A esquecida coleção de aves da Escola de Pharmacia de Ouro Preto, com comentários



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Transcrição:

A esquecida coleção de aves da Escola de Pharmacia de Ouro Preto, com comentários ISSN 1981-8874 9 771981 887003 0 0 1 7 9 sobre dois obscuros coletores de aves do estado de Minas Gerais e notas sobre importantes registros da avifauna de Mariana Marcelo Ferreira de Vasconcelos 1, Filipe Cristovão Ribeiro da Cunha 2 & Leonardo Esteves Lopes 3 Figura 1. Armazenamento inadequado de peles de aves em armário de madeira nos corredores da Escola de Pharmacia em 27 de maio de 2010. Foto: F. C. R. Cunha. Quem passeia por Ouro Preto rapidamente percebe que esta cidade apresenta uma história extremamente rica e que se encontra bem preservada nos seus diversos museus históricos e casario colonial. Este vasto acervo histórico e cultural fez com que a UNESCO considerasse a cidade de Ouro Preto como Patrimônio da Humanidade em 1980 (www.unesco.org). Isto é explicado, em parte, pela importante posição que a cidade (antiga Vila Rica) tinha como antiga capital de Minas Gerais, província onde se encontravam as maiores minas de ouro e diamante exploradas no século XIX. Apesar de Ouro Preto ter sido ponto de passagem quase obrigatório da maioria dos grandes naturalistas que percorreram o interior do Brasil, vindos do Rio de Janeiro (Vasconcelos & Pacheco 2012), seu nome encontra-se geralmente pouco associado ao desenvolvimento científico no campo da história natural brasileira. A grande riqueza mineral da região foi talvez o principal motivo para a fundação da Escola de Minas de Ouro Preto, em 12 de outubro de 1876, a partir de apoio do então Imperador Dom Pedro II (Nunes et al. 2010). Dessa maneira, a maior parte dos investimentos científicos da época foi voltada para a formação de engenheiros de minas e profissionais correlatos, ficando a história natural relegada a segundo plano. Isto seguramente colaborou para o quase inexpressivo papel do estado de Minas Gerais em relação à tradição em formar e manter coleções taxonômicas de fauna e flora, ao contrário dos vizinhos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, que abrigam, respectivamente, os importantíssimos Museu Nacional (MNRJ) e Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP). Exceção à regra foi a fundação, em 1839, da Escola de Pharmacia, curso que apresenta forte interface com a história natural, especialmente com o ramo da Botânica. Durante mais de quatro décadas, esta escola passou por grandes dificuldades, tendo ocupado diferentes prédios na cidade de Vila Rica. Entretanto, em 1883, foi vinculada diretamente ao governo de Minas Gerais, ocupando, logo no início do século XX, o prédio onde está instalada até os dias atuais (Narikawa 2009, Godoy 2010), na Rua Costa Sena, 171, em pleno centro histórico de Ouro Preto. Nesta época, investiu-se em diversos gabinetes de estudo de padrão internacional, dentre eles, o de História Natural, que abrigava coleções de Botânica e de Zoologia (Godoy 2010). Em 1969, esta importante escola foi integrada à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) (Narikawa 2009). Foi exatamente neste prédio que, em maio de 2000, MFV, acompanhado do Tenente Alessandro Oprissu Ferreira, na época aluno do curso de Ciências Biológicas da UFOP, encontrou um interessante acervo de algumas dezenas de aves taxidermizadas em posição natural dentro de armários nos corredores do segundo andar. Este material, além de alguns mamíferos e répteis empalhados, encontrava-se totalmente abandonado em meio a outras velharias, tais como máquinas de escrever, papéis, antigos livros de registro e peças de madeira (Figura 1). Além de mal acondicionado, todo o material encontrava-se em avançado estado de deterioração devido ao ataque por fungos e insetos, além de estar recoberto por uma grossa camada de teias de aranha e poeira. Tal situação de abandono dificultou um estudo pormenorizado do acervo, mas já era possível perceber a existência de táxons raros e/ou representativos da avifauna do Quadrilátero Ferrífero, tais como: uru (Odontophorus capueira), gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), beija-flor-de-gravata-verde (Augastes scu- Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 53

Figura 2. Exemplo de etiqueta original do coletor ou preparador, feita em papel não timbrado e com informações escritas a mão. Foto: F. C. R. Cunha. Figura 3. Exemplo de etiqueta feita em papel timbrado do Gabinete de Historia Natural da Escola de Pharmacia. Foto: F. C. R. Cunha. tatus), pavó (Pyroderus scutatus) e tesourinha-da-mata (Phibalura flavirostris). Neste primeiro momento, foi feita uma tentativa pelos graduandos de Ciências Biológicas da UFOP de resgatar este importante acervo visando a reabilitação das peças da melhor maneira possível, para serem incorporadas às coleções científicas desta mesma instituição. Posteriormente, em julho de 2006, durante a realização do XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia (CBO), em Ouro Preto, MFV teve a oportunidade de ministrar um curso de taxidermia de aves, junto ao eminente ornitólogo Geraldo Theodoro Mattos, justo em um dos laboratórios da Escola de Pharmacia, constatando que todo o material ainda se encontrava nas mesmas condições de armazenamento. Nesta ocasião, MFV e LEL puderam analisar, com um pouco mais de detalhes, o precioso e negligenciado acervo. Embora não tenha sido possível retirar todo o material do armário, parte dele foi identificada e fotografada. Além disso, constatou-se que alguns espécimes apresentavam etiqueta de coletor e localidade, o que aumenta, em muito, o valor científico dos mesmos. Nesta ocasião, vários ornitólogos puderam ver as peças e redigiram um ofício que foi apresentado na assembleia da Sociedade Brasileira de Ornitologia, tratando da importância 54 Figura 4. Exemplo de etiqueta do Museu de Zoologia da Escola de Farmácia, com informações datilografadas. Foto: F. C. R. Cunha. Figura 5. Etiqueta de um de Pardirallus nigricans (MPh 05.050) com informação sobre o preparador e localidade de coleta: José Pinto da Fonseca / Marianna colada na base de madeira que sustenta o espécime montado. Foto: F. C. R. Cunha. do acervo para a história da avifauna de Minas Gerais e solicitando que a UFOP tomasse providências para que o mesmo fosse restaurado e preservado em condições adequadas. Este ofício foi assinado por vários ornitólogos presentes no XIV CBO, mas nada foi feito com relação ao acervo e todo o material continuou armazenado nas mesmas condições precárias, sendo reencontrado, quatro anos depois, por FCRC em março e maio de 2010, quando ele obteve mais fotografias de alguns es. Posteriormente, em 2012, o acervo de animais taxidermizados foi transferido para a reserva técnica, nos porões da Escola de Pharmacia, onde foi tombado com o código MPh (Museu da Pharmacia), seguido do código 05, que identifica, na instituição, modelos de ensino e animais taxidermizados (R.A. Silva 2012, com. pess.). Este material pôde ser analisado com detalhes e fotografado por FCRC e MFV em junho deste mesmo ano. Nesta ocasião, foi possível obter valiosas informações a partir do Prof. Victor Vieira de Godoy, Professor Adjunto da Escola de Farmácia da UFOP, e neto de um importante coletor e organizador deste acervo (ver abaixo). Uma vez que esta coleção é de grande importância para o conhecimento da distribuição histórica das aves da região do Qua- Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br

