RELATÓRIO REGISTRO DE MARCA: LEI DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL



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Procedência: Secretaria de Estado da Cultura Interessado: Gerência Executiva do Projeto Estruturador Circuito Cultural Praça da Liberdade Número: 14.534 Data: 5 de agosto de 2005 Ementa: Estado de Minas Gerais. Circuito Cultural Praça da Liberdade. Logomarca desenvolvida como símbolo do projeto cultural. Registro. Lei de Propriedade Industrial. Possibilidade. RELATÓRIO A Gerência Executiva do Projeto Estruturador Circuito Cultural Praça da Liberdade apresenta à apreciação desta Advocacia Geral do Estado material gráfico concernente à logomarca do projeto, solicitando manifestação a respeito da possibilidade de registro da propriedade intelectual junto ao INPI: O projeto estruturador N 8 Circuito Cultural Praça da Liberdade, lançado pelo Exmo. Senhor Governador do Estado, em março passado, com ampla repercussão nacional, acaba de ter sua logomarca desenvolvida e devidamente aprovada pelas instâncias competentes do governo. Como se trata de um projeto de grande envergadura e projeção, consideramos oportuno que, tanto o nome principal do projeto e suas principais variações, como a logomarca, obtenham o devido registro junto ao INPI para a conseqüente proteção legal, com finalidade de ampla utilização promocional e de divulgação em todos os meios impressos e eletrônicos. Neste sentido vimos solicitar dessa Advocacia-Geral do Estado as devidas providências para o registro da marca, anexas a este documento. REGISTRO DE MARCA: LEI DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL Inicialmente, necessário assentar que a matéria concernente à propriedade industrial está coberta em toda sua extensão pela Lei 9.279, de 14 de maio de 1996, que substituiu o antigo código de Propriedade Industrial de 1971. Tal legislação trata das invenções e criações de caráter exclusivamente industrial, abrangendo somente um dos ramos da propriedade intelectual, cujo outro ramo é o direito autoral. Nesse contexto, a Lei 9.279/96 aplica-se a qualquer espécie de marca, seja ela destinada ao comércio ou não. Qualquer pessoa jurídica ou natural que crie uma marca ou um símbolo, para designar determinada situação, mesmo que não seja objeto de produção industrial ou comercialização específica, e quiser proteger tal marca, para evitar a utilização por outrem ou em outras situações, a proteção será buscada no âmbito da Lei 9.279/96, por meio de registro no órgão competente. Nos dizeres de Gabriel Di Blasi, o conceito de marca pode ser assim

definido: Marca é um sinal que permite distinguir produtos industriais, artigos comerciais e serviços profissionais de outros do mesmo gênero, de mesma atividade, semelhante ou afins, de origem diversa. (...) Além disso, a marca atua como veículo de divulgação, formando nas pessoas hábito de consumir um determinado bem material, induzindo preferências através do estímulo ocasionado por uma denominação, palavra, emblema, figura, símbolo ou outro sinal distintivo. É efetivamente, o agente individualizador de um produto, de uma mercadoria ou de um serviço, proporcionando à clientela uma garantia de identificação do produto ou serviço de sua preferência (A Propriedade Industrial Os sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a partir da Lei n 9.279 - Editora Forense, 2000, p. 162). Nesses termos, o desenho gráfico apresentado pela Secretária de Cultura enquadra-se no conceito legal de marca, abarcado pela Lei 9.279/96. Cumpre, então, averiguar, no âmbito da Lei 9.279/96, se existe a possibilidade do Estado registrar a marca pretendida, designadora do Circuito Cultural Praça da Liberdade. Para qualificar os sinais registráveis como marca, o legislador procurou relacioná-los de maneira ampla, conferindo proteção a todos aqueles que a lei não proíba, desde que sejam visualmente perceptíveis. Com essa condicionante, o registro direto de sinais acessíveis apenas a outros sentidos humanos que não a visão são terminantemente proibidos por lei. Nesse sentido, confira-se o artigo 122 da Lei 9.279/96 ao tratar do registro da marca, dispõe que são suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. Noutros termos, a regra é a registrabilidade da marca, ou seja, qualquer marca pode ser registrada, desde que não haja proibição específica. Dessa forma, para a escorreita compreensão do que pode ser ou não registrado, impõe-se verificar quais são as marcas cujo registro é proibido por lei. Isso porque, reitere-se, as cujo registro não seja proibido, podem ser registradas e obter a proteção legal. As marcas que encontram óbice legal no seu registro estão detalhadas no art. 124 da Lei 9.279/96, e são as seguintes: Art. 124. Não são registráveis como marca: I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação; II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de

pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração; IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público; V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos; VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda; VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo; IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica; X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina; XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza; XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154; XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento; XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país; XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular; XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou serviço a distinguir; XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia;

XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva; XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico; XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia. A marca, portanto, que o Estado pretende registrar como designadora do Circuito Cultural Praça da Liberdade não esbarra, em princípio, em nenhuma das vedações legais, podendo, pois, ser registrada. Aliás, cabe observar, o órgão responsável pela expedição do registro da marca, possui o poder-dever de indeferir pedidos que representem desobediência às proibições mencionadas. questão. Em princípio, pois, não existe proibição ao registro da marca em Cumpre, agora, verificar o procedimento do registro, ou seja, como se promove o registro Só se admite o registro, se a marca se enquadrar em uma das três categorias previstas pela Lei 9.279/96 no art. 123, quais sejam: marca de produto ou serviço, marca de certificação e marca coletiva. A marca de produto ou serviço é designada como aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. A marca de certificação é aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas. Já a marca coletiva é utilizada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade. Para melhor compreensão deste novo instituto, criação da Lei 9.279/96, conveniente a distinção realizada por Lucas Rocha Furtado: A marca coletiva somente poderá ser registrada em nome de entidade representativa, - que poderá ser uma associação ou cooperativa -, a fim de que o consumidor saiba que aquele produto ou serviço é fornecido por um de seus membros. Desse modo, por exemplo, se os cafeicultores de determinada região, reunidos em associação, obtém o registro da marca coletiva cafeicultores paulistas reunidos, em seus

produtos poderá figurar a marca de produto ou serviço, para identificar que o produto foi fabricado por determinada empresa, e a marca coletiva, para que o consumidor saiba que a empresa fabricante daquela marca (de produto) pertence à associação (Sistema de Propriedade Industrial Brasileiro, Editora Brasília Jurídica, 1996, p. 110). A marca apresentada pelo Estado, portanto, é marca de produto ou serviço não podendo se enquadrar como marca coletiva. Quanto a sua apresentação e forma, a marca deverá ser classificada como figurativa, nominativa, mista ou tradicional. A marca nominal é aquela representada por inscrições convencionais no mundo ocidental, caracterizado por letras ou palavras combinadas, ou mesmo nomes fantasias. A marca figurativa é aquela apresentada sob a forma de desenho ou combinação de figuras, coloridas ou não, símbolos gráficos, emblemas ou letras de modo fantasioso. A marca mista é representada com a característica combinada das duas anteriores. Por fim, a marca tridimensional constitui-se pela forma particular não funcional e não habitual dada diretamente ao produto e seu recipiente. No caso, trata-se de marca mista, pois combina figura ou desenho gráfico, com letras. Da análise do símbolo desenvolvido para caracterizar o projeto Circuito Cultural Praça da Liberdade, conclui-se que se trata de uma marca de produto e serviço, cuja configuração é mista. Logo, passível de registro, junto aos órgãos de propriedade industrial, nos termos da Lei 9.279/96, por ser marcar registrável, ou marca passível de proteção, nos termos pretendidos pelo Estado de Minas Gerais. E não há nenhuma vedação ou restrição a que o registro de tal marca seja efetuado pelo Estado de Minas Gerais, o criador ou instituidor da marca. Com efeito, a Lei 9.279/96 estatui no art. 128 que podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou de direito privado. Noutros termos, ao dispor sobre as pessoas capazes de efetivar o registro de marca, a lei permitiu que figurassem como requerentes do registro quaisquer pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, sem distinção. Passa-se, agora, a detalhar, em termos teóricos, o específico procedimento de registro. PROCEDIMENTO DE REGISTRO Como a consulta foi formulada em termos genéricos, a respeito da possibilidade do registro e da maneira pela qual ele se efetiva, apresenta-se, aqui, relatório esquemático do procedimento administrativo para registro de marca no INPI, órgão encarregado pela lei de realizar o registro, cobrindo desde a fase

