PROGRAMA PROGRAMA 15H SESSÃO DA TARDE 10H SESSÃO DE ABERTURA

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Tendo isso em conta, o Bruno nunca esqueceu que essa era a vontade do meu pai e por isso também queria a nossa participação neste projecto.

Transcrição:

APRESENTAÇÃO Dante Alighieri é um dos maiores autores da literatura ocidental, depois de Homero. Foi quem, com mais profundidade, compreendeu e organizou o espectáculo da condição humana no violento confronto dos comportamentos e dos sentimentos com as normas supostamente aplicáveis e os códigos de comportamento correntes. Um espectáculo globalizador entre a noção de absurdo e a procura do sentido acuradamente conseguido na Catedral que é a Divina Commedia. Dante cria, à sua maneira, uma obra de arte total, convocando todos os saberes, todas as tradições cultas, todos os mitos todas as invenções linguísticas e todas as experiências. O primeiro Colóquio Internacional de Dante Alighieri em Portugal visa abrir algumas perspectivas de leitura importantes sobre a recepção de Dante Alighieri em Portugal, o seu impacto na literatura e nas artes portuguesas a partir de um conjunto de comunicações sobre múltiplos aspectos da obra do autor.

PROGRAMA PROGRAMA 10H SESSÃO DE ABERTURA General Angelo Arena (Presidente Dante Alighieri Portugal) Maria Bochicchio (Comissária e Vice-Presidente Dante Alighieri Portugal) Giuseppe Tavani (Professor Emérito - Università degli Studi La Sapienza de Roma) Fátima Marinho (Vice-Reitora da Universidade do Porto) Paulo Cunha e Silva (Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara do Porto) Fernando de Oliveira Neves (Ex-Embaixador de Portugal em Roma) Renato Varriale (Embaixador de Itália em Lisboa) 10H30 CONFERÊNCIA INAUGURAL A Comédia em Portugal no século passado Giulia Lanciani Pausa para café 11H30 SESSÃO DA MANHÃ Moderadora: Zulmira Santos Dante no encalce da poesia Rita Marnoto A paródia da Commedia em tempos de crise - As Viagens no Sistema Planetário (1985), de Patrocínio da Costa Manuel Ferro La ricezione di Dante in Portogallo Giuseppe Mea Almoço 15H SESSÃO DA TARDE Moderadora: Zulmira Santos Traduções portuguesas da Divina Comédia Gianluca Miraglia Dante a San Paolo: la Divina increnca (1915-2015). 100 anni di parodia modernista Alberto Sismondini Dante tout court? Maria Bochicchio Algumas imagens de Dante Francisco Laranjo Pausa para café 17H30 ENCERRAMENTO Rita Marnoto Páginas do meu diário Luandino Vieira A inquietude de Francesca da Rimini Rosa Alice Branco Dante lembrando Vasco Graça Moura Canto XXXIII del Paradiso por Giulia Lanciani Canto XXXIII do Paraíso (tradução Vasco Graça Moura) por Miguel Pereira Leite Leitura comentada a Harpa por Frederica Campos Organização Dante Alighieri Portugal Câmara do Porto Comissária Maria Bochicchio Agradecimentos Helena Gil Braga (Directora Casa do Infante)

