COMUNICAÇÃO COORDENADA - ENFERMAGEM OBSTÉTRICA E NEONATAL FAZENDO A DIFERENÇA NO CENÁRIO NACIONAL ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO SERVIÇO DE PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO EM UMA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA PARA A REDE CEGONHA: RELATO DE EXPERIÊNCIA Léa Dias Pimentel Gomes Vasconcelos (leadias03@gmail.com) Sandra Vasconcelos Rodrigues Paz (sandvasco@gamil.com) Lillian Soares De Holanda (lilianholanda@yahoo.com.br) Danila Paula Carneiro De Oliveira Novais (danilapaula@hotamil.com) Linicarla Fabiole De Souza (linicarlafabiole@yahoo.com.br) Ana Kelve De Castro Damasceno (anakelve@hotmail.com) Introdução: A gestação geralmente acontece como processo fisiológico mas pode ser marcado por complicações, tornando-se evento de risco para mãe ou concepto. Assim, a gestante necessita de assistência de qualidade desempenhada por equipe multiprofissional, na qual está inserido o enfermeiro, que deve prestar cuidado integral, humanizado, alicerçado em um Processo de Enfermagem (PE) sistemático, de modo a atender às reais necessidades da gestante e família. A gestação é uma situação limítrofe que pode implicar riscos para mãe e feto, havendo gestantes que, por características particulares, apresentam maior probabilidade de evolução e desfechos desfavoráveis. Deste modo, a gravidez é considerada de alto risco quando a vida da mãe e/ou do feto está comprometida por um distúrbio que coincide com a gravidez ou é exclusivo desta, sendo que cerca de 25% das gestações são consideradas
como de alto risco (BRASIL, 2012). As gestações de alto risco podem está associadas com desfechos desfavoraveis como a morte materna a qual, no Brasil, ainda é elevada, incompatível com o atual nível de desenvolvimento econômico e social do País. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que o Brasil reduziu a mortalidade materna em 43% de 1990 a 2013. Neste período, a taxa de mortalidade passou de 120 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos em 1990, para 69 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos em 2013. Estes dados mostram que o Brasil não atingiu o 5º Objetivo do Milênio que seria uma redução das mortes maternas em 75%, o que implicaria em 33 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos em 2015. E se o parâmetro for a meta da OMS, de uma taxa de morte materna de 20 mortes por 100 mil nascidos vivos, percebe-se que o Brasil ainda está bem mais longe do esperado (BRASIL, 2014). A maioria das mortes e complicações que surgem durante a gravidez, parto e puerpério são preveníveis, mas para isso é necessária a participação ativa do sistema de saúde. A estratégia do governo instituída pela portaria 1459 de 24/06/2011, a Rede cegonha, trouxe uma rede de cuidados à mulher, atenção humanizada à gravidez, parto e puerpério, bem como à criança, direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011). Relevante também é a portaria 1020 de 29/05/2013, a qual instituiu diretrizes para a organização da Atenção à Saúde na Gestação de alto risco e enfatiza a importância da equipe multidisciplinar para assistência às gestantes durante a gestação, parto e puerpério (BRASIL, 2013). Nesse contexto o enfermeiro está inserido na equipe do pré-natal de alto risco, com o objetivo de uma assistência integral, de qualidade, garantindo essa gestante um acompanhamento seguro. Diante do que foi descrito, procurou-se relatar a experiência sobre a implantação da consulta de enfermagem e atuação da enfermeira na equipe multidisciplinar do serviço de pré-natal de alto risco, em uma maternidade pública universitária que assiste gestantes procedentes da rede básica, setores internos da maternidade, interior do Estado e outros setores do hospital geral universitário. Objetivo: Descrever a experiência de implantação da consulta de enfermagem e atuação da enfermeira junto a equipe multidisciplinar do ambulatório de prénatal de alto risco de uma maternidade de referência do Estado do Ceará. Método: Relato de experiência que descreve as ações e vivências de enfermeiras do ambulatório de pré-natal de alto risco de uma maternidade de referência para gestação de alto risco do estado do Ceará. Esta maternidade é um hospital universitário vinculada a Universidade Federal do Ceará (UfC) e conta com um serviço de pré-natal de alto risco também intitulado Serviço de
