ATIVIDADES DE PROCESSAMENTO DE MADEIRA DE EUCALIPTO EM MUNICÍPIOS DO SUL DO ESPÍRITO SANTO



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Transcrição:

ATIVIDADES DE PROCESSAMENTO DE MADEIRA DE EUCALIPTO EM MUNICÍPIOS DO SUL DO ESPÍRITO SANTO Lélio Caiado Abreu França, Wendel Sandro de Paula Andrade, Magda Aparecida Nogueira, Clóvis Eduardo Nunes Hegedus Universidade Federal do Espírito Santo UFES / Departamento de Ciências Florestais e da Madeira - DCFM, Av. Governador Lindemberg, 316, Jerônimo Monteiro, ES, CEP: 29550-000 e-mail: leliocaf@gmail.com, wendelandrade@hotmail.com, magdanogueira@hotmail.com, hegedus@gerenco.com.br. Resumo- No Estado do Espírito Santo, a madeira do gênero Eucalyptus tem sido designada em grande parte à produção de celulose e papel, mesmo sendo reconhecido o seu potencial para diversas outras aplicações industriais que possibilitam agregar valor e gerar renda em nível regional. Em razão dessa constatação a presente pesquisa levantou, por meio de pesquisas locais junto a órgãos públicos, como prefeituras e entidades de classe, secretarias e sindicatos, as atividades de beneficiamento e processamento de madeira nos municípios de Apiacá, Atílio Vivácqua, Cachoeiro de Itapemirim, Mimoso do Sul e Muqui. Buscou-se ainda, caracterizar as atividades de beneficiamento e processamento de madeira dos municípios supracitados, quanto ao tipo de produto final oriundo das atividades de beneficiamento e processamento de madeira. Foram identificadas dez empresas que se enquadraram no perfil desejado distribuído entre os municípios pesquisados. De acordo com as entrevistas aplicadas às empresas concluise que nos municípios em questão há uma grande demanda de madeira, porém, precisam de maior investimento em capacitação técnica e incentivo de politicas públicas para o desenvolvimento do setor. Palavras-chave: Eucalyptus, Demanda de madeira, Processamento de madeira, Beneficiamento de madeira. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas Introdução A importância do setor florestal para a sociedade brasileira em termos econômicos, sociais e ambientais pode ser mensurada pela avaliação de seus principais indicadores: a área de florestas plantadas, o valor bruto da produção, a geração de impostos, o valor das exportações e os empregos gerados pelo setor. Como atividade industrial é apontada como a grande geradora de emprego e renda na economia contemporânea. Com a tendência de industrialização que o governo brasileiro segue desde a década de 1930, promoveu-se o desenvolvimento de um parque industrial capaz de atender à demanda interna, e de exportar produtos de qualidade e com alto valor agregado (GREMAUD; VASCONCELOS; TONETO JÚNIOR, 2002). Em se tratando da indústria de beneficiamento de produtos de origem florestal, esta possui relevante papel ao transformar uma matéria-prima de baixo valor em manufaturas. De acordo com Novaes (2001) a matéria-prima é onerada pelos custos de transporte, ao passo que a industrialização permite sua transformação em produtos capazes de integrar outras cadeias produtivas, como o carvão, a celulose e o papel, ou mesmo de se constituírem em produtos finais, como os móveis e madeira serrada, para atender às mais diversas finalidades. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas ABRAF (2012), o Espírito Santo possui 197.512 ha de plantios do gênero Eucalyptus, sendo que mais de 70% é consumido pela indústria de papel e celulose, contudo, houve uma redução do crescimento da área plantada de 3,6% no Estado entre 2010 e 2011. Nos últimos anos a utilização de eucalipto pela indústria madeireira tem crescido, sendo responsável por mais de 20% do consumo de madeira em tora, de floresta plantada, destinada ao uso industrial (ABRAF, 2012). Essa pesquisa teve como objetivo levantar, por meio de pesquisas locais, as atividades de beneficiamento e processamento de madeira na Microrregião Centro Sul do Estado do Espírito Santo, e ainda, diagnosticar a demanda de eucalipto na Região para possibilitar o refinamento das políticas públicas voltadas ao melhor desenvolvimento regional. 1