drilátero Ferrífero, correndo o risco de ser perdida para futuras pesquisas, o objetivo deste trabalho é apresentar informações e fotos sobre este acervo ornitológico da Escola de Pharmacia de Ouro Preto, assim como sugerir medidas de recuperação e armazenamento dos es. O acervo ornitológico da Escola de Pharmacia de Ouro Preto Foram encontrados 54 espécimes, representando 50 espécies de aves, no acervo atualmente mantido pela Escola de Pharmacia. Nota-se a predominância de não-passeriformes (n = 43), geralmente representados por espécies de médio e grande porte (excetuando-se os representantes de Trochilidae, n = 8). Entretanto, mesmo os 11 es de Passeriformes são representados, em sua maioria (n = 7), por espécies de porte mais avantajado. Não se sabe o porquê disto, mas é possível que os antigos coletores usassem armas com maiores calibres. Trinta e dois es estavam completamente destituídos de qualquer tipo de rotulagem indicando local, data de coleta e coletor. Dentre os que ainda apresentam etiquetas, foi possível encontrar três tipos de rótulos: 1) originais do coletor ou preparador (n = 14), feitos em papel não timbrado e com informações escritas a mão (Figura 2); 2) antigas etiquetas (n = 6), feitas em papel timbrado do Gabinete de Historia Natural da Escola de Pharmacia (Figura 3); 3) etiquetas mais recentes (n = 10) do Museu de Zoologia da Escola de Farmácia, com informações datilografadas (Figura 4), possivelmente confeccionadas durante uma aferição do acervo ocorrida em 1989, conforme constava em etiquetas observadas junto a alguns es analisados em 2006. Das etiquetas originais, em apenas duas havia informações sobre coletor e/ou preparador (Figura 5): José Pinto da Fonseca (1896-1982 Apêndice I). Entretanto, o Prof. V.V. de Godoy (com. pess.), informou-nos que grande parte do acervo também fora coletada e preparada por seu avô, o farmacêutico e naturalista Jacinto Bruno de Godoy (1866-1939 Apêndice II). De fato, a caligrafia de todas as etiquetas originais ou do antigo Gabinete de Historia Natural da Escola de Pharmacia é coincidente com aquela deste mesmo coletor, encontrada nas etiquetas de es enviados ao MZUSP, conforme checado por MFV em fevereiro de 2014, naquela instituição. Dentre as etiquetas antigas (originais e do Gabinete de Historia Natural da Escola de Pharmacia ), a maioria (n = 18) traz a localidade de coleta dos es ( Marianna ), ao passo que as etiquetas mais recentes não apresentam esta importante informação, o que faz com que es que apresentam apenas as etiquetas datilografadas não possam ser associados a uma localidade específica de coleta. Todavia, uma vez que Marianna consta como a única localidade registrada nas antigas etiquetas e este município foi um importante sítio de coleta de ambos os coletores (J. B. Godoy e J. Pinto da Fonseca), acredita-se que a maioria dos espécimes sem informação de procedência seja oriunda desta região. Além disso, a quase totalidade das espécies presentes no acervo, com uma única exceção (Pionopsitta pileata), apresenta registros conhecidos no município de Mariana ou em áreas adjacentes do Quadrilátero Ferrífero, a exemplo da Serra do Caraça (ver comentários no Apêndice III). Entretanto, infelizmente, as cadernetas de taxidermia e os livros de tombo originais ainda não foram encontrados (V.V. de Godoy 2012, com. pess.), sendo possível que tenham se perdido ao longo das décadas. Caso estes documentos ainda existam nos porões da Escola de Pharmacia, poderão elucidar algumas das dúvidas referentes aos coletores e às procedências dos espécimes analisados. Com relação à identificação dos espécimes ainda etiquetados, percebe-se a maestria dos antigos naturalistas. Das antigas etiquetas, a identificação era correta na maioria, tanto em nível de família, quanto em nível de gênero e espécie. Por outro lado, todas as etiquetas mais recentes (datilografadas) mostram diversos erros de grafia e de identificação em nível de ordem, família, gênero e espécie (ver lista comentada no Apêndice III). Embora o material esteja em estado avançado de deterioração, é perceptível que os taxidermistas eram excelentes observadores e artistas, já que as posições das montagens naturalizadas são muito boas, incluindo o posicionamento dos olhos (ver fotografias no Apêndice III). Por este motivo, acredita-se que os taxidermistas conheciam bem as aves na natureza, tendo reproduzido suas posturas de maneira adequada e próximas ao natural. As informações sobre cada um destes es são apresentadas no Apêndice III, associadas a fotografias e comentários sobre distribuição e conservação na região do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Em alguns es mais deteriorados, foi possível analisar algumas técnicas de preenchimento, que também são comentadas. A ordem taxonômica e os nomes científicos seguem o CBRO (2014). Importância ornitológica do acervo da Escola de Pharmacia de Ouro Preto Embora o acervo ornitológico da Escola de Pharmacia de Ouro Preto encontre-se em estado de deterioração acentuado, muitos espécimes apresentam alto valor do ponto de vista histórico e biogeográfico. Por exemplo, o gavião-de-sobre-branco (Parabuteo leucorrhous) atualmente só é encontrado em Minas Gerais nas frias matas altimontanas ou de araucária das Serras do Caparaó e da Mantiqueira (Bauer 1999, Vasconcelos & D Angelo-Neto 2009). O histórico da Escola de Pharmacia, junto a outro depositado no MZUSP, são os únicos registros conhecidos para o Quadrilátero Ferrífero, atestando que a espécie ocorria nesta região até o início do século passado e que possivelmente sofreu extinção local por alterações ambientais. Outros exemplos de raridades que representam os únicos possíveis registros conhecidos com base em es para o Quadrilátero Ferrífero são o macuco (Tinamus solitarius), o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus) e o uru (Odontophorus capueira), todos muito raros na região e considerados ameaçados de extinção em Minas Gerais (ver comentários específicos no Apêndice III). Por fim, a divulgação das fotografias destes es (Apêndice III) é de extrema importância, uma vez que existe a possibilidade de maior deterioração, ou mesmo da perda dos mesmos. Neste aspecto, mesmo os es das espécies mais comuns são de interesse, por representarem registros históricos de sua ocorrência na região. Com as fotos apresentadas no Apêndice III, será sempre possível checar a identificação dos es. Sugestões para recuperação e manutenção do acervo da Escola de Pharmacia de Ouro Preto Embora não haja uma única e infalível receita para a recuperação de todas as peças deterioradas, torna-se clara a importância de se conservar e manter o material nesta renomada instituição para futuros estudos. Abaixo, são apresentadas duas sugestões para recuperação e manutenção do acervo ornitológico da Escola de Pharmacia de Ouro Preto. Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 55

