Palavras-Chave: Gênero Textual. Atendimento Educacional Especializado. Inclusão.

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Transcrição:

O GÊNERO TEXTUAL BILHETE COMO FERRAMENTA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: UMA EXPERIÊNCIA NA APAE BELÉM Albéria Xavier de Souza Villaça 1 Bruna Fernanda Teixeira de Souza 2 RESUMO O Programa de Atenção à Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla Jovens e Adultos da APAE Belém visa a despertar no aluno o interesse pela leitura e produção de textos tomando como instrumento o gênero textual Bilhete de forma funcional para o cotidiano. Na metodologia utilizou-se o conceito de Sequência didática. Notou-se a importância do ensino pautado no uso dos gêneros textuais para promover a inclusão dos indivíduos com deficiência intelectual. Palavras-Chave: Gênero Textual. Atendimento Educacional Especializado. Inclusão. A APAE Belém, em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva em vigor, oferece aos alunos com deficiência intelectual e múltipla o Atendimento Educacional Especializado como atividade complementar e suplementar às atividades do ensino regular. Considerando esta perspectiva de atendimento, o trabalho da APAE Belém é dividido em programas de atendimento por faixa etária e/ou níveis de desenvolvimento. O Programa de Atenção à Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla Jovens e Adultos, público alvo deste trabalho, atende os alunos na faixa etária de 18 à 29 anos. Após alguns meses acompanhando o grupo de alunos, observou-se a necessidade de estimular o desenvolvimento da leitura e escrita de forma funcional e prática, buscando 1 Especialista em Educação Inclusiva sob diferentes enfoques-uepa; Licenciada plena em Educação Física-UEPA; Professora do Atendimento Educacional Especializado da APAE Belém. 2 Especialista em Educação Especial na perspectiva da inclusão-faculdades Integradas Ipiranga; Licenciada plena em Letras/Língua Portuguesa-UFPA; Professora do Atendimento Educacional Especializado da APAE Belém.

estratégias que eliminassem as barreiras para o desenvolvimento de sua aprendizagem e plena participação na sociedade. Os gêneros textuais são os textos que encontramos na vida diária, com padrões sociocomunicativos característicos definidos por sua composição, objetivos enunciativos e estilo concretamente realizados por forças históricas, sociais, institucionais e tecnológicas. Desse modo, escolheu-se utilizar os gêneros textuais como recurso para propiciar condições de desenvolvimento da leitura e escrita de maneira prática, funcional e prazerosa, tornando o aluno protagonista capaz de interagir com o meio e produzir significado. As práticas e os conteúdos utilizados em sala de aula para o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita, por um longo período, estiveram presos a uma abordagem basicamente normativa. Mas, devido ao empenho de teóricos e professores, a educação brasileira tenta encontrar um caminho que relacione o ensino da sala de aula à vida. Esse novo interesse foi influenciado, também, pela LDB de 1996 e por orientações, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000) que defendem a ideia de ensinar para a vida. Assim, cabe ao professor de Atendimento Educacional Especializado criar planos de ensino que atendam às necessidades dos alunos, observando-os como uma pessoa singular, com ritmos de aprendizagem diferentes e individualizados. A revista Nova Escola, de agosto de 2009, fala da importância de variados gêneros do discurso como instrumento para a formação de comportamentos leitores e escritores, considerados como os verdadeiros conteúdos ler para estudar, encontrar uma informação específica, tomar notas, comparar dados entre textos e finalmente conseguir (re) escrevê-los. Para Marcuschi (2006), os gêneros textuais são tão antigos como a linguagem, uma vez que organizam, estruturam e permitem a comunicação verbal por meio da interação entre as pessoas. Todo gênero de discurso visa a um tipo de modificação da situação da qual participa. A determinação correta da finalidade é fundamental para que o destinatário comporte-se adequadamente ao gênero utilizado. Um gênero sempre determina de quem parte e a quem a fala se dirige. No caso deste trabalho, foi escolhido o gênero textual Bilhete devido sua relevância e funcionalidade para o cotidiano dos alunos. Uma vez que se percebeu a necessidade dos mesmos em comunicar-se por meio da escrita, seja em casa

com os familiares e até mesmo durante suas atividades rotineiras na APAE, na escola ou em qualquer outro ambiente social. Objetivo do Programa O Programa objetiva despertar o interesse pela leitura e pela produção de textos em Língua Portuguesa tomando como instrumento de ensino o gênero textual Bilhete na sua forma funcional para as diversas situações do cotidiano, de modo que possam conhecer a importância dos gêneros textuais nas situações comunicativas e desenvolver habilidades de leitura e escrita para reconhecer o gênero bilhete e estruturar textos coerentes nesse formato. Metodologia Como metodologia utilizou-se a abordagem qualitativa baseada nas intervenções realizadas durante todo o processo de construção do saber, no qual a observação e o registro foram estratégias fundamentais. As atividades foram desenvolvidas no decorrer de 11 meses e ocorreram no período de abril de 2016 a junho de 2017. Foram participantes sete alunos do Programa de Atenção à Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla Jovens e Adultos, na faixa etária de 18 à 29 anos, sendo seis do sexo masculino: denominados P1, P2, P3, P4, P5, P6 e um do sexo feminino: P7. Todos os participantes foram diagnosticados com Deficiência Intelectual. Como recurso metodológico utilizou-se o conceito e o modelo de Sequência didática descrito por SCHNEUWLY e DOLZ (2004), um conjunto de atividades organizadas de maneira sistemática, em torno de um gênero oral ou escrito. O modelo de sequência didática definido pelos autores é composto por várias etapas, conforme esquema a seguir: a) Apresentação da situação; b) Produção Inicial; c) Módulos 1, 2, 3, n.; d) Produção Final. Considerando as etapas da sequência didática definida por SCHNEUWLY e DOLZ (2004), foi elaborado um modelo de sequência didática que atendesse às necessidades dos alunos em questão. Deste modo, produziu-se uma proposta para trabalhar com os gêneros como conteúdo funcional dentro do Atendimento Educacional Especializado e,

