CONTROLE DE QUALIDADE PARA MEDIÇÕES DE VAZÕES COM ADCP: estudo de casos



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Transcrição:

CONTROLE DE QUALIDADE PARA MEDIÇÕES DE VAZÕES COM ADCP: estudo de casos Paulo E. Gamaro 1 & Luiz H. Maldonado 2 RESUMO - No Brasil ainda não existe oficialmente procedimentos para operação de ADCPs, tanto para a medição quanto para sua análise, apesar de relatórios da Itaipu e da Comissão de Hidrometria da ABRH. Como é uma tecnologia nova, admite-se uma necessidade de atualização, conforme se verificam os problemas. A Itaipu Binacional utiliza critérios de qualidade para verificar as vazões das medições. De início prevê-se que o controle é necessário, mas seria suficiente? Além disso, os dados informados pelos fabricantes não indicam exatamente como proceder para certos problemas. Assim, este trabalho visa mostrar casos de medições de vazão que poderiam ser classificadas como boas medições e que apresentam problemas internos de funcionamento do equipamento e que passam despercebidos. Foram comparadas as direções das velocidades do escoamento em GBE e as medições de vazão em R4, rio Paraná. Os resultados das medições de vazão indicaram interferências variáveis, para a direção do fluxo e para as correlações de cada feixe acústico ( Beam ), sendo não ambientais. Os documentos referentes aos procedimentos, controles de qualidade e fabricantes não informam as causas desses problemas, que poderiam passar despercebidos, aparentando ser uma boa medição. ABSTRACT - In Brazil there is still no official procedures for operation of ADCPs, both for measurement and analysis, despite of the reports of Itaipu and the Commission of the ABRH Hydrometers. The fact that it is a new technology, it becomes necessary to update the problems found. Itaipu Binacional utilizes some quality criteria to check the flow measurements. Initially it is expected the control to be necessary, but would it be enough? Furthermore, data reported by manufacturers do not indicate exactly how to proceed with some specific problems. This study aims to show cases of flow measurements that could result in satisfactory values, although they have internal problems of the equipment operation passing unnoticed. The velocities directions in GBE were compared to the flow measurements in R4, Paraná river. The results of flow measurements indicated the interferences to flow directions and to correlations of beams. The document procedures, quality control and manufacturers do not report the causes of these problems, that could be unnoticed, appearing to be a good measurement. Palavras-Chave: ADCP, vazão, problemas. 1 Engenheiro da Itaipu Binacional, Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos, Foz do Iguaçu-PR, 55 45 352 6429, pemg@itaipu.gov.br; 2 Engenheiro da Itaipu Binacional, Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos, Foz do Iguaçu-PR, lhmaldo@itaipu.gov.br. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1

INTRODUÇÃO Com a tecnologia Doppler para medição de vazão, novos horizontes estão sendo explorados na Hidrometria e maiores cuidados são necessários para realizar as medições de vazão. Atualmente existem diversos critérios de qualidade, como em Gamaro (25), Kevin et. al. (25) que buscam um controle de qualidade das medições. No entando, como saber se estes critérios são suficientes? Apesar do controle, as medições de vazão podem sofrer interferências externas e internas do equipamento e que o fabricante não as explica e nem cita seus motivos e soluções. Deste modo, algumas medições de vazão realizadas pela equipe de Hidrologia de Campo da Itaipu Binacional são discutidas e analisadas, para uma maior compreensão e conhecimento das medições de vazão. METODOLOGIA Os controles de qualidade adotados para o trabalho baseiam-se em alguns critérios, como: - Porcentagem de verticais problemáticas ( Bad ensemble ) deve ser menor que 1% do total da medição (travessia); - Porcentagem de células problemáticas ( Bad Bins ) deve ser menor que 25% do total da medição (travessia); - Velocidade do barco deve ser menor que a velocidade da água; - Vazão medida ( measured Q ) deve ser maior que 5% da vazão total; - Pitch&Roll (inclinações proa/popa e bombordo/estibordo) deve ser menor que 1º. Este trabalho apresenta uma análise de casos, a partir de medições de vazão realizadas nas estações de Guaíra e R4, localizadas no rio Paraná. O primeiro caso refere-se às medições de vazão com o ADCP 3 WorkHorse Rio Grande de 6 khz realizadas em Guaíra Braço Esquerdo (GBE), Rio Paraná, Figura 1 (a), no dia 22/12/28. Para este caso, foram comparados os resultados de duas travessias iniciadas em margens opostas e medições para uma data anterior (14/1/28) e posterior (2/1/29) da data 22/12/28. O segundo caso, refere-se às medições nas datas 12 e 17/3/29, na estação de R4, Figura 1 (b), a jusante da Usina de Itaipu Binacional, onde há a possibilidade de comparar as descargas liquidas medidas pelo ADCP com as vazões turbinadas pela Itaipu, cujas variações de vazão são de no máximo 4%, Gamaro e Lima (27). 3 Fabricante: Teledyne RDInstruments XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2

