OS SINTAGMAS ADVERBIAIS NA ARQUITETURA DA SENTENÇA DAS LÍNGUAS NATURAIS: DUAS PERSPECTIVAS FORMALISTAS DE ANÁLISE LINGUÍSTICA

Documentos relacionados
REFLEXÕES SOBRE A FUNÇÃO SINTÁTICA DE ATRIBUTO Antônio Sérgio Cavalcante da Cunha (UERJ; UNESA)

TÓPICO III: INTRODUÇÃO A UMA ABORDAGEM FORMAL DA GRAMÁTICA 1. Teoria X-barra (ou: dos Constituintes Sintáticos)

P R O G R A M A EMENTA:

a) houve uma mudança na direção de cliticização do PB (NUNES, 1996); b) os pronomes retos estão sendo aceitos em função acusativa;

Módulo 01: As distintas abordagens sobre a linguagem: Estruturalismo, Gerativismo, Funcionalismo, Cognitivismo

ESTUDO SOCIOFUNCIONALISTA DE ESTRUTURAS COM O CLÍTICO SE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Introdução a uma abordagem formal da sintaxe Teoria X-barra, II

TIPOS DE SINTAGMAS E REPRESENTAÇÕES ARBÓREAS FUNDAMENTOS DE SINTAXE APOIO PEDAGÓGICO 23/05/2018 SAULO SANTOS

ESTRUTURA DE CONSTITUINTES FUNDAMENTOS DE SINTAXE APOIO PEDAGÓGICO 02/05/2018 SAULO SANTOS

ORDENAÇÃO DOS ADVÉRBIOS MODALIZADORES EM ENTREVISTAS VEICULADAS PELA REVISTA VEJA

Movimentos de constituintes na língua Tembé 1

MODIFICAÇÕES NA ESTRUTURA ARGUMENTAL DOS VERBOS E O PB (MODIFICATIONS OF THE ARGUMENTATIVE STRUCTURE OF VERBS AND THE PB)

Funções gramaticais: Complemento e adjunto. Luiz Arthur Pagani (UFPR)

IX SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS 21 e 22 de setembro de 2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PRIMEIRO SEMESTRE DE 2017 DISCIPLINA: TIPOLOGIA LINGUÍSTICA. PROFA. DRA. MÔNICA VELOSO BORGES

(2) SN N (SP)/(Adj) {gerando por exemplo: SN = N-livro SP-de chocolate; SN = N-rabo Adj-amarelo]

A ESTRUTURA DO DP NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: O CASO DA EXTRAÇÃO DE DE-PHRASES

ANEXO I - CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1 Introdução. (1) a. A placa dos automóveis está amassada. b. O álbum das fotos ficou rasgado.

A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL DE REFERÊNCIA ARBITRÁRIA NA COMUNIDADE LINGUÍSTICA DE VITÓRIA DA CONQUISTA *

1 Introdução. 1.1 O que motivou a pesquisa e objetivos

PORTUGUÊS III Semestre

Funções gramaticais: Sujeito e predicado. Luiz Arthur Pagani (UFPR)

Linguística O Gerativismo de Chomsky

GRAMATICALIZAÇÃO DO PRONOME PESSOAL DE TERCEIRA PESSOA NA FUNÇÃO ACUSATIVA

Oferta de optativas área de Linguística e Língua Portuguesa

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...9. O ESTUDO DO SIGNIFICADO NO NÍVEL DA SENTENÇA...13 Objetivos gerais do capítulo...13 Objetivos de cada seção...

Apresentação 11 Lista de abreviações 13. Parte I: NATUREZA, ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA LINGUAGEM

PLANO DE ENSINO SEMESTRE: 2016_1

A PRIMAZIA DA SINTAXE NA ANÁLISE ADVERBIAL: O CASO DOS ADVÉRBIOS MODALIZADORES ASPECTUAIS HABITUAIS

Linguística e Língua Portuguesa 2016/01

ADVÉRBIOS MODALIZADORES EM -MENTE: UMA DESCRIÇÃO DE PROPRIEDADES SINTÁTICO-SEMÂNTICAS

MOVIMENTO OU DEPENDÊNCIAS DESCONTÍNUAS: UMA REFLEXÃO INTRODUTÓRIA SOBRE ABORDAGENS DE INTERROGATIVAS-QU NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Considerações acerca das estruturas denominadas small clauses

