PERFIL E PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO SOBRE A EDUCAÇÃO SUPERIOR E TECNOLÓGICA



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Transcrição:

PERFIL E PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO SOBRE A EDUCAÇÃO SUPERIOR E TECNOLÓGICA Resumo Ivanete Bellucci Pires de Almeida 1 - Fatec Tatuapé Aldo Pontes 2 - Fatec Indaiatuba Grupo de Trabalho Educação e Direitos Humanos Agência Financiadora: não contou com financiamento O objetivo deste texto é apresentar os principais resultados de uma pesquisa de Iniciação Científica que investigou o perfil e as percepções dos estudantes do ensino médio em relação à Educação Superior Tecnológica. Na metodologia, optou-se pela pesquisa de levantamento (Survey), que contou estudantes do ensino médio de escolas públicas de Indaiatuba/SP, a análise foi quantitativa, estatística descritiva. Os resultados evidenciaram o interesse dos estudantes em fazer faculdade, porém que esses não se sentem preparados, sobretudo para as faculdades públicas. O interesse pelos cursos superiores de tecnologia justifica-se por esses estabelecerem uma articulação direta entre teoria e prática e estarem atentos às necessidades do mercado, permitindo assim arrumar um bom emprego. Muitos sujeitos identificaram-se como os primeiros de sua geração a terem interesse em fazer uma faculdade. Ainda no conjunto dos dados, vimos que perdura uma série de informações equivocadas sobre a Educação Superior e Superior Tecnológica, pressupostos preconceituosos geradores de perspectivas inadequadas. Palavras-chave: Percepções. Ensino superior. Educação tecnológica Introdução A Educação Superior brasileira atual constitui um sistema em franca expansão, um processo desencadeado, sobretudo, a partir da última década. Esta expansão implica diretamente no crescimento do número de Instituições de Ensino Superior (IES), de cursos oferecidos e na expansão do número de vagas ofertadas. 1 Doutor em Educação: Didática e teorias de ensino - USP. Professor pesquisador da Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba - SP (Fatec Id). E-mail: aldopontes@hotmail.com. 2 Doutora em Educação: Avaliação e currículo. Professora da Faculdade de Tecnologia de Tatuapé-SP (Fatec Victor Civita). E-mail: ivanete.bellucci@gmail.com. ISSN 2176-1396

29353 Trata-se de uma modalidade estratégica, responsável pelo desenvolvimento da nação, geradora da ciência, da tecnologia e da formação de qualidade. Partindo disso, as IES devem estar atentas às carências da sociedade, desde suas necessidades básicas e vitais, até o desenvolvimento de tecnologias de ponta que garantam o desenvolvimento sustentável do país, o que assegura a melhoria da qualidade de vida da população. Partindo desse suposto, apesar do expressivo aumento do número de vagas oferecidas observados nos últimos 40 anos, [...] de tal forma que de 1960 a 2002 as matrículas cresceram 37 vezes, esse aumento deu-se, principalmente, no setor privado, assim, enquanto as matrículas na rede pública aumentaram 20 vezes, na rede privada esse aumento foi de 59 vezes, o que representa que, até 2002, 44% das vagas ofertadas no ensino superior estavam no poder da rede privada. (PINTO, 2004, p. 729). Em busca da superação deste quadro, são louváveis as iniciativas do governo federal que nesta década avançou muito na expansão e interiorização das universidades federais, ampliando assim o acesso à rede pública de ensino superior, a criação de 18 novas universidades contribuiu decisivamente para a duplicação no número de matrículas na rede de universidades públicas federais. Somam-se a isso as políticas que viabilizaram os programas de ampliação do acesso à educação superior do governo federal, como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento ao Estudante (FIES). (SESU, 2014). Outro passo no sentido de contemplar as demandas por formação superior, foi a criação dos Cursos Superiores de Tecnologia que, apesar dos estigmas e ranços que carregam, têm representado uma alternativa de formação tanto para aqueles que buscam uma formação mais atenta às demandas de mercado, como para aqueles que almejam uma formação em nível superior para acessar outros degraus de formação e crescimento pessoal e profissional. Essa modalidade de ensino, surgida no Brasil ainda na década de 1960, em atenção aos artigos 18 e 23 da Lei 5.540/68, emergiu no cenário nacional com o objetivo de atender às novas demandas do mundo do trabalho, desencadeadas, sobretudo pelos avanços científicotecnológicos. Contexto social que [...] passou a exigir um profissional especializado em áreas mais específicas, capaz de resolver problemas práticos do cotidiano da produção, assumir cargos gerenciais e de supervisão e que pudesse orientar os outros empregados.. (TESSER; OLIVEIRA, 2010, p. 02). Apesar do número de vagas para o ensino superior vir crescendo no país, ainda muitos segmentos da população, historicamente excluídos do ensino superior, permanecem nessa