(a) (b) Figura 1 (a) Localização da Estação Guaíra Braço Esquerdo (GBE); (b) Localização da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional e da Estação R4 Para a estação de R4, foram realizadas 14 travessias com o ADCP 6 khz, no dia 12/3/29 e foram comparadas com as vazões turbinadas da Itaipu Binacional. Dentre as travessias, foram escolhidas uma travessia que apresentou problemas, R8, e uma travessia que não apresentou problemas, R6. Para os testes, as travessias foram realizadas sequencialmente, sem qualquer alteração no ambiente. Posteriormente, para o dia 17/3/28, foram realizadas novas medições de vazão com o ADCP, rotacionando-o em relação ao barco. De modo padrão, o ADCP é instalado no barco com os Beams 3 e 4 dispostos paralelos à embarcação, Figura 2, sendo o Beam 3 direcionado para a proa e o Beam 4 direcionado para a popa. (a) (b) (c) Figura 2 Posição do ADCP e dos Beams (Feixes acústicos). (c) Fonte: Modificado de Simpson, 21 XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3

RESULTADOS Medições de vazão em GBE Para o dia 22/12/28, a primeira travessia, iniciada na margem direita, resultou na vazão de 991 m³.s -1, Figura 3, com 4% de bad ensemble, nenhum bad bin, vazão medida de 72% da vazão total, e não apresenta descontinuidades no perfil de velocidades. A travessia iniciada na margem oposta (esquerda), Figura 4, resultou na vazão de 191 m³.s -1, 1% maior que a vazão da primeira travessia. As travessias passam nos critérios de qualidade se fossem analisadas individualmente, mas a análise em conjunto das travessias invalida a medição. Ensemble: 893 Lost Ensemble: Bad Ensemble: 36 Bad Bins: % MeasuredQ: 715,8 [m³.s -1 ] TotalQ: 991,4 [m³.s -1 ] Figura 3 - Travessia 1, iniciando na margem direita para esquerda Ensemble: 919 Lost Ensemble: Bad Ensemble: 61 Bad Bins: % MeasuredQ: 786,9 [m³.s -1 ] TotalQ: 191,1 [m³.s -1 ] Figura 4 - Travessia 2, iniciando na margem esquerda para direita A princípio, o erro devido a não calibragem da bússola interna do ADCP causa interferência na medição de vazão. Se entre duas travessias iniciadas em margens opostas, a direção do escoamento for maior que 1º, é provável que a medição esteja prejudicada. Para as travessias 1 e 2, as direções do fluxo obtidas foram de 24º e 31º, respectivamente, Tabela 1. A variação da direção do fluxo indica um exemplo da interferência na bússola interna do XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4

ADCP por materiais ferrosos, mas para um desvio de 9% da vazão, existe outro problema que interferiu na medição de vazão realizada pelo ADCP. Travessias Margem Inicial Tabela 1 - Resultado das travessias em GBE Vazão Total Vazão Medida Área Largura Veloc. Barco Direção Média do Barco Veloc. do fluxo Direção do fluxo [m³.s -1 ] [m³.s -1 ] [m²] [m] [m.s -1 ] [ ] [m.s -1 ] [ ] 1 Direita 991 716 3531 597,744 193,8,48 24 2 Esquerda 191 787 3562 6,739 1,1,349 31 Na data de 2/1/29 novas medições de vazão com o ADCP foram realizadas no GBE e a direção das velocidades resultou em 25º, em média, para a primeira travessia e º, em média, para a travessia iniciada na margem oposta. Para as travessias em GBE no dia 14/1/28, a direção das velocidades foi de 26º, em média, para as duas travessias iniciadas em margens opostas. Além disso, notam-se diferenças maiores dos desvios padrão para as direções para a data de 2/1/29, que para o dia 14/1/28, Figura 4. DP DP 2 2 1 1 138 121 275 241 412 DP Direção 14/1/28 GBE1 361 DP 2/1/29 GBE 549 481 686 61 823 Ensem ble Ensemble 721 Direção 96 841 197 961 1234 2 2 Direção ( ) Direção ( ) 2/1/29 GBE1 Figura 4 - Valores das direções de velocidade do escoamento e seu desvio padrão, por vertical (ensemble), para as datas 14/1/28, não ocorre o problema, e para a data 2/1/29, equipamento problemático DP DP 2 2 1 1 114 119 227 237 34 355 453 566 679 792 Ensemble DP Direção 14/1/28 GBE 473 591 79 Ensemble 95 827 DP Direção ( ) 118 945 163 2 2 Direção ( ) Direção ( ) XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5

