Atualmente é Técnico em Eletrônica na Fundação Ezequiel Dias FUNED, atuando na área de Telecomunicações.



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Transcrição:

Rádio Comunitária I: Desenvolvimento de Projeto de Implantação Este tutorial tem como principal objetivo mostrar toda trajetória para implantar uma rádio comunitária. Foram desenvolvidos todos os cálculos concernentes ao projeto de implantação de uma emissora do serviço de RADCOM em acordo com a Lei 9612 de 1998 e com a Norma complementar N 1 de 2004. No desenvolvimento do trabalho são apresentados os passos para a implantação de uma emissora comunitária no bairro Providência, sob o nome fantasia de POP FM 87,9 MHz. O estudo compreende o estudo de viabilidade técnica, considerando um desnível máximo do terreno de 30 metros dentro do raio de cobertura da emissora, a escolha do melhor transmissor e da linha de transmissão de R.F. que ofereça menor perda considerando suas características técnicas de comprimento e diâmetro, e, finalizando, a definição do sistema irradiante a ser utilizado. O trabalho foi desenvolvido sob o ponto de vista da Lei Nº 9.612 de 1998, obedecendo a todos seus itens, bem como as observações da norma complementar, do serviço de rádio comunitária Nº 1 de 2004, que regulamenta as características técnicas para implantação da emissora. Para exemplificar a importância deste tipo de emissora, em 1997 uma reportagem da Gazeta Mercantil sobre rádios comunitárias ilustrava o caráter das rádios comunitárias: "Uma emissora comunitária tem como característica principal o fato de operar em via de duas mãos: ela não apenas fala como ouve, principalmente, assegurando assim à comunidade o direito de se fazer ouvir, em seus reclamos e em suas manifestações culturais e artísticas de natureza local". Os tutoriais foram preparados a partir do trabalho de conclusão de curso Desenvolvimento de um Projeto para Implantação de uma Rádio Comunitária, elaborado pelo autor, e apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de graduação em Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Foi orientadora do trabalho a Profª. Rose Mary de Souza Batalha. Este tutorial parte I apresenta inicialmente as características básicas das Rádios Comunitárias e os aspectos regulatórios do serviço. A seguir apresenta os aspectos técnicos das tecnologias relacionadas com a sua implementação e faz uma breve incursão no futuro das emissoras de rádio a partir da sua implementação digital. Alexandre Vitor da Silva Engenheiro Eletricista pela Pontifícia Universidade Católica (Minas Gerais, 2008), com Pós-graduação em Sistemas de Telecomunicações pela Pontifícia Universidade Católica (Minas Gerais). Atualmente é Técnico em Eletrônica na Fundação Ezequiel Dias FUNED, atuando na área de Telecomunicações. 1

Email: vittor21@ig.com.br Categoria: TV e Rádio Nível: Introdutório Enfoque: Técnico Duração: 15 minutos Publicado em: 19/11/2012 2

