PLANO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO E SUSTENTÁVEL DO JEQUITINHONHA E MUCURI: ÁREA MINEIRA.



Documentos relacionados
Sumário PNAD/SIMPOC 2001 Pontos importantes

Caracterização do território

RESULTADOS DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE SOCIAL DO PARANÁ *

ANÁLISE CONJUNTURAL DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO CATARINENSE:

Saúde. reprodutiva: gravidez, assistência. pré-natal, parto. e baixo peso. ao nascer

PNAD - Segurança Alimentar Insegurança alimentar diminui, mas ainda atinge 30,2% dos domicílios brasileiros

Pesquisa Mensal de Emprego - PME

Caracterização do território

Pesquisa Mensal de Emprego PME. Algumas das principais características dos Trabalhadores Domésticos vis a vis a População Ocupada

Caracterização do território

Caracterização do território

Caracterização do território

Caracterização do território

Panorama Municipal. Município: Aliança / PE. Aspectos sociodemográficos. Demografia

2 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

Caracterização do território

Pesquisa Mensal de Emprego

SITUAÇÃO DOS ODM NOS MUNICÍPIOS

na região metropolitana do Rio de Janeiro

TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás

Pesquisa. Há 40 anos atrás nos encontrávamos discutindo mecanismos e. A mulher no setor privado de ensino em Caxias do Sul.

TEMA: A Mulher no Mercado de Trabalho em Goiás.

Desigualdades em saúde - Mortalidade infantil. Palavras-chave: mortalidade infantil; qualidade de vida; desigualdade.

INDICADORES DEMOGRÁFICOS E NORDESTE

O passo a passo da participação popular Metodologia e diretrizes

BOLSA FAMÍLIA Relatório-SÍNTESE. 53

JUVENÍLIA 250 MIRAVÂNIA 250 Subtotal MONTALVÂNIA 750 Subtotal 750 FRUTA DE LEITE 420 JOSENÓPOLIS

Ao dormir, todos somos vulneráveis. William Shakespeare NOTA TÉCNICA. Adma Figueiredo. Eloisa Domingues. Ivete Rodrigues

Expectativa de vida do brasileiro cresce mais de três anos na última década

Rio Grande do Sul. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Rio Grande do Sul (1991, 2000 e 2010)

História da Habitação em Florianópolis

Paraná. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Paraná (1991, 2000 e 2010)

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD VAGA

CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS DE IDOSAS. UM OLHAR PARA VIÇOSA, MINAS GERAIS, BRASIL

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

PDR - Critério de classificação de microrregiões

A INSERÇÃO DOS NEGROS NOS MERCADOS DE TRABALHO METROPOLITANOS

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO URBANO

Trabalho apresentado no III Congresso Ibero-americano de Psicogerontologia, sendo de total responsabilidade de seu(s) autor(es).

Sumário Executivo. Amanda Reis. Luiz Augusto Carneiro Superintendente Executivo

A MULHER EMPREENDEDORA DA REGIÃO METROPOLITANA DE MARINGÁ

11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

CECAD Consulta Extração Seleção de Informações do CADÚNICO. Caio Nakashima Março 2012

Santa Catarina. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Santa Catarina (1991, 2000 e 2010)

DESIGUALDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS MG

Planejando a Próxima Década. Alinhando os Planos de Educação

Escola de Políticas Públicas

XXV ENCONTRO NACIONAL DA UNCME

TEXTO 2. Inclusão Produtiva, SUAS e Programa Brasil Sem Miséria

Rio de Janeiro. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Rio de Janeiro (1991, 2000 e 2010)

O Mercado de Trabalho nas Atividades Culturais no Brasil,

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2015

11.1. INFORMAÇÕES GERAIS

DESENVOLVIMENTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, GERAÇÃO DE EMPREGO E INCLUSÃO SOCIAL. XII Seminario del CILEA Bolívia 23 a 25/06/2006

II TEXTO ORIENTADOR 1. APRESENTAÇÃO

TERMO DE REFERENCIA. Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher

EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Meta e Estratégias. Meta

---- ibeu ---- ÍNDICE DE BEM-ESTAR URBANO

ANEXO 2 - INDICADORES EDUCACIONAIS 1

São Paulo. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de São Paulo (1991, 2000 e 2010)

2.1 DINÂMICA POPULACIONAL

Pnad: Um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional

7ºano 2º período vespertino 25 de abril de 2014

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROJETO

BRASIL EXCLUDENTE E CONCENTRADOR. Colégio Anglo de Sete Lagoas Prof.: Ronaldo Tel.: (31)

Amazônia Legal e infância

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

TERMO DE REFERÊNCIA Nº 2606 PARA CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA PROCESSO DE SELEÇÃO - EDITAL Nº

Plano Plurianual

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD 2011

OBSERVATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL BANCO DE DADOS REGIONAL. Eixo temático: Indicadores Sociais 1. Variável: IDESE

POLÍTICAS PÚBLICAS EM PROL DA ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO EM MINAS GERAIS

Desigualdade Entre Escolas Públicas no Brasil: Um Olhar Inicial

COLÉGIO VICENTINO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio Rua Rui Barbosa, 1324, Toledo PR Fone:

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2012: análise dos principais resultados de Santa Catarina

Sistema de Educação a Distância Publica no Brasil UAB- Universidade Aberta do Brasil. Fernando Jose Spanhol, Dr

Apoio às políticas públicas já existentes;

Quase 10% dos brasileiros têm mais de 70 anos. Segundo o IBGE, em 40 anos o número de idosos deverá superar o de jovens

Panorama Municipal. Município: Cabo de Santo Agostinho / PE. Aspectos sociodemográficos. Demografia

Analfabetismo no Brasil

FICHA BIBLIOGRÁFICA. Título: Perfil da Mulher Metalúrgica do ABC. Autoria: Subseção DIEESE/Metalúrgicos do ABC

ESTUDO TEMÁTICO SOBRE O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA CAPACITAÇÃO OCUPACIONAL NO MUNICÍPIO DE OSASCO

Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher. Termo de Referência. Assessoria à Supervisão Geral Assessor Técnico

mhtml:file://e:\economia\ibge Síntese de Indicadores Sociais 2010.mht

A REINSERÇÃO DE NOVA ESPERANÇA NA REDE URBANA DE MARINGÁ: UMA PROPOSTA DE ESTUDO

LEVANTAMENTO DEMOGRÁFICO E ESTUDO DA QUALIDADE DE VIDA COMO SUBSIDIO A GESTÃO TERRITORIAL EM FRANCISCO BELTRÃO ESTADO DO PARANÁ BRASIL

Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria de Desenvolvimento Territorial. Sistema de Gestão Estratégica. Documento de Referência

Gestão Pública em BH Programa BH Metas e Resultados e BH 2030

ÍNDICE PAULISTA DE VULNERABILIDADE SOCIAL

INDICADORES DE GESTÃO AMBIENTAL

Especificidades das mortes violentas no Brasil e suas lições. Maria Cecília de Souza Minayo

Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil

Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça. Oportunidades Iguais. Respeito às Diferenças.

Manutenção das desigualdades nas condições de inserção

Organização dos Estados Ibero-americanos Para a Educação, a Ciência e a Cultura MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE Coordenação Regional de santa Catarina ATENÇÃO

Etapas para a Elaboração de Planos de Mobilidade Participativos. Nívea Oppermann Peixoto, Ms Coordenadora Desenvolvimento Urbano EMBARQ Brasil

Principais características da inovação na indústria de transformação no Brasil

Transcrição:

SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL, POLÍTICA URBANA E GESTÃO METROPOLITANA SUBSECRETARIA DE DESENVOLIMENTO REGIONAL PLANO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO E SUSTENTÁVEL DO JEQUITINHONHA E MUCURI: ÁREA MINEIRA. Junho de 2014

Governador do Estado Alberto Pinto Coelho Vice-Governador do Estado Diniz Antônio Pinheiro Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana Alencar Santos Viana Filho Secretário Adjunto de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana Sérgio Arlindo Cerávolo Paoliello Subsecretária de Desenvolvimento Regional Beatriz Morais de Sá Rabelo Corrêa (Coordenação) Superintendente de Planejamento e Apoio ao Desenvolvimento Regional Weslley Monteiro Cantelmo (Coordenação Técnica) Integrantes da Equipe Técnica Durante Elaboração do Trabalho Daniella Teixeira Carmo de Oliveira Elbert Figueira Araújo Santos Fabio Villela Arantes Mario Sérgio Valle Bastos Miguel Victor Tavares Lopes Priscilla Duarte Nascimento Araújo Vanessa Cardoso Ferreira Wallace Marcelino Pereira Colaboradores Caio Magno Lima Campos SEPLAG Daniel Ferreira de Souza SATMA/SEDRU Luiz Felype Gomes de Almeida SI/SEDRU

Lista de Siglas AMAJE Associação dos Municípios do Alto Jequitinhonha; AMEJE Associação dos Municípios do Médio Jequitinhonha; AMUC Associação dos Municípios do Mucuri; ANAC Agência Nacional de Aviação Civil; APL Arranjo Produtivo Local; CEDEC Coordenadoria Estadual de Defesa Civil; COPANOR Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais S/A; DER Departamento de Estradas de Rodagem; DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes; EFA Escola Família Agrícola; EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais; EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais; ETE Estação de Tratamento de Esgoto; FEAM Fundação Estadual de Meio Ambiente; FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais; FJP Fundação João Pinheiro; FPM Fundo de Participação dos Municípios; IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; ICMBio Instituto Chico Mendes de Conversação da Biodiversidade; ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços; ICN Índice de Concentração Normalizado; IDENE Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas; IDTE Índice de Desenvolvimento Tributário e Econômico;

IFET Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia; IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas; IPEA Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas; PCMG Polícia Civil de Minas Gerais; PMMG Polícia Militar de Minas Gerais; PRONATEC Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego; PSF Programa Saúde da Família; SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; SEDRU Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana; SEDVAN Secretaria de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri; SEE Secretaria de Estado de Educação; SEIS Sistema Estadual de Informações sobre Saneamento; SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; SES Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; SETE Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego; SETOP Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas; SHIS Superintendência de Habitação de Interesse Social; SICONV Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse; SIGCON Sistema de Gerenciamento de Convênios; UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri; ZPE Zona de Processamento de Exportação.

Lista de Figuras: Figura 1: Pirâmide etária Mesorregião do Jequitinhonha MG 2010... 28 Figura 2: Pirâmide etária Microrregião de Almenara MG 2010... 29 Figura 3: Pirâmide etária Microrregião de Araçuaí MG 2010... 30 Figura 4: Pirâmide etária Microrregião de Capelinha MG 2010... 31 Figura 5: Pirâmide etária Microrregião de Diamantina MG 2010... 32 Figura 6: Pirâmide etária Microrregião de Pedra Azul MG 2010... 33 Figura 7: Pirâmide etária Mesorregião do Vale do Mucuri MG 2010... 33 Figura 8: Pirâmide etária Microrregião de Nanuque MG 2010... 34 Figura 9: Pirâmide etária Microrregião de Teófilo Otoni MG 2010... 35 Figura 10: Gráfico de remuneração Média 2001... 60 Figura 11: Gráfico de remuneração Média 2005... 61 Figura 12: Gráfico de remuneração Média 2011... 62 Figura 13: Gráfico de rendimento nominal mensal 2010... 63 Figura 14: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Diamantina 2008-2011... 66 Figura 15: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Capelinha 2008-2011... 66 Figura 16: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Araçuaí 2008-2011... 68 Figura 17: Saldo de empregos para ensino fundamental por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Pedra Azul 2008-2011... 68 Figura 18: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Almenara 2008-2011... 69 Figura 19: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Teófilo Otoni 2008-2011... 70 Figura 20: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Nanuque 2008-2011... 70

Figura 21: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Diamantina 2008-2011... 71 Figura 22: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Capelinha 2008-2011... 72 Figura 23: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Araçuaí 2008-2011... 73 Figura 24: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Pedra Azul 2008-2011... 73 Figura 25: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Almenara 2008-2011... 74 Figura 26: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Teófilo Otoni 2008-2011... 75 Figura 27: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Nanuque 2008-2011... 75 Figura 28: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Diamantina 2008-2011... 76 Figura 29: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Capelinha 2008-2011... 77 Figura 30: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Araçuaí 2008-2011... 78 Figura 31: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Pedra Azul 2008-2011... 78 Figura 32: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Almenara 2008-2011... 79 Figura 33: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Teófilo Otoni 2008-2011... 80 Figura 34: Saldo de empregos por postos de trabalho com mais vagas Microrregião de Nanuque 2008-2011... 81

Lista de Tabelas: Tabela 1: População total, percentual da população urbano e rural Mesorregião do Jequitinhonha e Mesorregião do Vale do Mucuri 2010.... 26 Tabela 2: Percentual da População Alfabetizada Mesorregião do Jequitinhonha e Mesorregião do Vale do Mucuri MG 2010.... 36 Tabela 3: Percentual da População Alfabetizada, por classe de idade nas Microrregiões - Mesorregiões do Jequitinhonha e Mesorregião do Vale do Mucuri MG 2010.... 37 Tabela 4: Percentual da população por nível de instrução Mesorregião do Jequitinhonha e Mesorregião do Vale do Mucuri MG 2010... 40 Tabela 5: Instituições de ensino por dependência Mesorregião do Jequitinhonha, Mesorregião do Vale do Mucuri e Minas Gerais - 2013... 42 Tabela 6: Percentual da População que recebe Bolsa Família... 64 Tabela 7 Conceituação acerca do déficit habitacional, FJP 2013.... 134 Tabela 8 Déficit Habitacional, Microrregião de Diamantina - 2010... 137 Tabela 9 - Déficit Habitacional, Microrregião de Capelinha - 2010... 139 Tabela 10 - Déficit Habitacional, Microrregião de Araçuaí - 2010... 142 Tabela 11 - Déficit Habitacional, Microrregião de Pedra Azul - 2010... 142 Tabela 12 - Déficit Habitacional, Microrregião de Almenara - 2010... 144 Tabela 13 - Déficit Habitacional, Microrregião de Teófilo Otoni - 2010... 147 Tabela 14 - Déficit Habitacional, Microrregião de Nanuque - 2010... 149 Tabela 15: Agenda regional comum aos Vales.... 166 Tabela 16: Agenda regional comum ao Vale do Jequitinhonha.... 167 Tabela 17: Agenda regional do Alto Jequitinhonha.... 168 Tabela 18: Agenda regional do Médio Jequitinhonha.... 169 Tabela 19: Agenda regional do Baixo Jequitinhonha.... 171 Tabela 20: Agenda regional do Vale do Mucuri... 173

Lista de Mapas: Mapa 1: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2006... 45 Mapa 2: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2006... 45 Mapa 3: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2006... 46 Mapa 4: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2008... 46 Mapa 5: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2008... 47 Mapa 6: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2008... 47 Mapa 7: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2010... 49 Mapa 8: Índice de Concentração Normalizado: setores com alguma concentração na região 2010... 49 Mapa 9: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2010... 50 Mapa 10: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2012... 51 Mapa 11: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2012... 51 Mapa 12: Índice de Concentração Normalizado setores com alguma concentração na região 2012... 52 Mapa 13: Índice de Desenvolvimento Tributário e Econômico 2003... 83 Mapa 14: Índice de Desenvolvimento Tributário e Econômido 2010... 84 Mapa 15: Proporção dos domicílios particulares permanentes com abastecimento de água por rede geral ou poço em Minas Gerais 2010... 88

