Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984

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Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 TÍTULO I DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. 1. CONCEITO. A execução penal é a fase do processo penal em que o estado faz valer a sua pretensão punitiva, ora convertida em pretensão executória. Aplicação em concurso: SEAP/ES. Agente Penitenciário. 2009 CESPE. O objetivo da execução penal é efetivar as disposições de decisão criminal condenatória, ainda que não definitiva, de forma a proporcionar condições para a integração social do condenado, do internado e do menor infrator. Ao menor infrator aplicam-se as normas do ECA. 2. NATUREZA JURÍDICA. Trata-se preponderantemente de processo jurisdicional, vinculado à atividade administrativa, que tem por fim a efetividade da pretensão punitiva estatal. Portanto, a execução da pena caracteriza- -se como atividade complexa, desenvolvida simultaneamente nos planos jurisdicional e administrativo. 3. AUTONOMIA. O Direito de Execução Penal (Exposição de Motivos da LEP, itens 9 a 12) é o ramo autônomo do Direito Público que se ocupa da efetivação da pena aplicada, orientando-se por princípios próprios, porém intimamente ligado ao Direito Penal e ao Direito Processual Penal. 4. PRESSUPOSTO. A existência de uma sentença penal condenatória transitada em julgado, impondo pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa, bem como sentença absolutória imprópria, que imponha medida de segurança. Admite-se, ainda, a execução provisória da pena privativa de liberdade em caráter excepcional, quando for medida benéfica ao condenado, mesmo que não tenha ocorrido o trânsito em julgado da sentença. Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. 17

Marcelo Uzeda de Faria 1. JURISDIÇÃO COMUM. Em regra, compete à Justiça comum estadual a execução, ressalvando-se os casos de pena cumprida em estabelecimento federal de segurança máxima, conforme será abordado em tópico posterior. 2. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL NA EXECUÇÃO. A aplicação do CPP na fase de execução é sempre subsidiária, quando não houver disposição expressa acerca da matéria na LEP. Havendo conflito, deve prevalecer a LEP, por ser norma especial e posterior. 18 Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. 1. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. Conforme entendimento dos Tribunais Superiores, viola o princípio da não-culpabilidade a execução da pena privativa de liberdade antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de prisão cautelar do réu, desde que presentes os requisitos autorizadores previstos no art. 312, do CPP. A execução provisória da pena sem a demonstração dos requisitos cautelares caracteriza constrangimento ilegal. (STF, HC 84078, Relator Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, DJe 25-02-2010; STJ, HC 203.984/SP, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 17/08/2011). Informativo do STF Informativo 754, 2ª Turma. Princípio da não-culpabilidade e execução da pena Ofende o princípio da não-culpabilidade a determinação de execução imediata de pena privativa de liberdade imposta, quando ainda pendente de julgamento recurso extraordinário admitido na origem. Com base nessa orientação, a 2ª Turma concedeu habeas corpus para anular acórdão do STJ no ponto em que, em sede de recurso especial, determinara a baixa dos autos para a imediata execução de sentença condenatória prolatada na origem em desfavor do ora paciente. Na espécie, a Corte de origem (TRF) admitira recurso extraordinário unicamente no que diz com a suposta ofensa ao art. 93, IX, da CF. Ocorre que, com a superveniência da decisão proferida pelo STF nos autos do AI 791.292 QO-RG/PE (DJe de 13.8.2010), firmara-se o entendimento de que o art. 93, IX, da CF exige que o acórdão ou a decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. O juízo de 1º grau, então, com base nessa

Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 decisão do STF, julgara prejudicado o recurso extraordinário interposto, e dera cumprimento à ordem de execução imediata de pena procedida pelo STJ. A Turma entendeu que a decisão proferida pelo juiz de origem, que julgara prejudicado recurso extraordinário já admitido pelo TRF, revestir-se-ia de flagrante nulidade, uma vez que teria usurpado a competência do STF. Consignou que, com o juízo positivo de admissibilidade do recurso extraordinário, que teria sido concretizado na decisão proferida pela Corte regional, instaurara-se a jurisdição do STF, de modo que não competiria ao juízo de 1º grau a análise da prejudicialidade do recurso. HC 122592/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.8.2014. Assim, para o réu preso cautelarmente, admite-se a expedição de carta de execução provisória de sentença (guia de recolhimento), de forma a permitir que, mesmo sem o trânsito em julgado, possa usufruir dos benefícios da execução, sobretudo a progressão de regime. Súmulas do STF Súmula 716: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Súmula 717: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial. Aplicação em concurso: TRF 3ª REGIÃO. Juiz Federal Substituto. 2011 CESPE. Não se admite, em nenhuma hipótese, a progressão do regime de cumprimento de pena antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Súmula 716, STF. SEAP/PR. Agente Penitenciário Feminino. 2007 COPS. A Lei 7.210, de 11 de julho de 1984, aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. A afirmativa está correta. 2. EXECUÇÃO DAS PENAS APLICADAS PELA JUSTIÇAS ESPECIALIZADAS. As execuções das sentenças proferidas nas justiças especializadas competem à Justiça estadual quando os presos estiverem recolhidos em estabelecimentos penais estaduais, submetendo-se ao regramento da LEP. Assim, por exemplo, um militar condenado pela justiça militar à pena superior a 2 (dois) anos, que tenha sido excluído (praça) ou perdido o posto e a patente 19

Marcelo Uzeda de Faria (oficial), será recolhido a estabelecimento penal comum e executado à luz da LEP (art. 61, do Código Penal Militar). Súmulas do STJ Súmula 192: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual. Informativos do STF INFORMATIVO Nº 621. Prisão em unidade militar e progressão de regime 2 Em conclusão, a 2ª Turma deferiu, em parte, habeas corpus para assegurar a militar progressão de regime para o semi-aberto, em igualdade de condições com os civis. Na espécie, o paciente fora condenado, sem decair da patente, e recolhido em estabelecimento prisional castrense v. Informativo 617. Observou-se a boa conduta do paciente e o cumprimento de 1/6 da pena. Aduziu-se que o princípio ou a garantia da individualização da pena seria um direito fundamental, uma situação jurídica subjetiva do indivíduo, militar ou civil e que, ante a omissão ou falta de previsão da lei castrense, seriam aplicáveis a LEP e o CP, que conjugadamente dispõem à saciedade sobre o regime de progressão de pena. HC 104174/RJ, rel. Min. Ayres Britto, 29.3.2011. Informativos do STJ INFORMATIVO nº 0487. Quinta Turma. PROGRESSÃO. REGIME. CUM- PRIMENTO.PENA. ESTABELECIMENTO MILITAR. A Turma concedeu a ordem para determinar o restabelecimento da decisão de primeiro grau que deferiu a progressão de regime prisional ao paciente condenado pelo crime previsto no art. 310, caput, do Código Penal Militar (CPM) e recolhido em estabelecimento militar. O Min. Relator, acompanhando o entendimento do STF no julgamento do HC 104.174-RJ (DJe 18/5/2011), acolheu a aplicação subsidiária da Lei de Execuções Penais (LEP) nos processos de execução referentes a militares em cumprimento de pena nos presídios militares diante da lacuna da lei castrense quanto à citada matéria. Observou, ainda, que o cumprimento da pena privativa de liberdade no regime integralmente fechado em estabelecimento militar contraria não só o texto constitucional, mas também todos os postulados infraconstitucionais atrelados ao princípio da individualização da pena, caracterizando, assim, evidente constrangimento ilegal suportado pelo paciente a ser sanado no writ. HC 215.765-RS, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 8/11/2011. INFORMATIVO nº 0138. Terceira Seção. COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO PE- NAL. SÚM. N. 192-STJ. Trata-se de conflito positivo de competência entre 20

Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 Justiça Federal e Justiça estadual nos autos de execução penal provisória referente a réu condenado pelo juízo federal, mas que cumpre a pena em estabelecimento estadual. O cerne da questão é saber a qual dos juízes compete decidir sobre os incidentes da execução. Prosseguindo o julgamento, após o voto de desempate do Min. José Arnaldo da Fonseca, a Seção, por maioria, decidiu aplicar a súm. n. 192-STJ, declarando competente para apreciar e julgar os incidentes da execução o juízo estadual. CC 34.352-SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 12/6/2002. Aplicação em concurso: DEPEN. Agente Penitenciário Federal. 2009 FUNRIO. Com relação a competência do juízo, para a execução penal das penas impostas pela Justiça Federal é correto afirmar: Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração federal. A competência do juízo de execuções penais, em matéria relativa a sentenças criminais proferidas pela Justiça Federal, depende da instalação da Vara de- Execuções Criminais Federais, independentemente do local de recolhimento do sentenciado. A competência para apreciar pedidos incidentais na execução penal, estando o detento a cumprir pena em estabelecimento estadual, é da Justiça Federal. Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual. A afirmativa está correta. Súmula 192, STJ. Compete a justiça federal a execução de suas penas impostas, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual. Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. 21

Marcelo Uzeda de Faria 1. DIREITOS DOS EXECUTANDOS. Alguns direitos são atingidos com a execução da pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Os demais direitos são preservados. Aplicação em concurso: SEAP/ES. Agente Penitenciário. 2007 CESPE. Na Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, publicada pela ONU, dispõe-se que as punições não podem ser constituídas por tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. A afirmativa está correta. A CF, ao proclamar o respeito à integridade física e moral dos presos, consagra conservação de todos os direitos fundamentais reconhecidos à pessoa livre, com exceção, obviamente, dos incompatíveis com a condição peculiar de preso. A afirmativa está correta. 2. DIREITOS POLÍTICOS. Com o trânsito em julgado da sentença condenatória, os direitos políticos são suspensos, nos termos do artigo 15, III, da Constituição da República, não podendo o condenado votar nem ser votado, mesmo que não esteja em regime fechado. Todavia, não há que se falar em suspensão dos direitos políticos do preso provisoriamente. Por essa razão, o TSE determinou a criação de seções eleitorais especiais em estabelecimentos penais e em unidades de internação de adolescentes, a fim de que os presos provisórios e os adolescentes internados tenham assegurado o direito de voto, sendo a matéria regulamentada na Instrução nº 29667, Resolução nº 23219, de 02/03/2010. 22 Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança. 1. COOPERAÇÃO DA COMUNIDADE. A Lei de Execução Penal adota como critério de interpretação das suas disposições a prevalência de mecanismos de reinclusão social na análise dos direitos e deveres dos sentenciados, tendo em vista o fim socialmente regenerador do cumprimento da pena. Assim, busca-se, sempre que possível, a redução das distâncias entre a população intramuros (carcerária) e a comunidade extramuros. Nessa linha, o texto legal dispõe que o Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança, fazendo também do Conselho da Comunidade um órgão da execução penal (art.

Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 61). Esse paradigma de interpretação da lei aproxima-a da Constituição da República, que tem na cidadania e na dignidade da pessoa humana dois de seus fundamentos e estabelece por objetivos fundamentais erradicar a marginalização e construir uma sociedade livre, justa e solidária. TÍTULO II DO CONDENADO E DO INTERNADO CAPÍTULO I Da Classificação Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. 1. CLASSIFICAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO. A LEP determina que os condenados devem ser distribuídos em classes, de acordo com determinados critérios, a fim de que as penas sejam cumpridas atendendo ao preceito constitucional de individualização da pena (art. 5º, XLVI, CR). Portanto, não se devem inserir no mesmo contexto condenados diferenciados, como por exemplo, reincidentes e primários. 2. ANTECEDENTES E PERSONALIDADE. Para orientar a classificação, procede-se à análise da folha de antecedentes criminais, bem como ao estudo da personalidade do apenado, levando-se em consideração sua conformação física, seu temperamento e seu caráter, dentre outros aspectos. Aplicação em concurso: SEAP/ES. Agente Penitenciário. 2007 CESPE. As normas relativas à classificação dos condenados e dos internados constituem corolário do princípio constitucional da individualização da pena, de modo que a cada sentenciado corresponda o tratamento penitenciário adequado. A afirmativa está correta. Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 1. EXAME DE CLASSIFICAÇÃO E PROGRAMA INDIVIDUALIZADOR. A Comissão Técnica de Classificação, com base no exame de classificação, deve elaborar um programa que orientará o cumprimento da pena. Note-se 23