Rádio Comunitária I: Introdução Comparando o Brasil aos outros países, vimos que estávamos atrasados com relação às leis que definiam as regras das telecomunicações. Com a criação da ANATEL, houve uma modernização em tais leis, o que possibilitou a implantação da Lei Geral de Telecomunicação (L.G.T.). Posteriormente criou-se a lei que regulamenta o serviço de rádio comunitária no Brasil, com a aprovação da lei 9612 de 1998 [1]. Surge então a oportunidade de termos no Brasil, emissoras de rádio de pequeno porte, definidas como Rádio Comunitária (RadCom), oportunidade essa devido às dificuldades que anteriormente haviam para se conseguir uma concessão de uma emissora em FM, por ser um investimento de alto valor que dependia da aprovação do Congresso Nacional e liberação de canal na cidade proposta. As concessões deste tipo de emissora são destinadas para fundações ou associações comunitárias. A partir de então começou uma corrida para se ter uma concessão deste tipo de serviço. Com a outorga da lei, inicia-se este trabalho que visa implantar a rádio comunitária de nome fantasia POP FM 87,9 MHz, localizada no Estado de Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte, no bairro Providência, com concessão destinada ao Conselho Comunitário do Bairro Providência (COMPROV). Este trabalho visa desenvolver um projeto de implantação de uma emissora de rádio comunitária no centro social do bairro Providência, amparada na lei 9612/98, que funcionará com potência efetiva irradiada definida por lei, cobrindo um limite máximo de contorno protegido para a rádio de 1 km, a contar da torre de transmissão. Será apresentada neste trabalho de conclusão de Curso, toda trajetória para se implantar uma rádio comunitária, desde estudos de topografia do terreno até os cálculos de limites de contorno de serviço protegido com base na lei 9612/98 que regulamenta o serviço de Rádio Comunitária no Brasil. Depois de feitos todos os cálculos de viabilidade técnica para Implantação da emissora, e conseguindo chegar a valores estipulados pela Norma, será encaminhado ao Ministério das Comunicações pedido de outorga para um Canal em Frequência Modulada para execução do serviço. A Rádio Comunitária surge da necessidade de nos comunicarmos uns com os outros; a rádio comunitária permite uma forma de comunicação eficaz, dentro do raio de cobertura da mesma; levando cidadania, educação e cultura para todos que poderão sintonizar uma emissora democrática e de comunicação simples, permitindo o entendimento de seu conteúdo jornalístico até para as pessoas mais humildes. Atualmente uma pequena parte da população detém grande parte dos meios de comunicação em nosso país; essas pessoas normalmente são políticos, pois possuem além de condições financeiras favoráveis, facilidades em conseguir concessões de uso público. Com a lei 9612/98 surge uma oportunidade para que a população mais carente possa usufruir de um meio de comunicação mais próximo da realidade de onde vive. A dificuldade a partir deste momento ficaria por conta de se criar uma associação comunitária que inicialmente defenderia o direito de exploração do meio de comunicação aqui exposto. Desta forma atenderia um requisito na lei que impõe que somente associações comunitárias de bairros ou fundações podem concorrer a concessões de rádio comunitária. Nosso objetivo maior é conseguir uma concessão para exploração de tal serviço, levando uma forma de entretenimento para as pessoas do Bairro Providência e adjacências, sob o nome fantasia de POP FM, operando na frequência de 87,9 MHz, canal este destinado a execução do serviço de Radio difusão Comunitário na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A questão de ser ter uma rádio comunitária localizada próxima aos seus ouvintes traz como consequência uma união e um interligamento entre a rádio e seu público alvo, uma vez que toda programação da mesma é voltada para a comunidade onde está inserida a emissora. Todo trabalho desenvolvido na emissora será 3

executado por pessoas da própria comunidade de forma voluntária, e assim sendo, teremos pessoas que realmente se importam com este projeto. A rádio ficará instalada no centro social do COMPROV, que vem sendo construído para abrigar não somente a emissora como também outros serviços destinados à comunidade, tais como: posto médico, consultório odontológico, creche, consultório psicológico, dentre outros; visando o beneficio exclusivamente para toda a população as margens do centro comunitário. Importância da Rádio Comunitária A rádio comunitária é de suma importância não só para a localidade onde será instalada como para toda a população em geral, pois marca uma revolução nos meios de comunicação. Atualmente os meios de comunicação, um poder tão importante no mundo atual, e de detenção de poucos, pois requer interesses públicos para se conseguir uma concessão de uma emissora seja de rádio ou de televisão, não obstante necessita de um grande recurso financeiro para se projetar e construir uma emissora de rádio comercial. Os equipamentos utilizados por estas emissoras são em geral caros e importados. Para se ter uma base, emissoras atualmente em funcionamento em Frequência Modulada (FM), são vendidas por valores em torno de 2 a 4 milhões de reais. Estes valores variam dependendo da infraestrutura da emissora e localização da mesma [13]. A rádio comunitária levará cultura, entretenimento, diversão, lazer e conscientização a região coberta pelo sinal da emissora, lugares esses que normalmente são vilas e favelas de um modo geral. Não que uma rádio comunitária somente possa a vir ser instalada em comunidades mais humildes, mas o objetivo principal é a construção da cidadania de um povo, através de um meio de comunicação que não seja manipulado por interesses destrutivos como acontece nos meios de comunicação atuais [13]. Uma rádio feita pelo povo para o povo, com uma linguagem simples e humilde, de fácil entendimento de qualquer um, lidando com os problemas locais da região onde instalada. Estrutura do Trabalho O desenvolvimento deste trabalho transcorrerá de forma linear. Após a definição das coordenadas geográficas do local de instalação da emissora, podemos fazer o levantamento de estudo do terreno com a intenção de não achar desnível superior a 30 metros; na sequência, calcularemos a viabilidade técnica para a rádio, relacionando o tipo de transmissor a ser utilizado; calcularemos também os equipamentos que compõem o sistema irradiante, antena transmissora, torre de sustentação, cabo coaxial dentre outros. Após termos definido os equipamentos que compõem o sistema irradiante; sendo composto de transmissor, cabo coaxial, antena e torre de sustentação, passaremos para o levantamento de custos dos mesmos, com a intenção de conseguirmos o melhor equipamento por um baixo custo, junto às empresas de Santa Rita do Sapucaí, no vale da eletrônica, em Minas Gerais. Tutoriais Este tutorial parte I apresenta inicialmente as características básicas das Rádios Comunitárias e os aspectos regulatórios do serviço. A seguir apresenta os aspectos técnicos das tecnologias relacionadas com a sua implementação e faz uma breve incursão no futuro das emissoras de rádio a partir da sua implementação digital. O tutorial parte II apresentará o projeto de implantação da Rádio Comunitária, iniciando pela definição de sua localização, pelo levantamento do terreno e pela definição e especificação do transmissor. A seguir apresentará a especificação do sistema irradiante, da torre de transmissão, e da linha de transmissão de 4