COMUNICAÇÕES Giuseppe Tavani Per un filologo romanzo, la frequentazione di Dante è spesso mediata dalla poesia cortese dei trovatori provenzali. Giuseppe Tavani. Professore Emerito dell Università degli studi la Sapienza, di Roma. Socio corrispondente dell Institutd Estudis Catalans e dell Acade mia das Ciências di Lisbona, Académico de Honra della Real Academia Galega. Dottore h. c. delle Università di Santiago de Compostela, Barcellona (Universitat Central) e Lisbona (Universidade Nova e Universidade Clássica). Grand ufficiale dell Ordine dell Infante D. Henrique, Medalla Castelao della Xunta de Galicia, Croce di S. Jordi della Generalitat de Catalunya. Si è interessato a questioni di metrica, di plurilinguismo medievale e cinquecentesco, di storia delle lingue iberiche, di fabliaux antico-francesi, di problemi di critica testuale applicata soprattutto a testi medievali. Attualmente si dedica allo studio di canzonieri medievali galeghi e provenzali. In collaborazione con Giulia Lanciani: Grammatica portoghese (Milano, 1993), e la direzione del Dicionário das Literaturas Medievais Galega e Portuguesa (Lisboa, 1993). Negli ultimi anni ha tradotto in italiano romanzi e racconti di autori catalani contemporanei. Giulia Lanciani La Commedia in Portogallo nel secolo scorso Il Novecento registra, in Portogallo, una maggiore presenza, rispetto ai secoli precedenti, delle traduzioni della Divina Commedia. Il secolo si conclude con la splendida versione di Vasco Graça Moura, in cui gusto e sensibilità, equilibrio nella scelta degli strumenti espressivi, conoscenza profonda di una cultura complessa, guidano il traduttore sul terreno delicatissimo di uno dei più ardui modelli di stile e di tecnica: il risultato è un testo che ne salvaguarda l inesauribile vitalità, la capacità d emozione, la densa sostanza affettiva e metaforica. Giulia Lanciani. Professore ordinario di Lingua e Letteratura portoghese e brasiliana presso l Università Roma Tre, Dottore Honoris causa dell Universidade Nova (2003) e dell Universidade Clássica di Lisbona (2011), Académico de honra della Real Academia Galega (2012), socio dell Arcadia (nome arcade, Lucinda Enopeia), corrispondente della Sociedade de Geografia di Lisbona, già membro della giuria del Premio Mondello, membro del Premio Nazionale di Traduzione. Insignita di vari premi nazionali e internazionali e del grado di Grande-Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique. Ha istituito e dirige la cattedra José Saramago, nella Facoltà di Lettere del suo Ateneo, finanziata dall Instituto Camões. È nel consiglio scientifico di riviste italiane e straniere, ha creato e diretto le collane Poeti e prosatori portoghesi (L Aquila), Lusobrasilica (Roma), Costellazioni.

Rita Marnoto Dante no encalce da poesia Ao longo de um percurso intelectual dotado de grande complexidade, Dante Alighieri cultivou géneros e estilos bastante diversos, no encalce da poesia. Esta intervenção traça uma visão desse itinerário, colocando em relevo alguns dos aspectos que fazem de Dante um poeta universal. Rita Marnoto é Professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde lecciona na licenciatura em Línguas Modernas, no mestrado em Tradução, no mestrado em Estudos Literários e Culturais e no doutoramento em Culturas e Literaturas Modernas; e do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, onde lecciona no mestrado em Estudos Curatoriais e no doutoramento em Arte Contemporânea. É membro do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos e do Centro di Studi Europa delle Corti (Roma, La Sapienza). Dedicou trabalhos à literatura italiana contemporânea (vanguardas históricas, teatro moderno, neo-realismo, pós-modernismo), às vanguardas portuguesas do início do século XX e à recepção de Pirandello e de outros escritores contemporâneos em Portugal; às relações entre Portugal e Itália na época do Risorgimento; à história da literatura portuguesa do século XVIII e à Arcadia Lusitana; à poesia portuguesa barroca; a Luís de Camões, à sociedade de corte e ao petrarquismo português do século XVI; à linguística histórica italiana, etc. Traduziu para português Bodoni e Pirandello. Estabeleceu o texto do diário de Fernando Távora. Além disso, tem vindo a desenvolver actividade no campo da dramaturgia e da reflexão sobre as artes plásticas. Manuel Ferro A paródia da Commedia em tempos de crise - As Viagens no Sistema Planetário (1875), de Patrocínio da Costa O interesse da opinião pública, em geral, e da intelectualidade, em particular, por Dante no século XIX em Portugal constitui apenas uma faceta da admiração nutrida pela cultura italiana que se manifesta em motivos de ordem variada na produção dos grandes autores portugueses da época; no interesse com que o risorgimento é acompanhado, porventura também alimentado pela representativa delegação de liberais imigrados e residentes sobretudo no Porto; depois pela vinda de Carlos Alberto para esta cidade; e de seguida pelo casamento real de D. Luís com D. Maria Pia de Sabóia. Neste contexto, os clássicos italianos divulgam-se, traduzem-se e imitam-se. Dante é apenas um dos poetas mais admirados, citados, traduzidos e imitados, quando não mesmo parodiados. Entre a prolífica e abundante produção crítica e literária por ele suscitada, as Viagens ao Sistema Planetário, da autoria de Patrocínio da Costa, é uma experiência poética peculiar para a época, pelo modo como concilia diferentes vetores genológicos, que de algum modo refletem o gosto literário do tempo. Se a Commedia serve de referente constante, além de episódios nela inspirados, com esses articulam-se outros retirados do Decameron e aventuras contemporâneas que denunciam o prosaico quotidiano duma Coimbra da segunda metade do século XIX. E tudo de tal modo bem congeminado, que não deixa de se ter em contraponto, entre outros aspetos, o pensamento utópico da época, através de discretas remissões para títulos representativos do género. Manuel Ferro é Professor Auxiliar de nomeação definitiva da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Lecciona cadeiras da área de Estudos Italianos, ao nível do 1.º e 2.º Ciclos, tendo já assegurado outras disciplinas, como Estudos Camonianos, Literatura Portuguesa Clássica ou seminários do Ramo de Formação Educacional. Orientou e orienta Dissertações de Mestrado e Teses de Doutoramento na mesma Faculdade de Letras. Em 2005 e 2006, foi Professor Visitante da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife, onde leccionou seminários em cursos de Pós-Graduação / Mestrado e Doutoramento. Desempenha igualmente as funções de Director da Biblioteca de Estudos Italianos; é membro do Conselho Consultivo do Centro de Línguas e Presidente da Direcção da Sociedade Filantrópico-Académica da Universidade de Coimbra. Foi Coordenador Erasmus da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Tesoureiro da Direcção do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (CIEC). É investigador integrado do CIEC. A produção científica gravita à volta das relações culturais e literárias luso-italianas, os estudos camonianos e a produção épica portuguesa do

