Pró-Reitoria Nome de do Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso

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Transcrição:

Pró-Reitoria Nome de do Graduação autor Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso AVALIAÇÃO AERÓBIA TÍTULO EM JOGADORES PROJETO DE FUTEBOL: COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICES FISIOLÓGICOS OBTIDOS EM TESTE DE LABORATÓRIO E DE CAMPO (TCAR) NO INÍCIO DA PRÉ-TEMPORADA 1. Projeto de pesquisa apresentado ao prof. como requisito parcial para a obtenção de nota na disciplina do curso de das Faculdades Integradas de Patos FIP. Orientador(a): Autor: Roberto Nascimento Gomes Orientador: MSc. Carlos Ernesto Santos Ferreira Patos Ano ano Brasília - DF 2014

Roberto Nascimento Gomes AVALIAÇÃO AERÓBIA EM JOGADORES DE FUTEBOL: COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICES FISIOLÓGICOS OBTIDOS EM TESTE DE LABORATÓRIO E DE CAMPO (TCAR) NO INÍCIO DA PRÉ-TEMPORADA Projeto de Pesquisa apresentado a Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, Educação Física - Bacharelado, como requisito parcial para a avalição da disciplina no Semestre 2013.2º semestre. Orientador: MSc. Carlos Ernesto Santos Ferreira Brasília DF

RESUMO O objetivo do presente estudo foi verificar se o ponto de deflexão da frequência cardíaca (PDFC) e o pico de velocidade (PV) obtidos no Teste de Carminatti, de jogadores de futebol, no início da pré-temporada, podem ser utilizados como medidas de referência da capacidade aeróbia (PCR) e da potência aeróbia (Vo2máx) medidas em teste ergoespirométrico. Assim, dezesseis (n=16) jogadores de futebol, do sexo masculino, com idade entre 19 e 36 anos, pertencentes à categoria profissional de Brasília, foram submetidos a testes de campo (TCar) e de laboratório (ergoespirometria), visando a determinar essas variáveis. Para tratamento dos dados foi utilizado o programa estatístico SPSS 20.0. Também foram realizadas as análises descritivas para caracterização da amostra, bem como o teste t pareado para inserir o objetivo do estudo (para tanto, foi adotado p 0,05). Os resultados obtidos revelaram que a velocidade obtida no PDFC pode ser um referencial do PCR verificado no laboratório, entretanto, a velocidade relacionada ao PV e as frequências observadas no PDFC e no PV, obtidas nesse teste, não são análogas a variáveis correspondentes, medidas em teste ergoespirométrico (p 0,05).

INTRODUÇÃO Borin et al.(2011), enfatizam que, em desportos coletivos, é de extrema importância adquirir indicadores que revelem as necessidades e limitações dos atletas, bem como as progressões obtidas durante o período de treinamento. Para Garret, Kirkendall e Contiguglia (1996), o futebol, quando visto sob a ótica da fisiologia, deve ser avaliado segundo diversos critérios, principalmente porque a exigência energética durante os treinamentos e nos jogos tem relação direta com as ações empreendidas diante de cada situação, assim como com as solicitações inerentes a cada posição e às funções executadas dentro dos esquemas de jogo. Estudos tem revelado que a aptidão física do jogador de futebol está intimamente relacionada à potência aeróbia (consumo máximo de oxigênio), à velocidade correspondente ao consumo máximo de oxigênio e ao limiar anaeróbio, além de à capacidade de sprints repetidos (HELGERUD et al., 2001). Para a determinação de medidas de capacidade e potência aeróbia, os testes laboratoriais de esforço cardiopulmonar realizados em ergômetros são tidos como referência (CRUZ, 2011). Quanto aos testes indiretos, utilizados para indicação do desempenho aeróbio, Bravo et al., 2008, menciona que têm se destacado na literatura os testes de ida e volta (do inglês: shuttle running), determinados por sinais de áudio. Neste contexto e tendo em consideração a movimentação intermitente própria do futebol, Bangsbo (1996) propôs o Yo-Yo intermittent endurance test (YYIE) e o Yo-Yo intermittent recovery test (YYIR), este último, utilizado efetivamente para o controle da performance aeróbia dos futebolistas. Outro teste semelhante, em sistema de ida e volta, foi apresentado em 2004. Este teste, denominado Teste de Carminatti (TCar), tem como proposta avaliar, tanto nos treinos quantos nos jogos, a aptidão física aeróbia de atletas que praticam esportes de natureza intermitente, nos quais se destacam corridas com mudanças de direção, acelerações e desacelerações constantes. As principais variáveis obtidas no TCar são: o ponto de deflexão da Frequência Cardíaca (PDFC) e pico de velocidade (PV), considerados indicadores de capacidade e potência aeróbia, respectivamente (CARMINATTI, 2006). Silva et al.(2011a) e Floriano (2010) afirmam que o TCar e o Yo-Yo recovery nível 1 (YYIR1) são os mais indicados para avaliação aeróbia de jogadores de futebol,

