COMO OS ALUNOS VEEM A MATEMÁTICA? Educação Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (EMAIEFEM) GT 10 Gervazio Alves Gaia de MENDONÇA gervazioalves@gmail.com Eudes Miranda da SILVA eudesmiranda.uneal@gmail.com Fernando Jorge Siqueira CAVALCANTE fj86@ig.com.br Jamerson da Silva GONÇALVES jamersonsilva37@gmail.com João Ferreira da Silva NETO joaofsilvaneto@outlook.com RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido por alunos de Licenciatura em Matemática, bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID da UNEAL. Como partícipes do subprojeto interdisciplinar Matemática e Pedagogia, buscamos compreender o ponto de vista dos alunos sobre a Matemática, analisando alguns fatores que interferem na relação entre o aluno e essa disciplina. Neste pôster, apresentamos a identificação de concepções matemáticas de alunos do Ensino Médio de uma escola pública estadual parceira do projeto. Realizamos uma enquete, em que a partir de cinco imagens, os alunos escolhiam a que, na opinião deles, mais se relacionava à Matemática. Constatamos que a maioria dos alunos relaciona a Matemática a algo inacessível, demonstrando um sentimento de medo e aversão relativo a ela. Palavras - chave: Matemática, Concepções, Ensino Médio. 1. Introdução A Matemática é necessária para o desenvolvimento da sociedade, pois ela tem aplicações nos mais diversos setores. Por outro lado, o ensino de Matemática apresenta 1
diversas dificuldades, pois essa disciplina é vista e considerada como a pior disciplina que o aluno encontra em sua vida estudantil. Em seu estudo, Silveira (2002) diz que as opiniões de alunos (quando falam d a disciplina de Matemática) revelam sentidos repetidos de outras vozes, ou seja, elas refletem dizeres que já foram ditos pelo professor e pela sociedade em que eles estão inseridos. O ponto de vista do aluno sobre a Matemática revela, de forma implícita, alteração de sentidos influenciados por outros discursos sobre o conhecimento matemático. Assim, algumas dificuldades do aluno ancoram-se nessa leitura interpretativa que ele faz, bem como no que já foi falado sobre a Matemática. Baraldi (1999) já destacava que as concepções de Matemática influenciam a maneira como o aluno aprende essa disciplina e como trata os objetos matemáticos. Para ela, a reflexão sobre uma diversidade de concepções existentes se constitui como elemento importante para a superação de problemas presentes no ensino e na aprendizagem matemática. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN (1997), alguns problemas referentes ao ensino de matemática estão relacionados à falta de uma formação profissional qualificada, à existência de concepções pedagógicas inadequadas e, ainda, às restrições ligadas às condições de trabalho. No que se refere às dificuldades do professor, a pesquisa de Carneiro (1998) constatou o desestímulo docente, em virtude das condições de trabalho, problemas pessoais e baixa remuneração. Para essa autora, os professores compreendem a Matemática como um corpo de conhecimentos que deve ser transmitido para os alunos em cumprimento a determinado programa, gerando uma série de dificuldades sucessivas no ensino e na aprendizagem. Para enfrentar tais dificuldades, Mendes e Gonçalves (2004) sugerem que os cursos de formação devem investir na potencialização de professores investigadores, críticos, reflexivos, capazes de avaliar e traçar metas para o desenvolvimento da escola. Para isso, torna-se imprescindível que o professor tenha, desde cedo, contato com o cotidiano escolar, o que possibilita a reflexão sobre sua prática educacional. Nessa linha de pensamento, o desenvolvimento de atividades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID tem contribuído para a investigação e possível superação das dificuldades encontradas na prática docente. Na medida em que apontam na direção de uma formação docente próxima ao ensino e a aprendizagem 2
