. Apesar disso, o resultado está sendo considerado natural pela companhia. Acreditamos que, com o crescimento muito rápido da companhia, a tendência é que se comece a crescer menos ou dentro dos valores do mercado, explica Passafaro. Apesar desta pequena redução de participação de mercado, em 2002 a Del Valle atingiu todas as suas expectativas, com crescimento de 50%. Com isso, o faturamento da companhia ficou na casa dos R$ 153 milhões, com produção de 80 milhões de litros de sucos de frutas. Atingimos nossas metas mesmo com todas as intempéries do mercado, mesmo com as oscilações do câmbio e mesmo com as dúvidas eleitorais e econômicas, complementa o gerente de marketing. Para atender a esse crescimento a Del Valle precisou investir, no final do primeiro semestre de 2002, R$ 4 milhões em equipamentos para a linha de envase de embalagem cartonada. Os resultados da Del Valle em 2002 incluem o lançamento da linha Mix, ocorrido em setembro. A nova linha, em embalagens de um litro e de 335 ml, inclui os sabores mamão com laranja e laranja, cenoura e acerola, que chegaram a representar 6% do faturamento da companhia em apenas quatros meses de atuação no mercado. De acordo com o gerente de marketing da Del Valle, a versão Mix de sucos deve ganhar novos sabores, mas o prazo para que isso ocorra não foi revelado. A participação de produtos da Del Valle diferentes da linha clássica, que conta com os sabores pêssego, uva, manga, morango, maçã, goiaba, laranja e maracujá, já representa 26% da produção da companhia. Além dos 6% da linha Mix, estão nesta lista 23% da linha light, que cresceu 3% no último ano. Nesta linha estão os sabores pêssego, uva, manga, maçã, goiaba e maracujá, os únicos exportados pela companhia. Segundo Passafaro, as exportações representam 5% da produção da Del Valle. Presente em mais de 35 países e com 54 anos de tradição, a controladora da Del Valle, a Jugos Del Valle México, tem na filial brasileira a fábrica de maior tecnologia do grupo. Instalada em Americana (SP), a unidade tem capacidade para produzir até 10 milhões de litros por mês. 23

Maurício Campos, fundador da mineira Agrofruit Agrofruit aposta no natural Se de um lado a baiana produtora de polpas de frutas Doce Mel investe para entrar no segmento de sucos prontos para o consumo, do outro a mineira Tropical Indústria de Alimentos, dona da marca de sucos de frutas Tial, deixa de contar com um de seus acionistas, que resolveu investir no segmento de polpas de frutas. Apesar do significativo crescimento no consumo de sucos prontos, o empresário e fundador da Tropical Alimentos, Maurício Campos, segue na via contrária da empresa baiana por acreditar em algo ainda maior, tanto pelo lado econômico quanto pelo social. Pelo lado de negócios, o empresário pleiteia o mercado de food service internacional, o qual, segundo ele, deverá render US$ 3 milhões, ainda este ano, à sua nova empresa processadora de polpas de frutas. Denominada Agrofruit, a empresa está instalada estrategicamente em Visconde do Rio Branco (MG), a 130 quilômetros de Juiz de Fora, que inclui a região fruticultora do Vale do Xopotó, na Zona da Mata Mineira. Na nova fábrica, que ocupa uma área de 54 mil m², serão produzidas 20 t/h de polpas de frutas naturais, sem conservantes ou qualquer aditivo químico. Isto é uma questão de filosofia: oferecer um produto 100% natural, que preserve as propriedades da fruta e com validade de doze a quatorze meses, sem necessidade de refrigeração, detalha o pre- sidente da Agrofruit. Isso é possível graças à tecnologia de envase adotada pela empresa. Desenvolvido pela norte-americana Sholle, o sistema de embalagem da Agrofruit oferece proteção química e microbiológica por meio de bags assépticos, com capacidades que variam de 3kg a 200 kg. As embalagens são armazenadas em tambores quando transportadas, o que reduz, segundo Campos, em 50% o custo de transporte para exportação, pois não exigem tanques refrigerados. A construção da unidade mineira se iniciou em abril de 