INFORMATIVO Dispensa de IR sobre as contribuições do participante de 01/01/89 a 31/12/95 Este informativo tem o propósito de orientar as associadas sobre as principais questões atinentes aos procedimentos a serem seguidos para cumprimento da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 que dispõe sobre o tratamento tributário relativo à apuração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) aplicável aos valores pagos ou creditados por entidade de previdência complementar a título de complementação de aposentadoria, resgate e rateio de patrimônio, correspondente às contribuições efetuadas, exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995. As considerações expostas nesse Informativo estão baseadas na própria norma (Instrução Normativa RFB nº 1.343/13), no Ofício nº 138/2013-RFB/Suara/Codac, emitido pelo órfão fazendário com a finalidade de trazer esclarecimentos adicionais ao dispositivo legal, bem como nos entendimentos mantidos pela ABRAPP junto às autoridades fiscais. 1. A Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 1.1 Objetivo A Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 foi publicada no dia 08/04/13 e tem por objetivo disciplinar a não tributação da parcela de recursos correspondentes às contribuições efetuadas pelos participantes no período compreendido entre 01/01/1989 a 31/12/1995. Isto porque, durante este período vigorava a Lei nº 7.713/88, que submetia ao imposto de renda os valores destinados a contribuições aos planos de previdência complementar, restando para o momento do benefício ou resgate, a tributação apenas do rendimento gerado ao longo do período de acumulação. O assunto vem sendo debatido no âmbito do Poder Judiciário há muitos anos, tendo prevalecido o entendimento de que a cobrança do imposto de renda no pagamento de benefícios e resgates a partir de 1996 corresponde a um bis in idem ou bitributação. 1.2 Vigência O art. 9ª da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 prevê vigência imediata das suas disposições. Não obstante, considerando a complexidade das obrigações estabelecidas para as entidades de previdência complementar, têm-se entendido como razoável que os ajustes sejam implementados na rotina fiscal das entidades no segundo semestre de 2013. Apesar de a norma não fixar multa por descumprimento do período de vigência indicado, a não aplicação das disposições nela previstas até meados do segundo semestre de 2013 poderá inviabilizar a restituição ou compensação do imposto de renda retido a maior de contribuintes que iniciaram o benefício em 2008. 1
1.3 Aplicação O disposto na Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 aplica-se indistintamente a todos os participantes que possuam contribuições arcadas por si no período de 01/01/1989 a 31/12/1995, em planos de previdência complementar, qualquer que seja a modalidade de plano (BD, CD ou CV) ou regime de tributação escolhido (regressivo ou progressivo), desde que tenham percebido a primeira parcela de benefício, resgate ou rateio de patrimônio a partir de 01/01/2008. 2. Participantes que receberam a primeira parcela de benefício até 31/12/2007 A Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 dirige-se apenas aos participantes que tenham recebido a primeira parcela de benefício, resgate ou rateio de patrimônio a partir de 01/01/2008. O entendimento das autoridades fiscais é o de que houve decadência do direito à não tributação sobre a parcela das contribuições de 1989 a 1995 para os participantes que iniciaram benefício, resgate ou rateio de patrimônio anteriormente a esta data entendimento este válido para os pedidos administrativos de restituição, já que não há qualquer restrição ao exercício do direito dos participantes em discutir o assunto na esfera judicial. 3. Participantes que receberam a primeira parcela de benefício entre 01/01/2008 e 31/12/2012 Os participantes que receberam a primeira parcela de 31/12/2012 poderão pleitear a devolução do imposto de renda retido na fonte sobre essas parcelas, diretamente junto à Receita Federal do Brasil, com a adoção dos procedimentos indicados no art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13. Às entidades de previdência complementar, para estes casos, cabe apenas a entrega do demonstrativo com a informação sobre o valor das contribuições que o participante tenha feito relativas ao período de 01/01/1989 a 31/12/1995 devidamente atualizado até a data de início de pagamento do benefício de complementação de aposentadoria, resgate ou rateio de patrimônio. 