RF. O projeto será finalizado apresentando os cálculos da potência efetiva irradiada e da intensidade de campo no limite da área do serviço. Finalmente, serão apresentadas as conclusões do trabalho realizado. 5

Rádio Comunitária I: O que é? Uma rádio comunitária é uma rádio local de baixa potência que cobre de acordo com a lei, um limite máximo de contorno de serviço de 1 km em circunferência a partir de sua torre de transmissão. Toda rádio comunitária poderá ter no máximo 25 Watts de potência irradiada em sua antena, o que acarretará uma cobertura limitada. Já, em cidades de pequeno porte, sem concorrência de outras emissoras do RadCom, como o que acontece nas cidades interioranas, onde existe apenas uma concessão para execução do serviço, essas emissoras conseguem uma cobertura bem maior. Por exemplo, na cidade de Curvelo a emissora comunitária cobre toda a cidade com seu sinal. Já, para a cidade de Belo Horizonte, o canal destinado à execução do serviço de rádio comunitária é o canal 200, que se refere à frequência de 87,9 MHz. Para servir de referência, essa frequência se encontra no início do dial dos aparelhos de rádio receptor. Em outros estados do Brasil e no interior de Minas Gerais, foram destinados outros Canais (Frequências) para execução do serviço de Rádio Comunitária. Na cidade de Diamantina, interior de Minas Gerais, o serviço é executado na frequência de 104,9 MHz. O interessante de tudo isso é que a RadCom poderá ter apoios culturais das lojas instaladas dentro de seu raio de cobertura; contudo, não são comerciais que serão vinculados na programação da emissora, e sim apoios comerciais, que contribuirão com um valor simbólico para a sustentabilidade financeira da emissora. Isto acarretará uma renda própria para rádio, para bancar seus custos, uma vez que emissoras comunitárias não podem ter fins lucrativos [11]. Toda legislação que rege a Rádio Comunitária é baseada na lei 9612 de 1998, e na Norma complementar Nº 01/2004 que serão abordadas em itens posteriores. A princípio pode se ter a falsa impressão de que por se tratar de uma rádio que cobre apenas 1 km de raio, não é ouvida por um numero significativo de pessoas. Mas dependendo da região onde a rádio for instalada, este 1 km de raio pode significar uma população de amostragem de aproximadamente 10.000 pessoas. Sabemos que de acordo com a lei, a distância mínima de separação entre uma RadCom e outra é de 4,5 km. O que significa na prática que a RadCom cobre em determinadas direções mais de 1 km de raio, e dependendo se nas proximidades não houver outra RadCom, até mais de 4,5 km de cobertura do sinal. Várias cidades do interior de Minas Gerais, que possuem um tamanho razoavelmente pequeno, possuem apenas uma emissora de RadCom, com isso esta emissora abrange de forma expressiva uma grande extensão da cidade. Caso exemplo é a cidade de Barão de Cocais, onde temos apenas uma emissora de RadCom operando em 87,9 MHz e cobrindo toda a cidade, pois não há concorrência de uso de mesmo canal, como ocorre em Belo Horizonte, onde todas as RadCom operam na mesma frequência 87,9 MHz. A ANATEL junto com o Ministério das Comunicações controla todo o processo de concessão para estas emissoras, visando impedir que pessoas físicas, políticos ou grupos religiosos detenham a execução de uma concessão deste tipo de comunicação. Por que Anunciar na Rádio Comunitária Um determinado comerciante, localizado dentro da área de cobertura de uma RadCom, prefere anunciar na mesma por que, além do valor cobrado ser uma taxa simbólica quando comparada a um valor de uma rádio comercial, tem-se a vantagem de estarem falando para seus próprios vizinhos. Uma vez que a RadCom tem uma cobertura de 1 km de raio, pessoas que ouvem um determinado anúncio de uma promoção podem deslocar-se até o comércio em questão por estarem próximas do local. 6