2002, sendo concluída em novembro e inaugurada oficialmente no primeiro bimestre de 2003, com tecnologia importada da Itália e Estados Unidos. Já em novembro, a empresa iniciou o processamento de mangas, começando em 2003 o trabalho com goiaba, banana e maracujá. A Agrofruit está assinando contratos com países como os Estados Unidos, Itália, França, Alemanha e Espanha, os quais devem consumir cerca de 80% da produção da companhia brasileira. Nestes países, as vendas da Agrofruit estão voltadas para indústrias como a de sorvete, gelatina e de purê infantil. No Brasil, que ficará com os 20% restantes da produção, as vendas serão direcionadas para outros segmentos, entre os quais de purê infantil de alta qualidade, revela Maurício Campos. A expectativa de sucesso é tanta que o empresário já iniciou os planos de expansão da companhia. Ainda este ano deverá entrar em operação uma outra linha de processamento, também com capacidade para 20 t/h. Com a segunda linha, vamos processar dois tipos de frutas ao mesmo tempo, explica. Apesar da antiga atuação no segmento de sucos prontos, desde 1986 - ano de fundação da marca Tial -, Maurício Campos está realizando um projeto de quase vinte anos trabalhando com um ideal: promover a fruticultura da região, tentando resgatar o trabalho de pequenos e antigos proprietários de terras, que deixaram suas propriedades por falta de apoio político e financeiro. O meu grande sonho é fazer com que esse povo volte com seus filhos, volte às origens, desabafa. A Agrofruit é o resultado deste sonho. A nova empresa está processando as safras dos produtores de 14 municípios, que se uniram à Universidade de Viçosa e às respectivas prefeituras para formar a Associação Intermunicipal de Fruticultores (Assifrut). Somente os municípios de Visconde do Rio Branco tem cerca de 40 mil habitantes, dos quais 800 famílias se uniram ao projeto. Fruticultores dos outros municípios estão sendo catalogados. O trabalho conjunto permitiu o aperfeiçoamento da agricultura local, que passou a oferecer frutas mais saudáveis e com melhor qualidade. Com essa filosofia, nós reduzimos em 40% o uso de agrotóxicos, mudando o uso de adubo químico para orgânico e para inseticidas que não prejudicam a saúde, conta o presidente da Agrofruit, apostando que este será mais um trunfo de negócios para as vendas internacionais. Atualmente, os associados da Assifrut estão concluindo a construção de uma fábrica de mudas e sementes com tecnologia avançada. A unidade foi financiada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), com o apoio do Sebrae. Isto está sendo possível graças ao intercâmbio tecnológico feito entre o Brasil e outros países, entre os quais Espanha e Estados Unidos, conta Campos. Apesar do recente apoio do governo, ocorrido no ano passado, o presidente da Agrofruit ressalta que, em todos esses anos de trabalho, a região nunca recebeu apoio político. O Brasil ficou estagnado estes 8 anos. Precisamos voltar a produzir, pois o Brasil precisa de alimentos, como o mundo inteiro, ressalta Campos, ao lembrar que o apoio governamental ocorreu somente em 2002. 24 BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003

Público Infantil Ideais para acompanhar refeições, lanches escolares, na hora de praticar esportes ou passear, a indústria de sucos não pode deixar de lado uma parcela tão significativa de consumidores: a do público infantil. Pensando nos pequenos, as empresa oferecem embalagens práticas e de pequeno volume para atender às crianças tanto no dia-a-dia como em ocasiões diversas. A Del Valle, por exemplo, criou uma marca só para o público infantil, o Del Valle Kids, que oferece o mesmo produto, mas em embalagem de 200 ml com personagens de frutas. A Parmalat também desenvolveu uma linha específica para esse público. O suco traz na embalagem brik de 200 ml os personagens Thornberrys, do canal infantil Nickelodeon. Além disso, as embalagens cartonadas têm ainda jogos e brincadeiras, sempre associados ao desenho. Outra empresa que