Sugestão 1: Acondicionar os espécimes por um mês em congelador (freezer) para matar a maioria dos tipos de praga animal (especialmente insetos). Depois, deixá-los descongelar por completo a temperatura ambiente e inseri-los em estufa a 50 o C por 48 horas (para secagem e destruição de alguns fungos). A partir daí, começaria o tratamento de partes fungadas com álcool absoluto, mertiolate ou terebintina, produtos que devem ser passados com pincel nas partes da pele e das penas que foram atacadas pelos fungos. Depois disso, os es devem ser guardados, por dois meses, em um armário hermeticamente fechado, de preferência com bordas de borracha, com recipientes contendo dissulfeto de carbono. Esta técnica pode auxiliar na expurgação de animais ou fungos que tenham sobrevivido aos tratamentos anteriores. Após este procedimento, retirar o dissulfeto de carbono e inserir no armário grande quantidade de naftalina (pelo menos 3 kg) e cânfora (pelo menos 1 kg), que devem ser repostas a cada semestre. Além destes produtos, seria recomendável inserir caixas de anti-mofo nos armários, já que Ouro Preto é uma cidade muito úmida. Estas caixas devem ser substituídas sempre que encherem de água. Mais recomendável, ainda, seria manter o armário próximo a um desumidificador elétrico, em sala com ar condicionado. Caso os procedimentos acima não sejam viáveis ou não desacelerem o processo de decomposição dos es, sugere-se partir para a sugestão seguinte (abaixo). Sugestão 2: Retirar as melhores penas de cada (de várias partes do corpo asa, cauda, cabeça, dorso, peito e abdômen), assim como todas as partes dos mesmos que ainda apresentem esqueleto (crânio, asas, membros inferiores). Este procedimento é destrutivo, mas permitiria a documentação da presença de tais espécies na região do Quadrilátero Ferrífero a partir de partes de material testemunho. As partes de cada devem ser guardadas em caixas de papelão (uma caixa para cada, com seus respectivos números de tombo e etiquetas originais, quando ainda presentes) com naftalina e cânfora, dentro de armário com caixas de anti-mofo. Por fim, seria altamente desejável que os antigos livros de tombo ou cadernetas de taxidermia fossem encontrados e publicados. Tal procedimento permitiria saber exatamente onde e quando todos os es foram coletados (e por quais coletores), informações ausentes na maioria dos espécimes. Independente disso, a coleção deve ser mantida como testemunho da avifauna do Quadrilátero Ferrífero, assim como das atividades de antigos e ainda pouco conhecidos naturalistas mineiros. Agradecimentos O Prof. Victor Vieira de Godoy auxiliou-nos decisivamente com preciosas informações sobre a carreira e as atividades de seu avô, o ilustre farmacêutico e naturalista Jacinto Bruno de Godoy, além de ter fornecido a fotografia que ilustra a Figura 6. Rayani A. Silva facilitou nosso acesso e estudo às peças do acervo ornitológico da Escola de Pharmacia de Ouro Preto. Ricardo Brandão tomou importantes medidas morfométricas de alguns es. Os colegas Santos D Angelo Neto, Güydo Campos Machado Marques Horta, Carlos Eduardo Ribas Tameirão Benfica e Gracimério José Guarneire discutiram sobre a identificação de alguns espécimes. 56 Referências Bibliográficas Andrade, M.A. (1998) O Parque Estadual do Itacolomi e suas aves. Uiraçu 2: 4. Andrade, M.A. & M.V. Andrade-Greco (2000) Ocorrência de Jabiru mycteria (Ciconiidae) em uma barragem de rejeito de minério em Mariana, Minas Gerais, p. 272-273. In: Straube, F.C., M.M. Argel-de-Oliveira & J.F. Cândido, Jr. (eds.). 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Revista Brasileira de Ornitologia 14(4): 417-421. 1 Museu de Ciências Naturais, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Avenida Dom José Gaspar, 290, Coração Eucarístico, 30535-901, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. E-mail: mfvasconcelos@pucminas.br 2 Anthropological Institute and Museum, University of Zürich - Irchel, Winterthurerstrasse 190, 8057, Zürich, Suíça. E-mail: mfasciatus@gmail.com 3 Laboratório de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal, Rodovia LMG-818, km 6, 35690-000, Florestal, Minas Gerais, Brasil. E-mail: leo.cerrado@gmail.com Apêndice I José Pinto da Fonseca (1896-1982) Embora pouco conhecido na história da Ornitologia, tendo se destacado mais na Entomologia, Pinto da Fonseca foi um importante coletor e preparador de aves (Pinto 1945, 1952, Martins 1982, Ide et al. 2005). Pinto da Fonseca nasceu em Mariana no dia 12 de julho de 1896. Mudou-se, ainda jovem, para Lorena (São Paulo), onde concluiu o curso ginasial (Ide et al. 2005). Aos 16 anos, retornou à terra natal, onde se formou no curso de Humanidades, Filosofia e Teologia no Seminário Arquiepiscopal de Mariana, quando foi influenciado por seus mestres de História Natural a coletar e preparar animais, enviando importante material ao Museu Nacional do Rio de Janeiro e ao Museu Paulista (Ide et al. 2005). Em 1919, foi convidado para ingressar no Museu Paulista no cargo de naturalista viajante (Ide et al. 2005). Seus esforços de coleta de aves foram concentrados nas proximidades de Mariana e nas então matas virgens do leste mineiro (Rio Matipó), entre os anos de 1918 e 1919 (Pinto 1945, 1952, Martins 1982, Ide et al. 2005). Entretanto, após o ano de 1921, Pinto da Fonseca admitiu as funções de entomólogo no Museu Paulista, não se dedicando mais à coleta de aves (Ide et al. 2005), mas se destacando bastante no campo da Entomologia Agrícola. A maioria dos es ornitológicos por ele coligida foi depositada no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), na época, Museu Paulista (Pinto 1952). Pinto da Fonseca casou-se com D. Helena com quem teve dois filhos, falecendo a 27 de julho de 1982 (Ide et al. 2005). Publicou, em seus 88 anos de vida, mais de 250 trabalhos científicos e mais de 600 notas técnicas (Ide et al. 2005). Uma foto deste importante naturalista foi publicada por Ide et al. (2005). Apêndice II Jacinto Bruno de Godoy (1866-1939) (Figura 6) Professor da antiga Escola de Pharmacia de Ouro Preto, sendo um dos primeiros a contribuir com a coleção de aves do MZUSP, entre o final do século XIX e o ano de 1906 (Pinto 1952). Nascido em Mariana a 6 de outubro de 1866, estudou Teologia no Seminário São José, mas acabou abandonando o seminário para estudar na Escola de Pharmacia de Ouro Preto, diplomando-se em 1893 (V.V. de Godoy 2012, com. pess.). Após ter se formado, Godoy mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como naturalista do Museu Paulista (V.V. de Godoy 2012, com. pess.). Retornou a Minas Gerais cinco anos depois, inaugurando uma farmácia no distrito de Santo Antônio de Vargem Alegre, no atual município de São Domingos do Prata (V.V. de Godoy 2012, com. pess.). Nesta localidade, aproveitou para fazer diversas excursões botânicas e ornitológicas, tendo remetido ao Museu Paulista um importante material desta localidade, assim como de sua terra natal (Pinto 1952). Godoy foi diretor da Escola de Pharmacia de Ouro Preto entre 1916 e 1924 e ministrou várias disciplinas, tendo trabalhado com ilustres botânicos, tais como Wilhelm Schwacke e Leônidas Damazio Botelho, com os quais montou importantes herbários (V.V. de Godoy 2012, com. pess.). Consta que Godoy tinha uma oficina de taxidermia em sua própria residência e, junto de um auxiliar, preparava material para as coleções da Escola de Pharmacia de Ouro Preto e de outras instituições (V.V. de Godoy 2012, com. pess.). Faleceu em Ouro Preto no dia 20 de fevereiro de 1939, deixando sua esposa, D. Carolina Novaes, e 14 filhos (V.V. de Godoy 2012, com. pess.). Figura 6. O Professor Jacinto Bruno de Godoy (1866-1939) em excursão de campo. Fonte: Acervo Victor Vieira de Godoy. Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 57