ESTARÁ O PORTUGUÊS BRASILEIRO DEIXANDO DE SER LÍNGUA DE SUJEITO-PREDICADO? *

P R O G R A M A. IV Unidade Prática de textos: Textos de autores portugueses e brasileiros dos séculos XIX e XX

O ESTUDO DO ADVÉRBIO NAS SENTENÇAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO EM UM LIVRO DIDÁTICO: GRAMÁTICA NORMATIVA VS. GRAMÁTICA EXPLICATIVA/GERATIVA

Um problema formal na interpretação dos sintagmas preposicionados. Luiz Arthur Pagani (UFPR)

Os advérbios atitudinais em mente na elocução formal: uma perspectiva funcional

A TRANSITIVIDADE VERBAL EM EDITORIAIS DE JORNAL: PERSPECTIVA COGNITIVO-FUNCIONAL

A ORDEM DE PALAVRAS NO PORTUGUÊS, de EROTILDE GORETI PEZATTI

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...9. A NOÇÃO DE CONSTITUINTE...15 Objetivos gerais do capítulo Leituras complementares...53 Exercícios...

DETERMINANTES E SENTENÇAS RELATIVAS NA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA (LSB): DESCRIÇÃO E VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES

A ORDEM DE AQUISIÇÃO DOS PRONOMES SUJEITO E OBJETO: UM ESTUDO COMPARATIVO 10

PLANO DE ENSINO. Dados de Identificação. Ementa. Objetivos

8 Referências bibliográficas

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

(1) A análise dos resultados experimentais indicaram um efeito principal de número do núcleo interveniente no processamento da concordância.

A CHECAGEM DE TRAÇOS FORMAIS E A ESTRUTURA DP: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O PORTUGUÊS BRASILEIRO, O INGLÊS E O ITALIANO

O SISTEMA DE CASOS: INTERFACE ENTRE A MORFOLOGIA E A SINTAXE Dimar Silva de Deus (Unipaulistana)

Peso fonológico e foco informacional no sujeito em português europeu (PE)

USO DO FUTURO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EM BLOG JORNALÍSTICO: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A GRAMATICALIZAÇÃO DO ITEM IR

ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS DA LIBRAS: NOME E VERBO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO

AQUISIÇÃO DAS RELATIVAS PADRÃO EM PB DURANTE A ESCOLARIZAÇÃO

Niina Ning ZHANG. Coordination in Syntax. Cambridge University Press, U.K., pp. ISBN (hardback)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CÂMPUS DE ARARAQUARA FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS

Aula- conferência ministrada por: Francisco João Lopes Doutorando DLCV- FFLCH- USP Sob orientação: Profª Drª Márcia Oliveira

A SELEÇÃO ARGUMENTAL NA AQUISIÇÃO DE PORTUGUÊS ESCRITO POR SURDOS

VARIAÇÃO NO USO DAS PREPOSIÇÕES EM E PARA/A COM VERBOS DE MOVIMENTO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

P R O G R A M A EMENTA: OBJETIVOS:

Sentenças bitransitivas do Português Brasileiro: aspectos informacionais, semânticos e sintáticos

Verbos de controle e de alçamento em Xirhonga: ambiente sintático para o fenômeno da reestruturação 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS ÁREA DE CONCENRTRAÇÃO: ESTUDOS LINGUÍSTICOS

Key Words. Palavras-chave. Introduction 1

Aula 11 Desenvolvimento da linguagem: emergência da sintaxe (parte 2)

Morfologia, Sintaxe e Morfossintaxe substantivo, verbo, Morfologia. Morfologia classes gramaticais

(2) A rápida publicação deste livro pela editora foi um bom negócio.

A CATEGORIA TEMPO NA INTERLÍNGUA PORTUGUÊS- LIBRAS

2. Corpus e metodologia

Sexta semana do curso de Linguística III Professor Alessandro Boechat de Medeiros Departamento de Linguística e Filologia.