Medições de vazão em R4 Para o dia 12/3/29, foram realizadas 14 travessias com o ADCP em R4, Tabela 2. Tabela 2 Dados das medições de vazão em R4 com o ADCP e da vazão turbinada pela Itaipu Binacional, para o dia 12/3/29 Horário Vazão Travessia Horário Horário Vazão Margem Vazão Área Direção Vel. Direção Turbinada Início Final Total Inicial Medida do Barco Esc. Esc. [m³.s -1 ] [m³.s -1 ] [m³.s -1 ] [m²] [ ] [m.s -1 ] [ ] 1:3 1256 Rr, 1:42:5 1:51:45 4.272 Esquerda 3581 4542 321 1,35 247 11: 12476 R1r, 1:52:28 11:1:57 5.64 Direita 4628 526 16 1,13 247 R2r, 11:3:9 11:1:32 7.917 Esquerda 6593 5693 326 1,388 249 11:15 12653 R3r, 11:1:42 11:18:37 6.894 Direita 5724 5232 15 1,378 247 R4r, 11:18:49 11:25:54 9.764 Esquerda 8159 6513 328 1,67 247 11:3 12573 R5r, 11:26: 11:33:5 12.23 Direita 1166 7127 15 1,759 245 R6r, 11:33:12 11:42:5 12.623 Esquerda 1517 7147 326 1,942 245 11:45 12413 R7r, 11:42:13 11:49:51 12.313 Direita 1272 7 148 1,766 246 R8r, 11:49:57 11:57:11 9.467 Esquerda 7868 6246 328 1,59 245 12: 12333 R9r, 11:57:17 12:3:52 8.19 Direita 6676 5795 151 1,424 245 R41r, 12:4: 12:11:29 9.474 Esquerda 7887 625 326 1,633 246 12:15 12427 R411r, 12:11:33 12:19:2 8.94 Direita 7424 696 149 1,594 246 R412r, 12:51:3 12:57:48 2.326 Esquerda 221 2278 339 1,117 248 13: 12427 R413r, 12:57:54 13:4:36 5.681 Direita 4727 488 145 1,26 247 Média 9.21 7767 5991 2 Desvio Padrão 2.962 2538 116,254 Media/DP,32,33,19,17 Segundo a Tabela 2, os valores das vazões turbinadas, para este período, variaram de 12333 a 12653 m³.s -1 e as vazões medidas com ADCP variaram de 2326 a 12623 m³.s -1, com uma média de 921 m³/s e desvio padrão de 2962 m³/s. A variação dos resultados das medições com ADCP indica a permanência da interferência que estava indicada nas medições em GBE. Dentre as travessias, Tabela 2, há travessias com vazões próximas da turbinada, como travessias que estão problemáticas. Para a travessia R8, a vazão total foi de 9467 m³/s, a vazão medida foi de 83% da vazão total, obteve-se menos que 2% de Bad Ensemble e 1% de Bad Bins. A travessia não apresenta problema, passando nos critérios de qualidade, mas representa uma vazão 23% menor que a vazão turbinada, invalidando-a. Analisando as correlações para cada Beam, nota-se que as correlações dos Beams 3 e 4 são inferiores que as correlações dos Beams 1 e 2, Figura 5. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6