Como Funciona uma Rádio Comunitária O funcionamento de uma rádio comunitária parte do princípio de ajuda mútua. Todo trabalho desenvolvido dentro da rádio é de forma voluntária, sem que as pessoas tenham um retorno financeiro por isso. Atualmente na região metropolitana de Belo Horizonte existem, instaladas e em pleno funcionamento, um total de 11 (onze) emissoras de rádio em caráter comunitário. Todas estas rádios são financiadas com recursos de apoios culturais, que provêm dos comerciantes da região de cobertura da emissora e de ajuda financeira da comunidade, realizando um trabalho em parceria com igrejas, escolas, universidades e ONG s no geral. 7

Rádio Comunitária I: Aspectos Regulatórios Lei 9612/98 Esta lei proporcionou uma revolução nos meios de comunicação, com a entrada de pequenas emissoras chamadas de RadCom nos meios de comunicação de massa, buscando uma democratização dos meios de comunicação em nosso país. Esta lei trata de todos os aspectos necessários para se implantar uma rádio comunitária, desde questões jurídicas, até mesmo os aspectos técnicos. A seguir são destacados vários artigos da lei, os quais seguem com alguns comentários relevantes. Art. 1º Denomina-se Serviço de Radiodifusão Comunitária a radiodifusão sonora, em frequência modulada, operada em baixa potência e cobertura restrita, outorgada a fundações e associações comunitárias, sem fins lucrativos, com sede na localidade de prestação do serviço [1]. 1º Entende-se por baixa potência o serviço de radiodifusão prestado a comunidade, com potência limitada a um máximo de 25 watts E.R.P. e altura do sistema irradiante não superior a trinta metros [1]. 2º Entende-se por cobertura restrita aquela destinada ao atendimento de determinada comunidade de um bairro e/ou vila [1]. Neste artigo deixa-se bem claro que o interesse maior em se ter uma rádio comunitária seria o de propiciar um meio de comunicação local, que atendesse as necessidades da comunidade vizinha à emissora, uma vez que esta emissora não pode ter fins lucrativos. Nos parágrafos do artigo, 1º e 2º, vemos de forma clara que a potência máxima irradiada pela emissora do RadCom, será de 25 watts, limitando em tese o raio de cobertura em torno de 1 km de distância em relação à torre de transmissão. Art. 3º O Serviço de Radiodifusão Comunitária tem por finalidade o atendimento à comunidade beneficiada, com vistas a: I. I - dar oportunidade à difusão de idéias, elementos de cultura, tradições e hábitos sociais da comunidade; II. III. IV. II - oferecer mecanismos à formação e integração da comunidade, estimulando o lazer, a cultura e o convívio social; III - prestar serviços de utilidade pública, integrando-se aos serviços de defesa civil, sempre que necessário; IV - contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos jornalistas e radialistas, de conformidade com a legislação profissional vigente; V. V - permitir a capacitação dos cidadãos no exercício do direito de expressão da forma mais acessível possível [1]. No artigo 3º, através dos incisos, podemos ver a discriminação que a lei determina ao serviço de radiodifusão comunitária; um tipo de serviço que atenda de forma clara os preceitos de comunidades carentes, tais como: o apoio à cultura local, e aos interesses coletivos de um determinado bairro, ou vila. Art 4º As emissoras do Serviço de Radiodifusão Comunitária atenderão, em sua programação, aos seguintes princípios: 8