RECUPERAÇÃO DE GEOGRAFIA 7 o ANO Horário: das 7:20 h às 12:15 h. 1 a PROVA GEOGRAFIA DATA: 09/12/2015

INFLUÊNCIAS PROSÓDICAS, ACÚSTICAS E GRAMATICAIS SOBRE A PONTUAÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS

Considerações sobre a estrutura sintática das construções com verbos psicológicos

PRÓCLISE AO AUXILIAR NAS LOCUÇÕES VERBAIS SOB QUE CONDIÇÕES? (PROCLISIS TO THE AUXILIARY IN VERBAL LOCUTIONS UNDER WHAT CONDITIONS?

7 Referências bibliográficas

Conteúdos para o teste de ingresso MATEMÁTICA agosto 2018 (Ingresso em 2019) INGRESSO DE 6ª PARA 7º. ANO/2019 DO ENSINO FUNDAMENTAL

O redobro de pronomes no crioulo guineense

Disciplinas Optativas

Construções de Estrutura Argumental no âmbito do Constructicon da FrameNet Brasil: proposta de uma modelagem linguístico-computacional

CATEGORIAS LEXICAIS EM LIBRAS

Aula 5 Funções sintáticas e transitividade verbal

Como a vírgula auxilia na clareza dos enunciados. Prof. Paola C. Buvolini Freitas

GRAMÁTICA MODERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Aspectos sintácticos das interrogativas-q do Português de Moçambique 1. Keywords: wh interrogatives; Mozambican Portuguese; wh movement.

Aula 6 GERATIVISMO. MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2012, p

A estrutura argumental dos verbos de ação

Holm, J. & Peter. L. Patrick (eds.) (2007) Comparative Creole Syntax. Parallel Outlines of 18 Creole Grammars. Battlebridge Publications.

O Caso default no português do Brasil: revisitando o Caso dos inacusativos

O item nem no Português Brasileiro

RESUMO DE DISSERTAÇÃO O SUBJUNTIVO EM PORTUGUÊS E INGLÊS: UMA ABORDAGEM GERATIVA

A CATEGORIA VERBAL DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS- LIBRAS

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

AONDE, ADVÉRBIO DE LUGAR AONDE UM ESTUDO DE GRAMATICALIZAÇÃO DO AONDE NA BAHIA

CONSTRUÇÕES DE TÓPICO E DESENCADEAMENTO DE CONCORDÂNCIA O COMPLEXO C-T

Aspetos sintáticos das interrogativas-q do Português de Moçambique 1. Danifo Ismael Chutumiá 2 CLUP

TÍTULO: COMPOSTOS NOS NEOLOGISMOS ROSEANOS CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ADVÉRBIOS EM -MENTE NA LÍNGUA PORTUGUESA: ANÁLISE DE PROPRIEDADES SINTÁTICO-SEMÂNTICAS. PALAVRAS-CHAVE: advérbios em -mente; usos; sintaxe; semântica.

O PROCESSO DE GRAMATICALIZAÇÃO DA PREPOSIÇÃO A: PRINCÍPIOS E PARÂMETROS PROPOSTOS POR HOPPER

Transcrição:

Página 87 de 315 OS SINTAGMAS ADVERBIAIS NA ARQUITETURA DA SENTENÇA DAS LÍNGUAS NATURAIS: DUAS PERSPECTIVAS FORMALISTAS DE ANÁLISE LINGUÍSTICA Paulo Roberto Pereira Santos 34 (UESB/CAPES) RESUMO Neste trabalho, objetiva-se apresentar os dois grandes paradigmas teóricos formalistas da sintaxe adverbial. PALAVRAS-CHAVE: Sintaxe; Sintagmas adverbiais; Lingüística Formal; Projeções Funcionais; Teoria da Gramática. INTRODUÇÃO Os advérbios constituem uma das classes lexicais menos estudadas e que mais geram controvérsias teóricas tanto por parte dos lingüistas quanto pelos gramáticos tradicionais (GTs). Isso ocorre, sobretudo, pelo fato de que por algum período os advérbios ficaram relegados a um segundo plano dentro dos estudos da linguagem humana, sendo tidos, muitas vezes, como uma classe lexical acessória da constituição da arquitetura sintática das línguas naturais. Esta é a função dos chamados termos acessórios da oração desempenhada pelos adjuntos da sentença (adnominais ou adverbiais), como ensinaram os GTs (cf. ROCHA, 1989; BECHARA, 2004; CUNHA e CINTRA, 2007). Várias são as subclasses de palavras apontadas pelos gramáticos como adjuntas ao núcleo essencial da oração: sujeito e predicado. 34 Mestrando em Lingüística Formal (Sintaxe Gerativa) pelo Programa de Pós-graduação em Língua e Cultura (PPGLinC) do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisadorbolsista da CAPES/PPGLinC-UFBA, estudando a relação entre os sintagmas adverbiais e as projeções funcionais da periferia esquerda da sentença. Também, Bacharel e Licenciado em Letras Vernáculas pela UFBA. Orientador: Ilza Ribeiro.

