Atlas de Oftalmologia 12. ANOMALIAS PERIFÉRICAS DA RETINA. António Ramalho



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Transcrição:

12. ANOMALIAS PERIFÉRICAS DA RETINA 1

12 - ANOMALIAS PERIFÉRICAS DA RETINA Rasgaduras da retina SINTOMAS: Quando ocorre um descolamento posterior do vítreo, há sintomas associados como floaters, flash luminosos e perda de campo visual periférico Os buracos atróficos que ocorrem em degenerescências periféricas da retina, são habitualmente assintomáticos e só em 2% dos casos originam um descolamento da retina. SINAIS: Usualmente a rasgadura da retina apresenta um flap, no lado periférico. Se a rasgadura da retina é recente, apresenta hemorragias intraretinianas dispersas. PATOGÉNESE: As rasgaduras da retina resultam duma tracção vítreoretiniana em aderências vítreoretinianas anómalas preexistentes. Fig. 12.1 Rasgadura da retina, com flap periférico Fig. 12.2 Rasgadura da retina, com flap periférico Fig. 12.3 Rasgadura grande da retina, com vaso em ponte Fig. 12.4 Rasgadura da retina, com um vaso em ponte. 2

Fig. 12.5 Rasgadura grande da retina Fig. 12.6 Rasgadura grande da retina Fig. 12.7 Rasgadura da retina, em ferradura Fig. 12.8 Rasgadura da retina, em ferradura Fig. 12.9 Rasgadura da retina, em descolamento da retina Fig. 12.10 Rasgadura da retina, em descolamento da retina Degenerescência em Paliçada É uma degenerescência comum, congénita, hereditária, da retina periférica. Padrão de transmissão autossómica dominante. Ocorre em cerce de 8% de indivíduos saudáveis. SINTOMAS: Assintomática. Em saco de descolamento posterior do vítreo associado, refere floaters ou flash luminoso SINAIS: ilhéus lineares, arredondados ou ovalados, esbranquiçados na zona equatorial. Ocasionalmente, linhas esbranquiçadas atravessam a lesão e podem encontrar-se buracos atróficos redondos. PATOGENESE: localiza-se na interface vítreoretiniana e está associada com aderências vítreoretinianas fortes nos bordos da lesão. 3

Fig. 12.11 Rasgadura da retina em degenerescência em paliçada Fig. 12.12 Rasgadura da retina em degenerescência em paliçada Fig. 12.13 Rasgadura da retina em degenerescência em paliçada Fig. 12.14 Rasgadura da retina em degenerescência em paliçada Fig. 12.15 Degenerescência em paliçada Fig. 12.16 Degenerescência em paliçada Degenerescência em geada Fig. 12.17 Degenerescência em geada Fig. 12.18 Degenerescência em geada 4

Descolamento da Retina O tipo mais comum é o descolamento da retina regmatogéneo, idiopático, primário. O descolamento da retina pode estar associado a patologias congénitas, inflamatórias, vasculares, traumatismos e tumores. SINTOMAS: Tipicamente são os floaters, flashs luminosos, visão desfocada e defeitos do campo visual. Os sintomas podem ser mínimos ou ausentes, em caso dum descolamento da retina muito pequeno, ou localizado na periferia da retina. SINAIS: No descolamento regmatogéneo retiniano primário, está presente pelo menos uma rasgadura da retina, usualmente em associação com o descolamento posterior do vítreo. É visível uma elevação da retina, enrugada, não uniforme e com depressões. Hemorragia vítrea pode estar associada. PATOGENESE: No descolamento regmatogéneo da retina, o fluido vítreo passa pela rasgadura da retina em direcção ao espaço subretiniano, elevando a retina. Fig. 12.19 Descolamento inferior da retina (Retinografia) Fig. 12.20 Descolamento inferior da retina (Retinografia) Fig. 12.21 Descolamento da retina (Retinografia) Fig. 12.22 Descolamento da retina (Retinografia) 5

Fig. 12.23 Descolamento da retina (Retinografia) Fig. 12.24 Descolamento da retina, com uma Rasgadura da retina (Retinografia) Fig. 12.25 Descolamento da retina (Retinografia) Fig. 12.26 Descolamento da retina (Ecografia) Fig. 12.27 Descolamento da retina Fig. 12.28 Descolamento da retina Fig. 12.29 Descolamento da retina 6

Fig. 12.30 Linhas de demarcação pós descolamento da retina (Retinografia) Fig. 12.31 Linhas de demarcação pós descolamento da retina (Anerítica) Retinosquisis degenerativa É uma doença intraretiniana, degenerativa e hereditária. Origina a separação da retina em duas metades. Aumento da prevalência acima dos 40 anos de idade. SINTOMAS: Assintomática habitualmente. Localização mais frequente no quadrante temporal inferior, mas pode ocorrer em qualquer localização. SINAIS: Elevação dome-shaped, uniforme, com o bodo posterior convexo. Em 15% dos casos apresenta uma rasgadura da retina. HISTOLOGIA: O processo se separação inicia-se na camada plexiforme externa ou na camada nuclear interna. Fig. 12.32 Retinosquisis degenerativa (Retinografia) Fig. 12.33 Retinosquisis degenerativa (Retinografia) 7

Fig. 12.34 Retinosquisis degenerativa (Anerítica) Fig. 12.35 Retinosquisis degenerativa (Anerítica) Fig. 12.36 Retinosquisis degenerativa (AF) Fig. 12.37 Retinosquisis degenerativa (AF) 8