considerando especificidade, validade e reprodutibilidade, sendo o primeiro mais prático, uma vez que permite obter indicadores de capacidade e potência aeróbia, que podem ser transferidos diretamente para as sessões de treinamento. Observe-se que Carminatti (2006) e Silva et al. (2011a) confirmaram a validade do Tcar para atletas de esportes intermitentes, dentre estes jogadores de futebol, na temporada de treinos e/ou competição, entretanto as pesquisas que se reportem a testes realizados com atletas destreinados, retornando de suas férias são escassas. Segundo Robergs e Roberts (2002), perdas fisiológicas associadas ao destreinamento ocorrem rapidamente, notadamente àquelas relacionadas à força e a capacidade de endurance. Desse modo, torna-se importante saber se é possível obter as variáveis fisiológicas de capacidade e potência aeróbia aplicando-se o TCar em jogadores de futebol no início da pré-temporada. Portanto, o presente estudo foi realizado a fim de averiguar se por meio do Teste de Carminatti (TCar) obtêm-se variáveis fisiológicas de referência em conformidade com aquelas observadas em teste de laboratório.

METODOLOGIA A amostra do estudo foi formada por (n=16) jogadores de futebol, do sexo masculino, com idade entre 19 e 36 anos, pertencentes à categoria profissional de Brasília. Foram utilizados como critério de inclusão/exclusão os seguintes parâmetros: não ter participado de atividades físicas intermitentes rotineiramente no período de férias, ter seguido as recomendações necessárias para a realização dos testes (estar entre 2h30min a 4h00min de período pós-prandial e ter evitado treino e/ou competição nas últimas 24 horas), participar dos dois testes propostos (ergoespirométrica e TCar) e ter assinado o formulário de consentimento livre e esclarecido. O teste direto em ergoespirômetro foi realizado no Laboratório de Avaliação Física e Treinamento (LAFIT) da Universidade Católica de Brasília. Para esse teste foram utilizados eletrocardiógrafos digitais marca MICROMED para registro e análise do eletrocardiograma durante o esforço; esteiras ergométricas marca INBRAMED, modelo Super ATL; analisadores de gases Córtex (sistema respiração a respiração), acoplado a um microcomputador, equipado com o software Elite (Ergo Pc Elite) e Metasoft; máscaras de silicone; e eletrodos descartáveis. A execução do teste ocorreu em ambiente com temperatura e umidade controladas. O protocolo de avaliação utilizado foi o de rampa, com inclinação constante de 1% e velocidade inicial de 6km/h e final de 18km/h. O final do teste foi determinado pela exaustão do atleta, o qual sinalizou para indicar essa condição, quando, então, iniciou-se a fase de recuperação. O teste progressivo intermitente com pausas (TCar) foi realizado no campo de treinamento da equipe avaliada. Para esse teste foram utilizados cardiofrequencímetros da marca Polar. Modelo FT1, uma trena de 50m; seis cones; um segmento de corda de 15m; aparelho de som e um CD player com o protocolo de teste gravado. Para a determinação do PDFC e do PV, os jogadores realizaram teste em campo plano e gramado, conforme protocolo estabelecido por Carminatti et al. (2004). Durante o teste todos os jogadores estavam uniformizados com roupas de treino e calçando chuteiras. O TCar é caracterizado por ser um teste intermitente escalonado (figura 1), com vários estágios de 90 segundos de duração, em sistema ida-e-volta e pausa (caminhada), constituindo 5 repetições de 18 segundos a cada estágio (12 segundos de corrida e 6 segundos de pausa). A cada estágio a distância é aumentada em um metro. O ritmo é ditado por um sinal sonoro (bip) disparado a cada intervalo de 6 segundos, determinando a velocidade de corrida a ser desenvolvida nos