Página 88 de 315 Contudo, sob essa roupagem de classe de palavras acessórias, escondeu-se por muito tempo o fato de que nem todas as palavras que comumente eram ditas como pertencentes a essa classe denominada de advérbios ou, até mesmo, a uma das subclasses inventadas pela GTs comportavam-se sintática e semanticamente de maneira uniforme e homogênea. Isso decorre principalmente do fato de que os advérbios não compõem uma classe unívoca de palavras. Basicamente, dentro do âmbito da Lingüística Formal, as propostas teóricas acerca da sintaxe adverbial podem ser divididas em duas grandes visões analíticas, a saber: as Teorias da Adjunção Baseada Semanticamente (TABS) e a Teoria dos Especificadores Funcionais (TEF). MATERIAL E MÉTODOS Compondo essas duas grandes propostas, podem-se ressaltar as seguintes hipóteses como revisão teórica acerca do posicionamento sintático dos sintagmas adverbiais nas línguas naturais: as hipóteses de JACKENDOFF (1972), de POLLOCK (1989), de ERNST (2006), de LAENZLINGER (1998) e de COSTA (1999). A maior parte dessas teorias acerca da sintaxe adverbial fundamenta-se na perspectiva da adjunção baseada semanticamente, notadamente as propostas de JACKENDOFF e ERNST. Elas contrapõem-se, sobretudo, a outro grande paradigma de análise da sintaxe adverbial denominada de Teorias dos Especificadores Funcionais, que é representada, sobretudo, na tese de CINQUE (1999). Em nosso trabalho presente apresentaremos de modo sucinto a proposta de ERNST (2006) tomando-a como um paradigma representativo da perspectiva analítica da TABS e de modo mais pormenorizado a proposta de CINQUE (1999), por ser essa a hipótese com a qual ratificamos, tomando-a, da mesma maneira, como um paradigma representativo da perspectiva analítica das TEF. O corpus de análise de minha dissertação de mestrado a ser defendida em breve no PPLinC-UFBA cujo tema são Os Sintagmas

Página 89 de 315 Adverbiais Predicativos De Constituintes No Português Brasileiro são os dados dos advérbios predicativos citados em ILARI et al. (1990) e exemplos criados a partir da intuição de falantes nativos da língua portuguesa. Desse estudo de pós-graduação que advém o arcabouço teórico-metodológico para o desenvolvimento desta comunicação presente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em nossa dissertação de mestrado citada, após tecer uma revisão bibliográfica acerca das propostas formalistas de estudo da sintaxe adverbial, adotamos a tese de CINQUE (1999) de que os sintagmas adverbiais preenchem posições sintáticas de especificadores de diferentes projeções funcionais (de Tempo, Aspecto, Modo/Modalidade, Número e Voz). Essa tese é comumente denominada de Hierarquia Linear Universal (HLU) de CINQUE. Nela, esse autor propõe aproximadamente 32 projeções funcionais nas quais os sintagmas adverbiais preenchem a posição de argumento externo (especificadores). Assim, tendo como amostra de corpus de trabalho os advérbios predicativos de constituintes de ILARI et al., propomos uma correspondência entre a divisão semântica de tais sintagmas adverbiais com a Hierarquia Linear Universal (HLU) de CINQUE. Na sua classificação semântica, ILARI et al. divide os advérbios predicativos de constituintes em quatro subclasses, a saber: qualitativos, intensificadores, modalizadores e aspectualizadores. Partindo, então, da HLU, em nosso estudo de mestrado, propomos o posicionamento sintático dos sintagmas adverbiais pertencentes a cada uma dessas subclasses de advérbios predicativos como especificadores de determinadas projeções funcionais da sentença com as quais mantém uma relação de núcleo-especificador (Spec-Head) de checagem de traços.