Apêndice III Catálogo dos es da coleção de aves da Escola de Pharmacia de Ouro Preto As informações contidas nas etiquetas foram reproduzidas na íntegra, respeitando-se a grafia original da época e mesmo eventuais erros de ortografia ou de identificação. Família Tinamidae Tinamus solitarius (Vieillot, 1819) macuco 1 Número de tombo: MPh 05.080 (Figura 7) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/12 Comentários: Embora este não mais apresente nenhuma rotulagem, é provável que seja oriundo da região de Mariana. Sua presença na região próxima ao município de Mariana (Serra do Caraça) é confirmada por antigos caçadores (J.C. Rocha 1998, com. pess.), havendo um possível registro recente efetuado na Serra da Gandarela (G.B. Malacco 2008, com. pess.). Se confirmada a origem deste, este seria o primeiro espécime da região do Quadrilátero Ferrífero. Este táxon sofre com as constantes pressões às quais é exposto, especialmente a perda de hábitat e a caça, que tem provocado declínio em suas populações, levando-o a ser classificado como em perigo de extinção em Minas Gerais (COPAM 2010). Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Galináceos / Família: Tinamida / Gênero e espécie: Crypturus obsoletus / Nome vulgar: Inhambú-açú. Comentários: Esta espécie ainda é abundante nas matas da região de Mariana, assim como em todo o Quadrilátero Ferrífero, apresentando registros recentes publicados para a região (Vasconcelos & Melo-Júnior 2001, Faria et al. 2006, Ferreira et al. 2009, Lopes et al. 2012) e dois es testemunho adicionais, obtidos na Serra do Caraça (Riacho do Pacheco) entre 3 e 4 de outubro de 1974, depositados na Coleção Ornitológica do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais (DZUFMG 358-359). Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) inhambuguaçu 1 Número de tombo: MPh 05.072 (Figura 8) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/22 Etiqueta original: Fam. Tinamida / Crypturus obsoletus / Inambú-guassú / Marianna. 58 Figura 7. Exemplar de Tinamus solitarius (MPh 05.080) do Museu Figura 8. Exemplar de Crypturellus obsoletus (MPh 05.072) do Museu Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) inhambu-chororó 1 Número de tombo: MPh 05.043 (Figura 9) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/09 Etiqueta original: Fam. Tinamida / Crypturus parvirostris / Inambú chororó / Marianna. Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Galináceos / Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br