deslocamentos entre as linhas limítrofes estabelecidas no gramado (indicadas por cones). No nível 2 do (TCar), o avaliado inicia o teste correndo a 12,0km h-1 (distância inicial de 20m) e ocorrem incrementos de 0,6km h-1 a cada estágio mediante aumentos sucessivos de 1m a partir da distância inicial. O final do teste ocorre com a exaustão voluntária do avaliado ou dois atrasos seguidos com distâncias iguais ou superiores a 2m. Figura 1- visualização do esquema do teste intermitente TCar (adaptado de Carminatti et al. (2004). Para a obtenção dos dados referentes ao PDFC, observou-se o comportamento da frequência cardíaca do avaliado, usando modelo matemático, com ajuste e valores de frequência cardíaca superiores a 140bpm, traçando uma reta ligando os pontos iniciais e finais da frequência cardíaca x velocidade, realizando-se, por fim, ajuste polinomial de terceira ordem com todos os pontos da FC, conforme Kara et al. (1996). No ponto denominado (Dmáx), onde se observou maior diferença entre a reta e a curva, foi identificada a FC e velocidade correspondente. Relativamente ao PV, foi considerada como referência, a máxima velocidade alcançada pelos jogadores durante o teste. Com o objetivo de analisar os dados foi utilizado o programa estatístico SPSS 20.0. Foram realizadas as análises descritivas para caracterização da amostra, bem como o teste t pareado para inserir o objetivo do estudo. Para tanto, foi adotado p 0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Seguem, na Tabela 1, as características antropométricas dos atletas envolvidos no presente estudo. Tabela 1. Valores descritivos do perfil da amostra. Variável Média ± DP Inferior Superior Idade (anos) 27,57 ± 4,16 24 36 Estatura (m) 1,78 ± 0,08 1,66 1,87 Massa corporal (kg) 77,26 ± 9,19 62,5 88 % G 13,49 ± 3,10 9,6 18,5

Analisando os dados antropométricos da amostra (Tabela 1), verifica-se que o grupo é heterogêneo, no entanto, cabe salientar que, relativamente quanto ao % de gordura, os valores obtidos já eram esperados, visto que os atletas estavam em período de inatividade e sem controle alimentar e treino. Estudos realizados evidenciam valores menores de percentual de gordura em jogadores de futebol durante o período competitivo (WEBER et al, 2010 e OSIECKI et al. 2007). Com relação às variáveis de desempenho, não foram encontradas diferenças significativas (p> 0,05) entre as velocidades obtidas no PDFC do teste TCar e no PCR da Ergoespirometria (Tabela 2), indicando que as velocidades verificadas nesses pontos podem ser utilizadas como referencial do limiar anaeróbio, ou seja, da capacidade aeróbia. Corroborando esses achados, Silva et al. (2011b), também obtiveram resultados semelhantes quando compararam as velocidades nos testes de campo (TCar) e laboratório, ressaltando-se que, diferentemente da presente pesquisa, que utilizou o PCR como indicador da capacidade aeróbia, esses autores utilizaram a vlan (velocidade correspondente ao limiar anaeróbio) como referencial desse fenômeno, determinado como sendo a intensidade correspondente à concentração sanguínea de lactato de 3,5mmol/l. Quanto a essa metodologia, Beneke, Leithäuser e Ochentel (2011), afirmam que raramente a máxima fase estável de lactato (MSSL) será encontrada em uma concentração de 4mmol/l e que valores entre 1,9 e 7,5mmol/l têm sido relatados. Da mesma forma, Denadai (1995), comenta que como pesquisadores encontraram uma variação relativa (entre 1,5 e 7,0mmol/l) para a MSSL, alguns autores introduziram o termo limiar anaeróbio individual (IAT), visando a propor uma metodologia individualizada para identificar a MSSL, portanto, determinar uma concentração fixa de lactato como indicador do limiar anaeróbio parece não ser conveniente em qualquer estudo. Relativamente aos resultados verificados nas Tabelas 2 e 3, foram encontrados valores divergentes para as frequências obtidas no PDFC comparativamente com aquelas verificadas no PCR, e no PV quando relacionadas com aquelas observadas no VO 2máx, ou seja, verificaram-se frequências cardíacas superestimadas no PDFC e no PV, possibilitando afirmar que as primeiras não expressam as frequências verificadas em laboratório.