Página 90 de 315 Com base na HLU de CINQUE e nos estudos desenvolvidos em nossa dissertação de mestrado, argumentamos na comunicação presente, então, em prol da tese de CINQUE como hipótese teórica de maior poder de adequação explicativa para a explicação do posicionamento sintático dos sintagmas adverbiais nas línguas naturais. Por fim, salientamos que toda a cartografia funcional desenvolvida por CINQUE para o que RIZZI (1997) denomina de Zonado-IP está de acordo com o que este último autor teoriza acerca das projeções que compõem essa camada sintática, já que a Zona-do-IP é a camada na qual devem ocorrer, justamente, os núcleos funcionais do verbo e o licenciamento de traços argumentais tais como Caso e Concordância (agree). CONCLUSÕES Esse estudo leva a acreditar que HLU é a hipótese mais adequada para explicar o ordenamento dos advérbios. Isso com base em alguns dados, como o fato de que categorias como o Tempo em língua chinesa ou portuguesa pode se expressar por morfologia expressa através de partículas etc., ou por meio de advérbios; podendo ou o núcleo da projeção máxima ou a posição de Spec ser preenchida para satisfazer os critérios de gramaticalidade das sentenças. REFERÊNCIAS ROCHA LIMA, C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. 31º Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1992. BECHARA, E. Moderna gramática da língua portuguesa. 37º ed. rev. e amp. 14ª reimpressão. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

Página 91 de 315 CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon Informática, 2007. JACKENDOFF, R. Semantic interpretation in generative Grammar. Cambridge: The MIT Press, 1972. POLLOCK, Jean-Yves. Verb Movement, universal Grammar, and the structure of IP. Linguistic Inquiry, vol.20, nº 3, 1989. p. 365-424. ERNST, T. On the role of semantics in a theory of adverb syntax. Lingua, Elsevier B.V., vol.117, nº6, pp.1008-1033, 2006. Disponível em: http://cat.inist.fr/?amodele=affichen&cpsidt=18673982. Acesso: 5 de junho de 2010. LAENZLINGER, C. The syntax of adverbs. In: Comparative studies in word order variants; adverbs, pronouns and clause structure in romance and Germanic. Tese de doutorado. Amsterdam/New York: John Benjamins, 1998. LAENZLINGER, C. A feature - based theory of adverb syntax. GG@G (Generative Grammar in Geneva), nº.3, 2002, p.67-105. Disponível em: http://www.unige.ch/lettres/linge/syntaxe/journal/volume3/laenzling ergg@g.pdf. Acesso: 24 de maio de 2010. COSTA, J. ; GONÇALVES, A. Minimal projections: evidence from defective constructions in European Portuguese. 1999. Disponível em: ddd.uab.cat/pub/cwpil/1132256xv7p59.pdf. Acesso em 26 de maio de 2010. CINQUE, G. Adverbs and functional heads: a cross-linguistic perspective. New York: Oxford University Press, 1999. CINQUE, G. Restructuring and Functional Structure. In: Restructuring and Functional Heads - The Cartography of Syntactic Structures. Vol.4. CINQUE, G. (Oorg.). New York: Oxford University Press, 2006 a. p. 11-63. CINQUE, G. Issues in adverbial syntax. In: Restructuring and Functional Heads - The Cartography of Syntactic Structures. Vol.4.

Página 92 de 315 CINQUE, G. (Org.). New York: Oxford University Press, 2006 b. p. 119-144. CINQUE, G. The status of mobile suffixes. In: Restructuring and Functional Heads - The Cartography of Syntactic Structures. Vol.4. CINQUE, G. (Org.). New York: Oxford University Press, 2006 c. p. 167-173. CINQUE, G. A note on Mood, Modality, Tense, and Aspect affixes in Turkish. In: Restructuring and Functional Heads - The Cartography of Syntactic Structures. Vol.4. CINQUE, G. (Org.). New York: Oxford University Press, 2006 d. p. 175-185. ILARI, R. et al. Considerações sobre a posição dos advérbios. In: Castilho, A.T. (Org.).Gramática do português falado.vol.1: a ordem.campinas: Editora da Unicamp, 1990, p. 63-141. RIZZI, L. The fine structure of the left periphery. In: Elements of grammar; Handbook in generative syntax. HAEGEMAN, Liliane (editora). Kluwer Academic Publishers: Países Baixos, 1997. p. 281-337.