Barroco e Neoclassicismo, na prossecução da investigação levada a cabo para a sua tese de doutoramento, defendida em 2004, subordinada ao tema A Recepção Portuguesa de Torquato Tasso na Épica do Barroco e Neoclassicismo. Conta com largas dezenas de ensaios, artigos, verbetes, recensões e textos de divulgação publicados em Portugal e no estrangeiro. Editou Republicaníadas, de Marco António (Coimbra, Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos / Figueira da Foz, Câmara Municipal, 2010) e colaborou em edições a nível internacional. Tem participado em Colóquios e Congressos, e proferido Conferências, a nível local, nacional e internacional. Dirige actualmente o Curso Livre O Património e a Palavra, no âmbito das iniciativas culturais da Casa-Museu Elysio de Moura. Entre outras actividades a que se dedica, conta-se a coordenação de empreendimentos editoriais, nomeadamente, a Colecção Camoniana, da Imprensa da Universidade de Coimbra, em parceria com o Prof. José Carlos Seabra Pereira, no âmbito das actividades do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, assim como a direcção da linha editorial de A Filantrópica, que inclui publicações de índole diversificada (patrimonial, artística, literária e cultural). Giuseppe Mea La ricezione di Dante in Portogallo Le prime tracce della presenza di Dante in Portogallo sono riscontrabili già nel Cinquecento in alcuni poeti del Cancionairo Geral di Garcia de Resende. Verso la metà dell Ottocento si hanno le prime traduzioni di singoli canti della D. C., mentre per la sua traduzione integrale bisognerà aspettare la metà del Novecento, quando sono tradotte anche Monarchia e Vita Nuova. L ultima traduzione è del 1995, ad opera di Vasco Graça Moura. Giuseppe Mea 1972-2008 - Leitor de italiano na Faculdade de Letras do Porto 1977-1993 - Encarregado do Instituto Italiano de Cultura no Porto 1993-2000 - Docente de Língua Italiana na Universidade do Minho em Braga 1997-2005 - Docente de Língua Italiana na Universidade Católica do Porto 1993-2012 - Director Didáctico dos Cursos de Língua Italiana na Câmara de Comércio Italiana em Portugal - Porto É autor, entre outros, dos Dicionários Italiano-Português e Português-Italiano da Porto Editora e da Zanichelli de Bolonha. É autor, sempre na Porto Editora, da Gramática Prática de Italiano para Lusófonos. Em 2003 foi distinguido pelo Presidente da República Italiana com a Condecoração de Grande Ufficiale (I Classe) da Ordem da Estrela da Solidariedade Italiana, pela obra desempenhada em Portugal a favor da Cultura Italiana. Em 2008 foi homenageado e condecorado pela Câmara Municipal de Teggiano (sua terra natal) pela obra cultural desenvolvida em Portugal. Gianluca Miraglia Traduções portuguesas da Divina Comédia Na segunda metade do século XX foram publicadas três traduções da Divina Comédia, cada uma delas aborda e procura resolver o problema da tradução do texto dantesco de forma diferente. Através da análise minuciosa da versão de alguns trechos do Inferno, comparando-os com o texto original, o autor visa pôr em luz qual foi a abordagem seguida pelos tradutores portugueses e quais foram os resultados alcançados. Gianluca Miraglia.Doutorado pela Universidade de Bolonha é investigador do CLEPUL (Universidade Clássica de Lisboa). Tem-se dedicado à literatura portuguesa do século XIX, publicando artigos sobre aspectos da obra de Almeida Garrett e sobre a narrativa fantástica. Organizou uma edição dos Contos de Álvaro do Carvalhal (Assírio&Alvim, 2005). No âmbito dos estudos pessoanos, deu a conhecer textos inéditos, escreveu acerca do bilinguismo literário em F. Pessoa, da sua ficção policial e analisou a recepção do futurismo em Portugal. Em colaboração com M. Sacco, organizou, prefaciou e traduziu a antologia de narrativa breve L anima navigante: racconti dal Portogallo (Besa, 2006).