Figura 5 Velocidades da seção e correlações para cada feixe (beam), para a travessia R8, realizada no dia 12/3/29 Para a travessia R6, a vazão total foi de 12623 m³/s, a vazão medida foi de 83% da vazão total, não obteve-se Bad Ensembles e apenas 1% de Bad Bins. A vazão da travessia foi 1% maior que a vazão turbinada pela Itaipu Binacional, validando a travessia. Ao verificarmos as correlações para cada feixe, Beam, Figura 6, nota-se que a correlação não se alterou de modo significativo entre os Beams, ao contrário do caso anterior. Figura 6 Velocidades da seção e correlações para cada feixe (beam), para a travessia R6, realizada no dia 12/3/29 XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7

Considerando os dados das medições em R4, no dia 12/3/29, notam-se discrepâncias de resultados entre as travessias, Tabela 2, conforme explanados nos exemplos das travessias R6 e R8, na qual houve problemas de correlação em 2 Beams (3 e 4). Deste modo, um procedimento para verificar se o problema das correlações provém do feixe acústico ou de fatores ambientais, rotaciona-se o ADCP em 9º, mudando do Beam 3 para o 1, o feixe acústico que é direcionado para a proa do barco, Figura 2. Direcionando o Beam 1 para a proa do barco, resultou uma medição com 19% de Bad Ensembles, localizados na área com maior profundidade da seção transversal, 1% de Bad Bins e 84% de vazão medida em relação à total, Figura 8. Os Bad Ensembles prejudicaram a medição e os Beams 1 e 2 obtiveram correlações inferiores aos Beams 3 e 4. Figura 8 Velocidades da seção e correlações para cada feixe ( Beam ), da medição de vazão realizada no dia 17/3/29, Beam 1 direcionado à proa Rotacionando o equipamento para posição original, Beam 3 direcionado para proa, as correlações para os Beams 3 e 4 foram inferiores que as correlações dos Beams 1 e 2, Figura 9. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8

Figura 9 - Velocidades da seção e correlações para cada feixe ( Beam ), da medição de vazão realizada no dia 17/3/29, Beam 3 direcionado à proa Com a mudança de correlações para os Beams conclui-se que os feixes não estão com problemas físicos e que provavelmente agentes ambientais estão prejudicando as medições. Considerando que nenhum aparato novo foi utilizado nas medições de vazão, em relação às medições realizadas anteriormente, as estações são monitoradas constantemente sem nenhum caso problemático, a causa dos problemas não pode ser ambiental. Entrou-se em contato com o fabricante e alguns testes foram requisitados, como a rotação do ADCP, mas nenhum resultado concreto foi obtido. Não obtendo respostas para o problema, a placa interna do equipamento foi trocada e todos os problemas identificados acima desapareceram, concluindo que o problema estava no processamento interno do equipamento e que não há controles de qualidade para este tipo de situação. CONCLUSÃO Os resultados das medições de vazão indicaram interferências variáveis, para a direção do fluxo e para as correlações de cada feixe acústico ( Beam ). O primeiro problema notado foi a variação de 9% da vazão e 6º de diferença nas direções das velocidades do escoamento entre as travessias, em GBE, fatores que, mesmo se não tivesse calibrado a bússola, não são explicáveis. Além disso, foi verificado que os Beams direcionados para proa e popa sofrem interferências nas correlações, em R4. Com a XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 9

rotação do ADCP, verificou que o problema não é do feixe acústico e com a troca da placa interna do equipamento, provou que não foi interferência ambiental. Deste modo, os procedimentos, controles de qualidade e fabricantes não informam as causas do problema, o que pode passar despercebido e enganar o operador. REFERÊNCIAS Gamaro, P.E.M. (25) Procedimentos para avaliar uma medição de vazão acústica Doppler uma proposta ; Gamaro, P.E.M., Lima, K.A., (27) Avaliação do uso de um medidor de vazão acústico doppler para verificar a vazão turbinada da usina de Itaipu: vazões maiores que 22.m 3 /s, Simpósio da ABRH; Kevin, A. O., Morlock, S. E., Caldwell, W. S. (25) Quality-Assurance Plan for Discharge Measurements Using Acoustic Doppler Current Profilers, Scientific Investigations Report 25-5183, U.S. Departament of the Interior, U.S. Geological Survey; Simpson, M. R. (21) Discharge Measurements Using a Broad-Band Acoustic Doppler Current Profiler, USGS, Open-File Report 1-1, Sacramento, California. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1