escolar, as ações do PIBID permitem a reflexão sobre o trabalho docente, atenuando o distanciamento entre teoria e prática. Como partícipes do subprojeto 1 interdisciplinar Matemática e Pedagogia, temos nos proposto a desenvolver ações orientadas por processos reflexivos. Nesse pôster, apresentamos uma atividade desenvolvida com alunos do 2º ano do Ensino Médio. Nosso objetivo geral foi compreender o ponto de vista dos alunos sobre a Matemática, analisando alguns fatores que interferem na relação entre o aluno e essa disciplina. De modo específico, objetivamos identificar dificuldades dos alunos em relação à aprendizagem matemática e, em decorrência disso, planejar atividades didático-pedagógicas a serem desenvolvidas posteriormente. 2. Metodologia O subprojeto interdisciplinar Matemática e Pedagogia do PIBID Campus III da UNEAL envolve licenciandos em Pedagogia e Matemática, professores da Educação Básica e professores da Educação Superior. Orientados pela proposta da coordenação do projeto, desenvolvemos vários estudos e reflexões sobre a prática docente e sobre o contexto escolar atual, principalmente sobre o ensino de Matemática. Após esses estudos iniciais, conhecemos uma das escolas parceiras, na qual desenvolvemos a iniciação à docência. A atividade que apresentamos foi desenvolvida com 17 alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma escola pública estadual do município de Palmeira dos Índios, AL. A maioria dos alunos tinha mais de 18 anos, o que se justifica por ser uma turma do curso noturno desta escola. Essa atividade foi elaborada e discutida muitas vezes com os professores orientadores e com a professora supervisora. Como esta professora já havia trabalhado com estatística, procuramos trabalhar uma dinâmica de motivação que envolvesse conceitos dessa área da Matemática. 1 Articulação entre a universidade e escolas de educação básica: múltiplos olhares teórico-metodológicos na formação docente, em atendimento ao EDITAL INTERNO Nº 011/2013 PIBID/UNEAL. 3
Assim, utilizamos uma enquete que trabalhasse com coisas que eles gostam, intencionando que eles ficassem mais descontraídos e revelassem o que pensam sobre a Matemática. Escolhemos três perguntas, nas quais havia cinco alternativas para o aluno escolher. As duas primeiras perguntas se referiam à cor e a esportes preferidos, respectivamente. A terceira pergunta era Como você vê a Matemática? e solicitava que ele relacionasse essa disciplina a uma das seguintes imagens: bicho de sete cabeças; calculadora; a forma do infinito; dinheiro; e, os sinais das operações fundamentais. Após essa enquete, dividimos os alunos em três grupos e solicitamos que eles construíssem gráficos com o resultado dela. 3. Resultados e Discussão. Os alunos participaram muito bem, embora fosse nosso primeiro contato. Como a professora estava trabalhando com estatística, os alunos construíram gráficos sem maiores dificuldades. Em relação ao ponto de vista dos alunos sobre a Matemática, obtivemos o resultado mostrado na Tabela1. Tabela 1 Como você vê a Matemática? Bicho de sete cabeças 7 A forma do Infinito 8 Calculadora - Dinheiro 2 Sinais das operações básicas - Observamos que a maioria dos alunos escolheu o símbolo do infinito. Acreditamos que essa escolha se relaciona ao fato de se observar a Matemática como uma disciplina inacessível. Vale ressaltar que ela não foi relacionada à calculadora e aos sinais das operações 4
básicas, o que nos surpreendeu. Em decorrência disso, há uma forte indicação de que esses alunos relacionaram a Matemática às suas aplicações ou ao sentimento que eles têm por ela. 4. Conclusão Constatamos que a Matemática ainda é uma disciplina que gera medo e aversão, pois muitos alunos ainda a relacionam a um bicho de sete cabeças, o que corrobora estudos anteriores sobre essa temática. Salientamos ainda que essa atividade pode contribuir para o nosso trabalho como professor, na medida em que nos faz refletir sobre como melhor ensinar. 5. Referências BARALDI, I. M. Refletindo sobre as concepções matemáticas e suas implicações para o ensino diante do ponto de vista dos alunos. Bauru, 1999. Brasil, Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1997. CARNEIRO, V. C. G. Formação Continuada de Professores de Matemática: Limites e possibilidades. I seminário de pesquisa em Educação- Região Sul, Fórum dos coordenadores de pós-graduação e Associação Nacional dos profissionais em Educação- ANPED, Florianópolis, 1998. Disponível em: http://<www.mat.ufrgs.br/~vclotilde/publicações Anped _97.pdf>. Acesso em 10 de outubro de. MENDES, M. J. F.; GONÇALVES, T. O. Reflexão sobre o ensino da Matemática. Belém, 19 Abril 2004. Disponível em <http:// www. Miltonb or baorg. /CD/ Interdisciplinaridade/Encontro...?CC76.pdf>. Acesso em 08 de outubro de. SILVEIRA, M. R. A. Matemática é difícil : Um sentido pré-construído evidenciado na fala dos alunos, 2002. Anais da 25ª Reunião Anual da ANPED. Disponível em: <http://www.anped.org.br/25/marisaosaniabreusilveirat19.rtf> Acesso em 25 de julho de. 5