Alberto Sismondini «Dante a San Paolo : la Divina increnca (1915-2015). 100 anni di parodia modernista.» Alexandre Marcondes Machado (1892-1933), crea con lo pseudonimo di Juó Bananére, il cronista più popolare di San Paolo secondo Antônio de Alcântara Machado, A divina increnca un originale testo parodico ispirato alla Commedia, espresso in una lingua di contatto tra lingue regionali italiane predominanti nella città, prodotte dalla massiccia immigrazione e la lingua portoghese. La presente relazione ne ricorda alcuni aspetti letterari e linguistici, a 100 anni dalla sua pubblicazione. Alberto Sismondini. Lettore di Língua Italiana all Università di Coimbra dal 1998, è attualmente Vicedirettore del Centro Linguistico della Facoltà di Lettere dello stesso Ateneo. Si è laureato in Lingue e Letterature Straniere Moderne all Università di Genova, è titolare di Master e di Dottorato di Ricerca in Letteratura Comparata e Traduzione Letteraria dell Università di Siena. Ha effettuato lezioni nelle Università di Siena, Perugia, Amburgo e Bamberga Membro del Centro de Literatura Portuguesa dal 2006, ha seguito i progetti dei gruppi di lavoro facenti capo al programma «Literaturas sem Fronteiras», coordinato da António Apolinário Lourenço. Ha collaborato ai progetti Imagotipos literários Processos de (Des) configuração na Imagologia Literária, organizzato da Maria João Simões e O Desejo de Ser: João-Maria Vilanova, Poeta Angolano, condotto da José Luís Pires Laranjeira. La sua ricerca si è principalmente focalizzata sulla letteratura brasiliana, soprattutto sugli autori di origine sirolibanese. È membro dell Ascip Dante Oporto, dell Associazione Italiana Traduttori e Interpreti, del Conseil International d Études Francophones e dell Associazione Ispanisti Italiani. Maria Bochicchio Dante Tout court? A moderníssima Divina Comédia como situação limite de um teatro /espectáculo do absurdo. Maria Bochicchio. Filóloga, Doutorada em Literatura Portuguesa, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e bolseira de pós-doutoramento da FCT. É docente de Linguística Italiana e Língua Italiana na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigadora do CIEC.Vice-Presidente da Dante Alighieri Portugal, dedica-se a variadas disciplinas, com destaque para a Literatura Italiana, a Literatura Portuguesa, a Linguística e a Filologia (critica genética e crítica das variantes). Francisco Laranjo Algumas Imagens de Dante Um olhar sobre a representação de Dante em Portugal, e uma reflexão plástica sobre o Inferno na Divina Comédia. Francisco Laranjo, Lamego,1955. Curso Superior de Artes Plásticas da Escola Superior de Belas Artes do Porto,1978. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, 1981/83, da Junta Nacional de Investigação Científica e do Goethe Institut em Dresden, 2001. Representado nas Colecções do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, Porto. Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Museu de Arte de Porto Alegre, Brasil. Museu de Arte Contemporânea KNU, Daegu, Coreia do Sul. Museu ASP, Wroclaw, Polónia. Museu Amadeo de Souza Cardoso, Amarante, entre outros. É Professor Catedrático da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Vive e trabalha no Porto. www.franciscolaranjo.com