Família: Tinamida / Gênero e espécie: Crypturus parvivostri [sic] / Nome vulgar: Inhambú chororó. Comentários: Embora o Quadrilátero Ferrífero seja representado por zonas de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, com a ocorrência natural de fisionomias campestres, é possível que C. parvirostris seja uma espécie invasora do Cerrado em Mariana. O espécime atesta sua existência pretérita neste município, onde a devastação da Mata Atlântica data da colonização ligada ao ciclo do ouro (Saint-Hilaire 1975). Figura 10. Exemplar de Penelope obscura (MPh 05.085) do Museu Família Odontophoridae Odontophorus capueira (Spix, 1825) uru 1 Número de tombo: MPh 05.068 (Figura 11) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/27; FFB/L/1457/28 Etiqueta original: Odontophorus capueira / Marianna Comentários: Espécie muito rara na região do Quadrilátero Ferrífero, possivelmente devido à caça (J.C. Rocha 1998, com. pess.), Figura 9. Exemplar de Crypturellus parvirostris (MPh 05.043) do Museu Família Cracidae Penelope obscura Temminck, 1815 jacuaçu 1 Número de tombo: MPh 05.085 (Figura 10) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/10 Etiqueta original: Rasgada: Fam... / Pen... Comentários: Espécie ainda muito comum nas matas do Quadrilátero Ferrífero, com recentes registros publicados (Vasconcelos & Melo-Júnior 2001, Faria et al. 2006, Vasconcelos et al. 2006, Lopes et al. 2012) e espécimes testemunhos adicionais desta região depositados nas Coleções Ornitológicas do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais (DZU- FMG 3701, 5596 [Serra do Caraça], DZUFMG 4468 [Fazenda Bocaina, Distrito de Brumal], 6180 [Itatiaiuçu]) e do Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (MCNA 1424 [Mina de Fábrica Nova, Mariana]). Preenchimento de algodão. Figura 11. Exemplar de Odontophorus capueira (MPh 05.068) do Museu Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 59

o que certamente levou suas populações a serem classificadas como em perigo de extinção em Minas Gerais (COPAM 2010). Contudo, ainda ocorre na Serra do Caraça em baixa abundância (Vasconcelos 1999, Vasconcelos & Melo-Júnior 2001). A etiqueta original deste estava intacta até 2010, mas, com a mudança do acervo para o porão, a mesma rasgou, perdendo parte de suas informações. Família Ardeidae Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) savacu 1 Número de tombo: MPh 05.083 (Figura 13) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/32 Família Ciconiidae Jabiru mycteria (Lichtenstein, 1819) tuiuiú 1 Número de tombo: MPh 05.028 (Figura 12) Marcas e inscrições: Não consta. Comentários: Apesar desta espécie não ser uma presença constante na região, não é possível descartar que este espécime tenha sido obtido em Mariana ou imediações, uma vez que existe um registro acidental, documentado por fotografia, para o município (Andrade & Andrade-Greco 2000). Esse táxon é considerado em perigo de extinção em Minas Gerais (COPAM 2010). Preenchimento de palha. Figura 13. Exemplar de Nycticorax nycticorax (MPh 05.083) do Museu Butorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho 1 Número de tombo: MPh 05.046 (Figura 14) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/46 Etiqueta original: Paludicola / Ardea virescens L. / Socó peq. / Figura 12. Exemplar de Jabiru mycteria (MPh 05.028) do Museu Figura 14. Exemplar de Butorides striata (MPh 05.046) do Museu 60 Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br

Marianna. Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Raliformes [sic] / Família: Pernaltas / Gênero ou espécie: Aramides cayemensis [sic] / Nome vulgar: saracura. Família Accipitridae Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó 1 Número de tombo: MPh 05.077 (Figura 15) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/37 da Escola de Pharmacia que não apresentam localidade anotada em suas etiquetas originais. Atualmente, P. leucorrhous não tem mais sido registrado no Quadrilátero Ferrífero (Vasconcelos & Melo-Júnior 2001, Faria et al. 2006, Vasconcelos 2007, Ferreira et al. 2009, Lopes et al. 2012) e, em Minas Gerais, seus registros estão concentrados no extremo sudeste do estado, nas Serras da Mantiqueira e do Caparaó (Bauer 1999, Vasconcelos & D Angelo-Neto 2009). Spizaetus tyrannus (Wied, 1820) gavião-pega-macaco 1 Número de tombo: MPh 05.088 (Figura 17) Marcas e inscrições: Não consta. Etiqueta original: Accipitres / Spizaetus tyrannus / Nhapacanim preto / Marianna. Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Falconiformes / Família: Falconidae / Gênero e espécie: Spizaetus tyrannus / Nome vulgar: Gavião-real; Gavião-de-penacho; Apacanim. Comentários: Esta espécie ainda é registrada no Quadrilátero Ferrífero (Zorzin et al. 2006, Salvador-Jr. et al. 2011, M.F.V., obs. pess.). No entanto, este parece ser o único coletado em toda a região. Ademais, esta espécie encontra-se em perigo de extinção em Minas Gerais (COPAM 2010). Preenchimento de algodão. Figura 15. Exemplar de Rupornis magnirostris (MPh 05.077) do Museu Parabuteo leucorrhous (Quoy & Gaimard, 1824) gavião-de- -sobre-branco 1 Número de tombo: MPh 05.044 (Figura 16) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/30 Comentários: Embora este espécime encontre-se destituído de sua etiqueta original, é bem conhecida a coleta de um espécime em Mariana por J. B. Godoy em 1906, (MZUSP 6060; Pinto 1952). Portanto, é provável que este também seja oriundo deste município, assim como todos os outros do acervo Figura 17. Exemplar de Spizaetus tyrannus (MPh 05.088) do Museu Figura 16. Exemplar de Parabuteo leucorrhous (MPh 05.044) do Museu Família Rallidae Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) saracura-sanã 1 Número de tombo: MPh 05.050 (Figura 18) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/15 Etiqueta original: Preparador José Pinto da Fonseca / Marianna. Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 61