3.1. Demonstrativo a ser fornecido ao participante Para os participantes que receberam a primeira parcela de 31/12/2012, a Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 estabelece a obrigatoriedade de a entidade de previdência complementar informar o valor das contribuições que ele tenha efetuado relativas ao período de 01/01/1989 a 31/12/1995 devidamente atualizado até a data de início de pagamento do benefício de complementação de aposentadoria, resgate ou rateio de patrimônio. A orientação das autoridades fiscais é no sentido de que o referido demonstrativo seja entregue somente àqueles participantes que fizerem a solicitação por terem optado por pleitear a restituição na via administrativa. A Receita Federal não disponibiliza modelo de demonstrativo a ser adotado pelas entidades de previdência complementar, mas orienta que este contenha as contribuições realizadas exclusivamente pelo participante no período em questão (01/01/1989 a 1995), atualizadas segundo os índices do art. 5º 2
da norma até o dia 31 de dezembro do ano do efetivo início de recebimento da complementação de aposentadoria, resgate ou rateio de patrimônio. Sugere-se ainda que, a fim de facilitar o preenchimento da versão retificadora da declaração de ajuste anual do imposto de renda pelo participante, a entidade destaque no demonstrativo o total anual do benefício de complementação de aposentadoria paga ao beneficiário no ano em que este iniciou o gozo do benefício (e nos anos seguintes, caso a parcela atualizada referente ao período de 1989 a 1995 seja superior ao valor do benefício, resgate ou rateio de patrimônio pagos no primeiro ano de percepção do provento, até que seja alcançado o ano-calendário em que haja o seu exaurimento), especialmente nos casos em que a entidade, por possuir convênio com o INSS, também é fonte pagadora do benefício assegurado pela previdência do regime geral da previdência social. É necessário que o demonstrativo contenha o timbre, endereço e telefone da entidade de previdência complementar e seja assinado por pessoa responsável segundo a organização institucional da entidade. Recomenda-se também que a entidade informe, no referido demonstrativo, a eventual existência de ação judicial do participante na qual haja medida suspensiva total ou parcial, com ou sem depósito judicial, de que a entidade de previdência complementar tenha tomado conhecimento formalmente por recebimento de ofício do juízo competente. A data de emissão do demonstrativo deverá resguardar os direitos da entidade contra eventuais situações de concomitância de pedidos administrativos e judiciais de restituição por participante, cujas ações judiciais ou ofícios sejam supervenientes e dos quais a entidade tome ciência após a entrega do documento ao participante. Os índices de atualização a serem adotados pelas entidades de previdência complementar na elaboração do demonstrativo para atendimento ao art. 3º, 1º, da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13, estão previstos no art. 5º da referida norma e expressos percentualmente no anexo ao Ofício nº 138/2013- RFB/Suara/Codac. 3.2. Participante com ação judicial Os participantes que receberam a primeira parcela de 31/12/2012 com a retenção do imposto sobre a renda na fonte e que tenham ação judicial em curso na qual se discuta a incidência do imposto sobre a parcela relativa às suas contribuições do período de 1989 a 1995, poderão optar por pleitear a devolução administrativa do imposto retido, desde que previamente desistam expressamente e de forma irrevogável da ação judicial proposta, renunciando a quaisquer alegações de direito sobre as quais se funda a referida ação judicial. Caso a entidade de previdência complementar tenha sido oficiada para cumprimento de decisão suspensiva ou realização de depósito judicial nas demandas em comento, recomenda-se que seja a ela (entidade) apresentada uma cópia da petição protocolada com o pedido de desistência anteriormente mencionado, para que então seja fornecido o competente demonstrativo descrito no item anterior, a fim de evitar concomitância de pedidos de restituição na via judicial e 3