preliminar de depósito até a concessão do certificado de registro a ser expedido pela dita autarquia. a) depósito Em primeiro lugar, aconselha-se a realização de uma busca prévia da marca para saber se já existe alguma depositada ou registrada na atividade. O procedimento contudo não é obrigatório. O pedido de registro de marca é feito por meio de um formulário próprio, no qual deverão constar todas as informações relevantes sobre a marca e o requerente. Para se efetuar a busca ou o depósito, o titular deverá se encaminhar à sede do INPI ou a uma das Delegacias Regionais do órgão. Realizado o pedido de registro da marca (em localidades que não o da sede do INPI), o formulário é encaminhado para o Rio de Janeiro, onde será promovido o exame formal que verifica se todas as condições e exigências foram atendidas. Em caso positivo, o pedido de registro será protocolizado. Em caso negativo, terá o requerente 5 dias, a contar da data de sua ciência, para cumprir as exigências. Não respeitado o prazo, a data de depósito será desconsiderada para fins de prioridade. b) publicação do pedido Em seguida à publicação do pedido, abre-se prazo de 60 dias para interposição de oposição. Caso apresentada, será intimado o depositante para se manifestar no prazo de 60 dias. Findo o prazo estabelecido, será feito o exame, onde poderão ser formuladas novas exigências que deverão ser respondidas em 60 dias. Não respondidas, o pedido será arquivado definitivamente. c) exame O exame é precedido de busca de anterioridade. Concluído o exame, será proferida decisão deferindo ou indeferindo o pedido. d) decisão Tendo sido deferido o pedido, será expedido o certificado de registro. Terá o requerente prazo de 60 dias para pagamento de taxas de expedição e proteção do primeiro decênio. Contra o indeferimento, cabe recurso que deverá ser oposto em 60 dias. Como se observará adiante, eventual contestação ao certificado expedido poderá argüida tanto através da via administrativa, mediante instauração de processo de nulidade, quanto pelo ajuizamento de ação de nulidade, valendo-se da via judicial. O processo administrativo de nulidade (artigos 168 a 172 da lei 9279/96), poderá ser instaurado em até 180 dias da expedição do certificado, de ofício ou a requerimento de legítimo interessado. O prazo para contestação é de 60 dias. Posteriormente às contra-razoes, poderá ser requerida pela Autarquia a apresentação de novas exigências.a serem respondidas em 60 dias. Por fim, a

decisão será proferida pelo próprio Presidente do INPI, acatando ou não a nulidade. A ação judicial de nulidade encontra previsão nos artigos 173 a 176 da lei 9279/96, e poderá ser proposta por qualquer interessado, em até 5 anos da data da concessão do registro, sendo a Justiça Federal o foro competente em qualquer circunstância. PROTEÇÃO CONFERIDA PELO REGISTRO No que tange aos direitos sobre a marca, somente o registro validamente expedido pelo INPI assegura a proteção legal e o direito de impedir o uso por terceiro, tornando, assim, indispensável a formalidade do registro. É o que dispõe o art. 129 da Lei 9.279/96: A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, conforme as disposições desta lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo o território nacional, observado quanto às marcas coletivas e de certificação o disposto nos arts. 147 e 148 Além do direito de exclusividade, nos termos do artigo antecedente, o registro confere ao titular o direito de ceder, licenciar e zelar pela integridade da marca, legitimando a indenização por dano decorrente da violação e uso indevido por terceiro. Quanto à vigência do registro de marca, esse será estabelecido a partir da data da concessão do registro e terá validade pelo prazo de 10 anos, podendo ser mantido indefinidamente pelo seu titular enquanto for de seu interesse. Para isso, basta que promova a prorrogação a cada decênio, no prazo previsto e sejam observadas as disposições legais relativas às condições de uso da marca. Nesse tocante, imprescindível o cumprimento da condição expressa pelo art. 133, 1, da Lei 9.279/96: O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição. Se por ventura, for de interesse da coordenação do projeto usufruir as prerrogativas de proteção internacional, autorizadas pelo Acordo de Madri, no qual o Brasil é um dos membros signatários, deve-se primeiramente registrar a marca na repartição nacional do país e, em seguida, solicitar por intermédio dessa repartição, o registro internacional. CONCLUSÃO Em suma, possível o registro da marca apresentada como caracterizadora do Circuito Cultural Praça da Liberdade junto ao INPI, nos termos da Lei 9.279/96, a fim de obter a devida proteção da marca contra reprodução ou uso indevido, cujo procedimento de registro encontra-se sinteticamente detalhado nesta Nota Jurídica.

Belo Horizonte, 7 de julho de 2005 Érico Andrade Procurador do Estado OAB-MG 64.102/Masp 1050975-0