I. I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas em benefício do desenvolvimento geral da comunidade; II. III. IV. II - promoção das atividades artísticas e jornalísticas na comunidade e da integração dos membros da comunidade atendida; III - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família, favorecendo a integração dos membros da comunidade atendida; IV - não discriminação de raça, religião, sexo, preferências sexuais, convicções políticoideológico-partidárias e condição social nas relações comunitárias [1]. 3º Qualquer cidadão da comunidade beneficiada terá direito a emitir opiniões sobre quaisquer assuntos abordados na programação da emissora, bem como manifestar idéias, propostas, sugestões, reclamações ou reivindicações, devendo observar apenas o momento adequado da programação para fazêlo, mediante pedido encaminhado à Direção responsável pela Rádio Comunitária [1]. O artigo 4º esclarece então a forma de se conduzir toda a programação da emissora, dando preferência para produções sejam elas: artísticas ou culturais, de expressões sociais da própria comunidade. No parágrafo 3º do artigo 4º, deixa-se bem claro que a qualquer momento, qualquer cidadão pode ter acesso à emissora para poder defender seu direito de emitir opiniões a respeito de assuntos de seu interesse tratados na programação da emissora. Art. 5º O Poder Concedente designará, em nível nacional, para utilização do Serviço de Radiodifusão Comunitária, um único e específico canal na faixa de frequência do serviço de radiodifusão sonora em frequência modulada [1]. Passando para o aspecto técnico, o artigo 5º, trata do canal destinado à execução do serviço de radiodifusão comunitária, ênfase em determinar um único canal para o serviço ser executado em âmbito nacional dentro da faixa de Frequência Modulada, lembrando que em determinadas cidades este canal varia de acordo com o congestionamento da faixa de FM. Em algumas cidades este canal esta no meio da faixa de FM o que favorece às emissoras comunitárias, uma vez que a maioria das pessoas tendenciosamente ouvem as emissoras localizadas no centro da faixa de FM. Por outro lado, na cidade de Belo Horizonte, o canal escolhido foi o canal 200, que se refere a frequência de 87,9 MHz, localizada no inicio da faixa, desfavorecendo em termos de audiência, as emissoras do RadCom; uma vez que como citado acima, as concessões de emissoras comerciais se dão em sua maioria nas frequências centrais da faixa de FM. Art. 11. A entidade detentora de autorização para execução do Serviço de Radiodifusão Comunitária não poderá estabelecer ou manter vínculos que a subordinem ou a sujeitem à gerência, à administração, ao domínio, ao comando ou à orientação de qualquer outra entidade, mediante compromissos ou relações financeiras, religiosas, familiares, político-partidárias ou comerciais [1]. O artigo 11º trata da preservação da autonomia que a emissora do RadCom deve manter de determinadas formas de controle, que possam influenciar de forma prejudicial à condução da emissora. Resguardando sua autonomia frente às religiões, partidos políticos, instituições financeiras, para preservar a imparcialidade total da emissora. Art. 14º. Os equipamentos de transmissão utilizados no Serviço de Radiodifusão Comunitária serão présintonizados na frequência de operação designada para o serviço e devem ser homologados ou certificados pelo Poder Concedente [1]. 9

O artigo 14º define que todo equipamento utilizado na RadCom para transmissão deve vir pré-sintonizado na frequência de execução do serviço definida pelo Ministério das Comunicações, e que caso seja necessário novo ajuste, este deva ser executado pela empresa fabricante do transmissor, uma vez que estes ajustes são internos. Art. 16º. É vedada a formação de redes na exploração do Serviço de Radiodifusão Comunitária, excetuadas as situações de guerra, calamidade pública e epidemias, bem como as transmissões obrigatórias dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, definidas em leis [1]. O Artigo 16º abrange a necessidade de caso seja requerida pelo órgão competente, a formação de rede entre as emissoras será obrigatória. Este órgão determina a formação de rede para: situação de calamidade pública, guerras ou outras; situações estas, que a formação de rede ajuda na soberania Nacional. Art. 22º. As emissoras do Serviço de Radiodifusão Comunitária operarão sem direito a proteção contra eventuais interferências causadas por emissoras de quaisquer Serviços de Telecomunicações e Radiodifusão regularmente instaladas, condições estas que constarão do seu certificado de licença de funcionamento [1]. Art. 23. Estando em funcionamento a emissora do Serviço de Radiodifusão Comunitária, em conformidade com as prescrições desta Lei, e constatando-se interferências indesejáveis nos demais Serviços regulares de Telecomunicações e Radiodifusão, o Poder Concedente determinará a correção da operação e, se a interferência não for eliminada, no prazo estipulado, determinará a interrupção do serviço [1]. O Artigo 22º e o Artigo 23º deixam claro que todas as emissoras que operarem em caráter secundário, tais como as emissoras do RadCom, em caso de as mesmas interferirem em serviços tidos como primário, devam desligar seu transmissor para localização da interferência, ou se sofrerem interferências de emissoras de serviço primário não terão direito a proteção. Norma complementar Nº 1/2004 radiodifusão comunitária Esta Norma tem por objetivo complementar as disposições relativas ao Serviço de Radiodifusão Comunitária, instituído pela Lei Nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998, como um serviço de radiodifusão sonora, em frequência modulada, com baixa potência e cobertura restrita, para ser outorgado a fundações e associações comunitárias, sem fins lucrativos, sediadas na localidade de execução do Serviço, e estabelecer as condições técnicas de operação das respectivas estações. A norma complementar Nº 1/2004 é baseada nos seguintes dispositivos legais: Constituição Federal. Código Brasileiro de Telecomunicações, instituído pela Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962, modificado e complementado pelo Decreto-lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967. Lei nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998, que institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária. Lei n 10.610, de 12.12.2002, que altera o prazo de outorga de três para dez anos. Medida Provisória n 2.216-37, de 31.08.01, art. 19, que altera o parágrafo único do art. 2 da Lei 9.612, de 19 de fevereiro de 1998, criando a possibilidade de emissão de autorização provisória para o funcionamento de estação do serviço de radiodifusão comunitária. Regulamento dos Serviços de Radiodifusão, aprovado pelo Decreto nº 52.795, de 31 de outubro de 1963, e suas alterações. 10