Tabela 2. Valores da velocidade e frequência no PDFC (Tcar) e PCR (ERGO) Tcar ERGO t p Vel (km/h) 13,9 ± 0,66 14,31 ± 1,30-1,51 0,15 Freq (bpm) 173,93 ±8,36 165,87 ± 12,9 2,39 0,03* * p 0,05 Da mesma forma, a velocidade relacionada ao PV obtida no teste TCar diferiu da velocidade correspondente ao VO 2máx encontrada na ergoespirometria (Tabela 3), isto é, a primeira foi significativamente inferior à segunda. Tabela 3. Valores da velocidade e frequência no PV (Tcar) e VO 2máx (ERGO) Tcar ERGO t p Vel (km/h) 15,73 ± 0,96 17,45 ± 0,93-10,45 0,001 * Freq (bpm) 186,68 ± 6,74 182,12 ± 6,47 3,28 0,005 * * p 0,05 Quanto a esses achados, Silva et al.(2011b), em estudo realizado visando a verificar a validade do TCar aplicado a jogadores de futebol, encontraram valores semelhantes quando comparam entre si as frequências e as velocidades obtidas no TCar e na ergoespirometria. Da mesma forma, Sorroche, Becegatto e Lima (2012), também relataram que não houve diferença estatística entre o PV, alcançado no TCar, e a MVA (máxima velocidade aeróbia) obtida no laboratório. As diferenças encontradas nesse estudo, ou seja, frequências mais altas e velocidades mais baixas podem advir como resultado da adição de fatores intrínsecos e extrínsecos, os primeiros relacionados a aspectos fisiológicos e os últimos às condições ambientais e da superfície onde foram realizados os testes. Quanto a isso, Cetolin et. al (2010), estudando a diferença entre a intensidade do exercício prescrita por meio do teste TCar no solo e na grama em jogadores de futebol, concluíram que o tipo de solo interfere nos indicadores associados à capacidade e à potência aeróbia, ou seja, no Lan e VO 2máx. Cetolin et. al (2010), associaram picos de velocidade menores na areia (comparativamente com a grama) à menor resistência oferecida por esse tipo de terreno, assim como quanto ao tempo de contato do pé, indicando que o tipo de terreno interfere diretamente nos resultados relacionados à velocidade. Já Mcardle, Katch e Katch (2007), afirmam que as demandas metabólicas do exercício se refletem diretamente no débito cardíaco. Assim, atividades físicas mais intensas resultam em débito cardíaco maior e vice-versa.

No presente estudo, foram obtidos valores superestimados para as frequências cardíacas no PDFC e no PV comparativamente com valores obtidos no teste de laboratório, indicando um acréscimo no débito cardíaco no primeiro caso, permitindo afirmar que a exigência fisiológica foi maior durante a realização do teste de campo, isto é, no TCar. Acredita-se, também, que os já mencionados fatores ambientais podem ter influenciado no desempenho dos jogadores durante o teste Tcar, uma vez que, contrariamente aos valores superestimados observados para as frequências, verificaram-se valores de velocidades menores no TCar (quando comparado com o teste de laboratório). De fato, o teste Tcar foi realizado em área aberta, sob temperatura razoável (não medida) e em terreno com gramado relativamente alto, que poderiam interferir na economia de corrida e, consequentemente, na demanda metabólica relacionada à atividade descrita. CONCLUSÃO Esse estudo demonstrou que a velocidade obtida no PDFC, durante a realização do Teste de Carminatti, em jogadores de futebol profissional, no início da prétemporada, pode ser um referencial do PCR verificado no laboratório, entretanto, a velocidade relacionada ao PV e as frequências observadas no PDFC e no PV, obtidas nesse teste, não são análogos a variáveis correspondentes, medidas em teste ergoespirométrico. Durante essa pesquisa, observou-se que o Teste de Carminatti é plenamente exequível, entretanto, novos estudos, com uma amostra mais abrangente, devem ser conduzidos concentrando-se, principalmente, nos efeitos da aplicação individualizada da máxima fase estável de lactato.

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