Metodologia O estudo contempla a Microrregião Centro Sul no Estado do Espírito Santo, composta por cinco municípios, a saber: Apiacá, Atílio Vivácqua, Cachoeiro de Itapemirim, Mimoso do Sul e Muqui. Para efetuar a coleta de dados da primeira fase da pesquisa, onde se tinha o intuito de identificar os locais que processam a madeira do gênero Eucalyptus nos municípios supracitados, foi desenvolvido um formulário contendo questões básicas para obter a localização das empresas que beneficiam a madeira de eucalipto e para obter conhecimento dos produtos fabricados. A segunda fase da pesquisa teve como objetivo entrevistar os responsáveis pelas empresas identificadas na primeira fase. Para isso, foi confeccionado um roteiro de entrevista com base nos dados coletados com o formulário. A partir da entrevista aplicada, foi possível obter informações quantitativas e qualitativas acerca de suas demandas de madeira de eucalipto como matéria prima. Durante a pesquisa foram entrevistadas dez empresas que beneficiam e processam madeira de eucalipto e para preservar a identidade das empresas, estas foram identificadas por letras: A, B, C, D, E, F, G, H, I e J. Resultados A caracterização das atividades de beneficiamento de madeira foi feita quanto à quantidade de madeira demandada em volume de madeira (m³/mês), quanto à especificidade da matéria prima e quanto ao tipo de produto final. Foram classificadas todas as empresas de processamento e beneficiamento de madeiras entrevistadas, incluindo serrarias de diferentes portes, marcenarias, fábricas de móveis, fábricas de embalagens de madeira e outros. A quantidade de madeira demandada foi estimada por meio dos dados obtidos nas entrevistas. A classificação do porte das empresas de processamento e beneficiamento de madeira foi feita de acordo com o modelo proposto pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo IDAF, que considera o porte das empresas com base no Volume Mensal de Madeira Processada VMMP (m³/mês), sendo classificadas da seguinte forma: Pequena: 150 < VMMP 250, Média: 250 < VMMP 1.000 e Grande: VMMP > 1.000 (IDAF, 2008). Quanto à quantidade de madeira demandada, os resultados obtidos estão sintetizados na Figura 1. Figura 1 Relação entre madeira de eucalipto comprada e processada. A classificação de acordo com o porte das empresas pode ser observada na Figura 2. Figura 2 Classificação de acordo com o porte das empresas. Pode-se observar que metade das empresas é de porte pequeno e que os 20% de empresas de porte grande são responsáveis pela maior parte da demanda de madeira de eucalipto, sendo que estas estão concentradas no município de Cachoeiro de Itapemirim. Grande parte dessa demanda se justifica pelo potencial exportador da indústria de rochas ornamentais do município, que utilizam paletes, cavaletes e caixas de madeira de eucalipto para exportação de seus produtos. Apiacá No município de Apiacá foram identificadas duas empresas formais que trabalham com madeira de eucalipto, aqui denominadas A e B. A primeira trata-se de uma pequena marcenaria que utiliza madeira de eucalipto para fabricação de pequenos móveis por encomenda e a segunda é uma empresa de maior porte que fabrica mesas de bilhar e utilizam madeira de eucalipto para compor uma parte de seus produtos. 2

A Empresa A atua no ramo de fabricação de móveis de madeira, sendo que a origem da madeira de eucalipto que é utilizada no processo de produção vem de revendedoras da grande Vitória na forma de madeira serrada (réguas, pranchas). Apenas a menor parte da madeira consumida pela empresa, é de eucalipto. As demais matérias primas são painéis de madeira, como MDF e compensados, além de madeiras nativas. Os produtos derivados da madeira de eucalipto fabricados pela empresa são pequenos móveis como: estofamentos, mesas, cadeiras, entre outros. A Empresa B fabrica mesas de bilhar, utilizando madeira de eucalipto na parte interna das mesas. Nesta empresa o volume de madeira comprada é muito variável, sendo considerada uma média de 50 m³/mês. Toda madeira de eucalipto utilizada para beneficiamento de produtos, são provenientes da região da capital, o que confirma a demanda, não correspondida pela oferta da cidade, uma vez que não há serrarias. Atílio Vivácqua Em Atílio Vivácqua foi identificada e entrevistada apenas uma empresa de processamento e beneficiamento de madeira (Empresa C) que trabalha com produtos para fabricação de vassouras em geral, tábuas, caibros, ripas, escoramentos