Família Scolopacidae Gallinago undulata (Boddaert, 1783) narcejão 1 Número de tombo: MPh 05.052 (Figura 20) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/14 Comentários: Ainda relativamente comum em áreas brejosas do Quadrilátero Ferrífero, especialmente na base da Serra do Caraça (M.F.V., obs. pess.). Caso este seja procedente de Mariana, possivelmente representa o primeiro registro com base em espécime para a região. Preenchimento de algodão e tecido (pano). Figura 18. Exemplar de Pardirallus nigricans (MPh 05.050) do Museu Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766) frango-d água-azul 2 es Número de tombo: MPh 05.013 (Figura 19) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/01 Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Gruiformes / Família: Ralídeos / Gênero ou espécie: Galinula [sic] chloropus / Nome vulgar: Frango d água. Número de tombo: MPh 05.045 Marcas e inscrições: FFB/L/1457/38 Etiqueta original: Rasgada: Fam. Ra... / Porphyr......nica / Frango / Marian... Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Gruiformes / Família: Ralídeos / Gênero e espécie: Parphynola [sic] martinica / Nome vulgar: Frango d água. 62 Figura 19. Exemplar de Porphyrio martinica (MPh 05.013) do Museu Figura 20. Exemplar de Gallinago undulata (MPh 05.052) do Museu Família Columbidae Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) pomba-galega 1 Número de tombo: MPh 05.042 (Figura 21) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/11 Etiqueta original: Fam. Columbida / Columba rufina / Pomba trocaz / Marianna. Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br

2516, 2697, 2907). Material testemunho adicional do Quadrilátero Ferrífero em ambas as coleções supracitadas: DZUFMG 6708 (Itatiaiuçu); MCNA 1484 (Fazenda Bocaina, Distrito de Brumal), 3078 (Rio Acima). Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) pomba-de-bando 1 Número de tombo: MPh 05.059 (Figura 23) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/36 Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Columbiformes / Família: Columbídeos / Gênero e espécie: Chamoepelia talpacoti / Nome vulgar: Pomba rolinha. Comentários: Espécie rara na região do Quadrilátero Ferrífero, com registro publicado apenas na Serra Azul (Lopes et al. 2012). Figura 21. Exemplar de Patagioenas cayennensis (MPh 05.042) do Museu Patagioenas plumbea (Vieillot, 1818) pomba-amargosa 1 Número de tombo: MPh 05.070 (Figura 22) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/05 Comentários: Espécie florestal registrada em diversos estudos recentes realizados no Quadrilátero Ferrífero (Vasconcelos & Melo-Júnior 2001, Faria et al. 2006, Vasconcelos 2007, Ferreira et al. 2009, Lopes et al. 2012) e abundante localmente na Serra do Caraça, onde sofre alta mortalidade devido a choques contra vidraças (Santos et al. 2013), sendo grande parte deste material aproveitada e depositada nas Coleções Ornitológicas do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais (DZUFMG 4797) e, principalmente, do Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (MCNA 1331, 1341-1345, 1477-1482, 1528-1529, 1916, 2423, Figura 23. Exemplar de Zenaida auriculata (MPh 05.059) do Museu Família Cuculidae Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato 1 Número de tombo: MPh 05.071 (Figura 24) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/6 Figura 22. Exemplar de Patagioenas plumbea (MPh 05.070) do Museu Figura 24. Exemplar de Piaya cayana (MPh 05.071) do Museu da Escola de Pharmacia de Ouro Preto. Foto: F. C. R. Cunha. Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 63

Etiqueta original: Rasgada. Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco 1 Número de tombo: MPh 05.018 (Figura 25) Marcas e inscrições: Não consta. Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Piciformes / Família: Cuculido / Gênero e espécie: Lynira [sic] guira / Nome vulgar: Anum branco. Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: / Ordem: Passeriformes / Família: Caculida [sic] / Gênero e espécie: Tapera naevia Crochi / Diplopterus navius [sic] / Nome vulgar: Saci. Família Tytonidae Tyto furcata (Temminck, 1827) coruja-da-igreja 1 Número de tombo: MPh 05.060 (Figura 27) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/26 Comentários: Preenchimento de palha. Figura 25. Exemplar de Guira guira (MPh 05.018) do Museu da Escola de Pharmacia de Ouro Preto. Foto: F. C. R. Cunha. Tapera naevia (Linnaeus, 1766) saci 1 Número de tombo: MPh 05.040 (Figura 26) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/11 Etiqueta original: Cuculida / Diplopterus naevius L. / Sacy / Marianna. Figura 26. Exemplar de Tapera naevia (MPh 05.040) do Museu Figura 27. Exemplar de Tyto furcata (MPh 05.060) do Museu da Escola de Pharmacia de Ouro Preto. Foto: F. C. R. Cunha. Família Strigidae Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni & Bertoni, 1901) murucututu-de-barriga-amarela 1 Número de tombo: MPh 05.082 (Figura 28) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/27 Comentários: Espécie ainda encontrada em fragmentos florestais do Quadrilátero Ferrífero (Vasconcelos 2001, Lopes et al. 2012), com um testemunho adicional desta região oriundo da Serra Azul, Mateus Leme (DZUFMG 6773). 64 Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br