oferece sucos exclusivos para crianças é a Gerber, especialista em nutrição para bebês. Para garantir o crescimento saudável dos pequenos, a empresa desenvolveu uma linha que conta com doses extras de ferro, zinco, cálcio, potássio e vitaminas C e E. Os sucos, encontrados nos sabores frutas mistas, pêra, maçã e laranja com cenoura e pêra, fazem parte da linha Gerber Colheita Especial. A linha é composta por 32 itens, entre os quais sopinhas, papinhas e suquinhos. Os produtos fazem parte de um rigoroso controle de qualidade da empresa, entre eles um programa de redução de agrotóxicos. Refrescos em pó Um dos mais tradicionais produtos do segmento de bebidas continua com expectativa de crescimento, apesar do surgimento constante de novos produtos e marcas no setor. O ramo de refrescos em pó mantém uma considerá- Genuína Lindoya investirá R$ 100 mil em marketing da nova linha de sucos em pó vel participação do volume comercializado em 2002. Dos 14 bilhões de litros de bebidas movimentados no ano passado, 2,1 bilhões de litros referemse a refrescos em pó, o que representa R$ 650 milhões em faturamento. O resultado significa um aumento de 14% no período, com previsão de crescer entre 12% e 15% em 2003, segundo a Kraft Foods. Dona de 50% do mercado de refrescos em pó, a Kraft detém as principais marcas do País, entre as quais Tang, Clight, Fresh, Ki-Suco e Q.Refresco. Além disso, a empresa inaugurou o ramo de refrescos em pó light, com a marca Clight em 1996. De acordo com a empresa, hoje a linha é líder na categoria light, com 70% do mercado. O mercado é promissor, como mostram os resultados da General Brands em 2002. Concorrente da Kraft no segmento de refrescos em pó, a General Brands tem motivos de sobra para comemorar o fechamento do período. Além de inaugurar uma nova unidade fabril em 2002, que está instalada em Guarulhos (SP), a empresa encerrou o ano com faturamento de R$ 50 milhões, um aumento de 54% em relação a 2001. O valor representa um volume de 11 mil toneladas de produtos, dos quais 8 mil toneladas referem-se a refrescos em pó das marcas Camp, Sukki, Camp Light, Camp Institucional e Tanny. A companhia atribui o crescimento a diversos fatores, entre eles o lançamento de novos produtos e a inauguração da nova unidade. A aposta da companhia se segue ao longo de 2003. Já em janeiro a General Brands lançou mais duas versões do refresco Camp: os sabores Manga e Morango. Com os novos sabores, a linha passa a ter dez versões: laranja, maracujá, abacaxi, tangerina, salada de frutas, limão, uva e guaraná, todos acrescidos de vitamina C. Outra empresa a acreditar no segmento é a Genuína Lindoya. Depois de entrar no mercado de sucos e refrescos prontos para beber em 2002, a tradicional marca de água mineral Genuína Lindoya estréia no ramo de refrescos em pó. A empresa investiu R$ 1 milhão nas áreas de desenvolvimento, equipamentos e infra-estrutura e pretende conquistar 2% do segmento até o final de 2003. Para isso, a Genuína Lindoya investirá R$ 100 mil em ações de marketing para divulgar os seis sabores do novo produto: laranja, tangerina, uva, maracujá, limão e abacaxi, que contêm vitamina C e já vêm adoçados. A nova linha de produção tem capacidade para 450 toneladas por mês de refrescos em pó, devendo ampliar a participação do segmento de sucos no faturamento de sucos, que deve ficar em 20% até o final do ano. Com o mercado promissor, ninguém quer ficar de fora, nem mesmo a Unilever Bestfoods. A multinacional abriu mais uma exceção do seu projeto global de extinguir grande parte das marcas locais, desta vez para a marca de refrescos Frisco. No ano passado, a Unilever voltou a investir em marketing da marca no ponto-de-venda, conseguindo aumentar a participação do produto de 9,5% para 11% em 2002, excluindo o segmento de não adoçados, do qual a empresa não participa. Para 2003, os planos de marketing da companhia incluem um aumento de 10% no investimento para a linha sobre 2002. v BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003 25