e serragens de madeiras. A Empresa C utiliza toras de pequenos diâmetros e desdobra em serraria equipada com serra de fita e carro porta tora. A empresa possui afiação própria com travamento e também realiza a secagem das tábuas ao ar visando à produção de peças para fábricas de vassouras. A madeira comprada tem origem de plantio de terceiros, localizados na região de Fruteiras, distrito de Vargem Alta - ES. Segundo o proprietário são adquiridos 20 estéreos por semana ou dois caminhões, o que é equivalente a 70m³/mês, ou 840m³/ano, sendo que cerca de 3/4 da madeira consumida pela empresa, vem em forma de toras ou toretes e 1/4 em madeira serrada. Cachoeiro de Itapemirim Em Cachoeiro de Itapemirim foram identificadas diversas empresas que atuam no ramo madeireiro e trabalham com madeira, a exemplo das empresas de revenda de madeira serrada que fornecem matéria prima para os diversos setores da indústria como o da construção civil e indústria de móveis. O perfil geral das serrarias mostrou que o consumo da madeira de eucalipto vem sendo suprido cada vez mais por árvores jovens, ou seja, a madeira é produzida em ciclos curtos e o corte acontece cada vez mais cedo, provendo toras de diâmetros pequenos, que por sua vez proporcionam cortes sem maior valor agregado para madeira. De modo geral, a origem da madeira de eucalipto utilizada nos processos de produção do município é da região de Vargem Alta, onde se concentram os maiores plantios de eucalipto. As empresas entrevistadas atuam, principalmente, na fabricação de cavaletes e caixas em geral. A Empresa D possui demanda mensal de 435 m³ e aproximadamente 5.220 m 3 /ano produzindo 2.000 mil peças por mês. A Empresa E tem um porte um pouco inferior à empresa D, com demanda de 348m³/mês. Seu perfil é bastante similar, processando madeira de mesmas origens e produzindo mesmos tipos de produtos. A Empresa F tem demanda de 80m³/mês e trabalha exclusivamente com madeira de eucalipto pré-cortada para paletes, ou seja, praticamente não há processamento da madeira, uma vez que basta efetuar a montagem nos paletes com grampos e pregos acionados por pressão. A Empresa G é uma serraria que serra exclusivamente madeira de eucalipto visando à produção de paletes e cavaletes que atendem a demanda das empresas de mármore e granito no transporte de suas mercadorias como chapas e ladrilhos para exportação. O volume mensal de madeira serrada é de mais de 1.000 m³/mês, sendo esta a empresa de maior porte do município. A Empresa H trata-se de uma usina de tratamento químico em madeira de eucalipto, com volume mensal de madeira tratada de 500 m³, que utiliza o processo de impregnação por pressão com autoclave, sendo esta uma importante atividade industrial. Os principais produtos da empresa são estacas, mourões, postes e esteios de eucalipto tratado. Como matéria prima a empresa tem preferência pelas espécies de E. citriodora e E. cloeziana, por serem mais adequadas e resistentes, mas também utilizam o híbrido de E. grandis x E. urophylla. Mimoso do Sul No munícipio de Mimoso do Sul praticamente não há demanda por madeira de eucalipto, pois não conta com nenhuma serraria de desdobro, porém foram encontradas e entrevistadas as duas empresas que trabalham com madeiras no município. A primeira atua basicamente apenas no comércio de madeira serrada para construção civil trabalhando com 3

madeira de origem nativa, do norte do País, e a segunda conta com uma antiga serra de quadro (serra pica pau) desativada. Alguns engenhos de serraria da região extinguiram-se com a escassez de madeira de grande porte nativas da região de mata atlântica. Muqui No município de Muqui foram identificadas e entrevistadas duas empresas. A Empresa I é uma serraria que desdobra eucalipto, possui plantio próprio e também conta com madeira de terceiros. Trabalha, principalmente, com produtos sólidos, estruturas de telhados para construção civil, atendendo tanto municípios vizinhos, como Alegre, Jerônimo Monteiro e Cachoeiro de Itapemirim quanto o próprio município, em menor parte. As espécies utilizadas são, principalmente, E. citriodora e também E. camaldulensis provenientes do próprio município e de Mimoso do Sul, sendo requerida exclusivamente em toras. Cerca de 90% da madeira utilizada é de eucalipto, enquanto