Figura 28. Exemplar de Pulsatrix koeniswaldiana (MPh 05.082) do Museu Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira 1 Número de tombo: MPh 05.065 (Figura 29) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/24 Figura 30. Exemplar de Streptoprocne zonaris (MPh 05.056) do Museu Família Trochilidae Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) rabo-branco- -acanelado 1 Número de tombo: MPh 05.062 (Figura 31) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/41 Figura 29. Exemplar de Athene cunicularia (MPh 05.065) do Museu Família Apodidae Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) taperuçu-de-coleira- -branca 1 Número de tombo: MPh 05.056 (Figura 30) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/40 Etiqueta original: Rasgada: Fam. Cyp... / Chaetura zon... / (S... / Taperussú / Marianna. Figura 31. Exemplar de Phaethornis pretrei (MPh 05.062) do Museu Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 65

Comentários: Montagem em mesmo suporte de dois es de Eupetomena macroura, um de Colibri serrirostris, um de Leucochloris albicollis e um de Amazilia versicolor com mesma numeração. Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura 2 es Número de tombo: MPh 05.062 (Figura 32) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/41 Comentários: Montagem em mesmo suporte de um de Phaethornis pretrei, outro de Eupetomena macroura, um de Colibri serrirostris, um de Leucochloris albicollis e um de Amazilia versicolor com mesma numeração. Figura 33. Exemplar de Colibri serrirostris (MPh 05.062) do Museu Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) beija-flor-de-papo- -branco 2 es Número de tombo: MPh 05.062 (Figura 34) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/41 Comentários: Montagem em mesmo suporte de um de Phaethornis pretrei, dois de Eupetomena macroura, um de Colibri serrirostris e um de Amazilia versicolor com mesma numeração. Figura 32. Exemplar de Eupetomena macroura (MPh 05.062) do Museu Número de tombo: MPh 05.062 Marcas e inscrições: FFB/L/1457/41 Comentários: Montagem em mesmo suporte de um de Phaethornis pretrei, outro de Eupetomena macroura, um de Colibri serrirostris, um de Leucochloris albicollis e um de Amazilia versicolor com mesma numeração. Colibri serrirostris (Vieillot, 1816) beija-flor-de-orelha-violeta 1 Número de tombo: MPh 05.062 (Figura 33) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/41 Comentários: Montagem em mesmo suporte de um de Phaethornis pretrei, dois de Eupetomena macroura, um de Leucochloris albicollis e um de Amazilia versicolor com mesma numeração. 66 Figura 34. Exemplar de Leucochloris albicollis (MPh 05.062) do Museu Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br

Número de tombo: MPh 05.073 (Figura 35) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/13 Comentários: Montagem em mesmo suporte de um de Augastes scutatus com mesma numeração. Augastes scutatus (Temminck, 1824) beija-flor-de-gravata- -verde 1 Número de tombo: MPh 05.073 (Figura 37) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/13 Comentários: Montagem em mesmo suporte de um de Leucochloris albicollis com mesma numeração. Apesar de não encontrada qualquer etiqueta com localidade de coleta, é muito provável que este, representante de uma espécie endêmica da porção centro-meridional da Cadeia do Espinhaço, tenha sido coletado na região de Mariana, assim como todos os outros do acervo que ainda possuem procedência, uma vez que a espécie é conhecida na região (Vasconcelos 2008, Vasconcelos & Rodrigues 2010). Figura 35. Exemplar de Leucochloris albicollis (MPh 05.073) do Museu Amazilia versicolor (Vieillot, 1818) beija-flor-de-banda- -branca 1 Número de tombo: MPh 05.062 (Figura 36) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/41 Comentários: Montagem em mesmo suporte de um de Phaethornis pretrei, dois de Eupetomena macroura, um de Colibri serrirostris e um de Leucochloris albicollis com mesma numeração. Figura 37. Exemplar de Augastes scutatus (MPh 05.073) do Museu Família Trogonidae Trogon surrucura Vieillot, 1817 surucuá-variado 2 es Número de tombo: MPh. 05.049 (Figura 38) Marcas e inscrições: Não consta. Figura 36. Exemplar de Amazilia versicolor (MPh 05.062) do Museu Figura 38. Exemplar de Trogon surrucura (MPh. 05.049) do Museu Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 67

Comentários: Subespécie T. s. aurantius, a forma conhecida na região do Quadrilátero Ferrífero (Vasconcelos & Melo-Júnior 2001, M.F.V., obs. pess.). Preenchimento de algodão e resina. Número de tombo: MPh 05.051 (Figura 39) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/31 Etiqueta original: Fam. Trogonida / Trogon viridis L. / Surucuá amarello / Marianna. Etiqueta Escola de Pharmacia: Familia Trogonida / Trogon viridis / Nome vulgar / Marianna / Gabinete de Historia Natural. Comentários: Subespécie T. s. aurantius. Figura 40. Exemplar de Baryphthengus ruficapillus (MPh 05.038) do Museu Família Bucconidae Malacoptila striata (Spix, 1824) barbudo-rajado 1 Número de tombo: MPh 05.057 (Figura 41) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/34 Etiqueta Escola de Pharmacia: Sub. Ord. Clamatores / Familia Bucconida / Genero Malacoptila torquata Hahn & Küst / Nome vulgar João barbudo / Marianna. Comentários: Montagem em mesmo suporte de um de Sporophila angolensis com mesma numeração. Figura 39. Exemplar de Trogon surrucura (MPh. 05.051) do Museu Família Momotidae Baryphthengus ruficapillus (Vieillot, 1818) juruva-verde 1 Número de tombo: MPh 05.038 (Figura 40) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/19 Etiqueta original: Prep. José Pinto da Fonseca / Marianna. Comentários: A etiqueta original com nome do preparador e da localidade de coleta estava anexa ao até 2006, não sendo mais encontrada na última visita ao acervo, em 2012. 68 Figura 41. Exemplar de Malacoptila striata (MPh 05.057) do Museu Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br