Poema Inédito Rosa Alice Branco MORADA SEM RUA OU PRAÇA ONDE ESTACIONAR A ALMA As almas atravessam o rio. Os braços do barqueiro esvoaçam levemente os remos. Mas Dante é vivo, a alma duvidosa, o corpo denso e Caronte não facilita a travessia até ao limbo, o limbo com o seu céu tão perto e mutilado. Por isso, Homero não ganha ou perde a guerra, tão pouco chega a casa para sempre. As artes poéticas inebriam o primeiro círculo, o pensamento dos sábios é fazedor de mundos num só dia, e divina a coragem dos guerreiros puros, tal Heitor. Em vão Heráclito se banha noutras águas, Euclides, Averróis criarão em círculo vicioso, e tantos que nem Dante sabe dar o nome pleno. Talvez a comédia mais divina seja este facto prosaico, esta morada indigna que não chega a ser, sem que seja lícito dizer que não o é. E nem deter-se se pode pois já Dante caminhando por Virgílio irá de círculo em círculo, até ao nono: o da luxúria abalado pelos ventos e as crinas desvairadas dos canídeos, o círculo da gula que logo putrefaz em fétido vício e das 3 cabeças tão diversas, qual a mais feroz, cruel e desatada!? Por entre a estrada turva entram num círculo onde as mãos se fecham e abrem em uivos e injúrias cujo sobressalto não conduz à popa de nenhuma vida. E sempre os cães viscerais e ardentes, a lama cobrindo os iracundos, os esbanjadores perseguidos pelas bocas babosas das cadelas, soberbos, sodomitas, suicidas que se transformam em árvores. Pergunto-me: se dão sombra retorcida e o fruto espinhoso sacia de veneno, será mister podar os estéreis ramos? Se as palavras dos hereges ardem as cearas, se os traidores como Judas pressentem as estrelas ou se são cegos à memória da luz? Pelos círculos que se afundam, treva em treva, chegam Dante e o guia a um vislumbre de luz: E quindi uscimmo a riveder le stelle. Se um rio corre ali é o Arno, se cidade é Dite, mais Florença é no destino sombrio de purificar-se com um pai e guia sem que Florença se alegre com o filho pródigo: jamais o coração se abrigará na casa. Sobe e sonha, e despe os Pês, e de luz em maior luz vêm os guardiães da virtude adejando como se anunciassem Beatriz. Morte do pai, porém Tomás de Aquino o segue, quando o filho homem se defronta com o amor daquela que há-de içá-lo ao paraíso, não isento de dúvida é o caminho. Mas as almas festejam e Dante evoca a sua Florença que pudica e sóbria estava em paz antiga. No paraíso a luz inebria da mónada sozinha à comunidade inteira, desta mais reflectora e alastrante, de cada mundo a outro, até ao universo - e o riso de Beatriz desagua na trindade em sua divina graça.

Se assim fosse onde estava a comédia? A opera buffa do limbo é a outra forma de dizer o exílio, já que o paraíso não acolhe os grandes. E da comédia divina vem a divina comédia do outro exílio, o de Dante a quem a turbulenta Florença nega as ruas que sonha percorrer e, onde nasceu, viver. De novo o preço do paraíso é o sofrimento? Não te bastaram as chagas que deixaste em nós? Dante e Beatriz abrem amorosamente as janelas de sua casa em Florença enquanto os sete sábios, Homero, Platão e os geómetras enchem o paraíso de criações inusitadas. Dante é primoroso e imortal agora, mas é vero que Qual geómetra que tudo corrige nem tudo Dante corrigiu. Nesta comédia L amor che move il sole e l altre stelle não dá vida a Beatriz, não conduz a Florença, tão pouco abre o limbo ao paraíso. As almas atravessam o rio para parte incerta e Dante jaz vivo sem morada onde deixar a alma, suspeitando talvez sob a alta fantasia aqui tolhida não haver mais cidadania nas ruas dos céus do que nas famílias que matam os amantes, seja em Ravenna ou em Verona. Rosa Alice Branco