uma vez que estes possuem formato e suporte próprios, primeiramente foi realizada a descrição e o conhecimento do gênero textual que seria trabalhado. Nesse sentido, para desenvolver a sequência didática, foi escolhido o gênero textual Bilhete por observar que ele relaciona diferentes abordagens linguísticas, considerando os diversos contextos sociais. A seguir serão descritas as etapas da sequência didática desenvolvida na APAE de Belém: 1º momento: 08 atendimentos com duração de 30min. Atividades: Apresentar aos alunos o gênero textual que será estudado; Sondar o que os alunos conhecem sobre o gênero. 2º momento: 09 atendimentos com duração de 30min. Atividades: Roda de conversa com o tema bilhete, a fim de descobrir quando e pra quem eles escrevem bilhetes e o que já sabem sobre os mesmos. Explicar o que é o gênero Bilhete; Ensinar a estrutura do gênero, apresentando características, objetivos, e suporte. Realizar a Produção Inicial: escrita do primeiro bilhete. 3º momento: 08 atendimentos com duração de 30 min. Atividades: Leitura coletiva dos bilhetes construídos na Produção Inicial; Roda de conversa sobre os bilhetes elaborados na Produção Inicial; Apresentação de variados exemplos de bilhete, com a finalidade de que os alunos reconheçam a estruturação desse tipo de texto. 4º momento: 16 atendimentos com duração de 60 min. Atividades: Elaborar um bilhete coletivamente; Leitura do bilhete coletivo;

Roda de conversa sobre o bilhete coletivo, analisando as informações colocadas, estrutura e contexto; Escrita de bilhetes individualmente, supondo diversos contextos sociais, interlocutores e informações variadas para elaboração; Escolher uma das estruturações textuais para análise com os alunos fazendo uma revisão textual. Foi adotado um método de avaliação que levasse em consideração o processo de ensino-aprendizagem como um todo. Assim, o método escolhido é a proposta de avaliação formativa, em que é priorizada a aprendizagem de competências socialmente reutilizáveis e não simplesmente escolares (CUNHA, 1998, p, 131). Este método de avaliação não observa apenas os resultados. Nele o parâmetro de avaliação é o processo de ensinoaprendizagem de uma forma geral. Para isso, no decorrer dos atendimentos serão desenvolvidas atividades que apresentem finalidades comunicativas orais e escritas e que proporcionem o desenvolvimento da capacidade auto avaliativa dos alunos. Resultados No decorrer da experiência, foi possível notar avanço nos segmentos sociocomunicativos e educacionais dos alunos, no qual se observou uma melhora significativa na interação social do grupo, ampliação do vocabulário, bem como evolução na qualidade da elaboração dos bilhetes. Percebeu-se ainda, avanço quanto à generalização, uma vez que os alunos já conseguem estabelecer correlação dos textos construídos com as diversas situações do cotidiano. É válido ressaltar que o apoio da família faz-se necessário para o bom desempenho dos alunos. No entanto, verificou-se interferência desfavorável do processo evolutivo dos alunos P1, P2 e P3, retirados do grupo por escolha da família, que não acreditou no seu potencial. Outro, apesar de estar evoluindo, não obteve o mesmo desenvolvimento do restante do grupo devido às suas ausências. O último, embora demonstrada boa intenção da família em ajudar, a superproteção mascarou parte do processo, uma vez que nas

produções que eram feitas em casa, notou-se nitidamente a interferência de terceiros, em comparação às produções realizadas em sala. CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível notar a importância do trabalho com gêneros textuais para o desenvolvimento social e educacional dos indivíduos com deficiência intelectual, como verificado no uso social do gênero textual Bilhete no Atendimento Educacional Especializado como forma de promover a inclusão social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental. 2.ed. Rio de janeiro: DP&A, 2000. CUNHA, M. C. C. A Avaliação Formativa: estratégia didática para ensino-aprendizagem da língua materna, Belém, MOARA Revista dos Cursos de Pós-Graduação, n. 9, 1998, p. 105-133. MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: o que são e como se constituem. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2000. SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. ROJO. CORDEIRO, G. S. São Paulo: Mercado de Letras, 2004.