Família Picidae Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo 1 Número de tombo: MPh 05.081 (Figura 42) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/20 Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda- -branca 1 Número de tombo: MPh 05.079 (Figura 43) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/23 Família Falconidae Milvago chimachima (Vieillot, 1816) carrapateiro 1 Número de tombo: MPh 05.067 (Figura 44) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/08 Figura 42. Exemplar de Colaptes campestris (MPh 05.081) do Museu Figura 43. Exemplar de Dryocopus lineatus (MPh 05.079) do Museu Figura 44. Exemplar de Milvago chimachima (MPh 05.067) do Museu Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817) falcão-caburé 1 Número de tombo: MPh 05.053 (Figura 45) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/42 Comentários: Espécie rara no Quadrilátero Ferrífero, com apenas um registro auditivo (gravado) na vertente Sul da Serra do Caraça, nas proximidades da Mina de Alegria, Mariana (M.F.V., obs. pess.). Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 69

Etiqueta Escola de Pharmacia: Familia Falconida / Genero Falco albigularis (Daud.) / N. vulg. Colleirinho / Marianna / Gabinete de Historia Natural. Comentários: Até o ano de 2010, a etiqueta da Escola de Pharmacia ainda estava anexada ao, tendo sido perdida após a mudança para o porão do prédio, em 2012. A espécie ainda apresenta registros na adjacente Serra do Caraça (M.F.V., obs. pess.). Figura 45. Exemplar de Micrastur ruficollis (MPh 05.053) do Museu Falco rufigularis Daudin, 1800 cauré 1 Número de tombo: MPh 05.066 (Figura 46) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/35 Família Psittacidae Pionopsitta pileata (Scopoli, 1769) cuiú-cuiú 1 Número de tombo: MPh 05.019 (Figura 47) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/21; FFBOP/07/611/D/8858 Comentários: Não há registros desta espécie para Mariana, nem em qualquer localidade do Quadrilátero Ferrífero. Os registros mais próximos são provenientes do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (Simon et al. 1999). Sabe-se que J. Pinto da Fonseca residiu em Lorena (Martins 1982), nas adjacências da Serra da Mantiqueira, onde a espécie ainda é abundante (M.F.V., obs. pess.). Entretanto, este autor viveu na região até seus 16 anos, quando possivelmente ainda não dominava a arte da taxidermia. Assim, na ausência de quaisquer etiquetas, é impossível inferir sobre a procedência deste. Caso as cadernetas de taxidermia ou livros de tombo sejam encontrados na Escola de Pharmacia e este espécime seja realmente oriundo de Mariana, ele representará o primeiro registro para o Quadrilátero Ferrífero, assim como para a Cadeia do Espinhaço. Ressalta-se que, no estado de Minas Gerais, a espécie é considerada em perigo de extinção (COPAM 2010). 70 Figura 46. Exemplar de Falco rufigularis (MPh 05.066) do Museu Figura 47. Exemplar de Pionopsitta pileata (MPh 05.019) do Museu Família Furnariidae Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro 1 Número de tombo: MPh 05.055 (Figura 48) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/29 Comentários: Preenchimento de algodão. Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br

Etiqueta Escola de Pharmacia: Familia Piprida / Genero Chiroxiphia caudata (Shaw) /Nome vulg. Tangará / Marianna / Gabinete de Historia Natural. Família Tityridae Tityra cayana (Linnaeus, 1766) anambé-branco-de-rabo- -preto 1 Número de tombo: MPh 05.047 (Figura 50) Marcas e inscrições: Não consta. Comentários: Preenchimento de algodão. Figura 48. Exemplar de Furnarius rufus (MPh 05.055) do Museu Família Pipridae Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) tangará 1 Número de tombo: MPh 05.058 (Figura 49) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/45 Etiqueta original: Fam. Piprida / Chiroxiphia caudata (Shaw.) / Tangará / Marianna. Figura 49. Exemplar de Chiroxiphia caudata (MPh 05.058) do Museu Figura 50. Exemplar de Tityra cayana (MPh 05.047) do Museu Família Cotingidae Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) pavó 1 Número de tombo: MPh 05.014 (Figura 51) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/08 Etiqueta Museu de Zoologia: Classe: Aves / Ordem: Goraciformes [sic] / Família: Picideos / Gênero ou espécie: Pyroderus scutatus / Nome vulgar: Pavô e Pavão-da-mata. Comentários: Apesar de não encontrada a etiqueta original, a espécie ainda ocorre em fragmentos florestais da região de Mariana, assim como em outras áreas do Quadrilátero Ferrífero (Vasconcelos & Melo-Júnior 2001, Faria et al. 2006, M.F.V., obs. pess.). Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br 71

Figura 51. Exemplar de Pyroderus scutatus (MPh 05.014) do Museu Phibalura flavirostris Vieillot, 1816 tesourinha-da-mata 1 Número de tombo: MPh 05.041 (Figura 52) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/03 Comentários: Embora a etiqueta original contendo informações sobre a localidade de coleta não tenha sido encontrada, P. flavirostris ainda ocorre na região de Mariana e em outras áreas do Quadrilátero Ferrífero (Melo-Júnior 1996, Andrade 1998, Vasconcelos & Melo-Júnior 2001, Peixoto et al. 2013). Figura 53. Exemplar de Megarynchus pitangua (MPh 05.069) do Museu Família Corvidae Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) gralha-do-campo 1 Número de tombo: MPh 05.054 (Figura 54) Marcas e inscrições: FFB/L/1457/44 Figura 54. Exemplar de Cyanocorax cristatellus (MPh 05.054) do Museu Família Icteridae Psarocolius decumanus (Pallas, 1769) japu 1 Figura 52. Exemplar de Phibalura flavirostris (MPh 05.041) do Museu Família Tyrannidae Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) neinei 1 Número de tombo: MPh 05.069 (Figura 53) Marcas e inscrições: Não consta. Etiqueta Escola de Pharmacia: Sub-familia Tyrannina / Genero Megarhynchus pitangua (Sw.) /Nome vulg. Bemteví do Matto / Marianna / Gabinete de Historia Natural. 72 Figura 55. Exemplar de Psarocolius decumanus (MPh 05.078) do Museu Atualidades Ornitológicas, 179, maio e junho de 2014 - www.ao.com.br