Mapa 16: Proporção dos domicílios particulares permanentes com abastecimento de água por rede geral, poço ou nascente nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2010... 89 Mapa 17: Existência de intermitência no abastecimento de água em algum setor nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2008... 91 Mapa 18: Existência de intermitência no abastecimento de água em algum setor nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2008... 93 Mapa 19: Proporção dos domicílios particulares permanentes atendidos por serviço de coleta de lixo em Minas Gerais 2010... 95 Mapa 20: Proporção dos domicílios particulares permanentes atendidos por serviço de coleta de lixo nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2010... 96 Mapa 21: Situação de Tratamento e/ou Disposição Final dos Resíduos Sólidos Urbanos em Minas Gerais 2012... 98 Mapa 22: Proporção de domicílios particulares permanentes com esgotamento sanitário adequado em Minas Gerais 2010... 101 Mapa 23: Domicílios particulares permanentes com esgotamento sanitário adequado nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2011... 102 Mapa 24: Existência de Estação de Tratamento de Esgoto em operação nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2008... 104 Mapa 25: Cobertura do Programa Saúde da Família em Minas Gerais 2010... 108 Mapa 26: Cobertura do Programa Saúde Familiar nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2010... 109 Mapa 27: Cobertura do Programa Saúde Familiar nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2011... 110 Mapa 28: Crianças menores de cinco anos com baixo peso para a idade nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2008... 113 Mapa 29: Crianças menores de cinco anos com baixo peso para a idade nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2011... 114

Mapa 30: Proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de prénatal em Minas Gerais 2006... 116 Mapa 31: Proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de prénatal em Minas Gerais 2011... 117 Mapa 32: Proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de prénatal nas Mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri 2011... 118 Mapa 33: Rodovias nas Mesorregiões do Jequitinhonha e do Vale do Mucuri... 123

Sumário Apresentação... 14 Esclarecimentos metodológicos... 18 Diagnóstico Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri: diferentes regiões com questões parecidas... 22 Introdução:... 22 1. Análise Demográfica... 24 1.1. População total, rural e urbana... 24 1.2. Pirâmide Etária da Região dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (por Microrregião- IBGE)... 26 1.3. Educação da população... 35 1.3.1. Alfabetização... 36 1.3.2. Nível de Instrução... 38 1.3.3. Instituições de ensino... 40 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Cadastro de estabelecimentos de ensino da SEE-MG... 42 2.Análise Econômica... 42 2.1. Setores influentes na economia regional... 43 2.2. Estrutura da renda nas regiões... 58 2.3. População atendida pelo Programa Bolsa Família... 64 2.4. Caracterização do emprego... 65 2.5. Capacidade fiscal dos municípios... 81 3.Estrutura urbano-regional... 85 3.1. Estrutura de Saneamento... 85 3.2. Estrutura de atendimento à saúde... 106 3.3. Estrutura de Transporte... 119

3.4. Estrutura de Habitação... 133 4.Considerações finais a respeito do diagnóstico... 150 Prioridades regionais: apontamentos dos que vivem nos Vales... 155 Diretrizes comuns aos Vales:... 155 Curto Prazo... 155 Médio Prazo... 155 Longo Prazo:... 156 Diretrizes comuns ao Jequitinhonha:... 156 Curto Prazo... 156 Diretrizes do Alto Jequitinhonha:... 156 Curto Prazo... 156 Médio Prazo... 157 Longo Prazo:... 157 Diretrizes do Médio Jequitinhonha:... 157 Curto Prazo... 157 Médio Prazo... 158 Longo Prazo:... 158 Diretrizes do Baixo Jequitinhonha:... 158 Curto Prazo... 158 Médio Prazo... 159 Longo Prazo:... 159 Diretrizes do Vale do Mucuri:... 162 Curto Prazo... 162 Médio Prazo... 162 Longo Prazo:... 163 Agendas regionais dos Vales... 165

Referências Bibliográficas:... 175

Apresentação O Plano de Desenvolvimento Integrado e Sustentável dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri representa a necessidade de um olhar integrado sobre o território formado pelos Vales. Nesse sentido, o Plano vem somar a diversos esforços de articulação institucional e social em favor de um olhar sobre a política pública, que tem como foco principal a construção de diretrizes governamentais a partir da realidade territorial. Os Vales são regiões historicamente caracterizadas por dificuldades nos campos infraestrutural, econômico e social, o que leva o Governo de Minas a desenvolver um olhar espacial sobre elas. Por outro lado, são regiões riquíssimas sobre a perspectiva cultural, no que diz respeito à mobilização de seu povo e por sua diversidade. Assim, o Plano traz o esforço governamental em favor da reorientação das políticas públicas voltadas para a região, tendo como aspecto primordial o protagonismo social das populações que às habitam. Procurou-se, também, oferecer à diversidade de seus atores sociais a possibilidade de construir um instrumento de ordenamento territorial. De modo que, a partir da leitura das principais questões regionais, esses atores puderam apontar as estratégias necessárias para a sua superação e sintetizá-las em uma agenda regional de desenvolvimento, para ser trabalhada e fundamentalmente pelo Governo do Estado e também pelas prefeituras, arranjos institucionais regionais a serem fortalecidos e implementados, bem como pelos demais agentes sociais. Por fim, reitera-se aqui a importância do planejamento, com envolvimento institucional e participação social, para que se possa efetivar o desenvolvimento das regiões mineiras. Nesse sentido, o plano representa o início de um processo contínuo de planejamento e envolvimento social em favor de um futuro melhor para os Vales. Alencar Santos Viana Filho Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana - SEDRU 14

A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana (SEDRU), instituída pela Lei Delegada nº 119/2007, é organizada estruturalmente por duas Subsecretarias, as de Desenvolvimento Regional e de Política Urbana e Gestão Metropolitana. No âmbito da Subsecretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), atualmente se encontra a Superintendência de Planejamento e Apoio ao Desenvolvimento Regional (SPADR), executora do Plano de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Vale do Jequitinhonha e do Vale do Mucuri: Área Mineira. O objetivo primordial do Plano de Ações Estratégicas é o de seguir a linha de um planejamento regional integrado em todo o território do Estado de Minas Gerais, ou seja, que permita promover a melhor interação entre as diversas regiões, levando em consideração as suas peculiaridades e dinâmicas. Estrategicamente, as ações têm como prioridade o atendimento às regiões que apresentam um baixo dinamismo econômico e social conforme indicadores (IDH e IMRS). Dessa forma, o Plano servirá como um instrumento de gestão para a orientação da formulação de políticas públicas e ações sociais por meio das agendas locais e regionais de desenvolvimento. O Plano passa por um estudo aprofundado da região, cujo diagnóstico oferecerá subsídios para a realização de melhorias na infraestrutura física e nas formas de governança vigentes, com vistas a um modelo de desenvolvimento que tenha como premissas a inclusão social e a sustentabilidade nos contextos econômico e ambiental, urbano e rural. Apesar das suas grandes potencialidades e dos relevantes programas governamentais implementados a partir do ano de 2003, os Vales do Jequitinhonha e do Mucuri ainda representam um grande desafio para todos os governantes, das esferas municipal, estadual e federal. Questões que se voltam à vulnerabilidade social e ao dinamismo econômico remetem à uma necessária presença do Poder Público como um verdadeiro indutor do desenvolvimento e da melhoria da qualidade de vida das pessoas que ali vivem, observadas as peculiaridades da região, incluindo o aspecto cultural, bem como as relações de cooperação. 15

Os estudos recentes mostram o significativo avanço da região em diversos setores, e apontam a importância da alocação adequada dos recursos e da valorização da participação popular no processo de construção das políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento da região e à supressão das desigualdades regionais. São identificadas também as ações potenciais a serem desenvolvidas, de forma estratégica. Identidade regional, arranjos produtivos locais e o incentivo às mulheres produtoras são alguns dos elementos que devem ser levados em consideração para o planejamento estratégico da região. A organização espacial e a densidade populacional são também elementos chave para a compreensão das demandas. Por exemplo, tem-se a mesorregião do Jequitinhonha como a de maior população dentre as demais mesorregiões; já a mesorregião de Araçuaí apresenta a maior população rural da região. Destaca-se ainda o crescimento dos índices de escolaridade e principalmente de alfabetização nos Vales, nos últimos 11 anos. Outra característica interessante diz respeito à diversidade econômica entre os Vales. Em ambos há uma presença marcante do artesanato. No Jequitinhonha a economia é baseada principalmente na fabricação de produtos têxteis, na agricultura, na pecuária, na produção florestal, e ainda na extração mineral. Em 2012, o aumento na produção de madeira, na extração de minerais nãometálicos, na agricultura e na pecuária movimentou positivamente a economia regional, conforme gráficos. Já no Mucuri, a economia se baseia principalmente na agropecuária, e na produção sucroalcooleira, e apresenta um traço de diversidade econômica decorrente da pulverização de outras atividades. A remuneração média da região dos Vales não está relacionada somente à agropecuária e ao extrativismo, mas também ao comércio e à construção civil. Porém, o crescimento mais significativo foi no setor da educação e ensino, reflexo das instituições de ensino em geral, incluindo faculdades e universidades, que foram recentemente instaladas na região. Observam-se recentes melhorias no abastecimento de água potável, no esgotamento sanitário e na coleta de resíduos sólidos. O exitoso programa Pró- Acesso do Governo do Estado, que promoveu a ligação asfáltica dos municípios, representou um dos maiores impulsos ao desenvolvimento dos Vales, ao diminuir distâncias e conferir uma infraestrutura básica capaz de 16

assegurar a mobilidade e o livre trânsito das pessoas, fazendo circular e escoar as riquezas como jamais se viu anteriormente. Quanto à convivência com a seca, é de suma importância que sejam mantidas e aprimoradas as diversas ações que assegurem o direito básico da população ao fornecimento de água potável, e principalmente possibilitem a manutenção da agricultura familiar e de subsistência nos períodos de estiagem. A diversidade dos perfis econômicos dos Vales e de suas microrregiões reclamam um tratamento próprio do Poder Público, cuja atuação deverá ser pautada na cooperação e na atuação conjunta entre os entes federados. Através de uma Agenda Regional, construída com a participação popular, com as prefeituras municipais, instituições de ensino e a sociedade civil como um tudo, foram identificadas as diretrizes e ações potenciais para auxiliar no planejamento estratégico da região. Seguindo a sua tradição de inovar - com responsabilidade social e fiscal - o Estado de Minas Gerais oferece mais um instrumento de planejamento regional integrado, visando a eficiência no gasto público, sempre com o foco de tornar Minas Gerais o melhor Estado para se viver, onde a busca pela qualidade de vida para o cidadão se sobrepõe à máquina estatal. O planejamento de qualquer região é fundamental para o desenvolvimento sustentável, e deve seguir com o trabalho conjunto realizado com os municípios, na adaptação dessa nova dinâmica regional e das realidades vividas. Somente com o planejamento é que se torna possível antecipar situações e assim vislumbrar outras possibilidades para o desenvolvimento equilibrado de uma região tão especial e peculiar como a do Vale do Jequitinhonha e do Vale do Mucuri. Beatriz Morais de Sá Rabelo Corrêa Subsecretária de Estado de Desenvolvimento Regional SEDRU 17

Esclarecimentos metodológicos O Plano de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Jequitinhonha e Mucuri foi pensado a partir de duas vertentes metodológicas. A primeira delas, a vertente executiva, delineou a forma como o Plano foi construído ao longo de seu desenvolvimento, de modo que o mesmo foi dividido em 4 (quatro) etapas. Na primeira etapa foram levantados dados estatísticos para as duas mesorregiões (Jequitinhonha e Vale do Mucuri, conforme regionalização do IBGE). Na segunda etapa foram coletadas informações governamentais de diversas Secretarias do Governo de Minas Gerais e de lideranças regionais, como forma de subsidiar a formulação de propostas por parte das populações dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Para isso, foram realizadas visitas nas regiões, com mobilização de lideranças locais para a promoção de debates fomentados a partir dos resultados estatísticos obtidos na etapa anterior. Assim foi possível qualificar as principais questões regionais. A terceira etapa compreendeu o momento de coletar as propostas para a formulação de diretrizes para as regiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Nesta etapa, foram promovidas reuniões regionais, em que foram coletadas demandas por seguimento da sociedade, ou seja, setor empresarial, instituições de ensino e pesquisa, administrações municipais, representantes regionais da estrutura do Governo de Minas e organizações sociais. Para cada segmento foi estabelecido um grupo de trabalho (GT). Nestas reuniões, foi possível que os seguimentos apontassem as questões prioritárias em uma perspectiva de tempo. Isto é, foram apontadas as questões de curto, médio e longo prazo. Por fim, a quarta etapa correspondeu à sistematização de todas as propostas apontadas e a elaboração de uma Agenda Regional, a qual pretende-se que seja a referência da região para os próximos 10 (dez) anos. Essa sistematização tem como fundamento a captação do discurso coletivo, ou seja, 18

a capitação dos pontos considerados como prioritários pelos diferentes segmentos da estrutura social das regiões. Assim, pensa-se que as diretrizes refletem algo mais próximo da real demanda social das regiões em questão. A segunda vertente metodológica está relacionada à participação social, a qual foi dividida em duas etapas. A primeira etapa compreendeu a apresentação da proposta de elaboração do Plano, sensibilização e chamamento das organizações sociais e demais entidades da sociedade. Cabe ressaltar que nesta etapa também foram realizadas visitas de diagnósticos em diversos municípios buscando avaliar e levantar potenciais ligados à infraestrutura de transportes, principais atividades econômicas e seus processos produtivos e avaliação da organização institucional das prefeituras. No que se refere ao setor empresarial, cabe ressaltar a parceria estabelecida entre o SEBRAE, a FIEMG e as Associações Comerciais, no sentido de inserir o setor produtivo como essencial na geração de emprego e renda. Com relação às administrações municipais e demais segmentos da sociedade, foram apoiadoras as Associações de Municípios que atuam nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, quais sejam: Associação dos Municípios do Alto Jequitinhonha (AMAJE), Associação dos Municípios do Médio Jequitinhonha (AMEJE) e Associação dos Municípios do Mucuri (AMUC). A segunda etapa compreendeu os Grupos de Trabalho (GTs), conforme citado anteriormente, em que estes apresentaram as principais questões regionais e formularam propostas de soluções, por meio de diretrizes que comporão a agenda regional. Uma forma sucinta para entender o processo de construção do Plano está expressa pelo fluxograma abaixo. 19

A etapa dos Grupos de Trabalho (Gts) foi realizada entre os dias 03 e 11 de dezembro de 2013, sediadas nos municípios de Diamantina, Araçuaí, Jequitinhonha e Teófilo Otoni. Os municípios acima especificados foram escolhidos por serem as cidades polo de cada espaço territorial dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, ou por disponibilidade de espaços para a realização das reuniões. Como foi dito anteriormente, as diretrizes foram construídas de acordo com a perspectiva de tempo para seu cumprimento. De modo que: Diretrizes de Curto prazo são aquelas cuja urgência demanda uma média de dois anos para serem realizadas a partir da publicação do plano; Médio prazo, as que demandariam em média cinco anos para serem realizadas a partir da publicação do plano; Longo Prazo, as que demandariam em média dez anos para serem realizadas a partir da publicação do plano; No processo de sistematização procurou-se destacar as questões coincidentes para todas as porções regionais entre o Jequitinhonha e o Vale do Mucuri, ou seja, aquilo que se aplica homogeneamente a toda a área trabalhada por este Plano. Também serão destacadas as questões mais específicas, conforme a porção regional. Ou seja, as regiões do Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha terão discriminadas as propostas em curto, médio e longo prazo, sendo o mesmo aplicado para o Vale do Mucuri. 20

O presente relatório do Plano de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Jequitinhonha e Mucuri está estruturado em três partes, sobre as quais se discorre a seguir. A primeira se trata do diagnóstico elaborado a partir das informações estatísticas qualificadas e colhidas nos trabalhos de campo, intitulada: Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri: diferentes regiões com questões parecidas. A segunda parte se trata da apresentação das diretrizes formuladas durante os grupos de trabalho. Intitula-se: Prioridades regionais: apontamentos dos que vivem nos Vales. Por fim, a terceira parte se trata da Agenda Regional, ou Agendas Regionais, onde, a partir das diretrizes apontadas já se delineia alguns encaminhamentos executivos voltados às diferentes porções regionais dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, a qual se intitulou Agendas regionais dos Vales. 21

Diagnóstico Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri: diferentes regiões com questões parecidas Introdução: Esta fase do trabalho representa um diagnóstico a respeito das regiões de referência abordadas no Plano de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Jequitinhonha e Mucuri. Para fins metodológicos este trabalho adotou a regionalização em mesorregiões elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Portanto as regiões de referência para este trabalho são as mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri. O referido diagnóstico foi elaborado com base em informações secundárias de fontes como o senso demográfico de 2010 e demais fontes de dados alfanuméricos agregados ao nível municipal, informações colhidas em órgãos governamentais, bem como, por meio de trabalhos de campo realizados nas regiões. É importante destacar que, por questões metodológicas, mas não apenas por isto, houve o esforço de apresentação das informações angariadas dando-se ênfase às diferenças entre os Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Este esforço, não se deu apenas por uma escolha técnica-metodológica, do ponto de vista da equipe de trabalho, mas atende ao que socialmente foi mostrado desde o início dos trabalhos nas regiões, ou seja: existem realidades distintas quanto ao Jequitinhonha e ao Mucuri, seja no sentido cultural, na estrutura social e até mesmo na estrutura econômica destas regiões, apesar de suas conexões, que também são bastante claras. Ainda neste sentido, para evidenciar a especificidade das problemáticas regionais de maneira mais detalhada, procurou-se fazer as análises por meio de uma divisão regional em escala mais próxima, que é socialmente utilizada e que demonstra a identidade e o vínculo das populações com os rios, principalmente no caso do Jequitinhonha. Isto é, utilizou-se uma regionalização que acompanha as bacias hidrográficas em combinação com as microrregiões 22

do IBGE, da seguinte forma: Alto Jequitinhonha, que corresponde às microrregiões de Diamantina e Capelinha; Médio Jequitinhonha, que corresponde às microrregiões de Araçuaí, Pedra Azul e parte da microrregião de Capelinha; e Baixo Jequitinhonha que corresponde à microrregião de Almenara. Já no caso do Vale do Mucuri as microrregiões correspondentes são as de Teófilo Otoni e Nanuque. Essa divisão regional serviu de referência, principalmente, para a programação dos trabalhos de campo, mas foi levada em consideração durante todo o trabalho, já que foi possível perceber que existe grande vinculação social e cultural a essa referência aos trechos, principalmente, do Rio Jequitinhonha. O diagnóstico está organizado em três grandes eixos que se comunicam entre si. Primeiramente, volta-se o olhar para as informações demográficas das regiões em questão, em que são vasculhados elementos como a distribuição rural e urbana da população, a sua distribuição etária e por gênero e seu nível educacional. Em seguida observa-se a estrutura de atividades econômicas presentes nas regiões, de modo que, é avaliada a estrutura produtiva e a distribuição territorial de atividades econômicas; também, avalia-se o nível de renda presente nas regiões; e, por fim, a capacidade fiscal dos municípios. Para finalizar foi feita uma análise da estrutura urbano-regional, com levantamentos que se concentram nas estruturas de saneamento, atendimento à saúde da população, estrutura de transportes e estrutura habitacional. Destaca-se que os eixos pelos quais se estrutura o trabalho são complementares uns aos outros, de maneira que, isoladamente, tendem a oferecer poucos elementos para uma leitura das regiões mais próxima da realidade. Tampouco são definitivos e com certeza precisam e precisarão ser revistos e complementados, em um trabalho contínuo, junto às e pelas sociedades regionais. 23

1. Análise Demográfica A presente análise demográfica busca dar um referencial para uma leitura mais ampla da realidade regional. Nesse sentido buscou-se avaliar quesitos básicos da população das regiões em questão que podem revelar especificidades com relação a suas necessidades básicas, para assim, ser avaliado como estão sendo atendidas por serviços públicos. Além disso, possibilita-se a avaliação das condições de reprodução social das populações em questão. Isto é, as possibilidades e necessidades de sua vinculação a atividades produtivas e econômicas em geral. De um modo geral, essa análise é uma referência para as análises seguintes. 1.1. População total, rural e urbana Dá-se início a esta parte do trabalho avaliando-se a distribuição da população em espaços urbanos e rurais. Essa análise é importante, pois mostra características relevantes às necessidades da população e principalmente características quanto a sua organização social e suas possibilidades de reprodução social. Outro aspecto importante, que este item permite analisar, é o contexto histórico-espacial ao qual essa população pertence, principalmente em termos da divisão espacial do trabalho (setores produtivos que se desenvolveram na região e suas vinculações externas). Para essa análise foram utilizadas as informações do Senso Demográfico de 2010, elaborado pelo IBGE. Os dados do Censo Demográfico de 2010 mostram que a mesorregião do Jequitinhonha era majoritariamente urbana no período, com 62,22% da população residindo em meio urbano. Com relação às suas microrregiões, todas, com exceção da microrregião de Araçuaí (Médio Jequitinhonha), também eram predominantemente urbanas. No Alto Jequitinhonha a população urbana era de 76,44% na microrregião de Diamantina e de 54,2% na microrregião de Capelinha. No Médio Jequitinhonha, na microrregião de Araçuaí o valor da população em meio urbano era de apenas 49,09%, já na microrregião de Pedra Azul, 72,04%. No Baixo 24

Jequitinhonha, na Microrregião de Almenara, 71,37% da população residia em meio urbano. Como se pode observar a única porção regional em que boa parte da população ainda se encontra em meio rural, já que a tendência mundial é que as populações se concentrem em meio urbano, é a microrregião de Araçuaí. Também é preciso ressaltar que essa faixa territorial se estende até a microrregião de Capelinha, área em que consideramos uma transição entre o Médio e Alto Jequitinhonha. Faixa territorial essa, que concentra parte significativa da população em meio rural. Como poderá ser visto adiante, este é um território onde são significativas as atividades de agricultura familiar, boa parte dela voltada à subsistência. Também é possível notar uma baixa capacidade de concentração populacional dos principais centros regionais dessa faixa, isto é, os municípios de Araçuaí e Capelinha possuem menor nível de população urbana, em contraposição aos demais centros regionais do Jequitinhonha: Diamantina, Almenara e Pedra Azul. Na mesorregião do Vale do Mucuri a população também era majoritariamente urbana em 2010, de modo que, 67,7% da população residia em meio urbano. Em suas microrregiões o percentual da população residindo em meio urbano também era maior que o percentual da população residindo em meio rural. Na microrregião de Nanuque, 76,77% da população estava em meio urbano e na microrregião de Teófilo Otoni esse valor era de 63,66%. Destaca-se que a microrregião de Nanuque é bem mais urbanizada que a de Teófilo Otoni que é um importante centro regional. Isso evidencia que o entorno do município do Teófilo Otoni ainda concentra uma parcela significativa de população rural. Como pode ser observado (Tabela 1), em média, a Mesorregião do Vale do Mucuri era mais urbanizada que a Mesorregião do Jequitinhonha. Contudo, percebe-se que a taxa de população urbana das microrregiões do Jequitinhonha, com exceção de Capelinha e Araçuaí, acompanham a taxa de urbanização da microrregião de Nanuque. Percebe-se, também, que a referida faixa territorial, de significativa população rural, que vai do Médio ao Alto Jequitinhonha (da microrregião de Araçuaí à de Capelinha) se estende para os 25

municípios ao redor de Teófilo Otoni, que, como poderá ser observado adiante, é uma faixa territorial com municípios com características estruturais semelhantes. Tabela 1: População total, percentual da população urbano e rural Mesorregião do Jequitinhonha e Mesorregião do Vale do Mucuri 2010 População Total Urbano (%) Rural (%) Mesorregião do Jequitinhonha 699.413 62,22 37,78 Microrregião de Almenara 179.658 71,37 28,63 Microrregião de Araçuaí 156.418 49,09 50,91 Microrregião de Capelinha 197.507 54,2 45,8 Microrregião de Diamantina 82.707 76,44 23,56 Microrregião de Pedra Azul 83.123 72,04 27,96 Mesorregião do Vale do Mucuri 385.413 67,7 32,3 Microrregião de Nanuque 118.762 76,77 23,23 Microrregião de Teófilo Otoni 266.651 63,66 36,34 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 1.2. Pirâmide Etária da Região dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (por Microrregião- IBGE) A análise das pirâmides etárias das Mesorregiões do Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri, bem como de suas respectivas microrregiões, com base nos dados do Censo Demográfico (IBGE) de 2010, permite perceber que essas regiões passavam pelo início do período de transição demográfica. Esse é um fenômeno que ocorre em todo o Brasil e que, segundo estudiosos do tema 1, irá acentuar-se na primeira metade do século XXI. O fenômeno da transição demográfica, em geral, começa com a queda das taxas de mortalidade e, depois de um certo tempo, prossegue com a queda das taxas de natalidade, o que provoca uma forte mudança na estrutura etária da pirâmide populacional. (ALVEZ, 2008, p.3). Essa transição demográfica é consequência de uma série de fatores socioeconômicos e culturais. Segundo Alves (2008), existe uma ampla literatura no Brasil que explica as causas da redução das taxas de mortalidade 1 Ver Brito (2008). 26

e fecundidade como fruto do processo de secularização e de transformações estruturais e institucionais ocorridas nos planos macro e micro e que afetaram as relações intergeracionais e de gênero (CARVALHO, PAIVA, SAWYER, 1981; MERRICK, BERQUÓ, 1983; FARIA, 1989; ALVES, 1994; MARTINE, 1996). Da perspectiva demográfica, existiram várias condições favoráveis para se promover o rompimento do círculo vicioso da pobreza, nas regiões mais carentes. Na primeira metade do século XXI, o Brasil terá, conforme projeções dos principais centros de análise demográfica do país 2, uma população crescendo a taxas cada vez menores, com aumento da proporção de pessoas em idade de trabalhar e menores razões de dependência, com maior inserção feminina no mercado de trabalho e com um número crescente de homens e mulheres com maior escolaridade e, portanto, maior potencial produtivo. A queda da mortalidade infantil e o aumento da esperança de vida significam anos de vida mais longos e que podem se transformar em mais tempo de trabalho e potencial acréscimo de renda nessas regiões. Ainda segundo Alvez (2008), nas regiões em desenvolvimento as taxas de mortalidade já atingiram seus patamares mais baixos, mas as taxas de natalidade ainda apresentam uma curva em declínio, necessitando de algumas décadas a mais para se chegar ao ponto de interseção e crescimento vegetativo zero. O Brasil encontra-se em uma fase intermediária da transição demográfica, com efeitos positivos tanto em relação aos países desenvolvidos, quanto em relação aos países muito menos desenvolvidos, o que pode representar boas condições para o desenvolvimento econômico e social das regiões aqui analisadas, pois, percebe-se claramente que grande parte da população está concentrada na faixa de 14 a 65 anos, o que, a priori, significa dizer que existe um menor número de dependentes em relação à população potencialmente economicamente ativa. 2 Por exemplo, ver projeções de FÍGOLI et all (2010). 27

Desse modo, o que se observa na análise das pirâmides etárias é que as bases das mesmas encontram-se relativamente estreitas, indicando menor número de pessoas entre 0 e 9 anos de idade. Além disso, os corpos dessas pirâmides encontram-se relativamente dilatados, indicando maior número de pessoas, sobretudo, entre 10 e 19 anos. A partir de 20 anos de idade os corpos das pirâmides se estreitam gradativamente em direção à população de maior idade. O momento implica em novos desafios para o governo local. Por um lado decresce a demanda por vagas no ensino fundamental e a oferta de infraestrutura de saúde pública para o atendimento a crianças e adolescentes. Por outro, crescem demandas ligadas a população jovem e adulta como, por exemplo, a formação secundária, técnica e superior. Além disso, surgem como pautas as consequências da presença do idoso na sociedade. Esse fato, chama à discussão politicas sociais alternativas e mais amplas, como, por exemplo, o aumento da acessibilidade e qualidade do serviço de saúde voltada para esse público. Figura 1 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 28

Microrregião de Almenara: Municípios: Almenara, Bandeira, Divisópolis, Felisburgo, Jacinto, Jequitinhonha, Joaima, Jordânia, Mata Verde, Monte Formoso, Palmópolis, Rio do Prado, Rubim, Salto da Divisa, Santa Maria do Salto, Santo Antônio do Jacinto. Figura 2 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 29

Microrregião de Araçuaí: Municípios: Araçuaí, Caraí, Coronel Murta, Itinga, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso, Ponto dos Volantes, Virgem da Lapa. Figura 3 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 30

Microrregião de Capelinha: Municípios: Angelândia, Aricanduva, Berilo, Capelinha, Carbonita, Chapada do Norte, Francisco Badaró, Itamarandiba, Jenipapo de Minas, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Minas Novas, Turmalina e Veredinha. Figura 4 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 31

Microrregião de Diamantina: Municípios: Couto de Magalhães de Minas, Datas, Diamantina, Felício dos Santos, Gouveia, Presidente Kubitschek, São Gonçalo do Rio Preto e Senador Modestino Gonçalves. Figura 5 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 32

Microrregião de Pedra Azul: Municípios: Cachoeira do Pajeú, Comercinho, Itaobim, Medina e Pedra Azul. Figura 6 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 Figura 7 33

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 Microrregião de Nanuque: Municípios: Águas Formosas, Bertópolis, Carlos Chagas, Crisólita, Fronteira dos Vales, Machacalis, Nanuque, Santa Helena de Minas, Serra dos Aimorés e Umburatiba. Figura 8 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 34

Microrregião de Teófilo Otoni: Municípios: Ataléia, Catuji, Franciscópolis, Frei Gaspar, Itaipé, Ladainha, Malacacheta, Novo Oriente de Minas, Ouro Verde de Minas, Pavão, Poté, Setubinha e Teófilo Otoni. Figura 9 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 A percepção que se tem é a de que todas as microrregiões analisadas acompanham o padrão médio estabelecido nas mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri, bem como que as duas mesorregiões em questão seguem o mesmo padrão. 1.3. Educação da população A avaliação do nível de educação da população é elemento fundamental para uma projeção das possibilidades de transformação social no território analisado. A investigação apresentada neste trabalho aborda questões como as taxas de alfabetização das pessoas, o nível de instrução e a existência de instituições de ensino nas regiões analisadas. 35

É preciso ressaltar que a presente análise não avançou em questões mais profundas do sistema educacional e de sua atuação na região, como questões referentes ao modelo pedagógico, analfabetismo funcional e a estrutura do sistema educacional em si. Estes são elementos importantes, que a partir dos desdobramentos deste planejamento deverão ser abordados, com o cuidado de envolvimento de todos os afins. 1.3.1. Alfabetização Quanto à alfabetização da população, os dados do Censo Demográfico de 2010 sugerem que o percentual de alfabetização, em 2010, na Mesorregião do Jequitinhonha e do Mucuri era respectivamente de 79,8% e 80,80% em 2010. Ou seja, em média mais de 20% da população à época, se mantinha analfabeta. Tabela 2: Percentual da População Alfabetizada Mesorregião do Jequitinhonha e Mesorregião do Vale do Mucuri MG 2010 Mesorregião do Jequitinhonha 79,80% Mesorregião do Vale do Mucuri 80,80% Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 Se analisarmos o grau de alfabetização por microrregiões o destaque fica com a Microrregião de Diamantina que apresenta os melhores índices para todas as faixas etárias, enquanto a microrregião de Almenara apresenta os menores percentuais de alfabetização. De modo geral, para todas as microrregiões os piores percentuais de alfabetização encontram-se nas faixas etárias avançadas, ou seja, dos cinquenta anos de idade em diante, entretanto esta situação é normal tendo em vista que o movimento para a alfabetização no Brasil é recente, e geralmente as pessoas de maior idade tendem a apresentar maior resistência a voltar para a sala de aula. As faixas etárias mais jovens para todas as microrregiões são satisfatórias, muito embora, esta parcela da população possa estar sofrendo de 36

analfabetismo funcional, implicando, portanto, imensa dificuldade não só na progressão dos estudos como para inserção no mercado de trabalho. Na mesorregião do Vale do Mucuri, ambas as microrregiões possuem comportamento muito parecido com diferença de 1 ponto percentual em média quando se compara entre as faixas etárias. Novamente as faixas etárias mais avançadas são aquelas que apresentam menores percentuais de alfabetização para ambas as microrregiões. Por fim, cabe ressaltar que o essencial a ser extraído da tabela acima é que levando em consideração as pirâmides etárias que mostraram maior quantidade de população do sexo feminino e masculino para as faixas etárias de 10 aos 19 anos, em média mais de 95% é alfabetizada. Tabela 3: Percentual da População Alfabetizada, por classe de idade nas Microrregiões - Mesorregiões do Jequitinhonha e Mesorregião do Vale do Mucuri MG 2010 Microrregião Mesorregião Jequitinhonha Percentual da população alfabetizada, por classe de idade nas microrregiões 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 anos anos anos anos anos anos anos 60 anos ou mais Almenara 62,05 95,45 97,02 93,74 83,53 74,23 59,39 35,91 Aracuaí 64,35 96,52 97,52 94,84 84,52 76,04 63,75 38,76 Capelinha 69,92 97,93 98,25 96,19 86,82 75,52 61,05 35,68 Diamantina 73,89 98,03 98,58 97,66 93,45 89,04 83,04 65,78 Pedra Azul 67,93 97,40 98,02 95,47 87,80 78,83 65,65 40,80 Mesorregião Vale do Mucuri Microrregião 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 anos ou mais Nanuque 63,78 95,57 96,82 95,24 88,76 79,59 67,21 41,47 Teófilo Otoni 63,83 96,19 97,36 94,99 87,25 80,90 69,19 48,12 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 Assim, a condição básica para engendrar um processo de educação mais elevado com vistas a promover um processo de desenvolvimento econômico e social menos dependente já se encontra estabelecido. Cabe, porém, criar mecanismos para tornar acessível à população das próprias regiões o acesso ao ensino médio de qualidade e superior evitando exclusão destes dos espaços de formação existentes em seu próprio território. 37

1.3.2. Nível de Instrução De maneira complementar a análise das taxas de analfabetismo foram considerados os índices com respeito ao nível de instrução da população das regiões. Nesse sentido, pode-se perceber que as regiões analisadas são marcadas por baixos níveis de instrução formal. De acordo com os dados do Censo Demográfico de 2010, a Mesorregião do Jequitinhonha tinha 73,9% de sua população sem instrução e/ou com fundamental incompleto, 11,9% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 10,6% com médio completo e/ou superior incompleto e 3,1% com superior completo. Com relação às suas microrregiões, a que apresentava maior percentual da população com maiores valores para os níveis mais altos de instrução era a microrregião de Diamantina, na qual 65% de sua população foi classificada como sem instrução e/ou fundamental incompleto, 13,9% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 15,4% com médio completo e/ou superior incompleto e 5,6% com superior completo. Mesmo esta microrregião sendo a que apresenta os maiores índices, nota-se que o número/percentual de pessoas sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto é muito grande. Esse quadro claramente obstrui as possibilidades de diversificação de atividades remuneratórias para a microrregião, bem como as possibilidades de formação de mentes pensantes voltadas para um projeto regional diferenciado. Como se pode perceber adiante, essa situação não somente se reproduz nas demais microrregiões do Vale do Jequitinhonha, como se agravam. A microrregião em pior situação foi a de Araçuaí (Médio Jequitinhonha), com 76,3% de sua população sem instrução e/ou fundamental incompleto, 11,4% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 8,9% com médio completo e/ou superior incompleto e apenas 2,5% com superior completo. 38

Nos níveis intermediários estavam as microrregiões de Almenara, Capelinha e Pedra Azul. Conclui-se que a situação em termos de nível de instrução da população do Médio Jequitinhonha combina-se às suas características espaciais. Isto é, pode considerar que o Médio Jequitinhonha, caracteriza-se como um território de significativa população rural e de baixo nível de educação formal. As demais porções regionais, não fogem à realidade de baixo nível de instrução formal, porém, com caraterísticas mais urbanas. Já a Mesorregião do Vale do Mucuri, tinha 69,9% de sua população sem instrução e/ou fundamental incompleto, 12,4% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 13,2% com médio completo e/ou superior incompleto e 4% com superior completo. A realidade do Vale do Mucuri, apesar de mostrar números um pouco melhores, não foge ao que se pode verificar, de um modo geral, principalmente, nas porções regionais do Alto e Baixo Jequitinhonha. Com relação às suas microrregiões, a que apresentava maior percentual da população com os maiores níveis de instrução era a Microrregião de Nanuque, com 69,3% de sua população classificada como sem instrução e/ou com fundamental incompleto, 13,1% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 14,1% com médio completo e/ou superior incompleto e 3,2% com superior completo. A outra microrregião, de Teófilo Otoni, estava em pior situação, com 70,2% de sua população sem instrução e/ou fundamental incompleto, 12,1% com fundamental completo e/ou médio incompleto, 12,8% com médio completo e/ou superior incompleto e 4,4% com superior completo (a Tabela 4 ilustra os comentários acima). A mesorregião do Vale do Mucuri tinha, em 2010, uma população com maior nível de instrução quando comparada com a Mesorregião do Jequitinhonha. Porém, reforça-se que os níveis de instrução são baixos, de forma geral, nas duas mesorregiões. Além disso, é possível notar a existência de um corredor de significativa população rural com baixa qualificação formal, que se estende dos municípios no entorno de Teófilo Otoni ao Médio Jequitinhonha. 39

Tabela 4: Percentual da população por nível de instrução Mesorregião do Jequitinhonha e Mesorregião do Vale do Mucuri MG 2010 Sem instrução e/ou fundamental incompleto Fundamental completo e/ou médio incompleto Médio completo e/ou superior incompleto Superior completo Não determinado Mesorregião do Jequitinhonha 73,9 % 11,9 % 10,6 % 3,1 % 0,5 % Microrregião de Almenara 76,3 % 10,4 % 9,7 % 3,0 % 0,5 % Microrregião de Araçuaí 76,3 % 11,4 % 8,9 % 2,5 % 0,9 % Microrregião de Capelinha 72,9 % 13,5 % 10,5 % 2,8 % 0,4 % Microrregião de Diamantina 65,0 % 13,9 % 15,4 % 5,6 % 0,1 % Microrregião de Pedra Azul 75,3 % 10,5 % 10,9 % 2,7 % 0,6 % Mesorregião do Vale do Mucuri 69,9 % 12,4 % 13,2 % 4,0 % 0,4 % Microrregião de Nanuque 69,3 % 13,1 % 14,1 % 3,2 % 0,3 % Microrregião de Teófilo Otoni 70,2 % 12,1 % 12,8 % 4,4 % 0,5 % Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo 2010 1.3.3. Instituições de ensino Com a análise das informações a respeito dos níveis de alfabetização e de instrução da população das regiões analisadas, identificam-se sérias questões relacionadas à formação educacional de base. Nesse sentido, passa a ser importante a avaliação da atual estrutura de serviços voltados a esta problemática. Para isso, optou-se por investigar a existência e distribuição espacial das instituições básicas de ensino (escolas) nas regiões avaliadas. Segundo os dados disponibilizados pela Secretaria de Educação de Minas Gerais (SEE-MG), a Mesorregião do Jequitinhonha (classificação do IBGE) conta com uma rede escolar composta por 1.155 instituições de ensino 3, sendo 2 delas vinculadas à rede federal, 238 à rede estadual, 834 à rede municipal e 81 à rede privada. Ou seja, fica a cargo das administrações municipais a 3 São consideradas as instituições de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação profissional, educação de jovens e adultos e educação espacial. 40

porção mais substantiva de atendimento em educação de base, pelo menos, no que diz respeito ao número de instituições 4. Como pode ser observado, (Tabela 4), a classificação das microrregiões que compõem a mesorregião do Jequitinhonha, por maior número de instituições de ensino é a seguinte: Capelinha, Almenara, Araçuaí, Pedra Azul e Diamantina. Embora a Microrregião de Capelinha apresente o maior número de instituições de ensino, ela não é a que apresenta a maior variedade, pois a mesma não apresenta instituição de ensino ligada à esfera federal. Os dados da SEE-MG para a Mesorregião do Vale do Mucuri (classificação do IBGE) revelam que esta mesorregião apresenta uma rede escolar composta por 522 instituições de ensino, sendo 122 delas vinculadas à rede estadual, 323 à rede municipal e 77 à rede privada. Esta mesorregião não possui instituição de ensino liga à rede federal. Os dados mostram que a microrregião pertencente à mesorregião do Vale do Mucuri com maior número de instituições de ensino é a de Teófilo Otoni, sendo que a diferença entre essa microrregião e a de Nanuque é considerável. Quando comparadas com o estado de Minas Gerais, as duas mesorregiões apresentam um número pouco expressivo, a mesorregião do Jequitinhonha responde por 6,6% e a Mesorregião do Vale do Mucuri por apenas 3% do total de instituições de ensino do Estado. De todo modo, a quantidade de instituições não necessariamente influi nos níveis de instrução formal. O importante a ser apontado com essas informações é que, fundamentalmente, a estrutura educacional nas regiões analisadas está a cargo das estruturas municipais. Portanto, conclui-se que as estruturas municipais não estão sendo capazes de ofertar equipamentos de educação que atendam toda sua população e que combatam movimentos de evasão escolar. 4 Essa é uma situação tendencial, já que, conforme estabelecido na Lei Federal nº 9.394, de 1996 (Lei de diretrizes e bases da educação nacional) os municípios atenderão prioritariamente o ensino fundamental, com o devido apoio de Estado e União. 41

Reforça-se também, a necessidade de um trabalho contínuo e conjunto entre os gestores dos demais projetos regionais e gestores da educação, municipais e estaduais, que, detalhadamente, esmiúce os aspectos da pouca instrução formal dos habitantes das regiões em questão. Tabela 5: Instituições de ensino por dependência Mesorregião do Jequitinhonha, Mesorregião do Vale do Mucuri e Minas Gerais 2013 Federal Estadual Municipal Privada Total Mesorregião do Jequitinhonha 2 238 834 81 1.155 Microrregião de Almenara 1 52 243 20 316 Microrregião de Araçuaí 1 48 172 20 241 Microrregião de Capelinha 0 80 256 20 356 Microrregião de Diamantina 0 32 82 10 124 Microrregião de Pedra Azul 0 26 81 11 118 Federal Estadual Municipal Privada Total Mesorregião do Vale do Mucuri 0 122 323 77 522 Microrregião de Nanuque 0 36 87 20 143 Microrregião de Teófilo Otoni 0 86 236 57 379 Federal Estadual Municipal Privada Total Minas Gerais 56 9.477 3.684 4.410 17.627 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Cadastro de estabelecimentos de ensino da SEE-MG 2. Análise Econômica A descrição das atividades econômicas e a compreensão da forma como estas se estruturam e se inter-relacionam no território e nas práticas sociais requer não só uma abordagem quantitativa, mas qualitativa do quadro geral de sua manutenção e perpetuação ao longo do tempo. Cabe ressaltar que é evidente, no campo da análise econômica que as observações baseadas unicamente em dados secundários são extremamente frágeis quando contrastadas com o trabalho de campo. Uma análise mais prudente, nesse caso, pauta-se apenas ter por premissa um estudo introdutório baseado em dados secundários e seu alinhamento com as informações apuradas nos trabalhos de campo. 42

Nesse sentido, visando uma primeira análise dos aspectos econômicos das mesorregiões do Jequitinhonha e Vale do Mucuri foram utilizados os seguintes indicadores: I) Índice de Concentração Normalizado (ICN) 5 elaborado a partir da divisão de setores da CNAE - Classificação Nacional de Atividade Econômica; II) Remuneração média em salários mínimos com base na massa salarial complementada pela renda nominal mensal fornecida pelo Censo 2010; e, por fim, utilizou-se o saldo dos postos de trabalho gerados por microrregião em função da escolaridade, informações estas fornecidas pelo Observatório do Trabalho da Secretaria de Trabalho e Emprego SETE. 2.1. Setores influentes na economia regional O Índice de Concentração Normalizado foi aplicado para os anos de 2006, 2008, 2010 e 2012 com o objetivo de avaliar a evolução dos setores econômicos da região. Através dos mapas 1, 2 e 3 é possível verificar a composição da estrutura produtiva das regiões analisadas, para o ano de 2006. Nesse ano, no Alto Jequitinhonha se destacaram: fabricação de produtos têxteis; agricultura; pecuária e serviços relacionados; e produção florestal. No Médio Jequitinhonha os setores em destaque foram: extração de minerais não metálicos; agricultura; pecuária e serviços relacionados; e produção de produtos químicos, com destaque para o município de Setubinha. Já no Baixo Jequitinhonha, maciçamente, destacaram-se: agricultura; e pecuária e serviços relacionados. No Vale do Mucuri predominam agricultura, pecuária e serviços relacionados, além da presença do setor de fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. É possível observar que Teófilo Otoni se apresenta como o município com maior diversificação econômica. 5 Para uma explicação pormenorizada da metodologia de formulação do ICN, ver: Crocco, et al. (2003). 43

Mais do que a existência de concentração em alguns setores nas regiões analisadas, é importante destacar a perspectiva intermunicipal da concentração de alguns setores naquela época. Ou seja, é possível notar que em 2006 existiam importantes concentrações de determinadas atividades produtivas de relevante potencial de desdobramento de suas cadeias, em faixas territoriais que envolvem municípios vizinhos ou relativamente próximos, o que indicaria possibilidades de desenvolvimento do setor em uma escala regional. Os setores nos quais, foi possível perceber tal situação foram os de produção florestal, de extração de minerais não-metálicos, de produção de coques, derivados do petróleo e biocombustíveis e, por fim, de fabricação de produtos têxteis. Quanto à produção florestal, percebe-se sua concentração no Alto Jequitinhonha, envolvendo os municípios de Turmalina, Carbonita, Itamarandiba, Capelinha e Couto de Magalhães de Minas, além de Malacacheta, no Vale do Mucuri. Com relação à extração de minerais não-metálicos, é possível perceber a concentração em toda a faixa do Médio Jequitinhonha, a partir de Araçuaí, seguindo pelos municípios à nordeste até Pedra Azul. Os municípios envolvidos são Araçuaí, Coronel Murta, Novo Cruzeiro, Caraí, Itinga, Ponto dos Volantes, Padre Paraíso, Itaobim, Medina, Cachoeira do Pajeú, Pedra Azul (esses no Médio Jequitinhonha), Mata Verde, Salto da Divisa (Baixo Jequitinhonha), Águas Formosas e Pavão (esses dois últimos no Vale do Mucuri). Este é o setor que mais envolve municípios das regiões analisadas. A produção de coques, derivados do petróleo e biocombustíveis se concentra na porção leste do Vale do Mucuri, mais especificamente, nos municípios de Nanuque e Serra dos Aimorés. Por fim, a fabricação de produtos têxteis é uma atividade concentrada no Alto Jequitinhonha, nos municípios de Diamantina e Gouveia. Adiante, través dos mapas, de 1 a 12, é possível perceber a evolução destes setores ao longo dos anos até 2012. 44

Mapa 1 Mapa 2 45

Mapa 3 Mapa 4 46

Mapa 5 Mapa 6 47

A partir de 2010 as regiões começam a passar por um processo de transformação marcado pela concentração em alguns setores. O Alto Jequitinhonha se especializa na produção florestal, mais especificamente na produção de eucalipto, e na agricultura, na pecuária e serviços relacionados, sendo que, conforme foi possível perceber através do trabalho de campo, os municípios ao entorno de Diamantina se destacam principalmente na produção de morango. No Médio Jequitinhonha avança a especialização na produção de minerais não-metálicos. O trabalho de campo revelou que essa especialização se direciona, principalmente, na extração de grafite, granito, pedras preciosas e semipreciosas. Nessa área, nota-se também, porém com menos intensidade, a concentração em atividades ligadas a agricultura. No Baixo Jequitinhonha mantem-se a atividade de agricultura, pecuária e serviços relacionados, mas também se destaca a extração de grafite e granito, acompanhando o movimento vindo do Médio Jequitinhonha. O Vale do Mucuri apresenta forte presença do setor de agricultura, pecuária e serviços relacionados com alguns municípios destacando-se na produção de minerais não metálicos do tipo pedras preciosas e semipreciosas. Dentre todos os municípios Teófilo Otoni é aquele que se destaca com maior diversificação econômica. 48

Mapa 7 Mapa 8 49

Mapa 9 A partir do ano de 2012 o Vale do Jequitinhonha começa a sofrer algumas transformações econômicas. O alto Jequitinhonha mantém a especialização na produção florestal com a constituição de um setor de produtos de madeira e algumas atividades vinculadas à agricultura. O médio Jequitinhonha mantém sua especialização na produção de minerais não-metálicos (granito, grafite e pedras preciosas e semipreciosas) e o baixo Jequitinhonha mantem-se especializado na atividade de agricultura, pecuária e serviços relacionados. O Vale do Mucuri começa a se especializar não só em agricultura, pecuária e serviços relacionados, mas também na fabricação de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, mais precisamente na produção de álcool. Iniciouse também uma ampliação de atividades ligadas à prestação de serviços do tipo publicidade e pesquisa de mercado, muito em função da distância em relação a Belo Horizonte e para atender a demanda advinda tanto do próprio Vale do Mucuri quanto do Vale do Jequitinhonha. 50

Mapa 10 Mapa 11 51

Mapa 12 Do ponto de vista da análise dos aglomerados produtivos, aqueles setores que se desenvolveram em municípios vizinhos e que, portanto, oferecem perspectivas de espraiamento regional, nota-se que não houve alterações significativas. Os setores de relevância continuam os mesmos, porém, com algumas situações que merecem ser destacadas. Com relação à produção florestal, ela continua concentrada na porção do Alto Jequitinhonha, mas se expande em direção ao Médio Jequitinhonha, com o envolvimento de um número maior de municípios. A principal novidade com relação a este setor é o surgimento de um vínculo, ainda que relativamente tímido, com o setor de fabricação de produtos de madeira. Esse vínculo mostra sinais de avanços na cadeia de produção de madeira. Ou seja, em alguma medida, está havendo o beneficiamento do produto na região, o que sugere um maior dinamismo econômico. 52

Muitos municípios passaram a coincidir relevantes índices de concentração dos setores de produção florestal e fabricação de produtos de madeira, o que não foi realidade em 2006. São os casos de Diamantina, Couto de Magalhães de Minas, Itamarandiba, Capelinha, Turmalina, Chapada do Norte e Minas Novas. Este último guardando condição ainda mais avançada, já que, além de apresentar relevante concentração para os setores de produção florestal e fabricação de produtos de madeira, apresenta maior concentração no setor de pesquisa e desenvolvimento científico. Destacam-se, também, alguns municípios que não apresentam concentração na produção florestal, mas que possuem níveis relevantes de concentração na fabricação de produtos de madeira, ou ainda, que possuem concentrações na fabricação de produtos de madeira superiores à concentração na produção florestal, de modo que, comportam-se como pequenos polos de produção de artigos derivados da madeira. São os casos de São Gonçalo do Rio Preto (Alto Jequitinhonha), Araçuaí e Chapada do Norte (Médio Jequitinhonha). Essa condição sugere uma articulação regional de expansão da cadeia produtiva. E sendo reunidas, de encadeamento de setores produtivos alinhado com a existência de pesquisa e desenvolvimento considerando-se o fenômeno existente em Minas Novas e o potencial guardado em Diamantina, com a presença da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) são essenciais para desdobramentos benéficos ao desenvolvimento da região em bases cooperativas, desde que haja articulações entre o setor público e o coletivo de produtores. Já com relação à extração de minerais não-metálicos não houve alterações significativas em termos de concentração. O importante a ser destacado é a excessiva dependência do Médio Jequitinhonha com relação a este setor. Muitos dos municípios apresentam concentração quase que exclusiva na extração de minerais não-metálicos. Como já fora apontado, complementarmente, essa porção regional apresenta alguma especialização em atividades agrícolas, muito baseada em atividades 53

de agricultura familiar, o que pode ser um potencial interessante. Mas com relação à extração de minerais não-metálicos, percebeu-se com os trabalhos de campo, que não há atividades de pesquisa em favor do beneficiamento e desenvolvimento de produtos a partir das pedras extraídas na região. Nem mesmo pequenas lapidações são significantes. Além disso, foram relatadas as atividades de comerciantes atravessadores, principalmente relacionadas ao comércio de granito, pedras preciosas e semipreciosas, que compram a produção regional em pequenos e médios depósitos e as direcionam para serem beneficiadas em outras regiões fora do estado de Minas Gerais e, até mesmo, fora do país. Outro fator importante a ser destacado, relacionado a este setor, é sua influência sobre a produção do espaço urbano regional. Resgatando-se as informações apresentadas na análise demográfica, onde foi possível observar que o Médio Jequitinhonha é composto por significativa população rural, de baixa instrução educacional formal, nota-se que essa porção regional se encontra em um recente processo de transformação da estrutura produtiva que tende a acarretar em transformações nas formas de reprodução social. Isto é, a mineração caracteriza-se como atividade industrial vinculada ao meio urbano, portanto, a transformação recente da base produtiva (formal) dessa porção regional leva a crer que o processo de urbanização será intensificado. Por outro lado, deve-se considerar que a mineração de materiais não-metálicos geralmente se caracteriza por pequenas estruturas, muitas vezes assoladas pela informalidade e distantes do meio urbano. É comum que essas minerações se caracterizem por condições arcaicas em termos de tecnologia industrial, principalmente, a extração de pedras preciosas. Essa perspectiva, ou seja, a perspectiva da produção industrial, aos moldes do que acontece na região e que fora confirmado pelos trabalhos de campo, pode não confirmar a tendência de reforço da urbanização, já que muitos trabalhadores rurais, geralmente vinculados às atividades de agricultura de subsistência, paralelamente, podem se vincular às atividades produtivas relacionadas à mineração. 54

Outro aspecto importante a ser ressaltado, também vinculado à mineração, é o da circulação e comércio dessa mercadoria e suas consequências para o processo de urbanização. Isto é, o processo de urbanização tende a se reforçar pelo deslocamento de uma população que desenvolve atividades de comércio e serviços vinculados à mineração de minerais não-metálicos, desde o fornecimento de artigos de alimentação até a proliferação do comércio de pedras preciosas, considerando-se aí, também, o comércio informal. Ainda com relação ao comércio de pedras, os trabalhos de campo mostraram que faltam espaços especializados, bem estruturados e bem divulgados. Como já fora apontado anteriormente, foi diagnosticada, no Vale do Mucuri, a concentração com relação ao setor de produção de coques, derivados de petróleo e biocombustíveis, mais especificamente nos municípios de Nanuque e Serra dos Aimorés, na porção leste dessa mesorregião. Essa concentração, conforme pôde ser verificado em trabalho de campo, está relacionada com a produção alcooleira, ou seja, biocombustíveis. Através da análise do ICN foi possível verificar que essa concentração na produção de biocombustíveis se relaciona com atividades de pesquisa e desenvolvimento científico, principalmente no município de Serra dos Aimorés. Apesar da verificação desse nível de concentração nesses setores, por meio dos trabalhos de campo, foi possível perceber que a produção alcooleira adentrou em um processo de crise na região. Conforme os relatos captados, as empresas da região enfrentam dificuldades competitivas em função da precária estrutura de escoamento da produção e o consequente impacto que essa questão gera sobre os custos de produção. Assim, as perspectivas de desdobramentos relacionados ao setor sucroalcooleiro são pequenas, a não ser que haja uma ação efetiva de recuperação do setor. Quanto à fabricação de produtos têxteis, esta continua concentrada no Alto Jequitinhonha, mais especificamente, nos municípios de Diamantina e Gouveia. 55

Nas reuniões de trabalhos de campo, muito pouco foi referido com relação ao setor. O que leva à interpretação de que o setor não gera encadeamentos relevantes para a região. Apesar disso, foi possível verificar a influência de algumas confecções na geração de emprego e renda no município de Gouveia, onde a produção têxtil aparece como o setor de maior concentração. É importante destacar que a produção têxtil nesses dois municípios se iniciou no século XIX, como resposta à crise da mineração e passou por processos de modernização ao longo do século XX. Portanto, vem resistindo como atividade tradicional da região (BORGES, 2013). Nos últimos anos o setor têxtil brasileiro tem sofrido com a competição imposta pelos produtos chineses e, consequentemente, a produção dessa região não escapa desses efeitos. Havendo necessidade de políticas de acompanhamento do setor. Outro aspecto importante a ser destacado está relacionado ao dinamismo presente em dois dos principais polos regionais do Jequitinhonha e Vale do Mucuri. Trata-se de Diamantina (Alto Jequitinhonha) e Teófilo Otoni (Vale do Mucuri). Essas cidades possuem o maior dinamismo econômico de toda a área estudada. Diamantina possui concentração relevante em sete setores: fabricação de produtos têxteis; extração de minerais não-metálicos; produção florestal; agricultura, pecuária e serviços relacionados; serviços de assistência social sem alojamento; fabricação de produtos de madeira; e publicidade e pesquisa de mercado. A produção florestal, a extração de minerais não-metálicos e fabricação de produtos têxteis são os principais setores em termos de concentração. Outro aspecto relevante com relação à Diamantina é a presença do campus da UFVJM, o que, sem dúvida, contribui para maior dinamismo da cidade, que, por sua vez, exerce polarização sobre os demais municípios da região. Já Teófilo Otoni apresenta concentração relevante em seis setores: Serviços de assistência social sem alojamento; agricultura, pecuária e serviços relacionados; publicidade e pesquisa de mercado; extração de minerais não- 56

metálicos; fabricação de produtos de madeira; e atividades de vigilância, segurança e investigação. O setor de assistência social sem alojamento é o que apresenta maior concentração no município e é acompanhado pelos serviços de publicidade e pesquisa de mercado. Dentre as atividades produtivas, os setores mais significativos, em ordem de maior concentração, são agricultura, pecuária e a extração de minerais nãometálicos. A partir dessa análise é possível perceber que Teófilo Otoni se caracteriza como um centro de serviços regionais. São os serviços responsáveis por grande parte da dinâmica econômica dessa cidade. A prestação de serviços em Teófilo Otoni abrange todo o Vale do Mucuri e exerce influência sobre o Baixo Jequitinhonha. Através dos trabalhos de campo foi possível perceber que os serviços básicos em Teófilo Otoni, principalmente os serviços de saúde, se encontram saturados pela demanda advinda de toda a sua área de influência. Assim, ao longo dos últimos seis anos até 2012, o Vale do Jequitinhonha avançou muito pouco na diversificação econômica, sendo que apenas o Alto Jequitinhonha apresentou alguma evolução de seu quadro produtivo, principalmente relacionado com o avanço do setor de fabricação de produtos de madeira. Entretanto, cabe ressaltar a necessidade de se considerar o grau sistêmico dessa pequena diversificação, haja vista, que nem sempre a existência de atividades econômicas correlatas é um indicativo de cadeia produtiva efetivamente integrada. Não raro essas atividades correlatas se desenvolvem em condições precárias, e sem uma conexão real com a cadeia de produção anterior. Ou seja, no caso da produção florestal é perfeitamente factível que as empresas de produção de eucalipto não induzam efeitos de encadeamento do tipo para frente, tornandose enclaves produtivos em meio a um grande potencial produtivo e desperdiçado nas regiões que se localiza. 57

Da mesma forma o médio Jequitinhonha se enquadra nessa situação. A atividade de extração mineral dependendo do tipo de produto, não garante a geração de renda na região e nem a formação de encadeamentos produtivos, ao se lançar unicamente na extração e venda de produtos brutos. A ausência de agregação de valor seja por meio da lapidação, elaboração de joias ou cortes especiais no caso do granito, abre amplo leque para o comércio predatório, imediatista e com baixa arrecadação fiscal, marcado pela presença de atravessadores provenientes de outras partes do país e do mundo. No baixo Jequitinhonha e no Mucuri mesmo com a especialização na atividade de agricultura e pecuária pode-se observar baixa produtividade, insuficiência e/ou descontinuidade na produção. Chama-se a atenção, nesse sentido, para a existência de arranjos produtivos relacionados à agricultura e pecuária extremamente fragilizados por uma série de fatores que vão desde má gestão, até o impacto proveniente da concorrência advinda de produtores mais eficientes e em condições de produção mais adequada residentes na Bahia e no Espirito Santo. 2.2. Estrutura da renda nas regiões Diante do exposto acima, no que se refere à forma como as atividades econômicas se relacionam com território e a sociedade, e seus reflexos na geração de renda e emprego, pode-se observar que, do ponto de vista da renda (figuras 10, 11 e 12), os setores que apresentam maior remuneração são o setor financeiro, para todas as microrregiões, e a partir de 2005 o setor de ensino, especificamente para a microrregião de Diamantina, certamente influenciado pela expansão da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Neste sentido, a cidade de Diamantina vem se consolidando como um polo de ensino e pesquisa integrado à sua condição de polo turístico. Entretanto, uma análise mais geral ao longo dos anos mostra uma maior elevação da renda percebida pelos trabalhadores em todos os setores, porém ainda abaixo dos três salários mínimos. 58

Ao longo dos dez anos houve uma maior diversificação da participação dos setores econômicos na distribuição da renda, muito embora, o valor dos salários não tenha se elevado sobremaneira. Assim, existem indícios de que os setores econômicos de destaque na região ainda que paguem salários mais elevados aos trabalhadores mais qualificados, esta parcela da mão de obra não impacta o suficiente para colocar qualquer microrregião como destaque na geração de renda. Excetuando o setor de ensino na microrregião de Diamantina, todas as demais microrregiões apresentam setores que remuneram pouco sua força de trabalho, razão esta, podendo ser explicada por um lado pela baixa escolaridade ou pela oferta quase que exclusiva de postos de trabalho de baixa qualificação, uma vez que as vagas de maior remuneração se encontram nas matrizes das empresas localizadas fora de ambos os vales. Diante disto, observa-se uma conjuntura marcada por baixos salários, que inviabilizam a acumulação de recursos necessários a qualquer atividade empreendedora e que por consequência inviabiliza a constituição de empresas que permitam, no longo prazo, pagamento de melhores salários. 59

Figura 10: Gráfico de remuneração Média 2001 Fonte: RAIS/MTE 60

Figura 11: Gráfico de remuneração Média 2005 Fonte: RAIS/MTE 61

Figura 12: Gráfico de remuneração Média 2011 Fonte: RAIS/MTE Por fim, analisando as regiões no agregado (figura 13), ou seja, sem distinção de setor econômico, observa-se que em todas as microrregiões, do Jequitinhonha e do Vale do Mucuri, o percentual de população de 10 anos ou mais de idade que recebe até 1 (um) salário mínimo está entre 40% e 50%. O percentual dessa mesma população que não possui renda, em todas as microrregiões, está entre 30% e 40%. Assim, aproximadamente 70% da população de 10 anos ou mais de idade recebe menos de 1 (um) salário mínimo ou praticamente sobrevive com algum tipo de benefício social. Vale ressaltar que, esses valores podem ser classificados como ruins, se comparados às médias estadual e nacional, já que, em todas as microrregiões, os percentuais de população com renda abaixo de um salário mínimo são significativamente maiores que qualquer uma dessas médias. Focando a análise somente na parcela da população sem rendimento e que sobrevive com algum tipo de benefício social, inevitavelmente devemos 62

considerar aquelas famílias que recebem benefícios do programa Bolsa Família, conforme será mais bem exposto no item abaixo. Figura 13: Gráfico de rendimento nominal mensal 2010 Fonte 6 : CENSO Demográfico de 2010 (IBGE) 6 Salário mínimo equivalente a R$ 540,00. O item sem rendimento inclui pessoas que recebiam somente em benefícios. 63

2.3. População atendida pelo Programa Bolsa Família 7 Tabela 6: Percentual da População que recebe Bolsa Família Percentual da População que recebe Bolsa Família Mesorregião do Jequitinhonha 11,85 % Microrregião de Almenara 12,63 % Microrregião de Araçuaí 12,86 % Microrregião de Capelinha 11,82 % Microrregião de Diamantina 8,75 % Microrregião de Pedra Azul 11,46 % Mesorregião do Vale do Mucuri 9,28 % Microrregião de Nanuque 10,07 % Microrregião de Teófilo Otoni 8,92 % Fonte: Censo 2010 A partir da análise de rendimentos nominais das mesorregiões observadas, percebe-se que aproximadamente 70% da população de 10 anos ou mais de idade potencialmente pode ser beneficiaria do Programa Bolsa Família. Nesse sentido, os dados do Censo Demográfico de 2010 sugerem que 11,85% da população da mesorregião do Jequitinhonha é beneficiária do Programa Bolsa Família. Dentro dessa mesorregião, a microrregião que possui o maior percentual de pessoas beneficiárias do programa é a Microrregião de Araçuaí (12,86%), seguida da Microrregião de Almenara (12,63%), da Microrregião de Capelinha (11,82%), da Microrregião de Pedra Azul (11,46%) e, por último, da Microrregião de Diamantina (8,75%). Na Mesorregião do Vale do Mucuri 9,28% da população é beneficiária do Programa Bolsa Família. Dentro dessa mesorregião, a microrregião que possui o maior percentual de pessoas beneficiárias do programa é a Microrregião de Nanuque (10,07%), em seguida, a Microrregião de Teófilo Otoni (8,92%). 7 O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda com condicionalidades, que atende a famílias pobres (renda mensal por pessoa entre R$70,01 e R$140) e extremamente pobres (renda mensal por pessoa de até R$70). Para mais informações: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/beneficios. 64

A questão essencial a ser tratada neste caso corresponde à necessidade de avaliar o grau de qualidade da inserção das crianças das famílias contempladas nas escolas 8. A condição de matrícula e frequência escolar mensal mínima na escola não garante a transformação intergeracional da condição social da família, uma vez que a existência de analfabetismo funcional tem sido uma constante na sociedade brasileira. Considerando a necessidade de promover dinamização econômica, ampliação e fortalecimento do mercado de trabalho e de consumo, este quadro conjuntural é extremamente preocupante. Nestas condições, trata-se de manter um equilíbrio do sistema econômico regional em baixo nível de atividade, ou equilíbrio de baixo nível, dada a impossibilidade da renda circulante regional ser capaz de gerar investimentos e diversificar a economia. Diante do quadro apresentado pela análise da renda, este não oferece nenhum atrativo no sentido tanto da atração de investimentos, quanto da indução do investimento endógeno. 2.4. Caracterização do emprego Do ponto de vista social, observa-se uma persistente estagnação da mobilidade social com geração de empregos de baixa qualificação. Ou seja, a população com ensino fundamental completo será absorvida por empregos de baixa remuneração tais como: ajudante de obra civil, trabalhador agrícola, contínuo (office-boy), e mantenedores de edifícios (serviços gerais). Para aqueles que possuem o ensino médio completo, o emprego de vendedor e demonstrador de lojas e mercado, corresponde àquele que mais absorve mão de obra. Para os profissionais de ensino superior, o emprego de escriturário de serviços bancários é o maior absorvedor de mão de obra e, por extensão, a atividade que oferece maior remuneração para aos seus trabalhadores. 8 Existem três condicionalidades, a saber: Saúde, Educação e Assistência Social. Na educação, todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%. 65

Cabe ressaltar que a microrregião de Diamantina é um caso especial, pois a geração de emprego, aparentemente, parece estar estritamente vinculada à presença da Universidade. Uma análise pormenorizada nos leva a indagar sobre a condição circular do processo histórico-social-econômico das regiões em questão, ou seja, a causação circular cumulativa 9, a qual se pode tratar como um círculo vicioso, que engendra um processo de perpetuação da estrutura econômica e social, imprimindo o caráter subdesenvolvido dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Para tanto, analisando o saldo recente dos postos de trabalho 2008 a 2011 (figuras 14 a 18) para o ensino fundamental observa-se que o Alto Jequitinhonha tem ofertado vagas de ajudantes de obras civis, vendedor em lojas ou mercados, embalador/ etiquetador, vigilante e guarda de segurança e trabalhadores de conservação de via excetuando trilhos. Ensino fundamental completo. Figura 14 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 9 MYRDAL, Gunnar. Teoria econômica e regiões subdesenvolvidas. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Saga, 1968. 66

Figura 15 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG No médio Jequitinhonha (figuras 16 e 17) destaca-se a oferta de empregos gerados para vendedor de lojas e mercados, ajudantes de obras civis, operadores na fabricação de pães, massas e doces, mantenedores de edificações, manutenção e conservação de edifícios e contínuos. 67

Figura 16 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG Figura 17 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG O Baixo Jequitinhonha (figura 18) destaca-se na geração de empregos para contínuos, trabalhadores de estruturas de alvenaria e de apoio à agricultura. 68

Assim, para o vale do Jequitinhonha, no que tange ao ensino fundamental o setor de serviços é o principal absorvedor de mão de obra. Figura 18 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG O Vale do Mucuri (figuras 19 e 20) apresenta uma pequena distinção em relação ao Vale do Jequitinhonha, que reside no fato de que a microrregião de Teófilo Otoni oferta vagas para ajudantes de obras civis, vendedores de lojas ou mercados e serviços domésticos em geral, enquanto a microrregião de Nanuque oferta vagas para trabalhadores agrícolas na cultura de gramíneas, alimentadores de linha de produção e trabalhadores artesanais na conservação de alimentos. Conclui-se, ainda que de forma exploratória, a microrregião de Nanuque, durante o período, apresentou maior capacidade de oferta de vagas de trabalho ligadas ao setor industrial, enquanto a microrregião de Teófilo Otoni de destacou na geração de trabalho no setor de serviços. 69

Figura 19 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG Figura 20 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 70

Ensino médio completo: O Alto Jequitinhonha (figuras 21 e 22) tem apresentado para o ensino médio um padrão de geração de empregos muito próximo àqueles empregos gerados para o ensino fundamental, excetuando as vagas para escriturários e alguns empregos ligados à gestão em que se faz necessário terem realizado cursos técnicos na área. Entretanto, de modo geral, não existe, a priori, uma distinção clara na ocupação dos postos de trabalho quanto à escolaridade, como ocorre nos centros urbanos mais avançados. Figura 21 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 71

Figura 22 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG O mesmo ocorre com o Médio Jequitinhonha (figuras 23 e 24). A demanda por vendedores de lojas e ajudantes de obras civis não faz distinção quanto à escolaridade. Assim, as melhores opções para quem possui ensino médio são as vagas de escriturário, assistentes e auxiliares administrativos, uma vez que não sofrerão a concorrência com a mão de obra de ensino fundamental. Cabe ressaltar que o Baixo Jequitinhonha (microrregião de Almenara) apresenta o mesmo quadro conjuntural das demais microrregiões. 72

Figura 23 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG Figura 24 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 73

Figura 25 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG O Vale do Mucuri (figura 26 e 27) também apresenta, de forma geral, o mesmo comportamento do Vale do Jequitinhonha. Para o ensino médio destacam-se empregos de vendedores e demonstradores em lojas, escriturários e assistentes/auxiliares administrativos e caixas e bilheteiros, alimentadores de produção e trabalhadores artesanais na conservação de alimentos. Pelo que, conforme observado no Vale do Jequitinhonha, a concorrência pelas vagas de trabalho se dá tanto entre a mão de obra com ensino fundamental quanto com ensino médio. 74

Figura 26 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG Figura 27 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 75

Ensino superior completo: No Alto Jequitinhonha (figuras 28 e 29) destacam-se os empregos voltados para a educação e saúde. Essa situação pode ser explicada pela expansão da UFVJM (campus Diamantina), que tem contratado inúmeros profissionais. Por outro lado, na microrregião de Capelinha destaca-se o emprego de escriturário de agência bancária, escriturários e assistentes/auxiliares administrativos e vendedores de lojas ou mercados. Figura 28 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 76

Figura 29 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG No médio Jequitinhonha (figuras 30 e 31) destacam-se escriturário de agência bancária, farmacêuticos e enfermeiros de nível superior. Como apresentado acima, o setor bancário e de saúde corresponde àquele que mais tem gerado vagas para contratações. 77

Figura 30 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG Figura 31 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 78

Por fim, seguindo o comportamento das demais sub-regiões, no Baixo Jequitinhonha (figura 32) o emprego de escriturário de serviços bancários se destaca frente às vagas de professores de formação pedagógica e técnicos de apoio à pesquisa e desenvolvimento. Portanto, para o Vale do Jequitinhonha, excetuando a microrregião de Diamantina devido à expansão da UFVJM, há indícios de que o setor bancário nos últimos anos tem sido o principal absorvedor de mão de obra de nível superior, embora proporcionalmente os bancos sejam reduzidos. Essa tendência, entretanto, precisa ser mais bem avaliada, pois esse aumento na geração de vagas de trabalho pode ser apenas um movimento conjuntural ou uma política institucional de determinado banco. Apesar disso, as profissões ligadas à saúde e à educação superior voltada para escola infantil destacam-se na região, muito mais em função de estarem ligadas as obrigações por parte do poder público, do que pelo movimento de expansão econômica, gerado a partir de investimentos privados. Figura 32 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 79

Observando as duas microrregiões do Vale do Mucuri, identifica-se a manutenção do mesmo comportamento durante os últimos anos. Saúde, educação e atividades ligadas ao setor financeiro destacam-se na geração de empregos, não se observando qualquer diferenciação regional advinda de novos empreendimentos. Nesse sentido, avaliar as condições da economia regional, por meio da estrutura de receitas dos municípios permitirá, de modo complementar, consolidar a análise da situação econômica dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Figura 33 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 80

Figura 34 Fonte: Elaborado a partir de dados do Observatório do Trabalho/SETE-MG 2.5. Capacidade fiscal dos municípios Como parte da análise econômica a respeito das regiões em questão, Jequitinhonha e Vale do Mucuri, a avaliação da capacidade fiscal dos municípios tende a apresentar a capacidade que as administrações municipais possuem para promover investimentos em infraestrutura e programas voltados à melhor qualidade de vida de sua população. Para tanto, recorreu-se a um indicador capaz de reunir alguns parâmetros que permitem ter uma ideia sobre a capacidade fiscal dos municípios analisados. O Índice de Desenvolvimento Tributário e Econômico (IDTE), objetiva não só mensurar a capacidade de autofinanciamento da administração pública municipal, como também realizar, à luz de sua estrutura de receitas, uma representação sobre as condições de sua economia e também sobre o seu estágio de desenvolvimento. O IDTE baseia-se na relação entre capacidade de geração de receitas tributárias de uma localidade, ao seu nível de desenvolvimento. Nesse sentido, economias em estágios iniciais de desenvolvimento econômico tendem a 81

possuir bases pouco diversificadas de tributação e com isso, limitada capacidade de arrecadação. Assim, serão apresentados os resultados do IDTE para os municípios das mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri para os anos de 2003 e 2010. Entende-se que quanto maior o indicador, melhor a condição econômica do município. O indicador vai de 0 (zero) a 1 (um). Para facilitar a interpretação, o valor correspondente ao indicador foi multiplicado por 100 (cem), assim, a escala do indicador passa a partir de 0 (zero) até 100 (cem) 10. Em 2003 (mapa 13) praticamente todo o Jequitinhonha apresentava baixo IDTE, de modo que, a maior parte dos municípios apresentava índice inferior a 50 (cinquenta). Algumas exceções puderam ser observadas, são os casos de Itamarandiba, Veredinha e Itaobim, que apresentavam índices entre 50 e 75, Chapada do Norte e Rio do Prado, que apresentavam índices superiores a 75. No caso do Vale do Mucuri, em 2003, a única exceção à realidade mesorregional, que é índices de até 50, foi o município de Pavão (entre 50 e 75). Essa avaliação sugere que, tanto no Jequitinhonha e no Vale do Mucuri, as atividades econômicas não se caracterizam por oferecer retornos, em termos de recursos fiscais, à sociedade. Além do baixo nível de retorno das atividades econômicas municipais, tal condição alerta também para a falta de capacidade institucional das administrações municipais em arrecadar recursos de ICMS e sua forte dependência quanto aos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). 10 Índice calculado pela fórmula: [N / (N+D)] x 100, onde N = somatório da Receita Própria Municipal (impostos, taxas e contribuições de melhoria) e do valor de ICMS repassado pelos critérios que requerem a pro-atividade dos municípios (Valor adicionado fiscal, Educação, Saúde, Meio ambiente, Patrimônio cultural, Produção de alimentos, Receita Própria e Municípios mineradores); e D = somatório das transferências do Fundo de Participação dos Municípios e do ICMS repassado por critérios reativos (População, População dos 50 municípios mais populosos, Cota mínima e Área geográfica). Quanto maior, melhor. 82

Questões como a informalidade no comércio e em atividades produtivas também podem influenciar na condição. Mapa 13 Já em 2010 (mapa 14), o quadro se altera levemente. Quanto ao Jequitinhonha, observa-se que, apesar de a maior parte dos municípios continuarem com índices inferiores a 50, muitos deles, principalmente no Médio e Baixo Jequitinhonha, passaram a apresentar IDTE superior a 25, situação que não ocorria em 2003, quando o IDTE era majoritariamente inferior a este índice. Essa relativa melhora do Médio Jequitinhonha, se balizada pela análise da estrutura produtiva dos municípios, sugere uma maior participação dos tributos arrecadados em decorrência das atividades de extração de minerais nãometálicos, principalmente na arrecadação de ICMS como município minerador. Ainda assim, percebe-se que falta às administrações municipais capacidade de melhora de suas receitas. Os municípios que, em 2003, possuíam índices 83

superiores a 50 e a 75, respectivamente, continuam como estavam, com exceção à Itaobim, que passou a ter IDTE inferior a 50. A mesma situação, de melhora relativa, se repete no Vale do Mucuri. A melhora, em que municípios passam de índice inferior a 25 para a faixa entre 25 e 50, se concentra nos municípios de fronteira com o Médio Jequitinhonha, em municípios ao norte de Pavão e na microrregião de Nanuque. Como não houve mudança significativa na estrutura produtiva destes municípios, é possível que as administrações municipais tenham desenvolvido melhor capacidade de arrecadação de tributos, como o ICMS oriundo de proatividade, ICMS ecológico ou cultural. Mapa 14 Portanto, grande parte do Vale do Jequitinhonha e Mucuri ainda mantém forte dependência das transferências como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e quota, parte municipal do ICMS. Assim sendo, os recursos derivados de sua atividade produtiva não conseguem provocar um processo endógeno de desenvolvimento econômico. O caráter da dependência econômica inviabiliza a construção de mecanismos que 84

subsidiem a formação de atividades econômicas próprias, bem como limita políticas públicas de apoio a atividades privadas que possam alavancar o desenvolvimento regional. Diante disso, a coadunação de baixos salários, baixo nível educacional e estrutura econômica com restrito encadeamento produtivo refletem em um quadro econômico e social estagnado que se retroalimenta e forma uma situação de equilíbrio de baixo nível. Diante dessa conjuntura, ambos os vales permanecem em condição desfavorável na competição inter-regional por investimentos, mantendo-se em uma posição relativa desfavorável no quadro econômico de Minas Gerais. 3. Estrutura urbano-regional A análise da estrutura urbano-regional dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri está concentrada nos serviços básicos, os quais a população tem acesso, bem como a sua condição de habitabilidade. Nesse sentido, apresentam-se as informações quanto às estruturas de saneamento, serviços de saúde, transporte regional (verificação das condições de acessibilidade dos municípios e previsão de pavimentação de rodovias) e a estrutura habitacional regional. O objetivo dessa fase do trabalho é apresentar as principais questões regionais no que diz respeito a essas quatro áreas e qualificá-las, com objetivo de orientar as ações e políticas públicas a serem desenvolvidas para o território em referência. 3.1. Estrutura de Saneamento Quanto à estrutura de serviços de saneamento, a análise se desdobrará em termos da avaliação da existência de serviços relacionados ao abastecimento de água, da coleta e disposição final de resíduos e do esgotamento sanitário. Não se trata de um levantamento minucioso sobre as condições de saneamento da região, mas, um levantamento básico que visa apresentar um panorama geral de como a região tem sido atendida por serviços dessa natureza. 85

Com base neste levantamento básico, será possível uma revisão setorial das políticas de saneamento voltadas para a região e, possivelmente, se for o caso, buscar novas alternativas para a prestação de serviços desse tipo. De uma maneira geral, serão apresentados os dados do Censo Demográfico de 2010, feito pelo IBGE, complementados com informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), do Sistema Estadual de Informações sobre Saneamento (SEIS), bem como, de informações colhidas nos trabalhos de campo realizados. 3.1.1. Abastecimento de água. A análise sobre o abastecimento de água na região é apresentada com base nos levantamentos do Censo Demográfico de 2010 sobre a proporção de domicílios com acesso a abastecimento de água e nas informações do SEIS, do ano de 2008, sobre a existência de tratamento de água e a intermitência no abastecimento de água nos municípios. Com relação ao abastecimento de água dos domicílios, de uma maneira geral, pode-se perceber, através do mapa 15, que, em Minas Gerais, os maiores problemas com o abastecimento de água estão concentrados nas mesorregiões Norte e Jequitinhonha, de maneira que, grande parte dos municípios apresenta proporção de domicílios que não tem acesso ao abastecimento de água, seja via rede geral, poço ou nascente, superior a 25%. No caso específico da região estudada por esse trabalho, percebe-se que o problema se concentra na área do Médio Jequitinhonha, nos arredores do município de Araçuaí. O destaque negativo, nesse caso, fica para o município de Berilo, que apresentava, à época, proporção de domicílios com alguma das formas de abastecimento de água citadas inferior a 50%. Já com relação ao Vale do Mucuri, seus municípios apresentam situação condizente com o restante do estado, com proporções superiores a 75% dos domicílios com acesso a abastecimento de água. De forma geral, é possível notar que são necessárias políticas emergenciais para os municípios do Médio Jequitinhonha, já que é elevada a proporção de 86

domicílios sem abastecimento de água, algo essencial para a vida das pessoas. 87

Mapa 15 88

Mapa 16 89

Historicamente o acesso à água na região é considerado problemático. Nesse sentido, procurou-se observar outros parâmetros que pudessem revelar mais da realidade da região com relação a esse recurso. Assim, avalia-se a existência ou não de intervalos de tempo no acesso à água, ou seja, a sua intermitência. Com base nos dados do SEIS, apresentados no mapa 17, pode-se avaliar que, em 2008, a região se destaca negativamente por conta da intermitência do acesso à água. O caso mais drástico se encontra nos municípios do Médio Jequitinhonha, onde, grande parte dos municípios apresentava intermitência semanal. No Alto Jequitinhonha, no Baixo Jequitinhonha e no Vale do Mucuri também existem municípios que apresentavam intermitência à época, com frequências que variam do mensal ao anual. Diante do exposto, é possível verificar que a região carece de abastecimento de água. Especialmente o Médio Jequitinhonha em que, além de apresentar, em vários de seus municípios, uma proporção superior a 25% dos domicílios sem acesso a água, parte dos domicílios que tem acesso, não o tem de forma perene. Isto é, em muitos municípios, domicílios tem acesso ao recurso, mas, até mesmo semanalmente, esse acesso é interrompido. 90

Mapa 17 91

Além do aceso dos domicílios a água, procurou-se avaliar, de forma básica, a qualidade da água disponível. Nesse sentido, direciona-se a análise para a existência ou não de tratamento de água na região, através das informações do SEIS. Assim, avalia-se o tipo de tratamento realizado no município. O tratamento pode ser classificado como convencional, não convencional ou simples desinfecção. A água captada em mananciais ou poços deve ser conduzida a uma estação de tratamento (ETA) ou para, pelo menos, um reservatório de distribuição através de uma rede adutora de água bruta. O tratamento pode variar de uma simples desinfecção nesse caso a água bruta recebe apenas o composto cloro antes de sua distribuição à população - a tratamentos mais complexos como o tratamento convencional processo em que a água bruta passa pelos processos de floculação, decantação, filtração, correção de ph, desinfecção e fluoretação e como o tratamento não-convencional nesse caso a água bruta passa por um clarificador de contato, por estações de tratamento de água compactas, pressurizadas ou não, e/ou por filtragem rápida (SEIS, 2011). Dessa forma, pode-se observar, por meio do mapa 18, que no ano de 2008 a maioria dos municípios das regiões avaliadas realizava o tratamento convencional. São poucos os casos onde não há nenhum tipo de tratamento da água fornecida, a maior parte no Alto Jequitinhonha, próximo ao município de Diamantina; são os casos de Datas, Presidente Kubitschek, São Gonçalo do Rio Abaixo, Couto de Magalhães e Felício dos Santos, estes no Alto Jequitinhonha; e Leme do Prado, no Médio Jequitinhonha. Já no Vale do Mucuri não foram detectados casos de municípios onde não existe tratamento de água. É preciso ressaltar que as informações do SEIS foram obtidas através das empresas fornecedoras de água nos municípios, portanto, como nem todos os domicílios de cada município se integram às redes de distribuição, conforme pode ser observado através das informações do mapa 16, o déficit no tratamento de água pode ser potencializado. O ideal é a formulação de uma política para o acompanhamento da qualidade da água dos domicílios atendidos por rede geral de abastecimento, bem como aos domicílios que obtêm água através de poços, nascente e outras formas. 92

Mapa 18 93

3.1.2. Coleta e disposição final de resíduos sólidos Essa análise se desdobra em duas vertentes: a primeira delas diz respeito à avaliação dos serviços de coleta lixo, que será feita com base nas informações do Censo Demográfico de 2010; a segunda vertente de análise se direciona a disposição adequada dos resíduos sólidos e será feita a partir dos levantamentos feitos pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). Com relação à coleta do lixo, a partir do Mapa 19, observa-se que, de um modo geral, as menores taxas de oferta deste serviço estão nos municípios das mesorregiões Norte de Minas, Vale do Rio Doce, porção norte da Mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte e na área de estudo deste trabalho, ou seja, as mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri, que estão detalhadas no Mapa 20. Nessas regiões, a maior parte dos municípios apresenta taxa de domicílios atendidos por serviço de coleta de lixo entre 25% e 75%. No caso das mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri, destacam-se os municípios que tem percentual de domicílios atendidos superior a 75%, quais sejam: Diamantina, São Gonçalo do Rio Preto, Gouveia, Senador Modestino Gonçalves (no Alto Jequitinhonha); Itaobim (Médio Jequitinhonha); Pedra Azul, Divisópolis, Mato Verde e Almenara (Baixo Jequitinhonha); Teófilo Otoni, Águas Formosas, Machacalis, Umburatiba, Nanuque e Serra dos Aimorés (no Vale do Mucuri). Assim como o apresentado na análise sobre abastecimento de água, existe uma concentração de baixa prestação de serviços de coleta de lixo no Médio Jequitinhonha, que se estende até os arredores do município de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, com taxas de domicílios atendidos inferiores a 50%. Esse quadro nos revela a necessidade de urgência no atendimento, com políticas de saneamento, em uma extensão de municípios que vai de Teófilo Otoni aos arredores de Araçuaí, faixa territorial que pode ser considerada como um corredor de baixa infraestrutura. 94

Mapa 19 95

Mapa 20 96

A Análise da destinação final de resíduos sólidos confirma a situação de fragilidade em estrutura de saneamento presente nas regiões avaliadas e ainda reforça um alerta sobre riscos ambientais, em decorrência da disposição inadequada de resíduos. Através do Mapa 21, elaborado pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), nota-se que nenhum município possui aterro sanitário regularizado. Fundamentalmente, a situação se divide entre municípios que possuem lixão e municípios que dispõem seus resíduos em aterros controlados. Alguns municípios apresentam condição aceitável por possuírem usinas de triagem e compostagem regularizadas; são os casos de Presidente Kubitschek, Carbonita e Jenipapo de Minas. A principal questão a ser destacada é que os principais centros regionais, aqueles municípios com maior população e com maior dinamismo de atividades em seu território, por consequência, aqueles com maior potencial de geração de resíduos, quais sejam, Diamantina, Capelinha, Araçuaí, Almenara, Teófilo Otoni e Nanuque, não possuem situação regularizada. Por outro lado, vale ressaltar que, a situação destes municípios pode servir de alavanca para uma solução consorciada na região. Isto é, cada município destes, que são centralidades regionais, podem ser peças chave para a estruturação de consórcios de desenvolvimento que incorporem soluções logísticas e gerenciais para a disposição adequada de resíduos da região. Ressalta-se, ainda, que a maior concentração de lixões está no Baixo Jequitinhonha, portanto, é destacado o alerta para os possíveis riscos ambientais nessa porção regional. 97

Mapa 21 98

3.1.3. Esgotamento sanitário A análise sobre a estrutura de esgotamento sanitário regional se concentra na avaliação do atendimento domiciliar por serviços de saneamento e na existência de tratamento do esgoto. No que diz respeito ao atendimento domiciliar por serviços adequados de esgotamento sanitário, a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010, verifica-se que, em Minas Gerais de um modo geral, a maioria dos municípios possui taxas inferiores a 75%, o que mostra que esgotamento sanitário ainda é um desafio para os habitantes mineiros. A questão é ainda mais problemática no Norte de Minas e na mesorregião do Jequitinhonha, conforme se pode observar no mapa 22. Concentrando-se a análise na região de estudo deste trabalho, verifica-se que o Médio Jequitinhonha possui os menores índices de atendimento domiciliar. Quase a totalidade dos municípios dessa porção regional possuem taxas de domicílios com esgotamento sanitário adequado inferior a 50%, e em alguns casos a taxa é inferior a 25%. Na área de estudo constam os seguintes municípios com taxas inferiores a 25% dos domicílios com esgotamento sanitário adequado: Couto de Magalhães de Minas, Felício dos Santos (Alto Jequitinhonha); Francisco Badaró, Chapada do Norte, Minas Novas, Setubinha, Ponto dos Volantes (Médio Jequitinhonha); Itaobin e Divisópolis (Baixo Jequitinhonha); Ladainha e Serra dos Aimorés (Vale do Mucuri). Vale destacar que nos principais centros regionais a taxa de domicílios com esgotamento adequado é pelo menos superior a 50%. De modo que é superior a 75% em Diamantina, Almenara, Teófilo Otoni e Nanuque, além do município de Machacalis no Vale do Mucuri; e está entre 50% e 75% em Capelinha. A exceção é Araçuaí, que tem índice inferior a 50%, o que reforça a condição carente de estrutura de saneamento do Médio Jequitinhonha. Pode-se dizer que o Vale do Mucuri apresenta situação melhor que a do Jequitinhonha, de forma geral, apesar de também demonstrar sérios 99

problemas. Na realidade, verifica-se a necessidade de um amplo programa estruturante de saneamento para o conjunto das duas regiões. 100

Mapa 22 101

Mapa 23 102

Sobre o acesso dessas regiões a serviços de tratamento de esgoto, verifica-se, através do Mapa 24, elaborado a partir dos dados do SEIS, que em 2008 boa parte dos municípios possuíam estações de tratamento de esgoto (ETE). O que se destaca nesse quesito é que a maioria dos principais centros regionais não possuíam ETE s. São os casos de Diamantina, Capelinha, Araçuaí, Jequitinhonha, Almenara e Teófilo Otoni. Ao comparar as informações sobre a existência de ETE s com os dados sobre acesso domiciliar adequado a esgotamento sanitário, verifica-se que mesmo com a existência de ETE nos municípios das regiões analisadas, a estrutura de esgotamento sanitário ainda é frágil e localizada, mesmo na escala dos municípios. Falta implementação de soluções estruturantes para o ambiente urbano dos municípios, estruturas capazes de atender em maior escala, evitando-se soluções pontuais. Algo que atrapalha soluções desse tipo nos municípios em questão é que a estrutura urbana municipal, geralmente, é composta de alguns distritos e localidades isoladas da sede municipal. Nesse caso, deve-se dirigir esforço na busca por soluções de esgotamento e tratamento adequados mais simplificados, até mesmo nas comunidades rurais. Contudo, a necessidade é de ação estruturante que envolva toda a territorialidade municipal. Podem-se discutir, também, soluções logísticas consorciadas que envolvem agrupamentos municipais. 103

Mapa 24 104

3.1.4. Observações sobre a análise da estrutura de saneamento regional. De modo geral, a estrutura de saneamento das mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri apresenta condições de fragilidade. Os maiores problemas, quanto ao abastecimento de água, serviços relacionados ao lixo, ou esgotamento sanitário, estão concentrados na porção regional do Médio Jequitinhonha, incluindo-se o município de Araçuaí, mas, principalmente, nos municípios em seus arredores. Destaca-se também, sob o ponto de vista estratégico, perante as possibilidades de desenvolvimento de atividades com algum potencial de rentabilidade para as regiões, que problemas de abastecimento e falta de tratamento de água são obstáculos sérios. Um exemplo a ser ressaltado, é a fragilidade dessa estrutura nos municípios próximos à Diamantina. Porção regional com grande potencial turístico já reconhecido, mas que se encontra prejudicado por falta desses elementos básicos de infraestrutura. Outro ponto preocupante é que os principais centros regionais, que possuem os maiores potenciais de produção de lixo, não dispõem de instrumentos adequados para a disposição final dos resíduos sólidos produzidos em seus territórios, por isso, encontra-se em situação irregular perante aos órgãos ambientais. Disso, leva-se em consideração a possibilidade de serem trabalhadas soluções consorciadas, aproveitando-se a escala de produção destes centros regionais. Por fim, é preciso dar destaque à necessidade de uma política regional estruturante para a viabilização de equipamentos adequados de esgotamento sanitário, principalmente, para todo o Vale do Jequitinhonha. 105

3.2. Estrutura de atendimento à saúde A análise que se inicia neste item do trabalho visa identificar a existência de alguns serviços de saúde, considerados básicos, prestados às pessoas das mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri, para que se possa ter um panorama geral dessa prestação de serviços e relacioná-la com as outras questões regionais abordadas por este plano. Para isso, foram selecionados alguns indicadores, que são informações levantadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), que funcionam como parâmetros da leitura pretendida. São eles: Cobertura do Programa Saúde da Família, desagregado por município; percentual de pessoas com menos de cinco anos com baixo peso para a idade; e a proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de pré-natal. É importante destacar que foi dada ênfase aos serviços considerados preventivos. Ressalta-se o atendimento de base, aquele que oferece às famílias maior qualidade de vida e não as estruturas de tratamento de patologias. Essa escolha é estratégica para o desenvolvimento regional, pois permite menor pressão sobre as estruturas de atendimento, que geralmente são mais custosas e que refletem a falta de condições salubres nos modos de vida da população. Quanto ao atendimento pelo Programa Saúde da Família (PSF) 11, por meio dos Mapas 25, 26 e 27, percebe-se que esse é um serviço já consolidado no estado de Minas Gerais, de modo que, a maioria dos municípios tem taxas de atendimento superior a 75%. No caso das regiões analisadas percebe-se que alguns municípios se destoam dos demais de maneira negativa. Itamarandiba, Itaobim, Palmópolis, Machacalis e Serra dos Aimorés apresentam taxas entre 25% e 50% no ano de 2010. 11 O indicador é calculado como a Razão entre a População cadastrada no Sistema de Informação da Atenção Básica em determinado local e período e a população total. O indicador é multiplicado por 100. 106

Para o ano de 2011, percebe-se que os municípios citados permaneceram com a mesmo situação, com exceção de Serra dos Aimorés (Vale do Mucuri) que elevou a taxa de pessoas atendidas para a faixa entre 50% e 75%. Outro destaque para o ano de 2011 foi que no município de Almenara a taxa decresceu, de modo que, passou para a faixa entre 50% e 75%. Destaca-se, também, o município de Santa Maria do Salto, que em 2010 apresentava taxa de atendimento entre 75% e 100% e em 2011 passou a apresentar taxa entre 0 e 25%. De um modo geral, verifica-se que essa é uma política consolidada nas regiões analisadas, com atendimento que tende à universalização. É importante destacar que o PSF cumpre importante papel na prevenção de doenças e orientação para a saúde das famílias. Mas precisa estar em consonância com políticas de habitação e saneamento, para que as tensões sobre as estruturas mais complexas de atendimento de saúde sejam minimizadas. 107

Mapa 25 108

Mapa 26 109

Mapa 27 110

Avalia-se, também, como aspecto importante para o nível de saúde da população que vive nas regiões analisadas a taxa de crianças com baixo peso para a idade 12. Em 2008, conforme está representado no Mapa 28, a maioria dos municípios possuíam índice de crianças menores de sete anos com baixo peso para a idade inferior a 7,75%. Nesse mesmo ano, apresentavam índices entre 7,75% e 15%: Diamantina, São Gonçalo do Rio Preto, Datas e Carbonita (Alto Jequitinhonha); Medina (Médio Jequitinhonha); e Fronteira dos Vales (Vale do Mucuri). O município com maior índice à época foi Joaíma (Baixo Jequitinhonha), cujo indicador se apresentou acima de 15%. Já no ano de 2011 houve algumas mudanças nas regiões analisadas. A partir do Mapa 29, é possível observar que a situação se mostra mais virtuosa no Vale do Mucuri, onde todos os municípios passam a apresentar índices inferiores a 7,75%, o que mostra uma evolução do município de Fronteira dos Vales, que, ao que parece, acompanhou um melhora regional, já que é possível observar a melhora significativa do município de Joaíma (Baixo Jequitinhonha) que em 2008 era o único município com índice acima de 15% e em 2011 apresenta índice inferior a 7,75%. Contudo, outros municípios elevaram suas taxas durante o período analisado para a faixa entre 7,75% e 15%. São os casos de: Senador Modestino Gonçalves e Veredinha (Alto Jequitinhonha); Araçuaí e Caraí (Médio Jequitinhonha); Itaobim e Santo Antônio do Jacinto (Baixo Jequitinhonha). A dinâmica observada no período analisado suscita que a questão da desnutrição infantil ronda a realidade regional. Apesar de os municípios, em geral, apresentarem taxas que demonstram uma tendência à diminuição da questão, a existência de taxas superiores a 7% condiz com taxas médias observadas no final da década de 1980 13. 12 O indicador apresentado representa a razão entre o número de crianças menores de cinco anos com peso para idade abaixo do percentil 3 e o número total de crianças menores de cinco anos acompanhadas pelo Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional (SISVAN). O indicador é multiplicado por 100. 13 Ministério da Saúde (http://dab2.saude.gov.br/sistemas/andi/). 111

Portanto, há necessidade de programas e do reforço de agendas de combate à desnutrição infantil, principalmente no Vale do Jequitinhonha. 112

Mapa 28 113

Mapa 29 114

Também foi avaliada a proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas pré-natal. Em 2006, conforme apresentado no Mapa 30, observa-se uma situação heterogênea em todo o Estado, a média estadual, para o ano em questão, foi de 54,96%. Vale destacar que o enfoque se concentra na prestação de serviço (pré-natal). Como pode ser observado, um grande quantitativo de municípios está alocado nos grupos de 25,01% a 54,96% e de 54,97% a 75%. Em 2011, observa-se uma mudança de cenário (Mapa 31). A média se eleva para 71,26% e a grande maioria dos municípios apresenta taxa superior a 50%, o que mostra a evolução na prestação desse serviço. Com relação às regiões analisadas, nota-se que grande parte dos municípios apresenta taxa acima da média. Contudo, ainda persistem municípios com taxas inferiores a 50%, dentro desse grupo estão os centros regionais: Diamantina e Araçuaí; além dos municípios de Coronel Murta (Médio Jequitinhonha), Mata Verde e Palmópolis (Baixo Jequitinhonha), Poté e Ouro Verde de Minas e Angelândia (Vale do Mucuri). A evolução apresentada mostra que houve uma melhora na proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas pré-natal, o que mostra que as ações no sentido de melhorar os índices de vida infantil apresentaram resultados positivos no período analisado. 115

Mapa 30 116

Mapa 31 117

Mapa 32 118

3.3. Estrutura de Transporte Nos trabalhos de campo realizados, a questão apontada como mais problemática nas Regiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri é, destacadamente, o acesso rodoviário 14, mais precisamente a ausência de trechos asfaltados. A opinião apresentada, maciçamente, pelos segmentos, aos quais se manteve contato, é a de que não é possível pensar em desenvolvimento sem infraestrutura. Assim, o acesso a estradas asfaltadas seria algo fundamental para o desenvolvimento regional. A seguir, são apresentados os trechos apontados durante o levantamento das demandas regionais. No Vale do Jequitinhonha: Ligação entre José Gonçalves de Minas à Berilo: está previsto ser atendido pelo Programa Caminhos de Minas, a partir da pavimentação do trecho que liga a LMG-677 à MG-114, entre José Gonçalves de Minas e Virgem da Lapa, onde há uma ligação pela BR-367 até Berilo; Pavimentação da BR-367 entre Minas Novas e Virgem da Lapa (contemplando os municípios de Chapada do Norte e Berilo): o trecho citado acima, sob responsabilidade do DNIT, possui previsão de pavimentação, de modo que o projeto está em elaboração pelo próprio DNIT; MG-114 Liga o Distrito de Ijicatu (distrito de José Gonçalves de Minas) ao trevo da MGC-342 e ao trevo da BR-367 (contemplando o distrito de Lelivéldia, no município de Berilo): o 14 Mais informações sobre classificação rodoviária ver: http://www.der.mg.gov.br/saibasobre/rede-rodoviaria. 119

trecho referenciado já foi priorizado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, por meio do Programa Caminhos de Minas; MG-214 - Senador Modestino Gonçalves ao trecho da MGC-308 (contemplando o município de Itamarandiba): trecho previsto no Programa Caminhos de Minas em realidade, o Programa prevê uma ligação, via MG-214 e MG-211, entre Senador Modestino Gonçalves e Setubinha, passando por Itamarandiba e Capelinha; MG-211 Capelinha (trevo da BR-308) a Setubinha: a demanda por este trecho, também, estaria contemplada, conforme o descrito acima; BR-367 Jequitinhonha a Salto da Divisa (onde a demanda é a garantia de asfalto nos trechos não pavimentados, incluindo as pontes): segundo informações do DER, existe a previsão de asfaltamento da rodovia, sobre responsabilidade do DNIT, no trecho entre Almenara e Salto da Divisa, exatamente conforme o demandado; LMG-678 Novo Cruzeiro à Araçuaí: há previsão de pavimentação do trecho pelo Programa Caminhos de Minas, inclusive com previsão de estabelecimento de uma ligação até o município de Ladainha, no Vale do Mucuri, por meio de uma rodovia municipal; MGC-251 Subtrecho entre o distrito de Pedra Grande (Almenara) até Pedra Azul: há previsão de pavimentação do trecho demandado, por parte do Programa Caminhos de Minas, assim como a previsão de pavimentação do trecho da MG-406 que liga Almenara ao distrito de Pedra Grande; MG-105 Ligação do município de Jequitinhonha ao Trecho da MGC-251 (próximo à Pedra Azul): há previsão de pavimentação deste trecho pelo Programa Caminhos de Minas; Pavimentação de estrada municipal que liga o município de Carbonita à MGC-367: não há previsão de pavimentação do trecho citado; 120

Conforme a análise das demandas apresentadas durante os trabalhos de campo, para muitos dos trechos apresentados existe a previsão de pavimentação por meio do Programa Caminhos de Minas do Governo de Minas Gerais. A única exceção diz respeito à estrada municipal que liga o município de Carbonita à MGC-367. Além disso, outros trechos, não demandados nas reuniões durante o trabalho de campo, também possuem previsão de pavimentação e são essenciais para o estabelecimento de uma malha rodoviária regional, capaz de ofertar novas possibilidades ao Vale do Jequitinhonha (os trechos previstos de serem atendidos pelo Programa Caminhos de Minas podem ser observados por meio do mapa 33). No Vale do Mucuri: Pavimentação da Estrada de Santa Rosa, que liga Itambacuri à Malacacheta (contemplando os povoados de São José da Fortuna e o Córrego Norte): não existe previsão de pavimentação dessa estrada; Pavimentação da Estrada do Pena, que liga Carlos Chagas ao distrito de Francisco Sá (contemplando o antigo leito da Estrada de Ferro Bahia e Minas): não existe previsão de pavimentação dessa estrada. MG-217 Que liga Água Boa à Teófilo Otoni (em que a demanda seria a garantia de asfalto nos trechos não pavimentados): existe a previsão de intervenção no trecho que liga Água Boa à Malacacheta, inclusive com projeto concluído; Pavimentação de estrada municipal que liga o município de Carlos Chagas à Pavão: existe previsão de atendimento desse trecho pelo Programa Caminhos de Minas; Estrada Municipal que liga Itaipé a Caraí: não há previsão de pavimentação dessa estrada; Com relação às demandas apresentadas no Vale do Mucuri, pode-se perceber que muitas delas estão relacionadas a conexões locais, que são importantes para a dinâmica dessa porção mesorregional. 121

Exemplo da importância desse tipo de ligação é a previsão de atendimento do trecho que liga Carlos Chagas à Pavão. Outra intervenção prevista, considerada estruturante, portanto, muito importante para alternativas de logística regional, é a ligação entre Malacacheta com Água Boa. Essa ligação propiciará uma possibilidade logística entre Alto Jequitinhonha e o Vale do Mucuri, através da MG-120. Além de ligar a região a região do Espinhaço. Para fins de uma análise mais geral da estrutura rodoviária das regiões analisadas, o mapa 33 15, a seguir, permite uma melhor visualização da região de referência e apresenta a estrutura rodoviária das mesorregiões Jequitinhonha e Vale do Mucuri, constituída tanto por estradas sobre responsabilidade da União, quanto por estradas sobre a responsabilidade do Estado de Minas Gerais. Destacam-se no mapa, os trechos rodoviários incluídos no Programa Caminhos de Minas 16, ou seja, trechos previstos de serem pavimentados pelo Governo de Minas Gerais. 15 Para melhor compreensão, cabe ressaltar que: a sigla MGC trata-se de Rodovia construída e conservada pelo governo do estado, não constante no plano rodoviário estadual, mas coincidente com a diretriz de uma rodovia constante no plano rodoviário federal de 1973. A sigla LMG, trata-se de Rodovia construída e conservada pelo governo do estado, não constante no plano rodoviário estadual, não coincidente com a diretriz de uma rodovia constante no plano rodoviário federal de 1973, ligando dois ou mais pontos notáveis, ou rodovias, dentro do estado. 16 O programa Caminhos de Minas objetiva encurtar as distâncias, diminuindo o tempo das viagens e aumentando a capacidade de rodovias que exercem o papel integrador entre os municípios mineiros. No total, o Caminho de Minas prevê a pavimentação de mais de 7.700 km de rodovias, beneficiando 304 municípios do Estado. Para maiores detalhes ver: http://www.der.mg.gov.br/saiba-sobre/caminhos-de-minas. 122

Mapa 33 123

O Mapa 33A, a seguir, mostra que o principal acesso ao Alto Jequitinhonha, vindo da Região Metropolitana de Belo Horizonte, se dá por meio da BR-259, ligada à BR-135, sendo que o município de Curvelo é última referência antes da entrada no Vale do Jequitinhonha. Em trabalho de campo, foi possível observar que, após o município de Diamantina, o fluxo de veículos de carga contendo eucalipto aumenta sobremaneira. Assim, inferiu-se que esse aumento na intensidade do fluxo de caminhões ocorre em decorrência das extensas plantações de eucaliptais, que se estendem com maior intensidade do município de Felício dos Santos até Virgem da Lapa. Os trechos sobre responsabilidade do governo de Minas Gerais a serem asfaltados e pertencentes ao Alto Jequitinhonha são a MG-211, que vai de Capelinha à Setubinha, e MG-214, entre Senador Modestino Gonçalves e Capelinha. Na prática esses dois trechos propiciarão uma ligação entre o Alto e o Médio Jequitinhonha, entre Senador Modestino Gonçalves e Setubinha, conforme já fora observado. A MGC-367, em seu trecho no Alto Jequitinhonha, apresenta pontos de desgaste da pista de rolamento e grande fluxo de veículos, tanto de passeio como de carga. Isso se deve tanto pela influência de Diamantina, quanto do transporte de cargas e eucaliptos. 124

MAPA 33A Mapa 33 A 125

Entretanto, o maior gargalo de infraestrutura rodoviária encontra-se no ponto de ligação entre o Alto e Médio Jequitinhonha nas proximidades de Araçuaí, trecho que se encontra sem pavimentação. Cabe ressaltar que Araçuaí é o polo do Médio Jequitinhonha detendo potencial econômico extremamente relevante e que muito das limitações de desenvolvimento desse polo está ligado ao problema da falta de pavimento da rodovia BR-367. O trecho entre Minas Novas e Virgem da Lapa da BR-367 corresponde a aproximadamente 71 km em estrada de terra. Uma alternativa a esse problema, de não pavimentação da BR-367, no trecho supracitado, seria a pavimentação da MG-114, trecho entre Virgem da Lapa e José Gonçalves de Minas. A pavimentação desse trecho seria um importante fator de ligação logística entre as porções do Vale do Jequitinhonha, pois facilitaria, inclusive, o deslocamento até a microrregião de Almenara. Entretanto, no trecho entre Ijicatu (distrito de José Gonçalves de Minas) e Coronel Murta, da MG-114, também se encontra sem pavimentação, o que reforça a necessidade de efetivação da previsão de pavimentação dessa via. 126

MAPA 33B 127

Os principais gargalos enfrentados pelo Baixo Jequitinhonha relacionam-se com a falta de asfalto nas principais estradas que liga os seus municípios, principalmente aquelas que ligam as demais cidades ao polo do Baixo Jequitinhonha, ou seja, Almenara. Esses trechos que não receberam asfalto são: a) o trecho da BR-367 que liga Jequitinhonha a Salto da Divisa, próximo à Jacinto até Salto da Divisa; b) o subtrecho da BR-251, do Distrito de Pedra Grande (Almenara) até Pedra Azul; c) o subtrecho da MG-406 de Pedra Grande até Almenara; d) o trecho da MG-105 que liga Jequitinhonha ao Trecho da BR-251, próximo ao município de Pedra Azul. Vale destacar que os trechos (b) e (c) permitem a ligação de Almenara até Pedra Azul. Esse trecho corresponde a aproximadamente 95 km de distância em estrada de terra. Porém, o trecho mais preocupante está entre Almenara e Salto da Divisa (a) que corresponde a 100 km de trecho em que se alterna asfalto e estrada de terra, e que todas as pontes são de madeira, indicando que as obras de infraestrutura não foram realizadas em sua plenitude. Para o trecho da MG-105 que liga Jequitinhonha a Pedra Azul (d), o traçado sem pavimentação corresponde a 70 km. Por isso, é impossível planejar qualquer ação indutora de desenvolvimento sem considerar a BR-367, que é a via que percorre todo o Vale do Jequitinhonha, ligando os municípios polos do Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha. Cabe ressaltar que a BR-367 é uma rodovia de pista simples, na qual existem pontos em que a rodovia apresenta forte desgaste da pista de rolamento e sem sinalização adequada. Além disso, em vários pontos, parte da faixa de domínio e área não edificável foi tomada por comunidades locais que ali instalaram suas residências. 128

MAPA 33C 129

A região do Mucuri é atendida pela BR-116 e BR-418. A BR-116 é considerada a principal rodovia brasileira com inicio em Fortaleza, no Ceará, e com término em Jaguarão, no Rio Grande do Sul, sendo que no território mineiro é chamada de Rio-Bahia. O trecho entre Governador Valadares e Teófilo Otoni, para quem sai de Belo Horizonte, é marcado por trafego intenso de caminhões de diversos tipos. A pista de rolamento apresenta deformações em muitos trechos e a drenagem da pista em períodos chuvosos não é muito eficiente. Trata-se de uma pista que possui acostamento, mas devido ao fluxo intenso de veículos de carga, a segurança é restrita para quem estiver parado por problemas mecânicos ou outro motivo. Cabe ressaltar que a faixa de domínio e área não edificável não apresenta comprometimento. A BR-418 começa em Teófilo Otoni, passa por Nanuque, e termina na BR-101 no município de Caravelas, no Sul da Bahia. Trata-se de uma rodovia de pista simples com acostamento em alguns trechos. Existem vários pontos em que a pista de rolamento apresenta forte desgaste pelo tempo ou buracos. Nas reuniões de campo foi apresentada a necessidade de maior integração da microrregião de Nanuque ao restante de Minas Gerais, uma vez que a BR-418 é praticamente a única ligação. Como alternativa, foi proposta a reativação da estrada de ferro Minas-Bahia como forma de ampliar o escoamento da produção regional. 130

MAPA 33D 131