Regulamento do Serviço de Radiodifusão Comunitária, aprovado pelo Decreto nº 2.615, de 3 de junho de 1998. Regulamento Técnico para Emissoras de Radiodifusão Sonora em Frequência Modulada, aprovado pela Resolução Anatel n 67, de 12 de novembro de 1998. Resolução Anatel nº 60, de 24 de setembro de 1998, que designou o canal 200 para uso exclusivo e em caráter secundário, das estações do Serviço de Radiodifusão Comunitária, em nível nacional. Plano de Referência para a Distribuição de Canais do Serviço de Radiodifusão Comunitária (PRRadCom), da Anatel. 11

Rádio Comunitária I: Aspectos Técnicos Uma emissora de Rádio Comunitária é composta de vários equipamentos, dos quais podemos citar: transmissor de FM homologado pela ANATEL, antena transmissora de ganho unitário, cabo coaxial para linha de transmissão, mesa de áudio de no mínimo 8 canais estéreo ou mono, gerador de estéreo dentre outros. Na figura 1 vemos um dos transmissores homologados da ANATEL para uso pelas emissoras comunitárias. Este transmissor possui controle de frequência por lógica P.L.L., controle de temperatura dos circuitos de saída de potência, controle interno de nível de modulação e controles digitais no painel frontal. Figura 1: Transmissor de FM utilizado pelas RadCom Fonte: Foto do site http://www.teclar.com.br/transmissor_113.htm Já na figura 2 temos ilustrado a antena Plano Terra 5/8 de Onda. Este tipo de antena consegue irradiar o campo eletromagnético de forma diferente da antena Plano Terra ¼ de Onda, possibilitando um nível de intensidade de campo maior na região de cobertura da emissora. Figura 2: Antena Plano Terra 5/8 de Onda Fonte: Foto do site http://www.teletronix.com.br/produtos.aspx?l=2&c=9&s=21 12

Existem vários tipos de transmissores e de antenas que podem ser usados para se montar uma emissora comunitária. A escolha de um ou de outro tipo vai depender do projeto a ser elaborado e das condições preestabelecidas na legislação vigente. No decorrer deste projeto, através dos cálculos de viabilidade técnica, selecionaremos os equipamentos a serem utilizados na Rádio Comunitária POP FM em 87,9 MHz. Um dos cálculos a serem feitos no projeto é o cálculo de Irradiação Horizontal da antena. A figura 3 apresenta, a título de ilustração, o diagrama de irradiação da antena Plano Terra 5/8 de Onda, muito empregada nas emissoras do RadCom. Figura 3: Diagrama de Irradiação Horizontal da Antena Plano Terra 5/8 de Onda Fonte: Foto do site http://www.idealantenas.com.br/produtosport/fm/pdfantenaplanoterra58.pdf 13