Marcelo Uzeda de Faria que, com a mudança promovida pela lei 10792/2003, a referida comissão não acompanha mais a execução, não lhe cabendo mais propor à autoridade judicial as progressões e regressões de regime e as conversões. Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. 1. COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO. Quanto às penas privativas de liberdade, a LEP determina a existência da Comissão no estabelecimento penal, indicando sua composição mínima, que inclui profissionais de várias áreas habilitados a uma correta observação do preso. Nos demais casos (penas restritivas de direitos ou multa), a comissão dará apoio ao juízo da execução, funcionando junto a esse. 24 Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto. 1. EXAME CRIMINOLÓGICO. A LEP, nos mesmos termos do artigo 34, do Código Penal, exige a realização do exame criminológico para o início do cumprimento da pena em regime fechado. Diferentemente do exame de classificação, que é mais específico, o exame criminológico é mais amplo, abrangendo os aspectos psicológico e psiquiátrico do condenado, com a análise de sua maturidade, disciplina, capacidade de lidar com frustrações, laços afetivos com a família e com terceiros, agressividade e outros dados, de forma a delimitar um prognóstico de periculosidade, ou seja, sua tendência a retornar à delinquência. Aplicação em concurso: MP/GO. Promotor de Justiça. 2010 MP/GO (ADAPTADA). O exame criminológico, consoante o regramento previsto na Lei de Execução Penal, não é obrigatório para os condenados a pena privativa de liberdade

Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 no regime fechado; no entanto, caso seja realizado, será levado a efeito pela Comissão Técnica de Classificação. 2. EXAME CRIMINOLÓGICO E REGIME SEMIABERTO. À luz da LEP, é facultativa a realização do exame criminológico para o início de cumprimento de pena em regime semiaberto. A norma prevista no artigo 35 do Código Penal, deve ser lida como uma medida benéfica ao sentenciado primando-se pela individualização da pena. Súmulas do STJ Súmula 439: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Aplicação em concurso: SEAP/CE. Agente Penitenciário. 2011 UECE. O exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução é obrigatório para: Os condenados somente às penas privativas de liberdade em regime fechado. A afirmativa está correta. Os condenados somente às penas privativas de liberdade em regime semiaberto. Os condenados às penas privativas de liberdade em regime fechado e para os condenados às penas privativas de liberdade em regime semi-aberto. Os condenados às penas privativas de liberdade em regime aberto ou à pena restritiva de direitos. Os condenados somente à pena restritiva de direitos. SEAP/ES. Agente Penitenciário. 2009 CESPE. O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade e restritiva de direitos deve ser submetido a exame criminológico a fim de que sejam obtidos os elementos necessários à adequada classificação e individualização da execução. 25

Marcelo Uzeda de Faria 26 Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá: I entrevistar pessoas; II requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado; III realizar outras diligências e exames necessários. Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. 1. DILIGÊNCIAS. O dispositivo apresenta um rol exemplificativo de diligências a serem desenvolvidas pela equipe multidisciplinar, visando à obtenção de elementos conclusivos acerca da personalidade do apenado. Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 1. IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO (DNA). A novidade inserida pela lei 12654/2012 impõe que os condenados por crimes dolosos praticados com violência de natureza grave contra pessoa ou por crimes hediondos e equiparados sejam submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA.