Cartilha "Conhecendo a Pesca Artesanal"



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Transcrição:

Diretor do MPEG Peter Mann de Toledo Diretor Adjunto de Pesquisa David Conway Oren Diretor Adjunto dedifusão Científica Antonio Carlos Lobo Soares Chefe do Departamento de Museologia Luiz Fernando Fagury Videira Chefe do Serviço de Educação e Extensão Cultural Hilma Cristina Maia Guedes Coordenador do Projeto Clube do Pesquisador Mirim Luiz Fernando Fagury Videira Instrutor do Grupo "Pesca Artesanal" Ricardo Antonio Silva Vieira Cartilha "Conhecendo a Pesca Artesanal" Clube do pesquisador Mirim/Grupo "Pesca Artesanal" o 2 Semestre de 2000 PESQUISA, TEXTO E ELABORAÇÃO Integrantes do Grupo "Pesca Artesanal" ILUSTRAÇÕES Jonilson Lima de Souza APOIO CIENTÍFICO Helena Doris e Ivete Nascimento - DCH COLABORAÇÃO Ana Claúdia Silva, André Maciel, Alvadir Oliveira, Elielson Rocha, Alcemir Aires, Fabielly Marques, Helena Quadros, Edileusa Sodré (SEC-DMU) *Antônio Pina Araújo e Aldemir Rodrigues RECURSOS DIDÁTICOS Biblioteca Clara Galvão e Coleção Didática Emília Snethlage REVISÃO Janete da Silva Borges o 2 Semestre - 2000

Aércio Lima Rabelo Amanda Sodré Mota Ana Laura Marcon Nogarett Bianca Ferreira dos Anjos Felipe Vasconcelos de Castro Fernanda Gonçalves da Silva Isabella de Fátima Santos de Miranda João Murilo Barroso de Brito Kamila Ferreira da Silva Kleverton Carlos Macêdo de Oliveira Mário Igor Freitas Lins Mauro Henrique da S. Ribeiro Rafael Brito Hora Rafael do Socorro da Costa Virgulino Rafael Gondim Silva Raul André Rendeiro Dantas Roberto Nazareno Biloia Filho

A p ta ç re s e n ão A pesca artesanal é de fundamental importância para a sociedade amazônica, já que oferta mais de cinqüenta por cento (50%) do peixe vendidos nos mercados e feiras livres da região. Mesmo assim, a pesca industrial que tem como principal objetivo o lucro, é quem recebe maior destaque na economia nacional. Baseado nisso, o "Grupo Pesca Artesanal" do Clube do Pesquisador Mirim do Museu Paraense Emílio Goeldi, dedicou o segundo semestre de 2000 para pesquisar sobre os métodos utilizados na pesca artesanal amazônica, desde as técnicas até os objetos e armadilhas utilizados para a captura do pescado. Com o objetivo de mostrar ao público a importância desse tipo de pesca, as crianças, elaboraram esta cartilha, baseadas em conversas com um pescador, e dois outros expescadores; pesquisas em livros na Biblioteca de Ciências Clara Galvão e através de aulas práticas realizadas na sala de Arte e Ciência do Serviço de Educação. Ricardo Antonio Silva Vieira Instrutor do Grupo Pesca Artesanal

Certo dia, as crianças do Grupo "Pesca Artesanal" do Clube do Pesquisador Mirim, estavam confeccionando alguns instrumentos de pesca quando foram surpreendidos com a chegada de um homem na Sala de Arte e Ciência do Serviço de Educação.

-Bom dia crianças! Todos responderam: -Bom dia! Roberto, o mais curioso do grupo foi logo perguntando: -Quem é o senhor? -Eu, sou o Zé Pescador e como o meu nome diz, vivo da pesca. Fiquei muito feliz, quando soube que vocês estão estudando sobre pesca artesanal.

Aécio continuou! -Como o Senhor chegou até aqui? - Fui convidado para conversar com vocês e tentar tirar suas dúvidas sobre pesca artesanal, já que passei grande parte da minha vida pescando nos rios da Amazônia e hoje, conheço muito o assunto.

Continuando o bate papo, Amanda, que gosta de tudo bem esclarecido, perguntou: -Seu Zé, explique para nós, o que é realmente a pesca artesanal? -Bom. Pesca artesanal, é um tipo de atividade que pega o pescado com instrumentos feitos manualmente pelo homem, e tem como objetivo principal alimentar as famílias dos pescadores.

Bianca, apesar de tímida foi mais longe com sua pergunta: -Mas seu Zé, como surgiu a pesca artesanal? -Essa pesca vem de muitos anos, mas não sei dizer como ela surgiu, mas sei que é passada de pai para filho, eu por exemplo aprendi com o meu pai, que aprendeu com o meu avô, que aprendeu com seu pai, e assim por diante. Kamila, garota inteligente, logo se manifestou: -Eu li em um livro na Biblioteca Clara Galvão, aqui do Museu, que no passado, o homem se alimentava basicamente de raízes e da caça. Com o passar do tempo, esse tipo de alimentação foi diminuindo, sua família foi crescendo e ele necessitou de novas fontes de alimentos, e a partir daí resolveu pescar, dando origem ao que chamamos hoje de pesca artesanal.

Felipe, que pretende ser pesquisador, comentou: - Nas pesquisas que fizemos descobrimos que pesquisadores do Museu Goeldi estudam a pesca artesanal em alguns municípios da Amazônia.O senhor sabe alguma coisa sobre isso? - Sei sim, porque também já pesquei no município de Marapanim e lá o pessoal do museu está realizando um estudo sobre pesca artesanal.

Raul, que é muito esperto, logo questionou: - Seu Zé. A pesca artesanal não vai acabar com os peixes da Amazônia? E muito difícil isso acontecer porque esse tipo de pesca é feita principalmente para atender ás necessidades das famílias dos pescadores, e por isso não é considerada predatória. Já a pesca industrial, utilizada com muita freqüência, pode tornar o peixe cada vez mais difícil, principalmente se for pescado no período da piracema.(ciclo de reprodução dos peixes).

-Vejam algumas diferenças entre os dois tipos de pesca: -A Pesca Artesanal não é predatória porque para prender o pescado são usados instrumentos simples como redes, anzóis, arpão, matapi, cacuri... e por isso se pega o pescado em pequena quantidade. -A Pesca industria,l causa o desaparecimento do peixe e do camarão, tem a produção vendida para fora da região, pega o pescado em grande quantidade e não há uma seleção do tamanho do peixe para o consumo.

Rafael, que é neto de pescador, também participou: -O peixe capturado através da pesca artesanal pode ser vendido? -Sim, mas como já falei antes, primeiro se retira o bastante para a alimentação da família e, geralmente o que sobra é vendido para alimentar o restante da comunidade.

Ana Laura, a brincalhona da turma, de forma bem alegre também deu sua contribuição: -Para encurtar a conversa. O senhor poderia nos mostrar os objetos utilizados na pesca artesanal? -Claro! Agora vou mostrar alguns feitos com material retirado do ambiente que moramos, e o que é melhor, sem prejudicar esse ambiente, pois o material retirado em pequena quantidade, não prejudica a natureza. No inicio, o instrumento utilizado era o arpão, construído com pedaços de madeira ou osso, hoje é basicamente feito com pontas de ferro, e preso da mesma forma na ponto de uma vara, é utilizado principalmente na beira de rios e igarapés.

-Outro instrumento muito utilizado é o Matapi, construído com talas de bambu ou palmeira de inajá. Possui duas entradas afuniladas por onde o pescado entra e não consegue sair, sendo retirado por uma pequeno porta, que fica no seu centro. É utilizado basicamente na pesca do camarão e do peixe. -O Munzuá é semelhante ao Matapi, sendo que possui forma arredondada. Suas talas ficam presas com cipós na parte interna em forma de cone para facilitar a entrado dos peixes que ocorre pelos dois lados.

-Temos também o Cacuri, que é um paredão de varas de madeira ou Guarumã (uma planta da região). Possui na parte que fica embaixo d'aguá duas ou mais entradas em forma de funil, por onde o peixe entra e não consegue mais sair. É muito utilizada em pequenos rios e igarapés de nossa região. -O Curral é outra armadilha de pesca feita com varas, cipós, telas de palmeiras e bambus, mas recentemente passou a ser feito com telas de nylon. É uma armadilha que possui varias formas. Geralmente são fixados às margens dos rios e litoral. Entre todas as armadilhas o Curral é o que consegue prender a maior quantidade de peixe.

-Existe também o anzol, que é coberto por uma isca. A mais comum é a minhoca, mas se utiliza o camarão, pedaços de peixe, semente de seringueira e outras, dependendo da região. Recentemente começou a se utilizar a isca artificial.(peixinho de plástico) - Um dos instrumentos mais comuns que se utiliza em toda região é a rede, que possui diversas características de acordo com as espécies de peixes a serem capturadas. Vejamos alguns exemplos de pesca com redes:

-Bom crianças! Espero que todos vocês tenham entendido a importância da pesca artesanal e que possam no futuro dar continuidade a esse trabalho de pesquisa que é muito importante para a população da Amazônia. Até uma próxima vez. Fernanda, sempre muito educada, agradece em nome da turma. -Muito obrigada seu Zé. Suas explicações contribuíram bastante para o nosso trabalho. Esperamos pela próxima oportunidade, tchau!

Apoio Instituto Departamento de Museologia Serviço de Educação e Extensão Cultural Para maiores informações sobre o "Clube do Pesquisador Mirim" procure o Serviço de Educação e Extensão Cultural do Museu Goeldi, ou ligue para 219 3320, 219 3321, 219 3322, 219 3324 e 249 0760. Home page www.museu-goeldi.br Endereço do Museu Goeldi o Magalhães Barata n 376 CEP 66. 040-170 Belém-Pará-Brasil