administrativa (com base no demonstrativo fornecido pela entidade). 4. Participantes que receberam a primeira parcela de benefício após 31/12/2012 As entidades de previdência complementar deverão excluir da tributação, quando da apuração da base tributável pelo imposto de renda na fonte sobre benefícios, resgates ou rateios de patrimônio, a parcela relativa às contribuições do participante aportadas entre 01/01/1989 e 31/12/1995. A exclusão deve ser efetuada desde o pagamento da primeira parcela de benefício (inclusive abono anual), resgate ou rateio, mês a mês, até o completo exaurimento do montante representativo deste período, atualizado mensalmente segundo os índices do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13. A atualização pelos índices monetários indicados na norma deve ser mantida mensalmente sobre o saldo da parcela não tributável em questão, até o seu exaurimento. 4.1. Isenções A Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 trata da exclusão de determinados rendimentos da tributação do imposto de renda (porque já foram submetidos ao imposto de renda sob a vigência da Lei nº 7.713/88) e não propriamente de uma isenção ou favor fiscal. Por esta razão, as isenções previstas em lei devem ser preservadas de modo que possam ser aplicadas independentemente do disposto na nova IN. A parcela excluída de tributação nos termos da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 (que corresponde às contribuições realizadas pelos participantes nos planos de benefícios entre 01/01/1989 e 31/12/1995) deve ser abatida sobre a base de cálculo do imposto de renda, ou seja, sobre o rendimento tributável em si. Assim sendo, a aplicação do referido abatimento deve acontecer após subtração da parcela isenta de imposto nos termos das leis em vigor, a saber: a) Participantes com 65 anos ou mais Sobre o valor do benefício mensal de complementação de aposentadoria a ser pago, a entidade de previdência complementar deverá subtrair a parcela isenta de tributação que varia segundo a correção da tabela progressiva do imposto de renda mensal, mas que para 2013 é de R$ 1.710,78 e sobre a diferença, se houver, aplicar a exclusão prevista na Instrução Normativa RFB nº 1.343/13, mês a mês, até o seu exaurimento. b) Portadores de Moléstia Grave Como a isenção prevista para os portadores de moléstia grave não é limitada a determinado valor, a aplicação da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 fica sobrestada até que o participante deixe de fazer jus à isenção por doença grave. 4.2. Deduções permitidas pela legislação Diferentemente das isenções, as deduções previstas na lei (contribuição previdenciária, dependentes, pensão alimentícia e outras) somente podem ser descontadas da base tributável sujeita à tributação. 4
Considerando que a Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 estabelece a exclusão da parcela relativa às contribuições do participante aportadas entre 01/01/1989 e 31/12/1995 desde o pagamento da primeira parcela de benefício (inclusive abono anual), resgate ou rateio, mês a mês, até o completo exaurimento do montante representativo deste período (atualizado mensalmente), as deduções legais devem ser abatidas apenas quando restar rendimento tributável a ser pago com a incidência do imposto de renda. 4.3. Participante com ação judicial Nos casos em que sobrevenha ofício para que a entidade de previdência complementar passe a depositar em juízo ou suspender a retenção e recolhimento do imposto de renda sobre a parcela relativa às contribuições do participante aportadas entre 01/01/1989 e 31/12/1995, mesmo tendo esta (entidade) tenha adotado os procedimentos do art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 por se tratar de participante com início de benefício, resgate ou rateio de patrimônio posterior a 31/12/2012, sugere-se o cumprimento da ordem judicial e a comunicação imediata ao juízo sobre a exclusão prévia da parcela em questão sobre os pagamentos realizados anteriormente ao ofício judicial recebido, a fim de evitar eventuais questionamentos das autoridades fiscais sobre ter o participante se beneficiado duplamente da reparação do indébito tributário. 5. Situações especiais 5.1 Pensionista O art. 8º da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 limita a sua aplicação aos pensionistas. Segundo o entendimento das autoridades fiscais, somente faz jus à não tributação da parcela relativa às contribuições do período de 1989 a 1995 as próprias pessoas físicas que as aportaram. 5.2 Residentes no exterior Aplicam-se aos participantes residentes no exterior as disposições da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13. 5.3 Resultados superavitários Aplicam-se as disposições da Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 aos pagamentos de benefícios extraordinários de caráter temporário decorrentes da distribuição de superávit no âmbito dos planos de previdência complementar. 5.4 Portabilidade A disciplina legal dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.343/13 aplica-se igualmente aos casos de portabilidade de reservas entre planos de previdência complementar, sobre a parcela representada pelas contribuições do participante realizadas no período de 1989 a 1995. 5