Rádio Comunitária I: Futuro das Emissoras de Rádio Neste ano o rádio completou 83 anos no Brasil. Apesar de não ser uma data fechada, marcou o início de uma nova e significativa etapa no País: a transmissão digital [9]. As principais emissoras brasileiras já começaram a transmitir a programação com a tecnologia, proporcionando um ganho considerável na qualidade do áudio. Em termos concretos, você pode escutar rádio AM com qualidade de FM e ouvir as músicas FM com qualidade de CD. No entanto, para usufruir desta tecnologia, é preciso ter um aparelho habilitado para receber os sinais transmitidos digitalmente, diferente do sinal analógico utilizado hoje em dia pelos aparelhos de som. Como prega a lei do mercado, o preço ainda é bem alto por ser novidade, mas já se apresenta como uma alternativa viável em médio prazo. De acordo com a Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp), em dez anos toda a malha radiofônica do Brasil será digital. Por enquanto, as únicas emissoras com transmissão digital são as rádios dos grupos Eldorado, Bandeirantes, Jovem Pan, RBS e Sistema Globo de Rádio, mas nenhuma na Região Norte/Nordeste. Outras 30 emissoras já solicitaram autorização à Anatel e devem começar os testes em breve. Para os atuais aparelhos de rádio, nada muda. Com a recepção analógica dos radinhos de hoje, o usuário não percebe mudança na qualidade do som [8]. O padrão escolhido pelo governo brasileiro é o americano: In Band On Channel (IBOC, na sigla em inglês), abrindo mão da opção européia de Digital Radio Mondiale (DRM). A diferença é que o sistema europeu não permite a transmissão simultânea da programação em analógico e digital, ou seja, deixaria todo mundo fora do ar. O Brasil é o quarto país do mundo a adotar rádio digital, atrás dos Estados Unidos, Canadá e México [9]. Além de ouvir estações de rádio com qualidade de CD, o sistema digital possui outras vantagens bem interessantes ao ouvinte. A primeira é que não há interferência, tão comum em rádios AM. Um liquidificador ou o motor do carro podem causar interferência na transmissão analógica, por exemplo. Outra vantagem é a convergência de mídias, já que o aparelho de rádio digital pode receber textos e imagens. Nos Estados Unidos, onde o serviço está mais consolidado e é pago o ouvinte recebe informações sobre o clima e o trânsito, com direito a mapas e imagens. No Brasil, durante o período de testes, tudo será gratuito. Ainda não há definição sobre preços futuros. Pelas próximas semanas, novos aparelhos digitais devem chegar ao mercado, principalmente nos sites de comércio eletrônico. O preço é alto: aparelhos fixos entre R$ 700 e R$ 1.000 e automotivos entre R$ 550 e R$ 700 inicialmente [9]. As diferenças básicas entre os sistemas de transmissão do rádio digital a principio são classificadas em duas categorias: Sistemas em que a transmissão do rádio digital é feita no mesmo canal de frequência utilizado pela estação AM ou FM. Estes sistemas são conhecidos com In-Band On-Channel (IBOC). Os sistemas principais são o HD Radio do consórcio ibiquity (FM e AM), o FMeXtra da Digital Radio Express e o DRM de um consórcio europeu. Os dois primeiros têm como origem os Estados Unidos [9]. 14

Sistemas que utilizam um novo canal para transmissão do rádio digital, como o Eureka 147, de origem européia, que utiliza um novo canal na faixa de FM ou na Banda L (1.452 a 1.592 MHZ). Existe ainda o NISDB-T (Japão) que compartilha o canal da TV Digital em UHF [9]. Os sistemas de rádio digital utilizam OFDM, sistema de multiplexação em que a banda de operação é subdividida em várias subportadoras que podem se sobrepor. Os dados são transmitidos em paralelo utilizando uma ou mais subportadoras. Este método de transmissão é muito eficiente em canais de banda larga, característica explorada por sistemas como o Eureka 147, que não precisam se limitar às bandas dos canais AM e FM. Os sistemas IBOC apresentam um menor custo de implementação e a vantagem do usuário continuar sintonizando o seu rádio nas mesmas frequências das estações AM e FM atuais. Em qualquer sistema será necessário adquirir um receptor de rádio digital. O futuro das emissoras do RadCom será o novo padrão de transmissão, o digital, uma vez que este novo sistema possibilitará diminuir as interferências provocadas por emissoras adjacentes. Teremos um nível de qualidade superior obtido pela digitalização da modulação [8]. Quando da implantação do sistema, serão definidos posteriormente novos canais para transmissão das emissoras comunitárias, para uma adequação ao sistema digital, consequentemente todas as emissoras comerciais também serão alocadas em uma nova redistribuição de canais para melhor distribuição do espectro de radiofrequência [8] [9]. 15