Medicina Materno Fetal (SMMF) o qual existe há cerca de 26 anos. Hoje o serviço conta com duas enfermeiras assistências e uma enfermeira gerente do serviço. A análise dos dados se deu de forma qualitativa, descritiva e à luz da literatura pertinente. Resultados: O ambulatório de pré-natal de alto risco vem ao longo de mais de duas décadas prestando ium importante serviço de assistência materno e fetal, e devida a sua relevância ampliação da suas demandas notou-se a necessidade de se inserir o enfermeiro de forma mais efetiva na equipe multidisciplinar, passando de uma ação mais gerencial para uma atuação mais efetiva de assistencial e cuidado direto a gestantes e família. Assim, de Outubro a Novembro de 2015, teve a inserção de duas enfermeiras obstetras para atuação assistencial no serviço. Inicialmente tivemos que conquistar espaço físico, consultório para realização das consultas de enfermagem, que a curto prazo com apoio da chefia do serviço de enfermagem e direção da maternidade, se teve êxito. Após o primeiro passo, iniciamos a realização do acolhimento a essas gestantes, consulta de enfermagem de todas as gestantes que chegam a primeira vez no serviço com realização do histórico de enfermagem, orientações obstétricas, consulta de amamentação com inspeção das mamas, consulta para internamento das gestantes quando indicado pelos obstetras, oferecimento de testes rápidos Anti-Hiv e sífilis e ainda realizando ainda encaminhamentos devidos e específicos para psicologia, serviço social ou nutrição por exemplo. As demandas e procuras a este serviço só vem crescendo e em 2017 iniciamos o serviço de triagem no ambulatório materno fetal, para inserção somente de gestantes que tenham os critérios para pré-natal de alto risco. Após a triagem realizada pelo obstetra, a gestante é encaminhada à enfermeira para classificação das patologias e garantir que essa gestante seja agendada como primeira vez, de acordo com o dia específico, respeitando a idade gestacional e patologia realizando assim um acolhimento e um cuidado individualizado. Nesta consulta a gestante e familiares recebem orientações sobre a importância do serviço, necessidade do acompanhamento e exames necessários para portar na primeira consulta. Vale ressaltar que as consultas de enfermagem, como pré-natal de alto risco são sempre simultâneas às consultas do obstetra, a maioria das vezes antecedendo a deles e quando necessário realizamos pós consulta para orientações ou consulta para internamento. A consulta de enfermagem através da qual a/o Enfermeira/o desempenha um papel relevante junto à clientela, num sentido bem mais abrangente, objetivando uma assistência integralizada em prol da melhoria do estado de saúde do assistido. Histórico de Enfermagem é o meio utilizado para obtenção de informações a respeito da pessoa a ser
assistida, permitindo o profissional conhecer, identificar e analisar as situações apresentadas, de modo a ser planejada adequadamente a assistência de enfermagem (COFEN, 2009). O histórico de enfermagem implementado foi uma construção coletiva pelas enfermeiras da instituição e adaptado para as necessidades da nossa clientela. Contem informações iniciando pela identificação, antecedentes pessoais, antecedentes ginecológicos, antecedentes obstétricos, dados da gestação atual, exame físico, aspecto geral, investigação sobre o sistema gastrintestinal, geniturinário, reprodutor. O Exame Físico compreende verificação do peso e altura, aferição da presão arterial, avaliação das mamas para avaliar o processo futuro de amamentação, avaliação de edema, varizes e alguns outros sinais que identificamos durante o exame. As atividades educativas também estão presentes na atuação do enfermeiro, as quais podem ser ações individuais ou coletivas, e estão voltadas para os problemas identificados e específicos de cada gestante a qual tem necessidades de informações como todas as gestantes, daí serem orientadas não só sobre suas patologias, mas também sobre aspectos como parto, nascimento, pré-natal, amamentação, cuidados com o bebê, dentre outras temáticas pertinentes ao ciclo gravídico puerperal. Diante de tantas patologias, elegemos as gestantes diabéticas e portadoras de sífilis para o acompanhamento contínuo pelo enfermeiro, durante o pré-natal. Em relação as outras patologias, realizamos a consulta de primeira vez, e a consulta para o internamento; a não ser que no seu percurso do pré-natal a gestante e/ou família necessitem de alguma orientação específica, sendo encaminhada para a consulta de enfermagem. O estudo mostra a atuação da enfermeira no ambulatório de pré-natal de alto risco e o seu papel na equipe multidisciplinar, promovendo atenção de qualidade, desde a entrada da gestante de alto risco no serviço até o desfecho de sua gravidez. Conclusão: Esse relato de experiência visualiza a relevância da enfermeira e sua prática na equipe multidisciplinar no pré-natal de alto risco. Contribui para a amplitude de conhecimentos da enfermagem obstétrica e modelo para outros serviços que tenham o mesmo objetivo, além da integração da equipe para uma assistência de qualidade à gestante de alto risco, garantindo assim o que é exigido pela rede cegonha e Ministério da Saúde, buscando a redução das taxas de mortalidade materna e neonatal. Espera-se com este estudo aprofundar a discussão da implementação do processo de enfermagem na obstetrícia, em todos os âmbitos de atuação da enfermagem obstétrica, de modo a contribuir para o desenvolvimento de outras etapas do processo de enfermagem como os Diagnósticos de enfermagem e Intervenções de enfermagem. Pretende-se
aprimorar cada vez mais a consulta de enfermagem e os instrumentos utilizados nas mesmas, de modo a contribuir para a promoção da saúde do binômio mãe e filho e até de sua família e deste modo fazer a diferença nos serviços de saúde obstétricos e na vidas das pessoas que procuram os mesmos