29354 condição. Conforme o que indica Andrade (2014, p. 02), [...] o percentual da população entre 18 e 24 anos nesse nível de ensino é ainda muito pequeno. [...] apenas 20% dos jovens nesta faixa etária tiveram acesso ao ensino superior. Mais adiante, alerta que [...] esse percentual está muito aquém das próprias metas do Brasil, pois o Plano Nacional de Educação (PNE) estabeleceu atingir o acesso de 50% da taxa bruta e 30% da taxa liquida dos jovens na faixa etária de 18 a 24 anos até 2012. Frente a esse quadro, este trabalho tem como objetivo apresentar alguns resultados de uma pesquisa de iniciação científica que investigou o perfil e as percepções dos estudantes do ensino médio em relação à Educação Superior e a Educação Superior Tecnológica, especialmente aquela oferecida pela Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba/SP. Procedimentos metodológicos O percurso metodológico contou com a pesquisa de levantamento (Survey) que, por meio da abordagem direta aos sujeitos, possibilita o aprimoramento de ideias ou a descoberta de percepções dos sujeitos, assim como de grupos em diversas perspectivas. (FREITAS et al, 2000). Além disso, situada no campo das pesquisas de caráter quantitativo, a pesquisa de Survey se materializa por meio da análise estatística no tratamento dos dados (GIL, 2002). Pesquisar a percepção implica na compreensão do conjunto de atos pelos quais a consciência apreende um dado objeto, utilizando as sensações como instrumento, considerando a condição provisória e incompleta desses. A pesquisa foi realizada por levantamento amostral, sendo a coleta executada por meio do questionamento direto ao público-alvo definido. O instrumento para a coleta utilizado foi o questionário estruturado, composto por questões abertas e fechadas. Assim, fundamentados por uma revisão da literatura sobre o tema, o questionário foi aplicado a 274 alunos de sete escolas públicas estaduais de Indaiatuba-SP, no 1º semestre de 2014. A partir disso, realizamos uma análise quantitativa, estatística descritiva dos dados coletados.

29355 Análise de dados Os resultados dessa investigação evidenciaram que os sujeitos tinham idades entre 16 e 18 anos, estavam igualmente distribuídos entre os sexos masculino e feminino, 54% tinham renda familiar que variava entre 1 e 3 salários mínimos. Conforme ilustrado nas Figuras 1 e 2. Figura 1: Idades dos estudantes. Figura 2: Renda familiar dos sujeitos. Dos sujeitos, 91% cursaram o ensino fundamental em escolas públicas, esfera em que também estavam cursando no momento o ensino médio regular, mais de 51% do grupo afirmou que trabalhava desde o ensino fundamental. Ao serem indagados sobre a profissão dos pais, de uma maneira geral, os sujeitos elencaram profissões que prescindem a necessidade de uma formação em nível superior para serem desempenhadas, assim, seus pais eram: Quadro 1: profissão dos pais. Quadro 2: profissão das mães. A maioria do grupo (93%) manifestou interesse em fazer um curso superior, porém também a maioria desses (76%) disse que não se sentia preparada para isso. Mesmo sem acesso a cursinhos pré-vestibulares (92%), (mecanismo responsável pela inserção dos