Rádio Comunitária I: Considerações finais Este tutorial parte I procurou apresentar inicialmente as características básicas das Rádios Comunitárias e os aspectos regulatórios do serviço. A seguir apresentou os aspectos técnicos das tecnologias relacionadas com a sua implementação e fez uma breve incursão no futuro das emissoras de rádio a partir da sua implementação digital. O tutorial parte II apresentará o projeto de implantação da Rádio Comunitária, iniciando pela definição de sua localização, pelo levantamento do terreno e pela definição e especificação do transmissor. A seguir apresentará a especificação do sistema irradiante, da torre de transmissão, e da linha de transmissão de RF. O projeto será finalizado apresentando os cálculos da potência efetiva irradiada e da intensidade de campo no limite da área do serviço. Finalmente, serão apresentadas as conclusões do trabalho realizado. Referências [1] BRASIL, Planalto Central. Lei 9612 de 19 de Fevereiro de 1998 - Institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária e dá outras providências. www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9612.htm Acesso em: 06 de abril de 2008. [2] BRASIL, Ministério das Comunicações. Cartilha mostrando como fazer para se conseguir uma concessão de Radio Comunitária. www.mc.gov.br/sites/600/695/00000537.pdf Acesso em: 06 de abril de 2008. [3] BRASIL, Planalto Central. Lei 9472 de 16 de Julho de 1997 - Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional nº 8, de 1995. www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9472.htm Acesso em: 06 de abril de 2008. [4] ANTENAS, Teletronix Indústria e Comercio. Antenas para Emissoras de Rádio Comunitárias. www.teletronix.com.br/pt/inside.php?g=produtos&p=antenas Acesso em: 06 de abril de 2008. [5] ANTENAS, Ideal Antenas Profissionais. Antenas para Emissoras de Rádio Comunitárias. 16

www.idealantenas.com.br/produto/fm%20plano%20terra58/fm_plano_terra58.pdf Acesso em: 06 de abril de 2008. [6] BRASIL, Planalto Central. Lei 10.597 de 11 de Dezembro de 2002 - Altera o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998, que Institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária, para aumentar o prazo de outorga. www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10597.htm Acesso em: 06 de abril de 2008. [7] BRASIL, Planalto Central. Norma Complementar N.º 1/2004 - SERVIÇO DE RADIODIFUSÃO COMUNITÁRIA www.redevivafavela.com.br/pdf/norma_complementar_comentada.pdf Acesso em: 07 de maio de 2008. [8] BRASIL, Senado Federal. Rádio Digital no Brasil Implantação do Rádio Digital no Brasil. www.senado.gov.br/agencia/vernoticia.aspx?codnoticia=64670&codaplicativo=2 Acesso em: 07 de maio de 2008. [9] BRASIL, Inovação tecnológica. Rádio Digital Chega ao Brasil em 2008. www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=radio-digital-no-brasil Acesso em: 07 de maio de 2008. [10] PIRELLI, Cabos Pirelli. Cabos Pirelli para Radio Frequência. www.pirellicabos.com.br/rgc 213 Acesso em: 24 de maio de 2008. [11] IMBRIZI, Marcos. Rádios Comunitárias e o Acesso à Cultura www.unilestemg.br/revistacomplexus/textos_revista01/02artigo01_imbrizzi.doc Acesso em: 21 de setembro 2007. 17

[12] IMBRIZI, Marcos. ACEC, uma alternativa cultural para São Caetano do Sul. 2000, 60p. www.cultivox.com.br Acesso em: 21 de setembro 2007. [13] IMBRIZI, Marcos. Rádios comunitárias e democratização dos meios de comunicação no Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Metodista de São Paulo - (UMESP), 2002. 164p. 18

Anatel 2007: Teste seu Entendimento 1. O que é uma rádio comunitária? É uma rádio local de baixa potência (máx. 25 Watts) que cobre um limite máximo de contorno de serviço de 1 km em circunferência a partir de sua torre de transmissão. É uma rádio local de alta potência (máx. 250 Watts) que cobre um limite máximo de contorno de serviço de 10 km em circunferência a partir de sua torre de transmissão. É uma rádio regional de baixa potência (máx. 2.500 Watts) que cobre um limite máximo de contorno de serviço de 100 km em circunferência a partir de sua torre de transmissão. É uma rádio regional de alta potência (máx. 25.000 Watts) que cobre um limite máximo de contorno de serviço de 500 km em circunferência a partir de sua torre de transmissão. 2. Qual é a distância mínima de separação entre rádios comunitárias? 1,5km 2,5km 3,5km 4,5km 3. Qual foi o padrão de Rádio Digital escolhido pelo Brasilo? NISDB-T. In Band On Channel (IBOC). FMeXtra. Digital Radio Mondiale (DRM). 19