os outros 10% ainda são de madeiras nativas. A produção é puxada, isto é, o desdobro ocorre mediante aos pedidos e é variável quanto aos tipos de produtos. A empresa é considerada de porte pequeno e possui demanda variável de madeira de eucalipto, sendo estimado aproximadamente 150m³/mês. A Empresa J atua no comércio e indústria de madeiras, fabricação de pequenos móveis e esquadrias em geral. Trabalha com madeira serrada, e possui uma demanda bem menor em relação à empresa I, aproximadamente 10m³/mês. Utilizam as espécies E. grandis e E. citriodora. Em ambas empresas os resíduos são doados e comercializados, o resíduo fino é destinado para criadores de suínos, a sepilha para criadores de cavalos e a lenha é destinada para secadores de café e padarias. Na Tabela 1 é possível observar uma síntese da distribuição das empresas quanto ao tipo do produto final. Tabela 1 Principais produtos oriundos das empresas nos municípios pesquisados. MUNICÍPIOS Empresas que utilizam madeira de eucalipto Esquadrias (portas, janelas, etc.) Vigas, ripas, caibro, forros, tábuas e pranchas Paletes, caixas e cavaletes Apiacá 2 0 0 0 2 Atílio Vivácqua 1 0 1 0 0 Cachoeiro de Itapemirim 5 0 0 5 0 Mimoso do Sul 0 0 0 0 0 Muqui 2 1 1 0 0 Total 10 1 2 5 2 Discussão A atividade florestal está presente em 28 mil propriedades rurais, gerando cerca de 80 mil empregos, e fomentando a diversificação do mercado madeireiro no Estado, que movimenta cerca de R$ 5 bilhões por ano e corresponde a 25% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba (CEDAGRO, 2011). Um problema percebido da carência de utilização da madeira de eucalipto é a falta de uma oferta de madeira serrada e seca consistente e duradoura, e em padrões de qualidade requeridos para abastecer uma indústria madeireira no Sul do Espírito Santo. Com isso a madeira de eucalipto perde espaço para outras madeiras de espécies nativas e até mesmo para outros tipos de materiais como estruturas de aço galvanizado e esquadrias de alumínio. Outro fator importante para o desenvolvimento da utilização da madeira com maior valor agregado é a indicação correta das melhores espécies que se adaptam a serrarias e beneficiamento, pois foi possível perceber que se utiliza muita madeira de espécies destinadas ao uso para polpa de celulose, que por sua vez não apresentam características desejadas para produtos sólidos. Levando em consideração todas as atividades de beneficiamento e processamento da madeira de eucalipto para todos os municípios estimou-se uma demanda anual total de 30.281 m³. Outros Conclusões Com base nos resultados obtidos na pesquisa pode-se concluir que: 4

Várias espécies do gênero Eucalyptus são utilizadas nos processos de produção locais, sendo os mais utilizados: E.grandis, E. urograndis e E. citriodora. Foi possível perceber que, em geral, os empresários e a sociedade local demostraram um desconhecimento e um preconceito da qualidade da madeira como material. Verificou-se uma falta de conhecimento técnico a respeito da madeira de eucalipto, e também de toda a cadeia florestal. A ampliação da área florestal é uma opção a se considerar devido ao aquecimento do mercado, para assim diversificar a economia, tornar o Estado mais competitivo no setor e estimular uma atividade inovadora que gere renda e empregos. Agradecimentos Gostaríamos de expressar nossos agradecimentos ao órgão financiador desta pesquisa, a saber, a Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo FAPES. Referências - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS ABRAF. Anuário estatístico da ABRAF 2012: ano base 2011. Brasília, DF: ABRAF, 2012. - CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO CEDAGRO. Relatório Final: Dimensionamento do Mercado Capixaba de Produtos Florestais Madeiráveis. Vitória, ES: CEDAGRO, 2011. - GREMAUD, A. P.; VASCONCELOS, M. A. S.; TONETO JÚNIOR, R. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2002. - INSTITUTO DE DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL DO ESPÍRITO SANTO IDAF. Instrução Normativa 01, de 11 de junho de 2008. Vitória, 2008. Disponível em: <http://www.idaf.es.gov.br/>. Acesso em: 2 mar. 2012. - NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: Estratégia, operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. 5