29356 estudantes do ensino médio nas melhores universidades do país), sobretudo por não disporem de condições financeiras para isso, 65% afirmaram seu interessem em estudar em instituições de ensino superior públicas. Como mostrado nas Figuras 3 e 4. Figura 3: Sobre o interesse em cursar uma faculdade. Figura 4: Esfera da faculdade de interesse. Quanto às expectativas daqueles que manifestaram interesse pela Educação Superior Tecnológica, arrumar um bom emprego foi o argumento de 70,5% dos estudantes ao pleitearem uma faculdade com cursos dessa modalidade; 77% assinalaram que tinham conhecimento da existência dos cursos superiores de tecnologia e 52% mostraram-se interessados em cursá-los, porém 32% desconheciam seu oferecimento na cidade onde residiam (Indaiatuba/SP) e apenas 53% conheciam alguém que fez um curso superior dessa natureza. Como apresentado na Figura 5. Figura 5: Expectativa em relação a fazer uma curso superior tecnológico. O fato de serem cursos atentos às necessidades específicas do mercado de trabalho e a articulação direta estabelecida por esses entre a teoria e a prática foram os principais motivos apresentados para justificar o interesse de 70,9% dos estudantes por esses cursos; 77% dos

29357 informantes disseram considerar os cursos de tecnologia melhores ou com a mesma qualidade dos cursos tradicionais; também a maioria dos sujeitos (78%) sabe que esses possibilitam fazer uma pós-graduação, e 74% reconhecem que os tecnólogos podem também fazer concursos públicos de nível superior. Conforme ilustrado nas Figuras 6 e 7. Figura 6: Se tinham interesse pelos cursos de tecnologia. Figura 7: Comparação? cursos de tecnologia e tradicionais. Verificamos ainda que 68% dos sujeitos identificaram-se como os primeiros de sua geração a ter interesse em fazer uma faculdade, o que evidenciou a ausência de referências quanto às possibilidades pessoais e profissionais que o acesso a essa modalidade de ensino oferece, como implicar diretamente na mobilidade social do sujeito, por exemplo. Condição ilustrada na Figura 8.

29358 Figura 8: O acesso ao ensino superior dos familiares dos sujeitos. Considerações finais Os resultados dessa pesquisa evidenciaram que os sujeitos eram provenientes das classes populares. Assim, já nos anos de escola fundamental e média, salvo algumas exceções, verifica-se a reafirmação de uma condição típica desse grupo, o predomínio da lógica das necessidades, em decorrência dessa condição, verificamos no relato dos sujeitos a recorrência do trabalho precoce. A carência de referências norteadoras foi outro fator observado, poucos são os estudantes que têm pais e/ou amigos que conseguiram concluir uma faculdade, tornando-os, muitas vezes, os primeiros de seu grupo familiar a cursar uma faculdade. Esse pioneirismo é mais árduo ainda quando levado em conta a carência de capital cultural. Observou-se ainda que também a condição socioeconômica dos sujeitos é outro fator limitador para o acesso a almejada universidade pública dos sujeitos, sem acesso a boas escolas (e cursinhos), esses também acabam excluídos das grandes universidades. Quanto à Educação Superior Tecnológica, os sujeitos mostraram-se bastante receptivos a essa modalidade, sobretudo por essa possibilitar o acesso a um bom emprego, por estar atenta às necessidades de mercado e, em seus cursos, promover a aproximação entre teoria e prática. Em última análise, a Educação Superior Tecnológica desponta como uma alternativa bastante razoável para o estreitamento entre os sujeitos da pesquisa (estudantes do ensino médio de escolas públicas) e o acesso ao ensino superior de qualidade. Um passo adiante para que o Brasil atinja suas metas na ampliação do acesso ao ensino superior.

29359 REFERÊNCIAS ANDRADE, Cibele Yhan de. Acesso e equidade no ensino superior no Brasil: a demanda e a oferta social Nome do autor. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 38., 2014, Caxambu, MG. Anais eletrônicos... Minas Gerais. Disponível em: < http://www.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=9061&i temid=456>. Acesso em: 22 mar. 2015. FREITAS, H. et al. O método de pesquisa survey. Revista de Administração, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 105-112, jul./set. 2000. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. PINTO, José Marcelino de Rezende. O acesso à educação superior no Brasil. Educação & Sociedade, Campinas, v. 25, n. 88, p. 727-756, Especial, Out. 2004. TESSER, Angela Rangel Ferreira; OLIVEIRA, Lia Maria Teixeira de. A profissão de tecnólogo: instrumento de Intervenção num mundo do trabalho em Transformação. In: SENEPT - SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA, 01-16, 2010, Anais eletrônicos... Disponível em: < http://www.senept.cefetmg.br/galerias/anais_2010/artigos/gt3/a_profissao_de_tecn OLOGO.pdf > Acesso em: 15 dez., 2014.